SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



quinta-feira, janeiro 31, 2013

Miséria e Graça na Vida Religiosa: Psicologismo e Espiritualidade

Por Frei Edson Matias, OFMCap.
Quando me propus falar sobre “Miséria e Graça na Vida Religiosa” veio em mim um desejo de apresentar tudo aqui que vi e vivenciei nestes últimos 15 anos. Ao que se referem aos aspectos sóbrios e aos de luminosidade (se assim podemos chamá-los). Mas quero deixar claro que, ao tratar de um ou de outro, não tenho a ingenuidade de achar que alguns deles venham sem mistura. Ou seja, que naquilo que parece luz não contenha algo de sombra e na sobra algo de luz. Na vivência humana elas estão juntas.

O quero deixar claro ao meu leitor é que, nesse terreno, não tenha ingenuidade. Para esse, peço que tenham um pouco de paciência e vá refletindo mais a fundo. A vida nos apresenta surpresas e nos faz amadurecer. E ao religioso da “Vida Religiosa” peço que cultive a humildade para que ao ouvir as misérias não se incomode, e ao ver as graças não dê glória a si mesmo, mas Àquele que é devido toda ela.

Quando ler sobre as graças não retenha o leitor achando que os relatos servem para si. Isso seria pretensão. Mesmo que, pela graça, se observe que a força divina se manifestou em sua vida, e que outras pessoas podem confirmar. Neste momento, peça a graça da humildade e que não suba à cabeça algo que não pertence a nós. E sim, unicamente ao Doador.

Perante a tal noção de Graça, compadeço da psicologia da superfície. Ela nada sabe e compreende sobre as profundezas humanas. Por vezes, esse tipo de psicologia, muito usada na Vida Religiosa hoje, perfaz a espiritualidade. Com tal concepção rasa se cria um psicologismo nomeado de ‘espiritualidade’, mas nada mais é do que uma visão ‘melindrosa’ da vida. ‘auto-estima’, ‘Auto confiança’, etc. permeiam concepções dentro da Vida Religiosa. Deixando de lado o símbolo do cristianismo: A Cruz.

A Vida Religiosa por vezes se embebeda de concepções psicológicas para justificar sua atrofia. Mas espera um pouco! Você está dizendo que não podemos usar a psicologia para na Vida Religiosa e/ou na espiritualidade? – não! Não é isso que quero dizer! O que quero apresentar é quenós deixamos nos levar facilmente pelas ‘psicologias do ego’. Preocupamos-nos por demais conosco mesmo. Pensamos por demais na realização pessoal. – Então, devemos nos maltratar? Voltar a um tempo onde enganávamos a nós mesmos, em função de uma concepção religiosa? – Minha resposta é sim e não. Sim, pois uma espiritualidade baseada no ‘eu’, no ‘ego’, só pode gerar o egoísmo. Para que se aprofunde no mistério humano-divino é necessário que o ‘ego’ se perca e surja outro centro. Entretanto, isso deve ser feito e buscado com cautela, pois pode ocorrer que buscando o ‘mistério’ busquemos a nós mesmos. É uma linha tênue. Precisamos dos irmãos, da comunidade e das Graças. E nunca achar que estamos acabados, prontos. Podemos ter andado quilômetros e ainda estarmos no mesmo lugar. É assim o caminho. T


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quarta-feira, janeiro 30, 2013

O segredo da espera

Somos convidados pela Palavra para entender um grande mistério na vida do cristão: não ser atendido em sua oração. Não tem como esperar por aquilo que se enxerga; a nossa esperança é a de quem não vê o que se espera.

A esposa que espera a conversão do marido, reza há tanto tempo, mas não consegue enxergar o que virá. Da mesma forma, há aquela mãe que reza tanto para o filho, mas não consegue enxergar a mudança. Eu quero falar exatamente sobre isso: o tempo da espera.Muitos cristãos abandonam a fé nesso tempo. Com certeza, todos nós já fomos a um consultório médico e ficamos na sala de espera para depois sermos atendidos pelo médico. No entanto, muitos cristãos não sabem passar pela "sala de espera" da vida.

