SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Não arrisque seu futuro - homilía do dia

1ª Leitura - Jr 17,5-10Salmo - Sl 1,1-2.3.4.6 (R. Sl 39,5a)
Evangelho - Lc 16,19-31


Este trecho do Evangelho de hoje – segundo Lucas – faz parte de uma sequência de parábolas mencionadas por Jesus: a do filho pródigo, a do administrador infiel e, automaticamente, a parábola do rico e Lázaro.

Existe uma suposição de que Jesus queria dizer através desta parábola que os homens bons e maus recebiam suas recompensas após a morte, porém, esta alegoria contradiz dois princípios:

1º) Um dos princípios mais relevantes de interpretação é que cada parábola tem um propósito de ensinar uma verdade fundamental.

2º) O sentido de cada parábola deve ser analisado a partir do contexto geral da Bíblia.

Na verdade, Jesus – nesta parábola – não estava tratando do estado do homem na morte, nem do tempo quando se darão as recompensas. Ademais, interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a Bíblia apresenta por um todo (Mt 16,27; 25,31-40; I Cor 15,51-55; Is 4,16-17; Ap 22,12), dentre outros textos.

Obviamente, nesta parábola Jesus estava fazendo uma clara distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual e não coletiva (como criam) e isso através da verdadeira consideração à imutável Lei de Deus aos profetas (Lc 16,27-31).

A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as oportunidades nesta vida.

Em conexão com o contexto da parábola anterior do administrador infiel, Jesus adverte: “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” (Lc 16,11).

Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo a vida eterna.

Portanto, fica estabelecido que interpretar esta parábola de forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas Sagradas Escrituras. Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos o absurdo de ter que admitir ser o “seio de Abraão” o lugar onde os justos desfrutarão o gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros.

As lições apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém, os justos ou injustos receberam suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jo 14,12-15.20-21; Sl 6,5; 115,17; Ecl 9,3-6 e Is 38,18).

Na verdade, esta parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que n’Ele depositava sua confiança. Os judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício do seu desagrado para com os ímpios.

O problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus havia afastado os fariseus e os judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna. Infelizmente, eles esqueceram do segundo objetivo que se encerra na Lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).

Padre Bantu Mendonça

cancaonova.com

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

O pote rachado

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara, a qual ele carregava atravessada em seu pescoço.

Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O ponte rachado chegava apenas pela metade.

Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um ponte e meio de água na casa de seu chefe.
Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer.

Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia, à beira do poço:
- Estou envergonhado, quero pedir-lhes desculpas.
- Por quê? - perguntou o homem.
- De que você está envergonhado?
- Desses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu Senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços - disse o pote.

O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou:
- Assim que retornarmos para a casa do meu senhor, quero quer perceba as flores ao longo do caminho.

De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu desânimo. Mas, ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha.

Disse o homem ao pote:
- Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho?
Notou ainda que cada dia enquanto voltávamos do poço, você as regava?
Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor.
Sem você ser do jeito que é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.

Cada um de nós tem seus próprios e únicos defeitos. Todos nós somos potes rachados.
Porém, se permitirmos, o Senhor vai usar nossos defeitos para embelezar a mesa do Pai.

Na grandiosa economia de Deus, nada se perde. Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos. Basta reconhecermos nossos defeitos e eles com certeza embelezarão a mesa de alguém... Das nossas fraquezas, devemos tirar nossa maior força...


Autor desconhecido

http://paulinas.org.br/diafeliz/?system=mensagem&id=734

terça-feira, fevereiro 26, 2013

O mundo em que os jovens vivem

Por Frei Almir R. Guimarães, OFM


Vivemos um tempo de transformação. Há a crise econômica e social. Há a crise eclesial. Há a crise cultural. Morre um mundo e nasce outro. Morre um modo de viver a fé. O que é ser cristão nesse mundo novo vago que se delineia a duras penas. Ora, os jovens são aqueles que poderão ser protagonistas desse novo nascimento. Poucas de nossas comunidades, no entanto, conseguem organizar e alimentar uma pastoral juvenil. Em que mundo vivemos nós e os jovens?

Vivemos o tempo do imediato, do que precisa ser feito aqui e agora, sem delongas, sem demora. O que desejo, quero para já, aqui e agora. Nem sempre esse desejo do imediato é acompanhado pela reflexão. Não sabemos colocar o pé no freio. Compramos o que temos vontade de comprar e pagamos a crédito, com cartão de crédito, com pagamentos a perder de vista. Mas queremos agora. Essa característica da busca do imediato lembra os caprichos de uma criança que pensa que tudo se lhe deve e que esperneia enquanto não consegue o que quer na rua, no metrô, na igreja e na sala de espera do consultório médico. As pessoas querem tudo rapidamente e não se dão o tempo de pensar, de escolher, de decidir com um mínimo de discernimento. O tempo da juventude não seria o tempo de escolhas importantes que marcam a vida de uma pessoa para sempre? Será possível melhorar nossas escolhas?

A realidade é como um líquido que escorre por entre os dedos. Nada passa a impressão de ser sólido. Os relacionamentos são fugazes: casamento, amigos, convicções. Como uma pessoa jovem se situa nesse mundo líquido de que fala Zygmund Bauman? Onde o jovem encontrará uma âncora vital que o ajude a navegar no vaivém das oscilações da vida? O mundo nunca foi estático. Mas hoje é “louco”. É possível encontrar um sentido último para a vida e que oriente as decisões e ajude a construir projetos existenciais que valham a pena?

Vivemos num mundo descosturado. As coisas não estão interligadas. Cada fragmento tem sua lógica, obedece a seus princípios, contém seus “valores”, uns separados dos outros. Jovens vivem essa descostura na carne. Muitos deles trabalham para ajudar na renda familiar, fazem estudos à noite, ou ensino fundamental, ou faculdade. Não têm tempo de aprofundar seus estudos e nem de conhecer-se a si mesmos. Derramam-se nas coisas e nos finais de semana precisam uma válvula de escape: namoricos, por vezes para distração, bebida e certas fugas no mundo das drogas. Precipitados envolvimentos amorosos podem redundar numa gravidez. Como esses jovens tão ocupados poderão participar de grupos de jovens, de espaços de iniciação cristã e de reorganização de seu universo? Como viver com eles? Como eles poderão sentir beleza da fé vivida por outros?
Há jovens de todos os tipos e horizontes. Vemos uma certa juventude que cresce em ambientes familiares de compreensão, de harmonia. Crianças que encontram regularmente os pais, que sentem a firmeza do relacionamento dos mesmos, que vivem segurança na vida, apoiadas no sólido amor dos pais. De outro lado vemos jovens que vivem em ambientes de profunda hostilidade familiar. São filhos de mães solteiras, criados pelas avós. Jovens que têm conviver com “meio-irmãos”, filhos do novo companheiro da mãe. A mãe e seu novo companheiro não vão viver o tempo todo juntos. É coisa apenas por um tempo. O que realmente se passa na cabeça desses jovens? Onde estão? Como fazer pastoral com eles? Quando tentar atingi-los com o Evangelho?

Nossos jovens crescem num ambiente marcadamente consumista. O mundo é consumista. A vida é consumista. Os meios de comunicação falam de consumo, convidam ao consumo. Consumo de bens, consumo de coisas modernas, de viagens, de pessoas. Como fazer com que ressoe nesta sociedade de consumo o espírito de desprendimento do Sermão das Bem-aventuranças?
Vivemos a cultura do êxito. É preciso vencer na vida. Há a competição. Competição que estressa. Competição que aponta para uma certa eliminação do outro. Há famílias que treinam os filhos para estudar, vencer na vida e assim poderem desfrutar de folgada situação financeira em suas vidas. Êxito e sucesso também nos relacionamentos amorosos: corpos sarados, bem cuidados, cuidados demais. Meninas magras e rapazes “bonitos”. Culto das aparências: beleza do corpo, viagens, carros e facilidades.

“Construimo-nos como pessoas em relação com os outros. O jovem de hoje, como nunca antes, vive possibilidades de comunicação e de relacionamentos quase ilimitadas. Que jovem não se serve das redes sociais com centenas de amigos nesses fóruns? Os jovens de hoje conhecem melhor o mundo do que aqueles de gerações anteriores. Também se deslocam e se locomovem muito mais. Com tudo isso, a solidão parece ser uma ameaça real para não poucos jovens. Nem sempre conseguem viver uma amizade em profundidade. Vínculos que pareciam muito estáveis se desfazem com relativa facilidade. Há jovens que chegam aos trinta anos numa dificuldade de encontrar seu par com quem construir sua vida. Pode o evangelho ajudar a viver vinculações mais sólidas, mais estáveis, de pessoas mais comprometidas umas com as outras?” (Abel Toraño Fernández, SJ, Jóvenes e nueva evangelización: escenario y desafios, Sal Terrae, 100 (2012), p. 529-530). T


reflexoesfranciscanas.com.br

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

LITURGIA DIÁRIA- 25 de fevereiro

1ª Leitura - Dn 9, 4b-10
Leitura da Profecia de Daniel.

4b“Eu te suplico, Senhor, Deus grande e terrível, que preservas a aliança e a benevolência aos que te amam e cumprem teus mandamentos; 5temos pecado, temos praticado a injustiça e a impiedade, temos sido rebeldes, afastando-nos de teus mandamentos e de tua lei; 6não temos prestado ouvidos a teus servos, os profetas, que, em teu nome, falaram a nossos reis e príncipes, a nossos antepassados e a todo povo do país.
7A ti, Senhor, convém a justiça; e a nós, hoje, resta-nos ter vergonha no rosto: seja ao homem de Judá, aos habitantes de Jerusalém e a todo Israel, seja aos que moram perto e aos que moram longe, de todos os países, para onde os escorraçaste por causa das infidelidades cometidas contra ti.
8A nós, Senhor, resta-nos ter vergonha no rosto: a nossos reis e príncipes, e a nossos antepassados, pois que pecamos contra ti; 9mas a ti, Senhor, nosso Deus, cabe misericórdia e perdão, pois nos temos rebelado contra ti, 10e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, indicando-nos o caminho de sua lei, que nos propôs mediante seus servos, os profetas”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Salmo 78
— O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas.
— O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas.

