SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



sábado, fevereiro 28, 2015

A reconciliação é fonte de paz e perdão

Leituras do Dia
1ª Leitura - Dt 26, 16-19
Salmo - Sl 118, 1-2. 4-5. 7-8 (R. 1b)
Evangelho - Mt 5,43-48


Palavra de Deus, hoje, nos convida a refletirmos sobre a maneira como lidamos com o nosso próximo. Primeiro, com relação aos nossos sentimentos. Sentimentos negativos que vêm quando estamos com raiva, magoados ou ressentidos com alguém. Quando a cólera inflama nosso coração e surgem sentimentos deploráveis dentro de nós e nós, muitas vezes, dizemos palavras pesadas e malditas para o nosso próximo.

Deixe-me dizer uma coisa a você: é impossível não sentirmos raiva ou ressentimento de alguém. O que não podemos é permitir que esses sentimentos [raiva e ressentimento] tomem conta dos nossos afetos e comandem a nossa vida. Nós é que precisamos assumir o comando de nossos sentimentos.

E a primeira coisa para conseguirmos isso é saber conter as palavras. Não é preciso lutar contra a pessoa, é preciso lutar contra a cólera que se instalou dentro do nosso coração, porque ela faz um grande estrago em nosso interior e cria confusão em nossa mente, em nosso coração e em nossos afetos.

Nós podemos até sentir, mas não podemos consentir que toda a nossa vida seja guiada pela raiva e pelos ressentimentos. Podemos trabalhar para evitá-los com as ferramentas da humildade, da paciência e da mansidão. Você pode dizer: “Mas, eu não sou nada disso!”. Não é, mas pode ser. Não tem, mas pode buscar.

Se nos abrirmos para que Jesus entre em nós, não é só para essa graça ficar em nós de forma decorativa, mas sim para que Ele traga ao nosso coração os sentimentos do coração d’Ele. Quando clamamos: “Senhor, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso. Fazei-nos viver o amor e a reconciliação!” é porque queremos que os mesmos afetos do coração de Jesus estejam dentro de nós.

Jesus, maltratado, traído e injustiçado. Jesus, que tinha mil motivos para ter raiva de quem O oprimiu, morreu dizendo: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” (Lucas 23,33). Talvez você diga: “Mas eu tenho sangue quente!”. Não tem problema, se seu sangue for quente ou frio, misture-o com o sangue de Jesus para que tenha uma outra temperatura, para que contenha os impulsos do seu coração.

E quando você for se apresentar diante do altar do Senhor – para levar-Lhe a sua oferenda, sua oferta, sua vida, seu coração e suas intenções – lembre-se de que há pessoas com as quais você precisa se reconciliar. Deus quer muito mais a sua reconciliação do que as mil oferendas que você deseja apresentar a Ele.

Um coração reconciliado vale muito mais do que qualquer oferenda!


Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo


cancaonova.com


quinta-feira, fevereiro 26, 2015

O risco do impulso ao excesso

Leituras do Dia
1ª Leitura - Est 4,17n.p-r.aa-bb.gg-hh
Salmo - Sl 137, 1-2a. 2bc-3. 7c-8 (R. 3a)
Evangelho - Mt 7,7-12


Em preparação para a Páscoa, jesuítas propõem reflexão sobre o consumismo.


A inclinação da humanidade a se distrair das realidades desconfortáveis, muitas vezes, se manifesta em um impulso destrutivo rumo ao excesso.

Por exemplo, as formas verborrágicas de oração podem, paradoxalmente, ser uma tentativa de evitar a articulação dos nossos verdadeiros pensamentos e sentimentos. No Evangelho dessa terça-feira, Jesus oferece uma forma mais concisa de oração, que nos encoraja a sermos mais confiante e menos aquisitivos.

De fato, Jesus chega ao ponto de recomendar que busquemos atender apenas as necessidades do dia corrente e permanecer livres da tentação.

As mudanças climáticas antropogenicamente induzidas são um sintoma doloroso da nossa inclinação ao excesso. O consumo excessivo está contribuindo para uma intensificação dos padrões climáticos existentes, o que pode tornar estéreis vastas áreas de terras cultiváveis, devido a secas e inundações.

Estamos deslocando a biosfera para longe das imagens abundantes usadas por Isaías na primeira leitura dessa terça-feira. Tais hábitos de consumo excessivo também correm o risco de nos distrair de atender a "palavra de Deus" de que Isaías fala, que inclui um apelo à justiça que pode ser facilitado por um modo de vida mais simples.

Questões para reflexão:

.Que coisas eu sou propenso a consumir ou a acumular em quantidades excessivas?

.Do que eu posso estar tentando me distrair quando busco ter mais do que preciso?

.Que liberdades eu poderia descobrir ao reduzir a quantidade de coisas que eu consumo?


Por Jacques St Laurent, SJ, mestre pela Universidade de Victoria, no Canadá, onde examinou o impacto das 
mudanças climáticas e o desenvolvimento das fontes de água. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

domtotal.com.br

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Para não cairdes em tentação

Leituras do Dia
1ª Leitura - Jn 3,1-10
Salmo - Sl 50, 3-4, 12-13. 18-19 (R. 19b)
Evangelho - Lc 11,29-32


A Quaresma nos coloca diante das questões fundamentais da nossa vida: como devemos viver e nos relacionar com Deus e com o mundo? Quais são as referências que devem orientar de maneira segura nossos passos na vida cristã?

Sempre no 1º Domingo da Quaresma, ouvimos o Evangelho das tentações de Jesus no deserto: Satanás coloca Jesus à prova, para testar a sua firmeza e fidelidade a Deus. Quer afastar Jesus de sua missão, fazendo-o escolher caminhos cômodos, que lhe dariam vantagem e poder...Muito ousado ele propõe ao Filho de Deus que adore o próprio diabo, prometendo-lhe, em troca, vaidades e glórias neste mundo...