O que você tem esperado hoje? Talvez seja sua conversão, a volta do seu marido ou a libertação do seu vício. É preciso esperar com confiança. A escola de santidade acontece nesse tempo. Quem não sabe esperar não celebra a chegada [da graça alcançada]!

Aprendemos a não esperar na fila, usamos a internet para não perder tempo e não nos exercitamos no esperar. Quantas pessoas passam por problemas de dívidas financeiras, tentam dar um jeitinho, mas essas só crescem? Isso porque muitos não aprenderam a esperar em Deus. Há muitos cristãos que não souberam passar pela "sala da espera" da vida e ficam trocando de Igreja.

Quando não esperamos muito, não damos valor quando o esperado chega. É necessário esperar, mas precisamos aprender a fazer isso; não é fácil ver os anos passando quando não enxergamos a conversão dos nossos ou a pessoa amada chegar.

A espera a que eu estou me referindo, não é uma esperança acomodada, de ficar de braços cruzados, eu falo da espera ativa. E para ela Deus nos dá um instrumento. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis"(Rm 8, 26).

O "Instrumento" para essa espera é o Espírito Santo de Deus, que vem sobre a nossa fraqueza de não sabermos esperar, de não sabermos rezar nesse tempo [da espera].

No tempo da espera, quando precisaríamos estar cheios de esperança, o que chega até nós é o desespero. E com isso não conseguimos rezar, quando mais deveríamos rogar ao Pai. Há muita gente que, quando está envolvida pelo desespero, só consegue pedir ao Senhor para morrer, pois vê na morte a solução para os problemas. Infelizmente, nesses momentos de dor, pedimos coisas erradas a Ele, por isso Ele não nos atende. Muitas pessoas ficam com raiva de Deus, porque Ele não as atendeu. Sendo que foram elas que pediram errado. Precisamos aprender a pedir. A Palavra nos ensina como rezar nesse tempo difícil. Muitas pessoas não sabem aguardar com esperança.

Quando pedimos em meio ao desespero, o fazemos a partir da nossa vontade, daquilo que achamos ser melhor e mais rápido. Dessa forma, invertemos a oração do Pai-Nosso; em vez de rezarmos: "Seja feita a Sua [do Senhor] vontade", rezamos: "Seja feita a minha vontade, aqui na terra e no céu também".

O Espírito Santo nos foi dado, porque, na hora do desespero, não sabemos pedir e Ele intercede ao Pai por nós. Muitas vezes, não somos atendidos porque não sabemos orar, e Deus não atende a prece feita a partir da nossa vontade.

O segredo está na comunhão com a vontade de Deus, e a teremos por intermédio do Espírito Santo, que ora ao Pai por nós em gemidos inefáveis. O assunto principal de nossas orações é dizer a Deus qual é a "nossa" vontade. 90% de nossas súplicas é dizer ao Senhor o que nós queremos e 10% é dando "umas dormidinhas". Depois, ficamos com raiva, porque o Senhor não nos atendeu. Um Deus que manda não queremos, mas sim um Pai que obedeça; na hora do desespero, desejamos que Deus seja nosso empregado!

Quem não sabe rezar cria uma no Senhor, como se pudesse fazer um "script" para que Ele fosse fazendo todas as suas vontades. Muitos são marcados com a decepção, porque criaram expectativas e estas não foram atendidas; depois dizem que Deus não faz nada na vida deles, somente na vida dos outros. Acham que o Senhor tem de fazer as vontades deles.

Não sabem passar pela "sala da espera". O cristão que não sabe rezar e reza sobre suas expectativas acha que Deus só pode dizer "sim", age como um pré-adolescente na fé. Esquece-se de que: “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8, 27).