— Não lembreis as nossas culpas do passado, mas venha logo sobre nós vossa bondade, pois estamos humilhados em extremo.
— Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
— Até vós chegue o gemido dos cativos: libertai com vosso braço poderoso os que foram condenados a morrer!
— Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo, celebraremos vosso nome para sempre, de geração em geração vos louvaremos.
.

Evangelho (Lucas 6,36-38)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 36“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.


REFLEXÃO
A justiça de Deus é muito diferente da justiça dos homens. A justiça dos homens parte de dois pressupostos: o primeiro diz que a cada um deve ser dado o que lhe pertence, e o segundo afirma que cada pessoa deve receber os méritos pelo bem que promovem e os castigos pelos males que causa. A justiça divina é aquela que distribui gratuitamente todos os bens e dá todas as condições para que o homem possa ser feliz e ter uma vida digna e é por isso que Deus criou todas as coisas e as deu gratuitamente para os homens que não viveram a gratuidade e se apossaram do mundo segundo seus interesses. A justiça divina é aquela que não nos trata segundo as nossas faltas, mas age com misericórdia e nos convida a fazer o mesmo.

cnbb.org.br

domingo, fevereiro 24, 2013

Bento XVI no último Angelus : “Não abandono a Igreja”

“Não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor”: palavras de Bento XVI pronunciadas em seu último Angelus como Pontífice, neste domingo, 24 de fevereiro.

O Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isso é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.

A Praça S. Pedro estava lotada este domingo para este evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstraram o carinho dos fiéis. A Praça desde as primeiras horas da manhã aos poucos foi sendo tomada por religiosas, sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.

Ao meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi aclamado pela multidão.

Comentando o Evangelho da Transfiguração do Senhor, o evangelista Lucas ressalta o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive sobre um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João.

Meditando sobre esta passagem do Evangelho, explicou o Pontífice, podemos tirar um ensinamento muito importante. Antes de tudo, a primazia da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma, aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e de suas contradições.

A existência cristã – disse o Papa, citando sua Mensagem para a Quaresma –, consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para depois descer trazendo o amor e a força que dele derivam, a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus.

“Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus eu a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. O Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário. Se Deus me pede isso, é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.”


Na saudação em várias línguas, Bento XVI falou também em português: “Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos”.

POR: CNBB/RADIO VATICANO

cnbb.org.br

sábado, fevereiro 23, 2013

É a lógica de Deus

Eles são chamados a ser diferentes, mas para melhor.

O Cristianismo se espalhou a partir de um grupo de discípulos escolhidos por Jesus, cuja missão desafiadora era desproporcional às suas capacidades humanas. O ambiente judaico da época e o poder romano, que dominava o quadro cultural em que se encontravam, não lhes eram propícios para divulgarem a Boa Nova do Evangelho. No entanto, pessoas limitadas se puseram a falar de Jesus Cristo e a proclamar que Ele está vivo. A perseguição desencadeada nos anos que se sucederam provocou a chamada “diáspora”, dispersão que se revelou providencial, pois fez com que o Evangelho chegasse a rincões mais distantes. Até hoje, cada situação adversa é oportunidade – Kairós – aproveitado por Deus, para novas oportunidades para testemunhar o nome de Cristo. O resultado aí está, com a presença da Igreja em toda parte, malgrado todas as dificuldades encontradas no correr dos séculos.

Já nos primeiros séculos, escritores cristãos deixaram o testemunho do caminho seguido para o crescimento da Igreja: “Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, os apóstolos começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judéia, onde fundaram Igrejas; partiram em seguida por todo o mundo, proclamando a mesma doutrina e a mesma fé entre os povos. Em cada cidade por onde passaram fundaram Igrejas, nas quais outras Igrejas que se fundaram e continuam a ser fundadas foram buscar mudas de fé e sementes de doutrina. Por esta razão, são também consideradas apostólicas, porque descendem das Igrejas dos apóstolos.

Apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não formam senão uma só Igreja: a primeira, que foi fundada pelos apóstolos e que é origem de todas as outras. Assim, todas elas são primeiras e apostólicas, porque todas formam uma só. A comunhão na paz, a mesma linguagem da fraternidade e os laços de hospitalidade manifestam a sua unidade. Estes direitos só têm uma razão de ser: a unidade da mesma tradição sacramental” (Do Tratado sobre a prescrição dos hereges, de Tertuliano, presbítero, capítulo 20 – Século III). A “certidão de nascimento” de uma comunidade cristã é dada pelo laço da sucessão apostólica, que a liga aos primórdios da fé cristã.

Nosso tempo é de pluralismo, por isso exige testemunho mais qualificado dos cristãos. A Igreja pede, em sua oração, que no tempo da renovação da festa pascal, quando o Senhor reacende a fé em Seu povo, estes compreendam melhor o batismo que os lavou, o Espírito que lhes deu nova vida e o Sangue que os redimiu (Cf. Oração do dia do Segundo Domingo da Páscoa). É que não lhes é lícito esmorecer diante de qualquer situação. Antes, cabe-lhes exercitar a criatividade suscitada pelo Espírito Santo a fim de fermentarem de novo e sempre os ambientes em que se encontram.

Após a Ressurreição, o Senhor Jesus Cristo apareceu aos Apóstolos (cf. Jo 20,19-31), estando “as portas fechadas”. Comunicou-lhes Sua paz, confirmou-lhes a fé, fazendo-os superar o medo das chagas – agora gloriosas! – entregou-lhes a missão de serem portadores da misericórdia infinita com que quer restaurar a vida dos homens e mulheres de todos os tempos com o sacramento do perdão. Enfim, deu-lhes “instrumentos de trabalho”. Dali para frente, as mudas da fé foram plantadas em toda parte e não existem portas fechadas que não possam ser superadas. Não é necessário nem conveniente ou permitido usar as armas da violência, do engodo ou da mentira. Basta anunciar Jesus Cristo, pois só Ele pode converter os corações.

Formaram-se as primeiras comunidades cristãs (Cf. At 2, 42-47; At 4, 32-35; At 5,12-16), como relatam os Atos dos Apóstolos. Perseverança na escuta da Palavra de Deus, na Oração, na Eucaristia e na Partilha dos bens. E em toda a sua história, a Igreja constatou que os bens, quando partilhados, se multiplicam. É a lógica de Deus, diferente do que o senso comum possa oferecer! Todas as gerações de cristãos se descobriram chamadas à fraternidade, lenir as chagas e suscitar obras com as quais os mais frágeis da sociedade são por eles acolhidos e promovidos. Venha à luz, de forma especial, o que os cristãos fazem, ao lado de outras forças da sociedade, para defender a vida do nascituro, ou a Pastoral da Criança, as grandes obras de acolhimento às pessoas com necessidades especiais ou as instituições que cuidam da saúde dos mais pobres.

E em tempos como o nosso, em que o valor da vida é vilipendiado e a verdade relativizada, continua verdadeira a afirmação do Apóstolo São João: “A vitória que vence o mundo é a nossa fé” (I Jo 5,4). Vitória para o cristão não é a destruição do adversário! É que, amado, este se transforma! Os valores pelos quais lutam os cristãos são o que existe de melhor para a humanidade! Não a destroem ou impedem a felicidade.Eles são chamados a ser diferentes, mas para melhor, no rumo de realização plena para todos, sem exceção.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

cancaonova.com

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Festa da Cátedra de São Pedro

Festa da Cátedra de São Pedro. É com alegria que hoje nós queremos conhecer um pouco mais a riqueza do significado da cátedra, do assento, da cadeira de São Pedro que se encontra na Itália, no Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a Sé Episcopal seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra com toda a sua riqueza, todo seu simbolismo se encontra na Basílica de São Pedro.
Fundamenta-se na Sagrada Escritura a autoridade do nosso Papa: encontramos no Evangelho de São Mateus no capítulo 6, essa pergunta que Jesus fez aos apóstolos e continua a fazer a cada um de nós: "E vós, quem dizei que eu sou?" São Pedro,0 em nome dos apóstolos, pode assim afirmar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está no céus, e eu te declaro: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; eu te darei a chave dos céus tudo que será ligado na terra serás ligado no céu e tudo que desligares na terra, serás desligado nos céus".
Logo, o fundador e o fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Crucificado que ressuscitou, a Verdade encarnada, foi Ele quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou pelo Espírito Santo com o carisma chamado da infalibilidade. Esse carisma bebe da realidade da própria Igreja porque a Igreja é infalível, uma vez que a alma da Igreja é o Espírito Santo, Espírito da verdade.
Enfim, em matéria de fé e de moral a Igreja é infalível e o Papa portando esse carisma da infalibilidade ensina a verdade fundamentada na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e a serviço como Pastor e Mestre.
De fato, o Papa está a serviço da Verdade, por isso, ao venerarmos e reconhecermos o valor da Cátedra de São Pedro, nós temos que olhar para esses fundamentos todos. Não é autoritarismo, é autoridade que vem do Alto, é referência no mundo onde o relativismo está crescendo, onde muitos não sabem mais onde está a Verdade.
Nós olhamos para Cristo, para a Sagrada Escritura, para São Pedro, para este Pastor e Mestre universal da Igreja, então temos a segurança que Deus quer nos dar para alcançarmos a Salvação e espalharmos a Salvação.
Essa vocação é do Papa, dos Bispos, dos Presbíteros, mas também de todo cristão.

São Pedro, rogai por nós!




cancaonova.com

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

É preciso ser muito grande para fazer-se tão pequeno!

Durante os últimos dias, desde o anúncio de renúncia por parte do Santo Padre Bento XVI, tenho recebido inúmeras comunicações sobre o assunto e, quase sempre, há uma pergunta que não escapa: como está Roma após esta notícia?