As tentações de Jesus não são somente dele, mas de toda humanidade. Ainda hoje, elas estão presentes por toda parte; há quem se deixe enganar pelo tentador, até ao ponto de “vender a alma para o diabo”, na esperança de alcançar os bens que o tentador promete... A busca de vantagens imediatas pode levar a renunciar a todo tipo de referência ética ou de dignidade; pode até distorcer a prática religiosa, ao ponto de fazer da religião uma prática de mercado, de oferta e procura...

Jesus, firme na Palavra de Deus e na oração, rechaça o tentador e não se deixa enganar por suas promessas lisonjeiras. Ensina-nos, assim, a fazer o mesmo: não cair nas ciladas do tentador e enganador, permanecendo firmes nos ensinamentos da Palavra de Deus e na oração. A penitência ajuda-nos a discernir e a recordar sempre que”não é só de pão que o homem vive, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (cf Mt 4,4).

A vida do homem neste mundo é confrontada continuamente com escolhas pequenas ou grandes, fundamentais ou secundárias. Nelas está sempre implicada a nossa escolha “por Deus”, ou “contra Deus”, mesmo se isso não se dá sempre muito conscientemente. A Quaresma nos convida a fazermos nossas escolhas por Deus, de maneira consciente e generosa e, por isso, a firmar nossas convicções, fundamentando-as solidamente na união e na sintonia com Deus.

O conceito de “tentação”, muitas vezes, é usado de maneira superficial e se torna motivo de sorrisinhos depreciativos; parece referir-se a questões transgressivas na boa educação e nos bons costumes; nem sempre se compreende o significado problemático da verdadeira tentação, que envolve escolhas fundamentais na vida.

Somos tentados continuamente; e a tentação, da qual falam a Igreja e o Evangelho, é coisa séria; nela está sempre em jogo a nossa escolha por Deus ou contra Deus. Por isso, Jesus incluiu, na oração do Pai Nosso, o pedido a Deus para que “não nos deixe cair em tentação, e que nos livre do maligno” (cf. Mt 6,13).

S.Agostinho, refletindo sobre as tentações de Jesus no deserto, diz que “nossa vida, enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza o nosso progresso; ninguém pode conhecer-se a si mesmo se não tiver sido tentado. Ninguém pode vencer, sem ter combatido; e ninguém pode combater, se não tiver inimigo e tentações” (Comentários ao Sl 60, 2-3).

O conceito de “combate” também aparece na Quaresma: nossa vida é uma luta constante para superarmos as insídias do tentador e para nos mantermos firmes nas nossas escolhas por Deus e por seus caminhos, para alcançarmos a vida e a felicidade. A vigilância e a oração são recomendadas por Jesus: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (cf Mc 14,38). Vigilância é o estado de alerta e de discernimento sobre o que se passa em nós e ao nosso redor. A oração é a contínua busca da comunhão e sintonia com Deus, como o próprio Jesus fez no Horto das Oliveiras, antes de enfrentar o combate final e os sofrimentos de sua paixão e morte.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

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terça-feira, fevereiro 24, 2015

Convertei-vos!

Leituras do Dia
1ª Leitura - Is 55,10-11
Salmo - Sl 33, 4-5. 6-7. 16-17. 18-19 (R. 18b)
Evangelho - Mt 6,7-15


Com o início da Quaresma, um dos temas mais importantes é a conversão. É uma das opções que se tem na liturgia ao impor as cinzas sobre as nossas cabeças: “convertei-vos e crede no Evangelho”! Uma conversão profunda e completa que todos devemos fazer neste tempo propício de jejum, esmola, oração, penitência e conversão.

No Evangelho de Lc 4,1-13 vemos o Espírito de Deus conduzir Jesus ao deserto – e é um convite a cada um de nós também – para refletir e decidir. Não temos condições de nos retirar, durante 40 dias, para o deserto, mas podemos encontrar algum tempo para pensar, meditar, rezar, enfim, refletir e decidir dar passos nessa caminhada. O mais difícil será, primeiro, nos convencer de que necessitamos disso. Geralmente tão cansados de nosso corre-corre e de nossas preocupações, que só queremos nos distrair. E a sociedade faz de tudo para nos divertir, para evitar que reflitamos!

Deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus não é mera contemplação, alegre ou dolorosa, da situação que está aí. É uma tomada de consciência, para decidir, para recolocar em discussão ou verificar o rumo da nossa vida. É um apelo à conversão, ou seja, a voltar a Deus, a procurar a Deus. Num mundo onde ilusões e mentiras estão tão espalhadas, buscar a vontade de Deus exige – como fez Jesus – firme apego à Palavra divina, à Sagrada Escritura. Apego não apenas à letra, mas ao espírito, à vontade de Deus. Noutras palavras: fé, confiança no Pai.

A conversão é o desejo da pessoa de sair de si, e que tem sua origem no ‘ser nascido de Deus’, que o impulsiona a buscar e encontrar o sentido último para sua vida em Deus-Amor (cf. GS 16,1). O êxodo de si traz inerente a disposição das relações interpessoais e com o cosmo, no sentido de cuidar, aperfeiçoar a natureza criada, e criando com o outro a fraternidade e solidariedade, e consigo mesmo, amando, abraçando e agradecendo o dom precioso da vida, e nisso enxergamos e contemplamos a Deus no serviço e na gratuidade.

Vivemos num mundo inteiramente secularizado e longe da fonte divina, pois o homem se ilude, muitas vezes por medo, que pode prever e planejar tudo com cálculos cada vez mais precisos (cf. CIC 29). O ser humano é semelhante a Deus, não por sua capacidade de pensar e repensar, criar e recriar. Mas Deus, quando o criou, o fez de uma forma ótima a cada um de nós; criou o mundo e quis o melhor para suas criaturas. Precisamos estar plugados e interligados a Deus frente ao caos que fere a dignidade humana. Conversão hoje é comprometer-se com a pessoa e com o cuidado do planeta. Jesus é o caminho que nos leva ao Pai. Ele conseguiu conjugar desafios e oportunidades, ler o novo no antigo, projetar luz na escuridão, e libertará da desumanização pelo amor.