Você já parou para pensar que, talvez, não esteja pedindo o que Deus quer e que tenha de entrar na "sala da espera"? É preciso aguardar com esperança, entendendo que, enquanto estamos nessa "sala", estamos esperando por Aquele que examina os corações. É esperteza do cristão confiar seus pedidos ao Espírito, porque a comunicação entre Ele e Deus é perfeita. O cristão que não aprende a rezar no tempo da espera, fica ranzinza, não consegue acreditar nem nos milagres realizados na vida do outro.

Nós precisamos resgatar a capacidade de esperar, assim com a Virgem Maria, que esperou, aguardou, soube juntar a sua vontade com a vontade do Pai. Não somos chamados a nos juntar ao grupo que corre atrás de Jesus apenas por causa das curas.

Nos planos de Deus existe um tempo de espera para cada um de nós, não há ninguém que não tenha de, um dia, esperar. Isso faz parte da realidade da nossa vida; é melhor entrarmos na escola da espera. Só não podemos dispensar a ajuda do Espírito.

Como você tem rezado? Pedindo algo que é da sua vontade ou o que é da vontade do Pai?

Padre Fabricio Leitão, sacerdote da Comunidade CN
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terça-feira, janeiro 29, 2013

É cuidado de Deus


Por Frei Cristiano Freitas, OFMConv.



Não é pena, é cuidado... quando você vai deixar que te amem de uma forma que você não conheça?


Só sabe amar quem deixa ser amado. Todo o esforço do Senhor é para que entendamos que acima de tudo Ele nos ama apaixonadamente. Se não permitimos que o Senhor nos ame, se não compreendemos ou experimentamos esse maravilhoso Amor, nunca permitiremos que os outros nos ame.


Convivemos muitas vezes de 'suprir carências', mas não de amor. Essa forma de viver gera conflitos e nos esvazia sempre mais. Viver de amor é estar completo, não por um dia, mas por toda a vida.


AMIGO E AMADO DEUS, obrigado por me amar como sou. Eu te amo Senhor. Seduziste-me e eu me deixei seduzir! (Jeremias 20,7).


Deus te abençoe! T

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segunda-feira, janeiro 28, 2013

Santo Tomás de Aquino

Neste dia lembramos uma das maiores figuras da teologia católica: Santo Tomás de Aquino. Conta-se que, quando criança, com cinco anos, Tomás, ao ouvir os monges cantando louvores a Deus, cheio de admiração perguntou: "Quem é Deus?".

A vida de santidade de Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus. Nasceu em 1225 numa nobre família, a qual lhe proporcionou ótima formação, porém, visando a honra e a riqueza do inteligente jovem, e não a Ordem Dominicana, que pobre e mendicante atraia o coração de Aquino.

Diante da oposição familiar, principalmente da mãe condessa, Tomás chegou a viajar às escondidas para Roma com dezenove anos, para um mosteiro dominicano. No entanto, ao ser enviado a Paris, foi preso pelos irmãos servidores do Império. Levado ao lar paterno, ficou, ordenado pela mãe, um tempo detido. Tudo isto com a finalidade de fazê-lo desistir da vocação, mas nada adiantou.

Livre e obediente à voz do Senhor, prosseguiu nos estudos sendo discípulo do mestre Alberto Magno. A vida de Santo Tomás de Aquino foi tomada por uma forte espiritualidade eucarística, na arte de pesquisar, elaborar, aprender e ensinar pela Filosofia e Teologia os Mistérios do Amor de Deus.

Pregador oficial, professor e consultor da Ordem, Santo Tomás escreveu, dentre tantas obras, a Suma Teológica e a Suma contra os gentios. Chamado "Doutor Angélico", Tomás faleceu em 1274, deixando para a Igreja o testemunho e, praticamente, a síntese do pensamento católico.

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QUE EU CHEGUE A TI, SENHOR
Que eu chegue a Ti, Senhor, por um caminho seguro e reto; caminho que não se desvie nem na prosperidade nem na adversidade, de tal forma que eu Te dê graças nas horas prósperas e, nas adversas, conserve a paciência, não me deixando exaltar pelas primeiras nem abater pelas outras. Que nada me alegre ou entristeça, exceto o que me conduza a Ti ou que de Ti me separe.