Diria que Roma está dividida em duas: uma real e outra virtual. A real é aquela dos simples cristãos católicos e dos homens e mulheres de boa vontade que, não obstante o primeiro impacto causado pelo gesto do Romano Pontífice, exprimem com a presença física e espiritual, com cânticos, orações, palmas, cartazes e comovidas lágrimas, toda a gratidão e admiração pelo Santo Padre. Fazem também parte deste grupo as centenas de religiosos, sacerdotes, bispos e cardeais que, nos últimos dias, mais que em qualquer outro momento, mantiveram os olhos fixos e ouvidos atentos às suas palavras. Ao aplaudi-lo incansavelmente, ao retirar suas mitras, ao fazer uma leve ou profunda inclinação ao cumprimenta-lo, cada um entendia dizer ao Papa e ao mundo: Obrigado, Santo Padre, por nos apontar a estrada justa! Obrigado por nos iluminar com a grandeza e bravura de seu testemunho! Por fim, a Roma real é ainda e, sobretudo, a do Papa Bento XVI que, não obstante a gravidade de seu ato, sentindo-se profundamente livre e em perfeita sintonia com a Verdade, acalenta a todos com seu discreto e sereno sorriso, com a profundidade de um olhar que alcança a todos, com o alargar dos braços que se estende ao mundo inteiro e com as repetidas vezes em que disse: grazie! Eis a expressão que sintetiza a realidade de Roma nesses dias: gratidão.

E a Roma virtual? Ah! Esta é a dos desinformados, dos que se encontram distantes, sobretudo com o coração. É aquela Roma tomada por uma mídia sensacionalista e sem nobreza de propósito. Desta, fazem parte todos aqueles que procuram disseminar suspeitas e reproduzir uma imagem distorcida e odiosa do Papa e da Igreja.

Em uma de suas obras, disse o filósofo alemão, Martin Heidegger: “Somente se nos tornarmos realmente pequenos, se despertará em nós o desejo de busca pelas grandes coisas, e só adquirindo isto seremos capazes de nos maravilharmos. Mas a maravilha é superar o óbvio.” Aqui, possivelmente, encontramos uma chave de interpretação para o que estamos vendo nesses dias. A mídia ou – pensando mais amplamente – o mundo se veem desconcertados e confusos diante do gesto de quem “se faz pequeno”, justamente porque estão habituados ao movimento inverso do “fazer-se grande”. Mas, esta – a primeira – é a lógica do Evangelho; esta é a dinâmica que se encontra no que há de mais original na Igreja. Eis porque a renúncia do Santo Padre torna-se uma maravilha e um gesto luminoso para a vida eclesial e dos cristãos!

Ao romper com óbvio, ao renunciar ao poder, ao fazer opção pelo anonimato, ao revelar a todos os seus limites e fragilidades, o Papa sublinha o primado de Deus sobre a história humana, enriquece-nos com um testemunho de coragem e esperança e deixa-nos escrita uma página de evangelho vivido. Além disso, recorda-nos que na Igreja não se ocupam cargos, mas se presta um serviço no amor, por amor e com amor. Esta é a atitude de quem inaugurou o seu pontificado apresentando-se como “instrumento insuficiente nas mãos de Deus” e “humilde trabalhador da vinha do Senhor”. Fica-nos, portanto, uma grande lição: é preciso ser muito grande para fazer-se tão pequeno!


Pe. Francisco Fernandes
Do Clero da Arquidiocese de Natal, residente em Roma,
onde faz mestrando na Pontifícia Universidade Gregoriana.
arquidiocesedenatal.org.br

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

A "Bênção de São Francisco de Assis"

O pequeno pergaminho de 14 x 10 cm, dado por Francisco a Frei Leão, contém dois textos: de um lado a oração Louvores de Deus e do outro a Bênção a Frei Leão, seu fiel companheiro:
O Senhor te abençoe e te guarde,
Mostre a ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.
Volte para ti o seu olhar
e te dê a paz.

Embaixo do escrito, Frei Leão acrescentou de próprio punho e com bela caligrafia em tinta vermelha: “O bem-aventurado Francisco escreveu de próprio punho esta bênção para mim, Frei Leão”.

As palavras da Bênção de São Francisco correspondem, nas cinco primeiras linhas, quase completamente à benção de Aarão do livro dos Números (Nm 6,22-26). Mas o Santo deixa fora duas vezes a palavra “Senhor” (Jahweh-Dominus), que está três vezes no texto bíblico, tríplice repetição que fez os Padres da Igreja verem uma alusão à Trindade:

O Senhor te abençoe…
O Senhor te mostre…
O Senhor volte para ti…

Retomada na liturgia pós-conciliar, ela foi colocada no novo missal como primeira entre as possíveis bênçãos solenes do período “per annum”. Além disso, a leitura de Nm 6,22-26 está nos três ciclos litúrgicos como primeira leitura na festa de 1º de janeiro. Hoje é um bem “recuperado” pela Igreja Católica. A revalorização desta bênção deve então ser muito sentida por todos os que pertencem à família franciscana. Redescobrindo-a e voltando a utilizá-la estaremos fazendo o que fez Francisco ao recuperar uma fórmula litúrgica quase esquecida, considerando-a apta para consolar o amigo na aflição. Usando-a, Francisco descobriu o profundo significado da fórmula e, no modo de usá-la, mostrou que captou precisamente seu sentido original.
As palavras que Francisco acrescentou às bíblico-litúrgicas são poucas, mas importantes, porque são pessoais do Santo: “O Senhor te abençoe, Frei Leão”. Essas palavras foram deslocadas um pouco à direita e escritas de modo a fazer passar a haste vertical da cruz através do nome de Frei Leão. De forma muito simples, Francisco dá a bênção a seu sofrido companheiro. A invocação pessoal mostra a preocupação materna de Francisco por seu fidelíssimo amigo, pai, confessor e secretário. Leão é sacerdote, Francisco apenas diácono: neste caso, é um não-sacerdote que abençoa o sacerdote.
Francisco, ao abençoar, põe-se – e talvez muito conscientemente – na linha dos que, no AT, mediavam a bênção de Javé e na liturgia da Igreja invocavam, em situações especiais, a bênção de Deus sobre uma pessoa ou sobre o povo. Fazendo isso, o Santo põe em prática uma habilitação dada pelo batismo e para a qual tinha sido encarregado como diácono.
Do “Vós” de Deus ao “tu” do irmão.

Os Louvores de Deus, como se encontram no frontispício do pergaminho, repetem por mais de trinta vezes a invocação “vós”, e nunca usam a palavra “eu”. Diante da riqueza e da grandeza de Deus, engrandecidas com títulos e invocações sempre renovados, coloca-se como que de lado. Mesmo mudando as palavras, o que sobra é o dom de si ao inalcansável e inefável VÓS.

Na Bênção, em vez disso, Francisco sai dessa imersão mística do Vós divino para se voltar ao tu do irmão. Mesmo nesse caso o eu do Santo fica completamente em segundo plano. O que interessa é só o Senhor e seu irmão Leão. No breve texto de bênção repete-se sete vezes o pronome “tu-te”, estendendo assim o seu voltar-se do Vós de Deus para o tu do irmão sofrido e aflito.
Francisco não dá a seu companheiro nenhuma sugestão prática sobre o que tem que fazer; diante de Leão comporta-se de forma discreta, abençoando-o “apenas”. Como na outra parte do pergaminho tinha encaminhado para a grandeza e bondade de Deus, agora só põe Frei Leão sob a bênção do mesmo misericordioso protetor, guarda e defensor, para que Ele volte seu rosto para o irmão e dele tenha misericórdia.

O rosto do Senhor, que iluminou as trevas de Francisco em São Damião, ilumine também a escuridão de Frei Leão. Aquele rosto que, na figura do serafim, tinha marcado em Francisco as feridas do amor, inflame de amor também Frei Leão. Aquele que é “segurança e descanso” dê também a Frei Leão shalom, paz e bem.

O fiel companheiro, desencorajado pela visão da cruz experimentada por Francisco, foi englobado, através da bênção, no encontro que o Santo teve com Cristo. Francisco quer fazê-lo participar daquela graça que lhe foi dada através de sua personalíssima bênção, reforçada com o “Sinal do Tau com a cabeça”.
Uma bênção consoladora para Frei Leão e para nós.
Independentemente de como Frei Leão interpretou o desenho posto no fim da bênção, é certo que o gesto de bênção e as palavras de Francisco foram para ele um sinal de consolação, como ainda é para nós hoje.

O significado central do pergaminho todo pode ser assim resumido: uma consolação para todo mundo. Toda pessoa pode percebê-la como dirigida a si. Ainda que os Louvores de Deus sejam uma personalíssima oração de Francisco, escrita por ele depois de receber os estigmas, não se restringem àquela situação mas, como oração, valem para todo tempo e estão abertos a todas as pessoas.
Os louvores litânicos apresentam a grandeza e a bondade de Deus e convidam a entrar com Francisco na santidade, na grandeza, no amor, na mansidão e na bondade de Deus e isso acontece quando levamos Cristo no nosso coração e no nosso corpo através do amor e da consciência pura e sincera, e o geramos através do santo agir, que deve resplandecer como exemplo para os outros (2CtFi 53).