Conversão é esta passagem de uma atitude velha para uma nova; é transformar o modo de ver, pensar e agir à luz do espírito e da fé que enobrece o coração (cf. Jl 2, 12ss). Abrandar a dureza do coração. Conversão consiste no descentrar-se de si e focar-se em Deus e no bem do próximo. A nova atitude de vida proposta pelo projeto de Deus Pai torna a criatura humana capaz de ir ao encontro do outro e de amá-lo, para que aconteça o perdão e a comunhão, para a liberdade e a paz, concretizando a proposta de Jesus. A conversão liberta das seduções do mundo e encoraja a enfrentar as artimanhas enganadoras que ofuscam o autêntico amor. Deixa a pessoa livre, solidária, misericordiosa, alegre e esperançosa diante da vida, vivendo a dinâmica do discernir entre o bem e o mal.

Fazer com que Deus seja o centro da existência e tenha primazia no coração é conversão. As práticas quaresmais de fazer penitências e dar esmolas, a fazer privações momentâneas, ser mais piedoso são passos que nos ajudam! Porém, tudo isso nos deve levar a uma atitude real de conversão, que é o crer, expresso em gestos concretos de vida e não apenas em aceitar verdades intelectuais (Tg 2,14-24). Daí a importância em ouvir a proposta de Jesus, acolhendo com o coração e colocando em pratica.

‘O experienciar’ a conversão é exercitar-se no agir e no rever crenças acumuladas ao longo da vida; o homem velho foi vencido e redimido por Jesus Cristo. É preciso ter ciência do processo de transformação que se dá no novo e no divino na pessoa do outro. Permanecer novo abandonando odres velhos, jeitos estéreis e superficiais de ser e viver; ser capaz de criar uma visão nova; viver a dinâmica da alteridade, de estar atenta às necessidades e carências do outro; eliminar remendos do bem aparente e assumir atitudes de compromisso e de transformação. Conversão, enfim, exige da pessoa sair de si e expor-se à ação pneumatológica que a torna uma pessoa livre, solidária, misericordiosa, esperançosa, alegre, portadora e promotora de paz.

Buscar o reino de Deus e sua justiça significa anunciar a misericórdia de Deus por palavras e obras, sem falsear nem mascarar, como o mundo tenta fazer. Lutar e trabalhar por um mundo mais justo, mais humano nos coloca em risco e nos compromete, assim foi com Jesus e será conosco, seus discípulos missionários! Tomar consciência do pecado e buscar a misericórdia de Deus, que purifica o nosso coração!

Atualizemos e renovemos nossos compromissos numa conversão real e necessária aos nossos tempos.


Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

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segunda-feira, fevereiro 23, 2015

A observância Quaresmal

Leituras do Dia
1ª Leitura - Lv 19,1-2.11-18
Salmo - Sl 18, 8. 9. 10. 15 (R. Jo 6,63c)
Evangelho - Mt 25,31-46


Poderíamos falar também de exercícios da Quaresma ou exercícios de conversão. Trata-se de três exercícios de culto a Deus, já conhecidos no Antigo Testamento e abordados por Jesus no Evangelho de São Mateus (6,1-18): a oração, o jejum e a esmola.

Jesus não condenou estas práticas de culto. Quis, sim, purificá-las da hipocrisia. Muito cedo, a Igreja acolheu esses exercícios como prática de conversão, sobretudo na Quaresma. São Leão Magno, o grande papa do século V, mostra como essas três práticas atingem de modo profundo os três principais relacionamentos do homem:
com Deus, pela oração; com a natureza criada, pelo jejum e com o próximo, pela esmola. Por isso, esse evangelho é proclamado na Quarta-feira de Cinzas, abertura da Quaresma, como um verdadeiro programa de exercício de conversão para os cristãos.

Na virtude da fé, o homem volta-se diretamente a Deus pela oração. Louva-o e o adora. Reconhece-o como Criador, Senhor e Pai e a si mesmo como criatura e filho. Realiza-se uma conversão, pois pela oração o homem se situa no seu lugar, na sua vocação em relação a Deus.

E temos mais: quando, na Quaresma, a Igreja intensifica a oração, ela celebra o Cristo orante em profunda comunhão com o Pai.

Na virtude da esperança, o homem já participa do Bem Supremo que é Deus. Então, os bens deste mundo não o escravizam.

Faz uso deles para o bem próprio e do próximo e neles degusta o Bem, que é Deus. Mas muitas vezes acaba escravizando-se aos bens materiais. Aparece, então, o sentido do jejum religioso. Jejuar significa abster-se de alimento, tomar uma atitude de respeito e de liberdade diante das coisas, fazer espaço para os outros e para Deus, confiar na providência de Deus. Por este gesto, que é um rito, a Igreja comemora o Cristo, Senhor da criação e a vocação do homem como senhor da criação. Constitui um ato de conversão a Deus através das coisas. Importa, então, viver em atitude de jejum. De quantas coisas podemos jejuar!

Na virtude da caridade, o homem é chamado a ser profeta, revelando Deus, que é amor e apontando para ele. E chamado a viver como irmão. Num gesto ou rito de generosidade, a esmola, ele celebra sua capacidade de doar, de amar, de partilhar, segundo Deus. Celebra a generosidade do Deus Criador e do Deus Salvador. É o sentido mais profundo da esmola: dar de graça, dar sem querer retribuição, dar em solidariedade, partilhar com o próximo. Importa, então, viver em atitude de esmola: ser esmola, ser generoso, ser dom para o próximo, partilhar com os irmãos os seus bens, a exemplo do Deus Criador e de Jesus Cristo, dando sua vida por todos.

Texto de “Viver o Ano Litúrgico – Reflexões para os domingos e solenidades”, de Frei Alberto Beckhauser, Editora Vozes.