Que eu não deseje agradar nem receie desagradar senão a Ti. Concede-me a graça de erguer continuamente o coração a Ti e que, quando eu caia, me arrependa. Torna-me, Senhor meu Deus, obediente, rico e casto; paciente, sem reclamação; humilde, sem fingimento; alegre, sem dissipação; triste, sem abatimento; reservado, sem rigidez; ativo, sem leviandade; animado pelo temor, sem desânimo; sincero, sem duplicidade, fazendo o bem sem presunção; corrigindo o próximo sem altivez; edificando-o com palavras e exemplos, sem falsidade; um coração firme, que nenhuma adversidade abale; um coração livre, que nenhuma paixão subjugue.

Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que Te conheça, uma vontade que Te busque, uma sabedoria que Te encontre, uma vida que Te agrade, uma perseverança que Te espere com confiança e uma confiança que Te possua, enfim. Amém.

Santo Tomás de Aquino

domingo, janeiro 27, 2013

Testemunhas oculares

3º Domingo do Tempo Comum/C
1ª Leitura: Ne 8,2-4ª.5-6.8-10
Salmo: Sl 18
2ª Leitura: 1Cor 12,12-30
Evangelho: Lc 1,1-4;4,14-21

1* Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se passaram entre nós. 2 Elas começaram do que nos foi transmitido por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. 3 Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever para você uma narração bem ordenada, excelentíssimo Teófilo. 4 Desse modo, você poderá verificar a solidez dos ensinamentos que recebeu.

-* 14 Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. 15 Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 16 Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito: 18 «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, 19 e para proclamar um ano de graça do Senhor.» 20 Em seguida Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então Jesus começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.»


* 14-21: Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a atividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral


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sábado, janeiro 26, 2013

O valor do tempo

Temos consciência de que a vida é breve, e para isso não é necessário chegar a uma idade em que, como dizia alguém, já só resta reconhecer: “O meu futuro agora está atrás de mim”. A vida vai-se e o tempo que passa é irrecuperável. Quem pode armazenar um sopro de brisa numa tarde abafada de verão? Passou; não volta.

Esta realidade em idade nenhuma é deprimente, sobretudo para quem assume a fé como um valor vital. É, antes, um estímulo: precisamente por ser irrepetível, convida a viver o momento presente em plenitude, porque, bem vistas as coisas, o instante que passa é um pedaço de eternidade que se antecipa para bem ou para mal, conforme exerçamos a liberdade correta ou indevidamente.

Há os que fazem da liberdade um álibi para se ocuparem em tudo, menos naquilo que devem naquele momento. Entretêm-se com pretextos de todo o gênero, esquecidos de que o valor de um homem se mede pelo valor do seu hoje e agora. Uma das mais claras manifestações de imaturidade é trocar aquilo que se deve fazer por aquilo que custa menos ou agrada mais – o adiamento indefinido, com muita mordacidade e pouca justiça na generalização, dizia o escritor Paulo Mendes Campos:

“Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro do mundo. Brasileiro até demais! Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um jeito e a capacidade de adiar [...]. O brasileiro adia; logo existe.”

Em contrapartida, o cristão percebe que está em jogo algo muito sério – nada menos que a correspondência à graça, afirmava São Josemaria Escrivá: “Sempre pensei que muitos chamam 'amanhã', 'depois', uma resistência à graça”, porque o tempo da graça é agora. No instante que passa, Deus nos espera com Suas luzes e com Seu auxílio, em reforço da nossa vontade débil.

Houve quem qualificasse de "sacramento" o dever do momento presente. E assim é, de algum modo, o que agora me cabe fazer, se realmente o faço, como que cristaliza, materializa a graça divina. A pontualidade é veículo da ação de Deus, ponto de aplicação da força de Deus.

E por isso é fonte de alegria. Não pode deixar de ser alegre o encontro da vontade atual do homem com a vontade eterna de Deus. É como se, naquele momento, comungássemos o agora, no cumprimento do dever em comunhão espiritual.