Ainda que em nós não foram impressos os estigmas do crucificado de modo visível, cada um tem suas feridas que podem salvar, que podem tornar-se fonte de salvação para si e para os outros. A cada um que se deixa ferir em nome de Cristo e que leva em si a sua cruz, Francisco repete o que disse a Leão: também tu estás marcado com a cruz de Cristo e por isso és abençoado. És um possuído de Deus e estás sob a proteção dele.
Assim todos os que tentam seguir Jesus na fadiga de sua vida podem ler a bênção de Francisco como endereçada a eles, ver-se marcados com o Tau e poder assim afirmar: este Tau é a cruz, o sinal de Cristo, do cordeiro que foi imolado. Através dele também eu sou redimido. Posso me contar entre aqueles sobre os quais foi assinalado o tau, que vieram da grande tribulação e lavaram suas roupas no sangue do cordeiro. Agora eles vivem em comunhão com ele e a seu serviço. E o cordeiro vai conduzi-los às fontes da água da vida, e Deus vai enxugar suas lágrimas.
Francisco tornou-se um sinal também para mim. Nele tornaram-se visíveis os sinais da paixão de Cristo. Ele é como o anjo do sexto selo que segura o juízo de condenação de Deus e sela e abençoa os servos de Deus. Na cruz de Cristo também eu sou assinalado e salvo. E como Francisco posso agora também eu abençoar os outros e tornar-me sinal e sentido, paz e salvação para eles. Eu, o seu irmão Leão, e os nossos irmãos e nossas irmãs.
Há diversos modos de bênção: a bênção do olhar, da mão, da palavra e da oração. Quem segue esses caminhos torna-se uma bênção para os outros. T

Fonte: Franciscanos.org

terça-feira, fevereiro 19, 2013

A aventura da FÉ

Por Frei Almir R. Guimarães, OFM

Estamos vivendo a graça do Ano da Fé. Toda reflexão sobre o tema da fé começa com Abraão, que deixa sua terra e sua parentela, seu modo de viver no mundo e seu jeito de organizar a vida e lança-se a caminho. Alguém avisa que ele, apesar de todos os pesares, apesar do ventre seco de Sara, será pai de uma multidão. Ele creu e por isso foi justificado. A fé é um movimento de ir, de sair, de fazer o que é pedido, com parcial clareza ou mesmo nenhum. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste”, grita o homem Jesus no alto da cruz. Sim, a fé é uma criança que não se acalma, nem dá descanso. Coloca os que convoca em estado de busca. Nada tem de mesmice, de indolência, nada tem a ver com um pacote recebido não sei quando e que deve ser levado não sei para onde. A fé sempre questiona, interroga, ilumina, apresenta-se oportuna e inoportunamente à nossa liberdade. Digo bem, ela se apresenta à liberdade de cada um. Na abordagem do tema não é questão apenas de insistir sobre o saber de cor o Credo. Não se trata, em primeiro lugar, de doutrina, e sim do ingresso num universo que nos escapa, numa misteriosa comunhão com Deus, em caminhar na terra como se víssemos o Invisível. Melhor imagem para explicar a fé: uma luz, uma claridade que dá sentido à vida e que nos permite organizar um consistente projeto de existência. A luz da fé esclarece nosso presente e projeta luz em nosso amanhã. Uma das experiências mais trágicas de uma existência é a que fazem os que não creem. A fé é dom do alto que é sempre dado aos pequenos. “Pai, Senhor do céu e da terra, eu te louvo, porque escondeste estas coisas dos sábios e poderosos e as revelaste aos pequenos”. O dom é dado a quem abre a porta.
A fé é escuta e assentimento. No coração da vida irrompe a voz de um Outro que chama e convoca. A fé tem a ver com o jogar-se naquele que chama, sem medo, correndo todos os riscos, com pouca bagagem. Com certeza, de um lado e questões do outro. Lançar-se sem medo porque quem nos chama nos ama. É um arremesso para frente. É movimento de confiança em Alguém que está fora de nós, que nos chama e convoca a sairmos de nós mesmos e ir ao seu encontro. O que vem depois é segredo ente o Amante e a amada. A fé leva à comunhão. Tornar-se uma pessoa de fé significa deixar-se conduzir por este dinamismo que aponta para Jesus Cristo morto e ressuscitado. E saber que, aqui e agora, eu morro e ressuscito com ele. Um tal movimento de saída de si e busca do Outro comporta aspectos exigentes e, por vezes, dolorosos. Andar na direção de Alguém exige um distanciamento do lugar em que estamos, daquilo de que se ocupa nosso coração, nossos afetos, desejos e posses. Andar na direção da fé implica na renúncia de queremos construir em nosso interior uma imagem desse Alguém de acordo com nossos gostos e nossas expectativas. Trata-se da aceitação humilde de uma descoberta que vai se dilatando ao longo do tempo: uma vida à luz da fé, do Senhor, do Cristo morto-ressuscitado. Vida de fé que há de reservar suas surpresas. Não se coloca esse Alguém a nosso serviço. Se assim fosse, estaríamos diante de um ídolo.
Andar na direção desse Alguém significa aceitar que ele seja diferente. Nem sempre as exigências da fé coincidem com nosso querer. Nossos critérios nem sempre são os critérios desse Alguém. Não se seleciona aquilo em que deseja-se acreditar. A fé pede que perdoemos setenta vezes sete, nos diz que o corpo apodrecido na sepultura é fadado à gloria, que há força de redenção no sofrimento. O Outro será acolhido em sua totalidade, em tudo o que é e que diz. Trata-se do tudo ou nada.

O movimento da fé não desemboca num vazio, mas encontra um dado objetivo, em alguma coisa que se acredita, um “regra de fé”. A fé tem um conteúdo. Situa-se no observável, no coletivo, no comunicável. Há um conjunto de verdades que está diante de nós, um credo a ser conhecido, apreciado, vivido. Não verdades frias. Há um Deus grande e belo que se revela em Jesus, morto e ressuscitado, no coração de uma comunidade de crentes e que nos faz viver aqui e agora a intimidade com ele de modo nebuloso e esperando a plenitude na “vita venturi saeculi”. Os sentimentos e sensações que cada um experimenta nem sempre são bons conselheiros, sobretudo quando as pessoas não são vigilantes nem perseverantes. No campo da fé, a emoção é má conselheira. O “credo” permite nos ater a um linguajar sóbrio e distinguir os reais fundamentos da fé que são necessários para construir sobre o sólido uma experiência pessoal do Deus de Jesus Cristo.
A fé está ligada a uma experiência. É um dado existencial. Ela permeia e atravessa a vida de uma pessoa transformando-a através de um processo de conversão e de salvação. Exteriormente, a convicção interior se explicita num testemunho concreto e cotidiano, que arranca a pessoa do egoísmo e da instalação em seus próprios interesses e abre para uma solidariedade mais ampla, a uma justiça mais exigente, a uma caridade mais generosa. Não se pode pensar numa ortodoxia, sem pensar numa ortopraxia. Não se pode falar de uma fé solidamente estruturada, sem delinear também um comportamento, uma moral. O comportamento deve refletir a adesão ao Deus de Jesus Cristo e deixar transparecer a fé através de escolhas coerentes e decisivas. Não existe fé sem obras. Os ritos externos que costumam exprimir a fé sem o fundamento da fé são vazios e inócuos.


A imagem da Igreja é representada por um barco que navega sobre as ondas.
Seu mastro é uma cruz.
Este iça as velas que formam o trigrama de Cristo: IHS.
Na logomarca, ao fundo, se vê representado o sol
associado ao trigrama que se refere à Eucaristia.




A fé designa o ato pessoal de crer, de se confiar a Cristo e a seu ensinamento que não se limita à submissão a códigos engessados ou a um corpo de doutrina. Christophe Theobald: a fé tem a ver com uma liberdade que faz a experiência de ser libertada de si mesma. A fé cristã significa apostar todas as fichas nesse Jesus de Nazaré, que veio ao mundo da parte de Deus, caminhou pelas estradas da terra, conheceu os mistérios do coração humano, sofreu, morreu e ressuscitou e vive entre nós. Estará conosco ate à consumação dos séculos. A fé em Deus não exige renúncia de viver e responder aos convites do tempo. Ela, no entanto, dá um sabor diferente a nossos planos, projetos e vivência. A fé não nos fecha numa modalidade de autossuficiência ou complacência para conosco mesmo. Convida-nos a nos reabastecer numa fonte fora de nós. A fé não é qualquer coisa mágica que nos garante tudo uma vez por todas. Ela coloca à prova nossa liberdade e nossa confiança no cotidiano de nossas escolhas. A fé informa tudo: casamento, vida de padre, pessoas solteiras, alegrias, sofrimentos, prioridades, vida e morte. Vivemos como se sempre estivéssemos vendo o Invisível.
Crer significa entrar numa relação de confiança com Deus. Repetimos: ter fé é aderir pessoalmente ao Deus que se revela como o Pai criador, como Jesus Cristo o Filho, morto e ressuscitado para nós, como Espírito Santo, doador de vida e santidade. Com todos os homens e mulheres, os cristãos têm perguntas que dançam seus lábios vindas de seu interior. Como chegar a uma verdadeira felicidade? Qual o bem a ser feito e o mal a ser evitado? Como decidir quando as situações são complexas? Por que os justos sofrem? Por que o Senhor parece mudo. A fé nos convida a elaborar respostas a estas questões. Ela não é uma caixa de conteúdos e de soluções no sótão da nossa vida. Ela ilumina. A nós de enxergar e aderir.