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domingo, fevereiro 22, 2015

1o DOMINGO DA QUARESMA - Entremos no deserto

“Não há pecado que Deus não possa perdoar. Basta que Lhe peçamos perdão”. Papa Francisco

Leituras do Dia
1ª Leitura - Gn 9,8-15
Salmo - Sl 24,4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. cf. 10)
2ª Leitura - 1Pd 3,18-22
Evangelho - Mc 1,12-15

O tempo da Quaresma é a nossa oportunidade de uma caminhada intensa e sincera na vida de conversão. Cada dia é uma luz nova em nosso caminho. A Quaresma é um grande retiro, de quarenta dias, quando nossa vida passa profundamente marcada pelo jejum, pela penitência e pela oração. É o tempo de entrarmos no deserto, com Cristo, e renovarmos a aliança com o Senhor. Isso é o que faremos solenemente na Vigília Pascal, renovando as promessas batismais. Mas para que cheguemos até lá com essa disposição, supõe-se uma caminhada intensa de conversão. A Palavra que o Senhor nos dirige já neste Primeiro Domingo é uma séria advertência neste sentido. A leitura do Gênesis nos mostrou a ação de Deus que faz aliança com seu povo: "Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com todos os seres vivos! Nunca mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio". E, de modo poético, comovente, o Senhor colocou no céu o seu arco, o arco-íris, como sinal de paz, de ponte que liga a criatura ao Criador: "Ponho meu arco nas nuvens, como sinal de aliança entre mim e a Terra"! Com esta imagem tão sugestiva, a Escritura Sagrada nos diz que os pensamentos do Senhor em relação a nós são de paz e salvação. Podemos rezar como o Salmista: "Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos; sois o Deus da minha salvação! Recordai, Senhor, meu Deus, vossa ternura e a vossa salvação, que são eternas! O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores"!

Caríssimos, se a aliança após o dilúvio já revelava a benignidade do coração de Deus, é em Cristo que tal bondade, tal misericórdia, tal compaixão se nos revelam totalmente: "Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus"! Não é este Mistério tão grande que vamos celebrar na Santa Páscoa? Nosso Senhor, morto na sua natureza humana, isto é, morto na carne, foi justificado, ressuscitado pelo Pai no Espírito Santo para nos dar a salvação definitiva, selando conosco a aliança eterna, da qual aquela de Noé era apenas uma prefiguração. Deus nos salvou em Cristo, dando-nos o seu Espírito Santo recebido por nós nas águas do Batismo, que purificam mais que aquelas outras, do dilúvio! Nunca nos esqueçamos: fomos lavados, purificados, gerados de novo, no santo Batismo. O diluvio lavou a antiga humanidade e começou um novo tempo: assim a vida batismal: somos lavados do velho homem para ressurgirmos como novas criaturas, lavados no sangue de Cristo.

Somos membros do povo da aliança nova e eterna, somos uma humanidade nova, nascida "não da vontade do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1,12). Somos o povo santo de Deus, povo resgatado pelo sangue de Cristo, povo que vive no Espírito Santo que o Ressuscitado derramou sobre nós.

Uma grande miséria dos cristãos destes tempos nossos é terem perdido a consciência de que somos um povo sagrado, vivendo entre os outros povos do mundo. Aqueles que creem em Cristo e nele foram batizados são a sua Igreja, são o povo santo de Deus, congregado no Corpo do Senhor Jesus para formar um só templo santo no Espírito de Cristo! Somos um povo que vive espalhado por toda a Terra, Igreja dispersa pelo mundo inteiro, que deve viver no mundo sem ser do mundo! A nossa miséria é querermos ser como todo mundo, viver como todo mundo, pensar e agir como todo mundo. Isso é trair a nossa vocação de povo sagrado, povo sacerdotal, povo que deve, com a vida e a boca, cantar as maravilhas Daquele que nos chamou das trevas para a sua luz admirável! (2Pd 2,9) Convertamo-nos! Sejamos dignos da nossa vocação! Eis o tempo favorável!

Na Quaresma somos convidados a retomar a consciência de ser este povo santo. E como fazê-lo? Como Jesus, o Santo de Deus, que passou quarenta dias no deserto em combate espiritual, sendo tentado por Satanás. A Quaresma é um tempo de deserto, de provação, de combate espiritual contra Satanás, o Pai da mentira, o enganador da humanidade. Sem combate não há vitória e não há vida cristã de verdade! A Igreja nos dá as armas para o combate: a oração, a penitência e a esmola. A Igreja nos pede, neste tempo, que combatamos nossos vícios com mais atenção e empenho; a Igreja nos recomenda a leitura da Sagrada Escritura e de livros edificantes, que unjam o nosso coração. Entramos no deserto para o encontro com Deus, para aprendermos a combater o maligno e para aprendermos a depender só de Deus.

Deixemos a preguiça, cuidemos do combate espiritual! Que cada um programe o que fazer a mais de oração. Há tantas possibilidades: rezar um salmo todos os dias, rezar todo o saltério ao longo da Quaresma, rezar a via-sacra às quartas e sextas-feiras. Quanto à penitência, não enganemos o Senhor! Que cada um tire generosamente algo da comida durante todos os dias da Quaresma (exceto aos domingos); que se abstenha da carne às sextas-feiras, como sempre pediu a tradição ascética da Igreja, que tire também algo das conversas inúteis, dos pensamentos levianos, dos programas de TV tão nocivos à saúde da alma! E a esmola, isto é, a caridade fraterna? Há tanto que se pode fazer: acolher melhor quem bate à nossa porta, aproximar-nos de quem necessita de nossa ajuda, reconciliar-nos com aqueles de quem nos afastamos, visitar os doentes e presos. No Brasil, a Igreja procura também dar um tema e uma direção comunitária à caridade fraterna com a Campanha da Fraternidade, que nos recorda que nossa vida é servir.


Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

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sábado, fevereiro 21, 2015

Sábado depois das Cinzas, Quaresma

Leituras do Dia
1ª Leitura - Is 58,9b-14
Salmo - Sl 85, 1-2. 3-4. 5-6 (R. 11a)
Evangelho - Lc 5,27-32


HOMILÍA

Amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo, os fariseus reclamam e murmuram contra Jesus porque Ele come e bebe com os cobradores de impostos e com pessoas tidas como pecadoras.

Os fariseus afirmam que se Jesus fosse tão puro, tão santo, não se misturaria com esse tipo de pessoa. Mas deixe-me dizer uma coisa a você: é para os pecadores como eu, você e todos os pecadores deste mundo que Jesus veio. Ele veio para restaurar o mundo em que vivemos das consequências do pecado.

Para Jesus não há preconceito nem discriminação, Ele não faz acepção de pessoas. Ele não acha ninguém melhor do que ninguém. Ele se mistura com os pecadores e não com seus pecados. O Senhor combate os erros e os pecados, mas não combate os pecadores.

Contudo, Jesus trata de forma mais severa aqueles que só veem os pecados do outro, mas não são capazes de enxergar os próprios pecados. Jesus é o médico divino, Ele veio cuidar da raiz do pecado em nossa vida.

Desculpe-me, mas se você tem vergonha e receio de se aproximar de alguém porque ele é um grande pecador, Jesus não o tem e se você faz acepção de pessoas, Jesus não a faz. Se você se considera melhor do que os outros, pode ser que você seja o último e o outro fique em primeiro lugar no coração de Deus.

Quem se abre para a misericórdia de Deus se deixa ser banhado por esse bálsamo divino que lava, purifica, renova e refaz as estruturas. Quando somos tomados pela misericórdia de Deus, nós não julgamos os outros. Primeiramente, olhamos para nós mesmos e reconhecemos nossas próprias fraquezas e pecados e, depois, oferecemos aquilo que fazemos por aqueles que estão no pecado ou longe do caminho de Deus.

O coração de Jesus não julga nem condena ninguém, Ele primeiro acolhe, ama e cuida. A Igreja, como o coração de Jesus, é o lugar em que os pecadores e cada um de nós devemos estar, nós que precisamos desse bálsamo para restaurar o amor de Deus em nós.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
cancaonova.com

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Quaresma

Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias , em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto.

Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O “Glória”, o “Aleluia” e o “Te Deum”.

Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Nesse tempo santo, a Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.

Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.

Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo.

Por que a cor roxa?

A cor litúrgica deste tempo é o roxo que simboliza a penitênica e a contrição. Usa-se no tempo da Quaresma e do Advento.

Nesta época do ano, os campos se enfeitam de flores roxas e róseas das quaresmeiras. Antigamente, era costume cobrir também de roxo as imagens nas igrejas. Na nossa cultura, o roxo lembra tristeza e dor. Isto porque na Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na Via-Sacra contemplamos Jesus a caminho do Calvário

Qual o significado destes 40 dias?

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

O Jejum

A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função. Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa.

Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.

O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.

Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?

A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.

Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.

Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?

As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da semana santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.

Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira Santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.

Depois, vem a missa da Sexta-feira da paixão, também conhecida como Sexta-feira Santa, que celebra a morte do Senhor, às 15h00. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus.

No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no Domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.

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quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Papa Francisco: Na Quaresma voltar ao Senhor que não se cansa de ser misericordioso conosco

ROMA, 18 Fev. 15 / 03:44 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Senhor não se cansa de ter misericórdia de cada um e oferece uma vez mais seu perdão. Esta foi a ideia principal da homilia do Papa Francisco na celebração da Eucaristia e imposição das cinzas e criticou os cristãos hipócritas e sua incapacidade de chorar pelos males do próximo e do mundo.

Começa o tempo de Quaresma e, como é tradição, o Papa Francisco presidiu a celebração da imposição das cinzas. Antes, o Santo Padre visitou a Igreja de São Anselmo no monte Aventino, em Roma, onde teve um momento de oração, seguida da procissão penitencial para a Basílica da Santa Sabina.

“O Senhor nunca se cansa de ter misericórdia de nós, e quer nos oferecer uma vez mais o seu perdão, todos precisamos disso, convidando-nos a voltar a Ele com um coração novo, purificado do mal, purificado pelas lágrimas, para tomar parte da sua alegria", afirmou o Pontífice.

Mas, “como acolher este convite?', perguntou. “Sugere isso São Paulo na Segunda Leitura do dia: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 20)”.

“Sabem, irmãos, que os hipócritas não sabem chorar, esqueceram como se chora, não pedem o dom das lágrimas”.

Sobre o “esforço de conversão” assinalou que “não é somente uma obra humana. A reconciliação entre nós e Deus é possível graças à misericórdia do Pai que, por amor para nós, não vacilou em sacrificar seu Filho unigénito”.

O Papa explicou neste ponto que “Cristo, que era justo e sem pecado, por nós foi feito pecado (v.21) quando na cruz foi encarregado dos nossos pecados e assim nos redimiu e justificou diante de Deus. “Nele” nós podemos nos tornar justos, Nele podemos mudar, se acolhemos a graça de Deus e não deixamos passar em vão o “momento favorável”.

“Por favor, paremos, paremos um pouco e nos deixemos reconciliar com Deus”, pediu o Pontífice.

“Com essa consciência, começamos confiantes e alegres o itinerário quaresmal. Maria Mãe, Imaculada, sem pecado, apoie o nosso combate espiritual contra o pecado, acompanhe-nos neste momento favorável, para que possamos alcançar e cantar juntos a exultação da vitória na Páscoa da Ressurreição”, disse o Papa ao concluir sua reflexão.

“E como sinal de querer nos deixarmos reconciliar com Deus, em público cumpriremos o gesto da imposição das cinzas sobre a cabeça. O celebrante pronuncia estas palavras: “Recorda-te que és pó e ao pó retornarás” (cfr Gen 3, 19), ou repete a exortação de Jesus: “Convertei-vos e acreditais no Evangelho” (cfr Mc 1, 15). Ambas as fórmulas constituem um chamado à verdade da existência humana: somos criaturas limitadas, pecadores sempre necessitados de penitência e conversão. Quanto é importante escutar e acolher tal chamado neste nosso tempo!”