Nessa fidelidade, ao dever do momento, não há, pois, motivo para resmungos, caras feias, má-vontade, cansaço ou tédio. E se, por vezes, essa pontualidade custa uma lágrima, a lágrima torna-se sorriso. Aparece o rosto de Deus, infinitamente amável e consolador.

Portanto, uma vida natural e sobrenaturalmente em ordem, discorre e se estrutura segundo o querer de Deus. A virtude da ordem, implantada serena, mas firmemente, dia após dia, com as lutas e os corretivos necessários, representa o heroísmo que se esconde no carisma do homem que vê, na sua ordem, o grande instrumento da ação de Deus.

Francisco José de Almeida
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sexta-feira, janeiro 25, 2013

O sentido da conversão de Paulo

Nos relatos sobre a conversão de Paulo, as incoerências entre os detalhes já são significativas por si mesmas. E a primeira coisa que significam é que Lucas não está preocupado com pormenores históricos. Se nem o próprio Paulo entra em detalhes!

Comparando o modo como Lucas narra a conversão de Paulo com aquilo que o próprio Paulo escreve em suas cartas, podemos observar que há um ponto fundamental de concordância entre os dois enfoques: a importância do episódio de Damasco. Se Paulo (nas epístolas) é discreto e não entra em detalhes é porque deseja ir diretamente à questão que para ele é fundamental: justificar seu trabalho entre os pagãos. Lucas, por sua vez, reveste o episódio com muitos detalhes, como uma outra forma de realçar sua importância. Em relação à importância do acontecimento, os dois enfoques concordam. Lucas, todavia, imprime à conversão de Paulo um sentido teológico próprio, de interesse para o momento da Igreja cristã dos anos 80.

Assim, na Carta aos Gálatas, ao falar da revelação de Jesus Cristo, Paulo se atribui expressamente o título de apóstolo (cf. GI 2,17); quer com isso justificar e defender seu ministério entre os pagãos. E que, nos inícios da Igreja, o movimento dos seguidores de Jesus mais se parecia com uma “seita” judaica; nesse contexto, abrir-se aos pagãos significava entrar em choque com a linha judaizante do cristianismo. Por isso Paulo foi combatido e teve problemas, inclusive com Pedro e Tiago, líderes da Igreja (cf. 01 2).

Entretanto, quando Lucas escreve Atos dos Apóstolos, os frutos do trabalho missionário de Paulo já podiam ser percebidos por toda parte. A dedicação de Paulo ao anúncio da palavra de Deus entre os gentios tornava sua obra comparável à dos outros apóstolos, talvez até maior que a de Pedro e Tiago. Não é por acaso que Lucas dedica metade de seus Atos dos Apóstolos a falar de Paulo. E pelos mesmos motivos que narra três vezes o episódio da conversão de Paulo.

Para Lucas, este é o maior, o mais importante acontecimento da história da Igreja primitiva. A repetição do relato sugere isso. Nos três relatos sobre o assunto, as “incoerências” realçam o que mais interessa: de grande perseguidor da Igreja, Saulo se torna o maior dos apóstolos. Não se trata, contudo, da conversão de um perseguidor qualquer que se transforma num missionário anônimo. Para Lucas é importante deixar explícito que se trata de um judeu radical, zeloso de sua fé, que assume de modo também radical o anúncio de Cristo entre pagãos.

Texto do livro “Uma Leitura dos Atos dos Apóstolos”, da coleção “Ser Igreja no novo milênio”, da CNBB

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A mística do silêncio

O silêncio é necessário para oração

O silêncio é necessário para que se possa penetrar na grandeza incomensurável do Ser Supremo. Supõe maleabilidade e acessibilidade às influências das moções divinas. Isto é condição básica para atingir a maturidade espiritual que deve ser uma meta de todo aquele que tem fé. Um primeiro passo para se poder envolver inteiramente na luz celestial é evitar a dispersão, inimiga peremptória da concentração. O bulício é empecilho a um diálogo com Deus, pois “non in comotione Dominus", o Senhor não está na agitação. Quando se age longe do tumulto, esta atitude muito agrada a Deus. Os demais passos tornam-se mais fáceis. Entre o "mundo" e "Deus" o posicionamento se torna claro, radical e definitivo. Verifica-se o sim verdadeiro de quem quer estar unido ao Pai Celeste.