Crer é saber-se precedido e amado pelo Senhor na existência. Aderir a Deus, é descobrir aquele que é fonte de minha vida, aquele que suscitou minha liberdade e quer me guiar pelo caminho do amor. Esta experiência tem suas consequências práticas: minhas ações e decisões terão sentido somente na medida em que responderem ao dom do amor de Deus. Sabemos em quem colocamos nossa confiança. Antes que amássemos esse Outro, ele nos amou. É belo e reconfortante percorrer os salmos e ver como o salmista se sente coberto de amor. “Bendirei o Senhor em todo o tempo…”.
Crer nunca é obra solitária, mas significa ingresso numa tradição herdada dos apóstolos. O compromisso que a fé suscita na vida cotidiana não é um ato isolado, mas testemunho secundado e modelado pela comunidade dos crentes. Outros viveram a fé e no-la transmitiram. Como discípulos de Cristo, acreditamos também na Igreja que é seu corpo comunitário animado pelo Espírito. A fidelidade ao Cristo supõe a fidelidade à sua Igreja. Um documento pastoral dos bispos franceses, reza: “Recebemos da Igreja encorajamento, formação e orientações para nosso comportamento. Toda a comunidade cristã é lugar de discernimento da retidão cristã das decisões. Para estarmos certos de responder em nossa vida aos apelos do Espírito de Cristo temos necessidade de buscar tal verificação na comunidade habitada pelo Espírito como se manifestam os frutos do Espírito”.
“A comunidade cristã, de modo especial pela vida litúrgica, modela nossa maneira de ver o mundo, instrui nosso caráter moral, e educa nossa atitude diante de questões éticas. A liturgia nos descentraliza, nos coloca diante da Palavra de Deus para que possamos ser imitadores de Cristo. Por seus pastores também a Igreja nos fornece indicações a respeito de nosso seguimento de Cristo” (Thomasset).
A partir de Abraão, o pai dos crentes, crer é entrar em relação. Um eu diante de um tu, uma resposta de fé à iniciativa de Deus. A fé é da ordem da relação (e da revelação) e da confiança. Abraão é a testemunha maior de tal confiança do homem em Deus pessoalmente encontrado: a questão não é mais a da existência de Deus, mas da confiança feita a esse Deus que se interessa pelo homem. “A fé um caminho a ser percorrido, também como foi para Abraão, o ato de caminhar na direção de Deus, do outro e de nos mesmos. Para o cristãos, esse caminho se faz seguindo um homem que se encarnou em nossa história: Jesus se Nazaré. Este homem, Filho de Deus, nos arranca da crença e da religiosidade, convidando-nos a segui-lo em toda a liberdade e nos comprometendo a viver o Evangelho e sua mensagem: amar, partilhar, perdoar e dar a vida.” (Régine Maire). A fé nunca é adquirida de uma vez por todas. Dúvidas estão ligadas à fé. A fé é combate que todos os santos conheceram. Podem surgir dificuldades para crer a partir do mal, da mediocridade do testemunho cristão. Entramos, por vezes, na noite terrível da dúvida.
“A fé é virtude, atitude habitual da alma, inclinação permanente a julgar e agir segundo o pensamento de Cristo, com espontaneidade e vigor, como convém a homens “justificados”. Com a graça do Espírito Santo, cresce a virtude da fé, se a mensagem cristã é entendida e assimilada como “boa nova”, no sentido salvífico que tem para a vida cotidiana do homem! A Palavra de Deus haverá de aparecer a cada um como abertura aos próprios problemas, uma resposta às próprias indagações, compreensão dos próprios valores e satisfação das próprias aspirações. A fé se torna facilmente motivo e critério de todas as avaliações e escolhas” (Il Rinnovamento dela Catechesi, n. 52).

Michel Hubaut, franciscano francês, no seu livro La Voie Franciscaine (tr. espanhol El caminho franciscano) disserta sobre o horizonte da fé de Francisco. O Poverello busca a fé como se procura um poço no deserto. Ele se dá conta que ela é uma frágil chama no meio da noite. Vai procurar a fé como se remexe a terra para ver se por ali está enterrado um tesouro. A fé começa sempre com uma rutura. O homem frágil, ergue-se, abre os braços. Como acolher a gratuidade dos dons do Senhor sem deixar cair de nossas mãos nossas pseudo-riquezas? Nos começos de sua caminhada o evangelho fez com que Francisco tivesse dores como aquelas que provoca o bisturi do cirurgião rasgando a carne. A homilia dominical que mantinha meio adormecida a assembleia tornou-se para ele o evangelho de fogo. Hubaut: “O contrário do medo é a fé. Ter a coragem de tudo arriscar. Renunciar ao desejo de manipular sua vida, seus talentos, seus bens, de cada um seguir seu caminho solitário. Renunciar a tudo isso para entregar-se à vontade de Deus, para entrar no projeto amoroso que Deus tem para cada um: este é o mistério da fé. Tudo aposta na fé. Não se pode compreender nada da vida de Francisco quando se esquece este fundamento inicial. Sua conversão é o desejo do homem que se abre ao desejo de Deus”

“Este é o cerne da espiritualidade de Francisco: a fé vigilante. Para além das ideologias, das sirenes que anunciam desgraças, dos slogans publicitários sobre a felicidade, permanecer disponível ao chamamento de Deus, ao Espírito do Senhor. Iluminar de novo nossas fontes interiores. Escutar a Deus. Buscar a Deus. Deixar-se modelar por Deus. Deixar-se conduzir de novo no meio da noite pela esperança que ganhou rosto em Jesus Cristo. Despertar desta sonolência espiritual em que se entregou o mundo ocidental no meio de sua abundância. O projeto evangélico de São Francisco se enraíza na fé. A fé que crê que Deus é amor, que seu projeto sobre o homem faz ir pelos ares a estreiteza de nossos horizontes e que esta dependência de amor (a Deus) não aliena o homem, mas o liberta.” T

reflexoesfranciscanas.com.br

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Bem-aventurado Fra Angélico

Guido de Pietro, nasceu em 1387, na cidade de Mugelo, na Toscana, Itália. Até o final da juventude foi pintor de quadros na cidade de Florença, quando se decidiu pela vocação religiosa. Em 1417, ingressou na congregação de São Nicolau, onde permaneceu por três anos. Depois, junto com seu irmão Bento, foi para o convento dominicano de Fiesole, no qual se ordenou sacerdote adotando o nome de João.

A ação dos seus dons de santo e de artista, se desenvolveu de forma esplendida no clima de alta perfeição espiritual e intelectual, encontrado no convento. Assim pode fazer da pintura a sua principal obra evangelizadora, ao se tornar um Frade Predicador desta Ordem. Pela singeleza e genialidade de sua figura passou a ser chamado de “Beato Angélico” ou “Fra Angélico”, nome que ficou impresso inclusive no mundo das artes.

Este frade-pintor foi um dom magnífico feito por Deus para a Ordem, pois deu também um imenso auxílio financeiro aos coirmãos, porque, obedecendo ao voto de pobreza, destinou à Ordem todos os seus ganhos como artista, que eram tão expressivos quanto a sua genialidade. A santa austeridade, os estudos profundos, a perene elevação da alma a Deus, mediante as orações contemplativas, apuraram o seu espírito e lhe abriram horizontes ocultos. Com este preparo e com seus mágicos pincéis, pode proporcionar a todos o fruto da própria contemplação, representando o mais sagrado dos poemas, a divina redenção humana pela Paixão de Jesus Cristo. As suas pinturas são uma oração que ressoa através dos séculos. Esta alma de uma simplicidade evangélica, soube viver com o coração no céu, se consagrando num incessante trabalho.

Entre 1425 e1438, viveu retirado, onde retomou o trabalho pintando os afrescos de quase todos os altares da igreja do convento de Fiesole. Depois foi a vez do convento de São Marcos, em Florença, onde deixou suas obras impressas nos corredores, celas, bibliotecas, claustros, ao longo de seis anos. A partir de 1445 foi para Roma, onde trabalhou para dois papas: Eugênio IV e Nicolau V. Este último, tentou consagrá-lo bispo de Florença, mas Fra Angélico recusou com firmeza, indicando outro irmão dominicano.

Retornou para o convento de Fiesole, cinco anos depois, no qual foi eleito o diretor geral. Alí trabalhou com seu irmão Bento, que nomeou inicialmente como seu secretário e depois conseguiu que fosse eleito seu sucessor, em 1452. Frei João de Fiesole, voltou para Roma, onde morreu no dia 18 de fevereiro de 1455.

Fra Angélico, que nunca executou uma obra, sem antes rezar uma oração, foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1982, que indicou sua festa litúrgica para o dia de sua morte. Até porque, muito antes, a sua sepultura no convento de Santa Maria sobre Minerva se tornara o local escolhido pelos peregrinos que desejavam cultua-lo, não tanto devido à sua genialidade artística, que podia ser apreciada nos museus do mundo, como por seu caráter sincero carregado de profunda santidade. Dois anos depois, o mesmo pontífice o declarou “Padroeiro Universal dos Artistas”, uma honra pela sua obra evangelizadora que promoveu a arte sacra através dos séculos.


franciscanos.org.br

domingo, fevereiro 17, 2013

Primeiro Domimgo da Quaresma - liturgia

1ª Leitura - Dt 26,4-10
Profissão de fé do povo eleito.


Leitura do Livro do Deuteronômio 26,4-10
Assim Moisés falou ao povo:
4O sacerdote receberá de tuas mãos a cesta
e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus.
5Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus:
'Meu pai era um arameu errante,
que desceu ao Egito com um punhado de gente
e ali viveu como estrangeiro.
Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso.
6Os egípcios nos maltrataram e oprimiram,
impondo-nos uma dura escravidão.
7Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais,
e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão,
a nossa miséria e a nossa angústia.
8E o Senhor nos tirou do Egito
com mão poderosa e braço estendido,
no meio de grande pavor, com sinais e prodígios.
9E conduziu-nos a este lugar
e nos deu esta terra, onde corre leite e mel.
10Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra
que tu me deste, Senhor'.
Depois de colocados os frutos
diante do Senhor teu Deus,
tu te inclinarás em adoração diante dele.
Palavra do Senhor.


Salmo - Sl 90,1-2.10-11.12-13.14-15 (R. cf.15b)
R. Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

1Quem habita ao abrigo do Altíssimo*
e vive à sombra do Senhor onipotente,
2diz ao Senhor: 'Sois meu refúgio e proteçóo,*
sois o meu Deus, no qual confio inteiramente'. R.

10Nenhum mal há de chegar perto de ti,*
nem a desgraça baterá à tua porta;
11pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos*
para em todos os caminhos te guardarem. R.

12Haverão de te levar em suas mãos,*
para o teu pé não se ferir nalguma pedra.
13Passarás por sobre cobras e serpentes,*
pisarás sobre leões e outras feras. R.

14'Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo*
e protegê-lo, pois meu nome ele conhece.
15Ao invocar-me hei de ouvi-lo e atendê-lo,*
e a seu lado eu estarei em suas dores. R.