“O convite à conversão é então um empurrão a voltar, como fez o filho da parábola, aos braços de Deus, Pai terno e misericordioso, a chorar naqueles braços, a confiar Nele e se confiar a Ele”, concluiu o Pontífice.

acidigital.com

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Significado da Cerimônia de Cinzas

A Igreja nos indica, nas orações recitadas por seus ministros, o significado da cerimônia das Cinzas: "Ó Deus, que não quereis a morte do pecador mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas cinzas que vamos colocar sobre as nossas cabeças. E assim reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos, pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado". É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia.

Já no Antigo Testamento os homens cobriam se de cinzas para exprimir sua dor e humilhação, como se pode ler no livro de Jó. Nos primeiros séculos da Igreja os penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário: pediam perdão revestidos de um saco, e como sinal de sua contrição cobriam a cabeça de cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz santo Agostinho, essa cerimônia estendeu-se a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis, almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de arrependimento.

Tenhamos os mesmos sentimentos: deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote nos disser "lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar", ou "convertei-vos e crede no Evangelho", enquanto impõe as cinzas, humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte que, reduzindo-nos ao pó, nos porá sob os pés de todos. Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a refrear o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e a abstinência que a Igreja nos prescreve.

Meu Deus, inspirai-me verdadeiros sentimentos de humildade, pela consideração do meu nada, ignorância e corrupção. Dai-me o mais vivo arrependimento das minhas iniqüidades, que feriram vossas perfeições infinitas, contristaram vosso coração de pai, crucificaram vosso Filho dileto, e me causaram um mal maior do que a perda da vida do corpo, pois que o pecado mortal é a morte da alma e nos expõe a uma morte eterna.

arautos.org

domingo, fevereiro 15, 2015

Programação de missas no carnaval 2015

Olá,

Aqui está a nossa programação de missas no período de carnaval:

- Sábado, 14 de fevereiro: 6:30 e 19h
- Domingo, 15 de fevereiro: 10h
- Segunda ( dia 16 ) e terça ( dia 17 ): NÃO HAVERÁ MISSAS
- Quarta-feira de CINZAS, 18 de fevereiro: 19h

PAZ e BEM

CAMPANHA DA FRATERNIDADE - 2015

Tema:“Fraternidade: Igreja e Sociedade” 
Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)




29 de março de 2015 - Domingo de Ramos - Coleta Nacional da Solidariedade
Coleta - Pão e justiça para todas as Pessoas

Igreja e Sociedade - CF 2015
Ojetivos desta Campanha da Fraternidade:- Objetivo geral da CF - 2015 CNBB

01 - Aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus.

- Objetivos específicos da CF - 2015 CNBB

01 - Fazer memória do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade, identificar e compreender os principais desafios da situação atual.

02 - Apresentar os valores espirituais do Reino de Deus e da doutrina Social da Igreja, como elementos autenticamente humanizastes.

03 - Identificar as questões desafiadoras na evangelização da sociedade e estabelecer parâmetros e indicadores para a ação pastoral.

04 - Aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa, da integridade da criação, da cultura da paz, do espírito e do diálogo inter-religioso e intercultural, para superar as relações desumanas e violentas.

05 - Buscar novos métodos, atitudes e linguagens na missão da Igreja de Cristo de levar a Boa Nova a cada pessoa, família e sociedade.

06 - Atuar profeticamente, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para o desenvolvimento integral da pessoa e na construção de uma sociedade justa e solidária. 


Fonte: www.portalkairos.net

sábado, fevereiro 14, 2015

A ousadia do "Pai nosso"

Na santa Missa, quando o presidente da celebração introduz a oração do “Pai nosso”, tem à sua disposição várias formas para convidar a comunidade a apresentar ao Pai os pedidos que Jesus nos ensinou a fazer. Uma delas, a mais antiga, propõe: “Obedientes à palavra do Salvador e formados por seu divino ensinamento, ousamos dizer...”

“Ousamos dizer....” Sim, somente impulsionados por uma santa ousadia nós, pecadores, temos mesmo a coragem de apresentar a Deus pedidos tão amplos e grandiosos como os sete que fazem parte do “Pai nosso”. Mas quem nos ensina a ter tal ousadia é o próprio Jesus. É que seus discípulos, vendo-o em oração, lhe pediram: "Ensina-nos a rezar!" (Lc 11,1). Os discípulos, como bons judeus, sabiam rezar. A oração dos Salmos era parte integrante de seus encontros, aos sábados, na Sinagoga. Mas eles queriam rezar como Jesus. Desejavam, na verdade, entrar em sua intimidade. Aprenderam, então, que rezando ao “nosso” Pai, é a seu Pai – o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo – que nos dirigimos pessoalmente, e o fazemos com confiança, porque Jesus nos purifica de nossos pecados (cf. Hb 1,3) e nos introduz diante da face do Pai (cf. Hb 2,13).

Ao rezar o “Pai nosso” fazemos sete pedidos; sete bênçãos. A primeira série de pedidos tem por objeto a glória do Pai: a santificação de Seu nome, a vinda de Seu Reino e o cumprimento de Sua vontade. Aí está uma característica do amor: pensar primeiramente naquele que amamos. Os quatro pedidos seguintes apresentam-lhe nossos desejos: eles dizem respeito à nossa vida, para nutri-la ou para curá-la do pecado, e se relacionam com nosso combate, visando à vitória do Bem sobre o Mal.

Eis nossas solicitações:

1º - "Santificado seja vosso nome". Ao pedir isso, entramos no plano de Deus. Seu nome, revelado a Moisés e apresentado por Jesus, deve ser santificado em todas as nações e por todos os seres humanos.

2º - "Venha a nós o vosso Reino". Com esse segundo pedido, temos em vista principalmente a volta de Cristo e a vinda final do Reino de Deus; solicitamos, também, pelo crescimento de Seu Reino no “hoje” de nossas vidas.