Eis por que é preciso aprender a fazer silêncio para que seja viável o aprimoramento interior e, em consequência, a transformação de todo o ser. É possível a taciturnidade mesmo que não esteja dentro de um mosteiro. Encontrar um espaço para estar a sós com Deus é questão de opção. Criar um ambiente para a abertura ao contato com o Espírito Santo significa a disposição implícita de escutá-lo, já tendo, inicialmente, o cristão se proposto à observância sincera e perseverante dos mandamentos sagrados do Decálogo e se colocado numa atitude de profunda humildade.

Dá-se, deste modo, a possibilidade da imersão no mistério do Deus três vezes santo. Desta maneira, as orações ganham sentido. O terço, por exemplo, torna-se uma prece vocal e, ao mesmo tempo, mental pela contemplação atenta dos grandes episódios bíblicos. A leitura pausada de trechos da Sagrada Escritura passa a propiciar oportunidade ímpar para que o Espírito Santo fixe suas diretrizes, as quais são então acatadas como resposta instantânea ao Seu Senhor. Ocorre, neste caso, a admirável adaptação da criatura a Seu Criador. Eis um primeiro fruto do silêncio.

Ele enseja ao cristão compreender que o estar com Deus não representa se alienar do que o rodeia numa fuga condenável das tarefas cotidianas e, também, do interesse pelo próximo. Ao contrário, revigorado com estes instantes de união com o Senhor, o cristão compreende que silêncio sem apostolado é vão egoísmo, e sem o cumprimento do dever de cada instante é fatuidade. Com efeito, aquele que se entrega a momentos de uma oração silenciosa coloca em ordem seu interior e quer, depois, irradiar paz, serenidade, tranquilidade, imperturbabilidade em seu derredor, fazendo bem tudo que deve fazer a bem dos outros. Apenas assim chega-se à sabedoria e à inteligência espiritual de que fala São Paulo aos Colossenses.

Esta sabedoria conduz a um comportamento digno do Senhor, tudo transformando em pensamentos, desejos e ações agradáveis a Ele .

É assim que a vida do cristão produz, de fato, frutos abundantes e o epígono de Cristo cresce continuamente no conhecimento de Deus numa sublime atitude perseverante e paciente (cf Cl 1,9-11). É preciso, portanto, saber e degustar todas as alegrias de se sentir salvo amado por Aquele que é o oceano infinito de amor. Tudo que aconteceu no passado fica entregue confiadamente à Providência e ela lança o cristão jubilosamente para o futuro, como ensina o referido São Paulo (cf.Fl 3,14). O dia de Deus se torna sempre presente, duração viva, sem trevas, tristezas, fobias. É que os momentos de silêncio se convertem em instantes felizes nos quais a alma como que, inefavelmente, toca o infinito.






Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

quinta-feira, janeiro 24, 2013

O Ano Litúrgico: As solenidades, festas e memórias

As Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas por Paulo VI, em 1969, distinguem os dias litúrgicos, segundo sua importância, em Solenidade, Festa e Memória (NALC, n.10).

As solenidades

“As solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são também enriquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na véspera quando houver Missa vespertina” (NALC, n. 11). Estas celebrações têm orações, leituras e cantos próprios ou retirados do Comum.

As festas

“As festas celebram-se nos limites do dia natural; por isso, não têm Primeiras Vésperas, a não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem” (NALC, n. 13). Na Missa, as orações, leituras e cantos são próprios ou do Comum. “No Ofício das Leituras, nas Laudes e Vésperas, tudo é feito como nas solenidades” (IGLH, n. 231).