2ª Leitura - Rm 10,8-13
Profissão de fé dos que crêem em Cristo.
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 10,8-13
Irmãos:
8O que diz a Escritura?
- 'A palavra está perto de ti,
em tua boca e em teu coração'.
Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos.
9Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor
e, no teu coração,
creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
10É crendo no coração que se alcança a justiça
e é confessando a fé com a boca
que se consegue a salvação.
11Pois a Escritura diz:
'Todo aquele que nele crer não ficará confundido'.
12Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego;
todos têm o mesmo Senhor,
que é generoso para com todos os que o invocam.
13De fato,
todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.
Palavra do Senhor.



Evangelho - Lc 4,1-13
Jesus, no deserto, era guiado pelo Espírito e foi tentado.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 4,1-13
Naquele tempo:
1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão,
e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito.
2Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias.
Não comeu nada naqueles dias
e depois disso, sentiu fome.
3O diabo disse, então, a Jesus:
'Se és Filho de Deus,
manda que esta pedra se mude em pão.'
4Jesus respondeu: 'A Escritura diz:
'Não só de pão vive o homem'.'
5O diabo levou Jesus para o alto,
mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo
6e lhe disse:
'Eu te darei todo este poder e toda a sua glória,
porque tudo isso foi entregue a mim
e posso dá-lo a quem eu quiser.
7Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração,
tudo isso será teu.'
8Jesus respondeu: 'A Escritura diz:
'Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás'.'
9Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém,
colocou-o sobre a parte mais alta do Templo,
e lhe disse: 'Se és Filho de Deus,
atira-te daqui abaixo!
10Porque a Escritura diz:
Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito,
que te guardem com cuidado!'
11E mais ainda: 'Eles te levarão nas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra'.'
12Jesus, porém, respondeu: 'A Escritura diz:
'Não tentarás o Senhor teu Deus'.'
13Terminada toda a tentação,
o diabo afastou-se de Jesus,
para retornar no tempo oportuno.
Palavra da Salvação.

sábado, fevereiro 16, 2013

RONDA PAZ E BEM 2013

Amanhã, às 18:30, faremos uma reunião para retomada do trabalho da Ronda Paz e Bem no ano de 2013. Será na nossa sede.
A reunião é para os membros da Ronda e para quem se sentir tocado e quiser participar do trabalho de preparar e distribuir sopa aos nossos irmãos necessitados, nas ruas da cidade.
Contamos com sua presença.

Paz e Bem!

Campanha da Fraternidade 2013 é lançada em Natal

Momento contou com a participação do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner;  presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro, além de diversos bispos do Nordeste

Cerca de duas mil pessoas, entre fiéis, grupos e caravanas jovens da capital e de diversas cidades do interior do estado e até de estados vizinhos, lotaram o Centro de Convenções, na Via Costeira de Natal, nesta sexta-feira (15), para o lançamento nacional da Campanha da Fraternidade – CF 2013, que tem como tema “Fraternidade e Juventude”. Um seminário marcou as comemorações alusivas ao jubileu da Campanha, que teve origem na Arquidiocese de Natal, na comunidade de Timbó, município de Nisia Floresta. A solenidade de lançamento contou com a participação do secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner, bem como, do presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, da CNBB, e bispo auxiliar de Campo Grande (MS), Dom Eduardo Pinheiro, arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, além de diversos bispos do Regional Nordeste 2.
Em suas palavras, Dom Jaime ressaltou a importância de viver este período na Arquidiocese, destacando o papel da Campanha da Fraternidade para a Igreja. “Podemos destacar neste momento, a contribuição da Campanha da Fraternidade, como ação social e evangelizadora da Igreja. Vivemos com muito empenho e alegria, este momento em nossa Arquidiocese”, comemora.
Segundo o secretário geral da CNBB, a importância da CF se dá, principalmente, pelo objetivo social que desempenha. “Os temas das Campanhas nos trazem uma reflexão, promovendo uma discussão entre Igreja e sociedade. Além disso, hoje a campanha dispõe de subsídios que auxiliam nos debates nas escolas, e isso mostra a ação social que a CF desempenha”, pontua.
Para Dom Genival Saraiva, presidente do Regional Nordeste 2, da CNBB, e bispo diocesano de Palmares (PE), voltar às origens da Campanha da Fraternidade, remete ao trabalho pastoral que a Igreja Católica realiza. “Lembro a iniciativa de Dom Eugênio Sales, de investir nas ações sociais da Igreja, e os resultados dessa proposta, nós podemos observar ao longo do tempo, com diversos projetos que hoje a Igreja financia. Isso sem dúvida contribuiu para a ação evangelizadora da Igreja”, ressaltou.
Durante a solenidade de lançamento da CF, o vigário-geral da Arquidiocese de Natal, padre Edilson Nobre, leu uma carta enviada pelo núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’aniello, em razão dos 50 anos da Campanha da Fraternidade. Na carta, Dom Giovanni ressaltou a importância de Dom Eugênio Sales, na difusão desta iniciativa, que contribuiu para a caminhada de solidariedade e de esperança da Igreja no Brasil. “Este é um momento celebrativo, e também, um momento de revisão da Campanha da Fraternidade, frisando a necessidade de um aprimoramento do conteúdo da Campanha, para que esta possa ser sempre mais um forte poder de evangelização”, frisou.
Ainda de acordo com a carta do núncio, a celebração adquiriu uma maior representatividade, considerando que a Igreja vive o Ano da Fé. “Como afirmou o Santo Padre, foi instituído parasuscitar “em cada crente, o anseio de confessar a fé e com renovada convicção, com confiança e esperança” (Carta Apostólica Porta Fidei, 9)”, realçou.

Coletiva
Após o lançamento nacional da CF, Dom Leonardo Steiner e Dom Eduardo Pinheiro participaram de uma coletiva de imprensa, que contou com a participação de diversos veículos de comunicação da capital potiguar, interior do estado, e também, de outros estados brasileiros.
Durante suas palavras, Dom Eduardo destacou a importância de realizar uma Campanha que aborde o tema juventude, tendo em vista também, a preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai ser realizada no Rio de Janeiro, no próximo mês de julho. “O contexto da Jornada, que acaba movimentando muitos jovens, provocou em nós, que o tema da Campanha deste ano, que atinge todas as comunidades, em todo o Brasil, refletisse sobre esse tema, que é tão atual, já que estamos vivendo a preparação para a JMJ”, destacou.

Palestras
A programação do seminário foi realizada durante todo o dia, e contou com a presença de diversos convidados, que abordaram aspectos históricos da Campanha da Fraternidade, além de mesa redonda sobre a realidade atual da juventude. Entre os convidados, o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, o professor Otto Santana, que atuou no início da CF, e ainda, o missionário Dunga, da Canção Nova, que falou sobre o tema da Campanha deste ano “Fraternidade e Juventude”. O seminário encerrou com uma palestra do padre Fábio de Melo, que falou sobre o lema da CF 2013, que é “Eis-me aqui, envia-me”.



arquidiocesedenatal.org.br

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Normas para um verdadeiro jejum

Isaías 58, 1-9; Mateus 9, 14-15
Não podemos, absolutamente, imaginar que o jejum quaresmal consista apenas em nos privar de alguns alimentos. O jejum fundamental consiste em libertar-se do egoísmo e prestar auxílio aos necessitados. Este é o grande e fundamental exercício da Quaresma.

Isaías, na primeira leitura, apresenta reflexões oportuníssimas sobre o tema do jejum. O povo reclama: “Por que no tempo em que jejuávamos, tu, Senhor, não nos ouviste?”. O Senhor não deseja apenas uma privação do comer. Há uma postura interior que a tudo deve preceder. Se o Senhor não acolhe a oração de uns e de outros “é porque, no dia do vosso jejum, tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. É porque ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com este espírito, se quereis que o vosso pedido seja ouvido no céu”.

Nada de fachada, de ritos chamativos. Não é apenas curvar a cabeça, deitar-se em saco, sobre cinza. O jejum que agrada ao Senhor é a saída de si, o êxodo. E temos, então, diante dos olhos um elenco de obras de caridade: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, libertar os detidos, repartir o pão com o faminto, acolher em casa dos pobres e peregrinos, vestir os nus. Fica, pois, bem claro: o jejum consiste numa renúncia de si mesmo.

No texto evangélico, hoje proclamado, Jesus se apresenta como o noivo que se casa com seu povo e convida seus amigos a viverem esta festa sublime: o noivo com o povo. Jesus ressuscitado está, na verdade, entre nós porque ele mesmo o prometeu: “Estarei convosco até a consumação de todos os séculos”. Por isso, nossa Igreja dá pouco espaço para o jejum em suas práticas oficiais reduzindo-o à quarta feira de cinzas e sexta-feira santa.

O Missal Cotidiano da Paulus assim se exprime: “A Igreja quase que abolindo o preceito do jejum exterior, entendeu empenhar-se com maior força em favor dos pobres e humildes. Durante a quaresma, o premente convite à prática da caridade está em estreita relação com o convite ao jejum. A Quaresma ajuda-nos a descobrir as necessidades do próximo e lembra-nos que podemos encontrar a maneira de ir-lhe ao encontro renunciando a algo pessoal. O jejum cumprido por amor de Deus e dos homens é sinal do desejo de conversão; neste sentido conserva ainda hoje o seu valor” (p. 174).

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

O que é a verdadeira conversão?

Das Catequeses do Papa Bento XVI.

Iniciamos o Tempo litúrgico da Quaresma, 40 dias que nos preparam para a celebração da Santa Páscoa; é um tempo de particular empenho no nosso caminho espiritual. O número 40 aparece várias vezes na Sagrada Escritura. Em particular, como sabemos, isso remete aos quarenta anos no qual o povo de Israel peregrinou no deserto: um longo período de formação para transformar o povo de Deus, mas também um longo período no qual a tentação de ser infiel à aliança com o Senhor estava sempre presente. Quarenta foram também os dias de caminho do profeta Elias para chegar ao Monte de Deus, Horeb; como também o período que Jesus passou no deserto antes de iniciar a sua vida pública e onde foi tentado pelo diabo. Nesta catequese gostaria de concentrar-me propriamente sobre este momento da vida terrena do Filho de Deus, que leremos no Evangelho do próximo Domingo.