3º - "Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu". No terceiro pedido, rezamos a nosso Pai para que se realize o que Ele deseja; e o que Ele mais deseja é “que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4).

4º - "O pão nosso de cada dia nos dai hoje". Esse quarto pedido exprime nossa confiança filial no Pai do céu. “Pão nosso” designa o alimento terrestre necessário à subsistência de todos nós, mas significa, também, a Palavra de Deus e o Corpo de Cristo. Trata-se, pois, de um alimento indispensável à nossa vida e essencial no Banquete do Reino que a Eucaristia antecipa.

5º - "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido". O quinto pedido implora a misericórdia de Deus para nossas ofensas – misericórdia que somente pode penetrar em nosso coração se soubermos perdoar a todos, a exemplo de Cristo.

6º - "Não nos deixeis cair em tentação". Aqui, rogamos a Deus que não nos permita trilhar o caminho que conduz ao pecado. Esse pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza; solicita a graça da vigilância e a perseverança final. “Ser tentado” faz parte da vida; é uma das consequências do pecado original em nós. O problema nasce quando consentimos na tentação.

7º - "Mas livrai-nos do mal". No último pedido, solicitamos que se manifeste a vitória já alcançada por Cristo sobre Satanás – aquele que se opõe frontalmente a Deus e a seu plano de salvação. O mal, aqui, não é uma abstração, mas designa uma pessoa – o pai da mentira. A vitória sobre o “príncipe deste mundo” (cf. Jo 14,30) foi alcançada, de uma vez por todas, por Jesus.

Pelo “Amém” final exprimimos nossa concordância total em relação aos pedidos feitos. Ora, como Deus, “rico em misericórdia” (Ef 2,4), Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, deixaria de atender a nossos ousados pedidos, já que feitos com tanta confiança?...

Dom Murilo S. R. Krieger

Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil
cnbb.org.br

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Carnaval é prazer e alegria?

Leituras do Dia
1ª Leitura - Gn 3,1-8
Salmo - Sl 31, 1-2. 5. 6. 7 (R. Cf. 1a)
Evangelho - Mc 7,31-37


O início do carnaval traz a busca frenética pelo prazer e pela alegria

A Bíblia afirma que “a alegria do coração é a vida do homem, é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a vida dele” (Eclo 30,22-26). São Francisco de Sales dizia que “um cristão triste é um triste cristão”. A alegria verdadeira brota de um coração puro, que ama a Deus e ao próximo, tem a consciência tranquila e sabe que está nas mãos do Senhor.

Mas o mundo confunde alegria com prazer, quando, na verdade, não são a mesma coisa.Prazer é a satisfação do corpo; alegria é a satisfação da alma. Há prazeres justos e até necessários, como o sabor que Deus colocou nos alimentos, o prazer do ato sexual do casal unido pelo matrimônio. Mas há também prazeres injustos, por isso, pecaminosos, quando se busca a satisfação do corpo apenas como um fim: a bebida, o sexo fora ou antes do casamento, as drogas, as aventuras que põem a vida em risco etc.

Isso acontece quando se abusa da liberdade e se usa mal as coisas boas. Isso tem nome: libertinagem. Por exemplo, pode ser um gesto de alegria beber um copo de vinho com os amigos, mas pode se tornar um gesto de prazer desordenado se houver o abuso da bebida e se chegar à embriaguez. O mal quase sempre é o uso mau, o abuso das coisas boas. Quantos crimes e acidentes acontecem por causa dessas libertinagens!

Está chegando mais um carnaval, tempo que para muitos se transformou em liberação de todos os instintos, busca frenética da “alegria” e do prazer. Mas o prazer ilícito, quando passa, deixa gosto de morte. A distorção da alegria nessa festa pode se transformar em sofrimento para a própria pessoa e para os outros, porque sabemos que “o salário do pecado é a morte” (cf. Rm 6,23).

Não pense que você pode ser feliz no pecado, porque isso é uma ilusão.

A tentação nos oferece o pecado, assim como uma maçã envenenada, mas caramelada. É mais ou menos como o terrível anzol que o peixe abocanha, porque está escondido dentro da isca. Depois de abocanhar a isca, de sentir o “prazer” rápido que ela lhe dá, o peixe sente o gosto da morte no anzol que o fisga.

O mesmo acontece com quem se entrega, no carnaval, aos prazeres da carne: o sexo a qualquer custo, a prática da homossexualidade, o uso das drogas, o abuso da bebida e os gestos de violência. O que tudo isso gera depois? Sabor de morte. Depois que rapidamente tudo isso passa, vem o vazio e a tristeza.

Temos visto um espetáculo deprimente nos últimos carnavais: as próprias autoridades, querendo impedir a Aids, acabam fomentando o pecado. Os governos da união e dos estados distribuem amplamente a famigerada “camisinha” para que os foliões brinquem, gozem, mas sem o perigo de se contaminarem. Preserva-se o corpo e mata-se a alma; defende-se o prazer e a orgia e afunda-se a moral; lança-se o povo nos antigos bacanais gregos. Ora, o correto é ensinar os jovens a viver o sexo no lugar certo, no casamento, e não estimulá-los fora de hora.

Será que não temos algo melhor para dar aos nossos jovens e a nosso povo? Quantas crianças são geradas nas relações sexuais que acontecem nos carnavais! O que acontece depois? Algumas dessas podem ser abortadas; outras se tornam filhos de uma mãe que vai criar e educar o filho sozinha. Isso não é justo, porque toda criança que vem a este mundo tem o direito de ter um pai, uma mãe, de um lar, de ser amada e desejada; e não ser apenas o fruto de uma transa tresloucada.

O mal é o abuso daquilo que é bom. Se nós abusamos do bem, da comida, da bebida, do sexo fora do casamento, tudo isso se tornará um mal e trará consequências negativas; isso não é uma alegria autêntica. O sexo é lindo dentro do plano de Deus, mas se o tirarmos de dentro do plano divino, ele poderá ser causa de tristeza, adultério e doenças.