As memórias

A memória é uma recordação de um ou vários santos ou santas em dia de semana. Sua celebração se harmoniza com a celebração do dia de semana ocorrente, segundo as normas expostas na Instrução Geral sobre o Missal Romano e a Liturgia das Horas (cf NALC, n. 14).

As memórias são obrigatórias ou facultativas. A única diferença entre os dois tipos de memória é que as memórias obrigatórias (como seu nome sugere) devem necessariamente ser celebradas e as memórias facultativas podem ser celebradas ou omitidas, segundo se considere oportuno. Quanto ao modo de celebrá-Ias, procede-se da mesma maneira em ambos os casos.

“Nos sábados do Tempo Comum, não ocorrendo memória obrigatória, pode-se celebrar a memória facultativa da Santa Virgem Maria” (NALC, n. 15).

“No Ofício das Leituras, nas Laudes e Vésperas:

a) Os salmos com suas antífonas são tomados do dia da semana corrente, a não ser que haja antífonas próprias ou salmos próprios que são indicados em cada caso;
b) A antífona do Invitatório, o hino, a leitura breve, a antífona do Benedictus e do Magnificat e as preces, sendo próprios, se dizem do Santo; caso contrário, se dizem do Comum ou do dia da semana corrente;
c) A oração conclusiva se diz do Santo;
d) No Oficio das Leituras, a leitura bíblica com seu responsório é da Escritura corrente. A segunda leitura é hadiográlica, com o responsório próprio ou do Comum; na falta de leitura própria, lê-se a respectiva leitura patrística do dia. Não se diz o Te Deum” (IGLH, n. 235).

“Se, no mesmo dia, ocorrem no calendário várias memórias facultativas, celebra-se apenas uma, omitindo-se as outras” (NALC, n. 14).

Comemorações

As memórias obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias 17 a 24 de dezembro, podem ser celebradas como memórias facultativas, este caso, são chamadas simplesmente de comemoração.

A celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma Comemoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre em domingo.

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quarta-feira, janeiro 23, 2013

Os olhares de Jesus

Por Pe. Flávio Sobreiro e Pe. Paulo Ricardo.
Olhar a vida de diferentes pontos de vista é uma atitude sábia que floresce no tempo de nosso próprio amadurecimento. Ver a vida com novos olhos é descobrir o que estava à nossa frente e não conseguíamos enxergar. O tempo nos ensina a olhar com maturidade. Inútil será querer ver o fruto quando a semente ainda está nascendo. O tempo reconcilia nossos olhares com a vida e conosco mesmos. Muitas são as maneiras de olharmos a vida. Cada um olha a partir daquilo que a vida lhe ensina a olhar. Uns olham longe e acabam se perdendo na imensidão do que veem. Outros olham perto e não coneguem ir além do que estão vendo. Outros olham apenas para si mesmos e vivem fechados em um olhar individualista. Cada olhar é uma maneira única de nos encontrarmos com aquilo que vemos, e cada encontro precisa ter o olhar da sabedoria que ensina a ser mais humano. Múltiplos são os olhares e eles ganham as tonalidades que neles imprimimos. Há olhares de inveja que roubam a paz. 





Há olhares de indiferença que fazem o outro sentir-se desprezado e humilhado. Há olhares de raiva que imprimem na alma as marcas da agressividade. Há olhares tristes que estão presentes em muitos e nos mostram o inverno rigoroso que fez morada em territórios misteriosos da alma. Mas também há os olhares que transmitem vida: o olhar da compaixão que acolhe; o olhar alegre, que nos faz sentir abraçados; o olhar da paz, que nos devolve o céu; de solidariedade, que nos une como irmãos e irmãs. Nosso olhar revela o que passa em nossa alma. Captar o que ele quer dizer pode ser tarefa difícil. É necessária a sensibilidade de quem, um dia, aprendeu a olhar como o Mestre da Vida. Muitos olharam e foram olhados por Jesus; dentre todos estes olhares temos a certeza somente de uma coisa: quem olhou ou foi olhado por Jesus nunca mais foi o mesmo. O olhar do Senhor tinha a sensibilidade de devolver ao ser humano o sentido de sua existência. O silêncio do olhar divino escrevia novas frases de uma vida que se encontrava sem sentido.