Antes de tudo, o deserto, onde Jesus se retira, é o lugar do silêncio, da pobreza, onde o homem é privado dos apoios materiais e se encontra diante da pergunta fundamental da existência, é convidado a ir ao essencial e por isto lhe é mais fácil encontrar Deus. Mas o deserto é também o lugar da morte, porque onde não tem água, não tem vida, e é o lugar da solidão, em que o homem sente mais intensa a tentação. Jesus vai ao deserto, e lá é tentado a deixar a vida indicada por Deus Pai para seguir outras estradas mais fáceis e mundanas (cfr Lc 4,1-13). Assim, Ele assume as nossas tentações, leva consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus, o caminho da conversão.

Refletir sobre as tentações às quais Jesus é submetido no deserto é um convite para cada um de nós a responder a uma pergunta fundamental:o que conta verdadeiramente na nossa vida? Na primeira tentação, o diabo propõe a Jesus transformar uma pedra em pão para acabar com a fome. Jesus responde que o homem vive também de pão, mas não só de pão: sem uma resposta à fome de verdade, à fome de Deus, o homem não pode ser salvar (cfr vv. 3-4). Na segunda tentação, o diabo propõe a Jesus o caminho do poder: o conduz ao alto e lhe oferece o domínio do mundo; mas não é este o caminho de Deus:Jesus tem bem claro que não é o poder mundano que salva o mundo, mas o poder da cruz, da humildade, do amor (cfr vv. 5-8). Na terceira tentação, o diabo propõe a Jesus atirar-se do ponto mais alto do Templo de Jerusalém e fazer-se salvar por Deus mediante os seus anjos, de cumprir, isso é, algo de sensacional para colocar à prova o próprio Deus; mas a resposta é que Deus não é um objeto ao qual impor as nossas condições: é o Senhor de tudo (cfr vv. 9-12). Qual é o núcleo das três tentações que sofre Jesus? É a proposta de manipular Deus, de usá-Lo para os próprios interesses, para a própria glória e o próprio sucesso. E também, em sua essência, de colocar a si mesmo no lugar de Deus, removendo-O da própria existência e fazendo-O parecer supérfluo. Cada um deveria perguntar-se então: que lugar tem Deus na minha vida? É Ele o Senhor ou sou eu?

Superar a tentação de submeter Deus a si e aos próprios interesses ou de colocá-Lo em um canto e converter-se à justa ordem de prioridade, dar a Deus o primeiro lugar, é um caminho que cada cristão deve percorrer sempre de novo. “Converter-se”, um convite que escutamos muitas vezes na Quaresma, significa seguir Jesus de modo que o seu Evangelho seja guia concreta da vida; significa deixar que Deus nos transforme, parar de pensar que somos nós os únicos construtores da nossa existência; significa reconhecer que somos criaturas, que dependemos de Deus, do seu amor, e somente “perdendo” a nossa vida Nele podemos ganhá-la. Isto exige trabalhar as nossas escolhas à luz da Palavra de Deus. Hoje não se pode mais ser cristãos como simples consequência do fato de viver em uma sociedade que tem raízes cristãs: também quem nasce de uma família cristã e é educado religiosamente deve, a cada dia, renovar a escolha de ser cristão, dar a Deus o primeiro lugar, diante das tentações que uma cultura secularizada lhe propõe continuamente, diante ao juízo crítico de muitos contemporâneos.

As provas às quais a sociedade atual submete o cristão, na verdade, são tantas, e tocam a vida pessoal e social. Não é fácil ser fiel ao matrimônio cristão, praticar a misericórdia na vida cotidiana, dar espaço à oração e ao silêncio interior; não é fácil opor-se publicamente a escolhas que muitos adotam, como o aborto em caso de gravidez indesejada, a eutanásia em caso de doenças graves, ou a seleção de embriões para prevenir doenças hereditárias. A tentação de deixar de lado a própria fé está sempre presente e a conversão transforma-se uma resposta a Deus que deve ser confirmada muitas vezes na vida.

Temos como exemplo e estímulo as grandes conversões como aquela de São Paulo a caminho de Damasco, ou de Santo Agostinho, mas também na nossa época de eclipses do sentido do sagrado, a graça de Deus está a serviço e realiza maravilhas na vida de tantas pessoas. O Senhor não se cansa de bater à porta dos homens em contexto sociais e culturais que parecem ser engolidos pela secularização, como aconteceu para o russo ortodoxo Pavel Florenskij. Depois de uma educação completamente agnóstica, a ponto de demonstrar uma real hostilidade para com os ensinamentos religiosos aprendidos na escola, o cientista Florenskij encontra-se a exclamar: “Não, não se pode viver sem Deus!”, e a mudar completamente a sua vida, a ponto de tornar-se monge.

Penso também na figura de Etty Hillesum, uma jovem holandesa de origem judia que morreu em Auschwitz. Inicialmente distante de Deus, descobre-O olhando em profundidade dentro de si mesma e escreve: “Um poço muito profundo está dentro de mim. E Deus está naquele poço. Às vezes eu posso alcançá-lo, sempre mais a pedra e a areia o cobrem: então Deus está sepultado. É preciso de novo que o desenterrem” (Diário, 97). Na sua vida dispersa e inquieta, encontra Deus propriamente em meio à grande tragédia do século XX, o holocausto. Esta jovem frágil e insatisfeita, transfigurada pela fé, transforma-se em uma mulher cheia de amor e de paz interior, capaz de afirmar: “Vivo constantemente em intimidade com Deus”.

A capacidade de contrapor-se às atrações ideológicas do seu tempo para escolher a busca da verdade e abrir-se à descoberta da fé é testemunhada por outra mulher do nosso tempo, a estadunidense Dorothy Day. Em sua autobiografia, confessa abertamente ter caído na tentação de resolver tudo com a política, aderindo à proposta marxista: “Queria ir com os manifestantes, ir à prisão, escrever, influenciar os outros e deixar o meu sonho ao mundo. Quanta ambição e quanta busca de mim mesma havia nisso tudo!”. O caminho para a fé em um ambiente tão secularizado era particularmente difícil, mas a própria Graça agiu, como ela mesma destaca: “É certo que eu ouvi muitas vezes a necessidade de ir à igreja, de ajoelhar-se, dobrar a cabeça em oração. Um instinto cego, poderia-se dizer, porque eu não estava consciente da oração. Mas ia, inseria-me na atmosfera de oração...”. Deus a conduziu a uma consciente adesão à Igreja, em uma vida dedicada aos despossuídos.

Na nossa época não são poucas as conversões entendidas como o retorno de quem, depois de uma educação cristã talvez superficial, afastou-se por anos da fé e depois redescobre Cristo e o seu Evangelho. No Livro do Apocalipse, lemos: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). O nosso homem interior deve preparar-se para ser visitado por Deus, e por isto não deve deixar-se invadir pelas ilusões, pelas aparências, pelas coisas materiais.

Neste Tempo de Quaresma, no Ano da Fé, renovemos o nosso empenho no caminho de conversão, para superar a tendência de fechar-nos em nós mesmos e para dar, em vez disso, espaço a Deus, olhando com os seus olhos a realidade cotidiana. A alternativa entre o fechamento no nosso egoísmo e a abertura ao amor de Deus e dos outros, podemos dizer que corresponde à alternativa das tentações de Jesus: alternativa, isso é, entre poder humano e amor da Cruz, entre uma redenção vista somente no bem-estar material e uma redenção como obra de Deus, a quem damos o primado da existência. Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas assegurar que a cada dia, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor tornem-se a coisa mais importante. T




quinta-feira, fevereiro 14, 2013

A renúncia do papa e suas implicações canônicas

Por Frei Ivo Müller, OFM
Muito se fala sobre a renúncia do Papa, depois do dia 28 deste mês. Então, gostaria de haver uma explicação de como fica a Igreja, com suas implicações canônicas. E a infalibilidade como fica?