No pecado, encontramos o caminho da morte; na virtude, encontramos o caminho da paz.

Nossa vida é consequência de nossas escolhas e nossos atos. São Paulo disse claramente aos gálatas: “Não erreis, de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6,8).

Quem faz do período carnavalesco uma oportunidade de extravasar os baixos instintos, colherá, sem dúvida, a tristeza depois. Quem dele se aproveitar para fazer o bem, colherá a alegria. Há um ditado popular que diz assim: “Fazer o bem sem olhar a quem”. A verdadeira alegria nasce de fazer o bem; quanto mais bem você o faz às pessoas, mais será feliz.

O pecado é perfumado e se apresenta a você na hora da sua fragilidade. Cuidado! Santo Agostinho afirmava: “A sua tristeza são os seus pecados; deixe que a santidade seja sua alegria”. Eu lhe dou a receita: vigie e ore. Os pecados entram pelas janelas da alma, que são os sentidos. Então, feche seus olhos, sua boca e suas mãos se você sabe que, por meio deles, pode chegar ao pecado.

Os dias de carnaval nos oferecem grandes oportunidades para pecar, tanto nas ruas como na televisão, na internet e nos clubes. Mas não é nisso que reside a verdadeira alegria, esta pode ser encontrada no convívio saudável do lar com os filhos, na igreja, na leitura de bons livros e da Palavra de Deus, num tempo mais dedicado à oração, no ouvir uma boa pregação, num gesto de caridade a uma pessoa que precisa de você.

Felipe Aquino
cancaonova.com

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

A salvação da qual Jesus é portador é universal

Leituras do Dia
1ª Leitura - Gn 2,18-25
Salmo - Sl 127,1-2. 3. 4-5 (R. Cf 1a)
Evangelho - Mc 7,24-30

Jesus está sempre a caminho. A razão da sua peregrinação é dita logo no início do evangelho: “vamos a outros lugares...” (Mc 1,38). Trata-se da saída não somente de Cafarnaum, onde ele estava, mas da sua saída de junto do Pai. É uma menção à encarnação. A salvação da qual Jesus é portador é universal; por isso, ele vai à região dos pagãos. Não há lugar nem pessoa a quem a salvação não seja oferecida como dom. Os judeus não são destinatários exclusivos da salvação. A salvação pertence também aos “cachorrinhos”, uma forma de designar os pagãos. Todo o relato está centrado no diálogo entre Jesus e a mulher. Na sua resposta, aquela mulher pagã mostra a sua fé confessando Jesus como Senhor. É com essa designação que os cristãos se dirigem a Jesus Cristo ressuscitado. Por seus gestos e palavras a mulher confia em Jesus; ela sabe que somente por meio de Jesus o mal que aprisiona a sua filha pode ser vencido. Se o mal está presente, está também presente com maior poder a graça de Jesus Cristo. É por ele que se pode dizer que “onde abundou o pecado superabundou a graça”.

Pe. Carlos Alberto Contieri
paulinas.org.br

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Nossa Senhora de Lourdes - 11 de fevereiro

Leituras do Dia
1ª Leitura - Gn 2,4b-9.15-17
Salmo - Sl 103,1-2a. 27-28. 29bc-30 (R. 1a)
Evangelho - Mc 7,14-23

No dia 11 de fevereiro de 1858 uma menina de 14 anos, Bernadete Soubirous, simples e humilde, que não sabia ler e escrever direito, foi em companhia de uma irmã e de uma vizinha recolher lenha perto de Massabielle. Deviam passar um riacho descalça. Como Bernadete sofresse de asma hesitava em pôr o pé na água fria.

Ouviu um barulho entre as árvores e levantou os olhos. Viu uma senhora com as faces radiantes, vestida de branco, com uma faixa azul, toda sorridente. Recitou com Bernadete um terço, fazendo uso do rosário que trazia sempre consigo. Foi a irmãzinha de Bernadete que revelou aos pais o segredo. Proibiram a volta à gruta. Como a menina não parasse de chorar deixaram-na retornar. A aparição se repetiu no dia 18 de fevereiro.

A senhora sorriu ao gesto da menina que aspergia a rocha com água benta. Depois disse: “Queres ter a bondade de vir aqui durante quinze dias? Não te prometo a felicidade neste mundo, mas no outro.” Durante as aparições a senhora pediu que se rezasse pelos pecadores e convidou os fiéis à penitência.

No dia 25 de fevereiro convidou-a a beber numa fonte, indicando-lhe o lugar. Bernadete arranhou a superfície da terra e começou a verter água que se tomou a fonte milagrosa. A senhora manifestou o desejo de ter ali uma igreja. O pároco, incrédulo, disse a Bernadete: “Dize a essa senhora que diga o seu nome.” A resposta foi: “Eu sou a Imaculada Conceição.” Havia quatro anos apenas que Pio IX proclamara esse dogma. Primeiro houve proibição da parte das autoridades, mas depois o imperador Napoleão III consentiu o acesso à gruta.

Peregrinos de todas as partes do mundo vão buscar o maior dos milagres de Lourdes que é a paz do espírito. Mas houve também numerosos prodígios físicos nesses mais de cem anos de história de Lourdes.


Oração a Nossa Senhora de Lurdes

Ó Virgem puríssima, 
Nossa Senhora de Lurdes, 
que vos dignastes aparecer a Bernadete, 
no lugar solitário de uma gruta, 
para nos lembrar que é no sossego 
e recolhimento 
que Deus nos fala 
e nós falamos com Ele, 
ajudai-nos a encontrar o sossego 
e a paz da alma 
que nos ajudarem a conservar-nos 
sempre unidos em Deus. 
Nossa Senhora da gruta, 
dai-me a graça que vos peço 
e tanto preciso (pedir a graça). 
Nossa Senhora de Lurdes, 
rogai por nós. 
Amem



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Pia União de Santo Antônio

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