O dia 11 de fevereiro amanheceu em festa, com milhares de pessoas nas ruas do Rio de Janeiro e de tantos lugares do mundo, festejando o carnaval. De repente a notícia nos surpreendeu, com o anúncio oficial da renúncia de Bento XVI, que acontecerá no dia 28 de fevereiro do corrente ano. Foi um gesto muito nobre de sua Santidade, em aceitar a limitação humana, ao que tudo indica, de sua fragilidade na saúde. Diante deste fato, teço algumas linhas de informações aos internautas, à guisa de esclarecimentos, como seguem:
1. Antes de tudo, isto não é novidade na história da Igreja. Sabemos que o primeiro Papa a renunciar foi Ponciano, em 235, renúncia esta que foi forçada, causada pelo Imperador Maximiniano. O segundo caso aconteceu em 535, com o Papa Silvério que foi forçado a renunciar, após o seu exílio. O terceiro, foi João XVIII, que renunciou no ano 1009. O quarto, foi o Papa Bento IX, que abdicou do cargo em 1045 e acabou voltando atrás dois anos mais tarde. Porém, deixou o poder em 1048. O quinto Papa a renunciar, antes de Bento XVI, foi Celestino V que ocupou a cátedra por apenas nove meses e renunciou em 1294.
2. O Papa é o Bispo da Igreja de Roma, enquanto sucessor de Pedro. É a cabeça do Colégio dos Bispos, como Vigário de Cristo e Pastor da Igreja universal (cânon 331). Ele também é o chefe da Cidade do Vaticano (Estado soberano). 
3. O Código de Direito Canônico da Igreja prevê a possibilidade de renúncia ao seu múnus de Papa. Porém, tal renúncia deve ser livre e devidamente manifestada (cânon 332, § 2). Em outras palavras, se a vontade do Papa naquele momento da renúncia for forçada ou estiver obnubilada por outros fatores, não vale. Seria o caso, por exemplo, de alguém colocar um entorpecente em sua bebida e o Romano Pontífice, meio grogue, renunciar. Tal renúncia careceria de uma vontade bem deliberada, resultado de um ponderado juízo humano. No direito, todo e qualquer ato de renúncia deve ser livre e carecer de defeitos e vícios de vontade. Caso contrário, seria um ato inválido (cânones 124-128; 187-189). E por prudência jurídica, este ato da vontade deve ser manifestado por escrito ou diante de testemunhas, como aconteceu com Bento XVI. 
4. A infalibilidade papal foi homologada no Vaticano II, de acordo com a Constituição Lumen Gentium, 25. Ela continua vigente na Igreja. Porém, para ser válida, deve norteada por três princípios: 1°) É necessário que o Papa fale ex cathedra, enquanto Pastor e Mestre supremo e universal dos fiéis cristãos, como sucessor de Pedro, não enquanto pessoa que fale em privado, nem mesmo como simples teólogo; 2°) Que o objeto de seu ensinamento seja referente à fé e aos costumes da Igreja; 3°) Que a sua doutrina seja proferida em caráter definitivo, isto é, que não induza ainda mais os fiéis às dúvidas ou tergiversações. Diante da renúncia, tudo o que o Papa proferir depois do dia 28 de fevereiro deste ano, não será mais considerado infalível, justamente porque ele não será mais o Papa da Igreja.
5. Muita gente se interroga sobre uma possível influência do Papa emérito nas decisões do futuro Papa, como acontece muitas vezes com os bispos eméritos. Aqui, podemos discutir a questão do ponto de vista político. Porém, do ponto de vista canônico, o Papa emérito carece de potestade papal em todo e qualquer ato jurídico. Também não poderá mais votar no conclave, porque o Colégio dos Cardeais que elege o novo Papa, com direito a voto, vai até os 80 anos de idade (Universi dominici gregis, 1996, 33).
Portanto, depois do dia 28 de fevereiro, a Sé Apostólica ficará vacante, até que seja convocada a eleição do novo Papa pelo Camerlengo. Em tempo de Sé vacante, nenhuma decisão de maior envergadura pode ser tomada na Cidade do Vaticano. Cessa também o poder de todos os dicastérios da Cúria Romana (Escritórios, com seus devidos Prefeitos). Diante disso, todos os cargos cessam, com exceção do Camerlengo e do Penitenciário maior, que continuam o seus ofícios, submissos ao Colégio dos Cardeais com idade inferior a 80 anos (Universi dominici gregis, 14). 
Esperamos que até a Páscoa do Senhor deste histórico ano de 2013, seja eleito o novo Papa da Igreja. E que ele se inspire na experiência do lava-pés de Cristo (Jo 13, 1-20), sendo revestido especialmente pelo avental do serviço ao inteiro rebanho do Povo de Deus. T

reflexoesfranciscanas.com.br 

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

HORARIO DAS MISSAS DURANTE O CARNAVAL 2013

Sábado, 09/02: 6:30 e 19h
Domingo, 10/02: 10h 
Segunda, 11/ 02: não haverá missa
Terça, 12/ 02: não haverá missa

Quarta-feira de Cinzas: missa solene às 19h

Quarta-feira de Cinzas

Com a imposição das cinzas, se inicia uma estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal, quer dizer, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.

Este tempo vigoroso do Ano litúrgico se caracteriza pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: " matanoeiete", que quer dizer "Convertei-vos". Este imperativo é proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras "Convertei-vos e crede no Evangelho" e com a expressão "Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás", convida a todos a refletir sobre o dever da conversão, recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

A sugestiva cerimônia das cinzas eleva nossas mentes à realidade eterna que não passa jamais, a Deus; princípio e fim, alfa e ômega de nossa existência. A conversão não é, com efeito, nada mais que um voltar a Deus, valorizando as realidades terrenas sob a luz indefectível de sua verdade. Uma valorização que implica uma consciência cada vez mais diáfana do fato de que estamos de passagem neste fadigoso itinerário sobre a terra, e que nos impulsiona e estimula a trabalhar até o final, a fim de que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e triunfe em sua justiça.
Sinônimo de "conversão", é assim mesmo a palavra "penitência" … 
Penitência como mudança de mentalidade. Penitência como expressão de livre positivo esforço no seguimento de Cristo.



Tradição
Na Igreja primitiva, variava a duração da Quaresma, mas eventualmente começava seis semanas (42 dias) antes da Páscoa.


Isto só dava por resultado 36 dias de jejum (já que se excluem os domingos). No século VII foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto.


Era prática comum em Roma que os penitentes começassem sua penitênica pública no primeiro dia de Quaresma. Eles eram salpicados de cinzas, vestidos com saial e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa ou a Quinta-feira antes da Páscoa. Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X) o início da temporada penitencial da Quaresma foi simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a congregação.


Hoje em dia na Igreja, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Esta tradição da Igreja ficou como um simples serviço em algumas Igrejas protestantes como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma desde a segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.

http://www.acidigital.com/quaresma/cinzas.htm

Notícias da Arquidiocese de Natal

50 anos da CF serão comemorados em Nísia Floresta e em Natal
A programação em comemoração aos 50 anos de história da Campanha da Fraternidade está pronta para ser executada no dia 14 próximo, em Nísia Floresta, e, no dia 15, em Natal. Nos dois dias, a programação contará com a participação do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D'aniello; do secretário nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner; bispos do Regional Nordeste 2, da CNBB, e do assessor nacional da CF, Padre Luiz Carlos Dias.

No dia 14, na cidade de Nísia Floresta, as atividades têm início às 14h30, com acolhida aos bispos. Às 15h, missa, na Igreja de Nossa Senhora do Ó. Logo após, os bispos farão uma visita à comunidade Timbó, onde aconteceu a primeira experiência da Campanha da Fraternidade.

No dia 15, no Centro de Convenções, na Via Costeira de Natal, acontecerá um Seminário, com o tema: "Igreja, fundamento de fraternidade". O evento se iniciará às 8h30, com a solenidade de lançamento nacional da Campanha da Fraternidade 2013. Durante a manhã, serão proferidas três palestras, enfatizando a trajetória da CF, tendo como expositores o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, o professor Otto Santana, e o Padre José Adalberto Vanzela, ex-assessor da CNBB. No final da manhã, acontecerá uma quarta palestra, com o tema "Fraternidade e Juventude", proferida por Dunga, missionário da Canção Nova.

À tarde, haverá uma mesa redonda, que debaterá temática ligada à juventude, enfoque da CF deste ano. Na mesa, estarão Dom Eduardo Pinheiro, presidente da Comissão da Juventude, da CNBB; Padre Robério Camilo da Silva, da Arquidiocese de Natal; e Fernando Geronazzo de Souza, coordenador nacional do Grupo Jovens Conectados. O tema "Eis-me aqui, envia-me" é o tema da última palestra do Seminário, às 16h, proferida pelo Padre Fábio de Melo.

Ainda no dia 15, às 19h, na Catedral Metropolitana, haverá celebração eucarística, seguida de uma vigília e adoração ao Santíssimo. A vigília contará com a participação de Eliana Ribeiro, da Comunidade Canção Nova.

A primeira Campanha da Fraternidade aconteceu em 1962, na Arquidiocese de Natal, na época em que Dom Eugênio de Araújo Sales era administrador apostólico. No ano seguinte, 16 dioceses da Região Nordeste também realizaram a Campanha. E, em 1964, a CF foi assumida pela CNBB.



Núncio visitará Natal pela primeira vez 

Dom Giovanni D'Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, virá a Arquidiocese de Natal, pela primeira vez. No dia 14, à tarde, ele irá à comunidade de Nísia Floresta, e, no dia 15, cumprirá a seguinte agenda, em Natal: durante o dia, participará do Seminário em comemoração dos 50 anos da Campanha da Fraternidade, no Centro de Convenções, e, às 19h, presidirá missa, na Catedral Metropolitana. No dia 16, irá ao Encontro Nacional de coordenadores de expressões juvenis, no Centro de Treinamento de Ponta Negra.

Dom Giovanni é italiano e foi nomeado Núncio Apostólico do Brasil, pelo Papa Bento XVI, em 10 de fevereiro de 2012. Antes, ele desempenhou a mesma função na Tailândia e no Camboja.


Jovens de todo o Brasil se reunirão em Natal
Cerca de cem jovens, de várias partes do Brasil, se reunirão no Centro de Treinamento de Ponta Negra, em Natal, de 14 a 17 de fevereiro. Será o encontro dos responsáveis nacionais pelas expressões juvenis acompanhadas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. O encontro contará com a presença dos três bispos que compõem a Comissão: Dom Eduardo Pinheiro, bispo auxiliar de Campo Grande (MS); Dom Bernardino Marchió, bispo de Caruaru (PE); e Dom Vilson Basso, de Caxias (MA); além dos assessores nacionais, Padre Sávio Ribeiro e Padre Antônio Ramos do Prado e a coordenação dos Jovens Conectados.

Segundo o Padre Sávio, durante o encontro haverá uma manhã de diálogo das lideranças juvenis com o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Gionanni d'aniello, e partilha de experiências e integração. "Na sexta-feira, participaremos do Seminário comemorativo aos 50 anos da Campanha da Fraternidade, organizado pela Arquidiocese de Natal, no Centro de Convenções, e, à noite, da vigília, na Catedral Metropolitana", diz Padre Sávio.

O Encontro também é uma preparação para a Semana Missionária, que ocorrerá em todas as Dioceses do Brasil, e para a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em julho deste ano, no Rio de Janeiro.

No mesmo período, em fevereiro, também acontecerá, em Natal, um encontro de jovens do Regional Nordeste 2, da CNBB.


arquidiocesedenatal.org.br

Pia União de Santo Antônio

Pia União de Santo Antônio