Jesus olhou para a samaritana e lhe entregou uma fonte de água viva. Nunca mais aquela mulher teve sede de vida. A fonte de um novo tempo irrigou os canteiros daquela alma cansada de buscar uma água que não saciava a sede de modo definitivo. As águas da saciaram aquela alma sedenta brotavam de uma fonte viva. O balde foi deixado de lado, pois a fonte de água agora jorrava dentro dela mesma.

A pecadora tinha, diante de si, olhares que a condenavam. Quem rotulam o próximo já foi, antes, rotulado pelos próprios pecados de quem olha. Jesus sabia que aqueles olhares estavam contaminados pelos próprios pecados de quem olhava os erros daquela mulher. O outro é um espelho que nos indica o que em nós precisa ser mudado. Quando não conseguimos retirar as ervas daninhas de nossa alma, vamos até os canteiros do outro e tentamos cuidar de terrenos que não nos pertencem. Jesus olhou para aqueles olhos que estavam prestes a matar aquela mulher e retirou o véu das próprias perfeições que eles carregavam em si mesmos. Olhares imperfeitos tem o brilho da perfeição.
Foi somente um olhar de amor que devolveu àquela mulher a chance de recomeçar a vida de modo diferente. O olhar da misericórdia encontrou-se com o olhar de imperfeições. A misericórdia semeou, naquela vida, as flores da primavera de novas alegrias e ela partiu para levar o perfume das flores que agora brotavam em sua alma.
Cada olhar de Jesus mostrava um novo caminho para quem d'Ele se aproximava. O olhar divino tocava a alma humana de cada pessoa e fazia de cada manhã a mais bela experiência do viver. Nunca um olhar foi tão surpreendente com o olhar de Cristo. Quem olha com amor devolve a luz que foi apagada pelas incompreensões de uma noite que está prestes a se despedir.

Uma nova vida começa a existir a partir do momento que mudamos o nosso modo de ver o mundo. Enquanto há muitos olhares que matam, Jesus olha com vida para os canteiros de nossas possibilidades. Enquanto houver um amanhecer, Deus estará olhando com a luz do seu amor sobre cada um de nós. Nos olhares de amor de Cristo descobriremos que os nossos olhares imperfeitos estão prestes a serem sementes de uma nova estação que se chama Amor. T


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terça-feira, janeiro 22, 2013

Juventude promove primeiro Ilumina Fé

A partir deste mês de janeiro, o Setor Juventude da Arquidiocese de Natal promoverá, uma vez por mês, uma atividade intitulada "Ilumina Fé". O evento faz parte da preparação para a Jornada Mundial da Juventude - JMJ, que ocorrerá no Rio de Janeiro, de 23 a 28 de julho deste ano, com a presença do Papa Bento XVI. O primeiro Ilumina Fé acontecerá no próximo sábado, dia 26na Catedral Metropolitana, iniciando às 22 horas, com a celebração da missa. Após a missa, será implantado e rezado o Terço da Juventude, seguido de uma catequese sobre a JMJ. Às duas da madrugada, terá início uma adoração ao Santíssimo Sacramento, seguindo-se Vigília dos Jovens Adoradores, até às 6 da manhã do domingo, 27. Durante toda a noite, haverá animação por conta de ministérios de música, além de momentos de formação com base no YouCat - o catecismo jovem, ação de graças e louvor.

"Acredito que o Ilumina Fé será uma excelente oportunidade de conversão, solidificação da fé e perseverança da minha dos nossos jovens", destaca o coordenador arquidiocesano do Setor Juventude, Diácono Inácio Lopes.

O Ilumina Fé também tem o objetivo de preparar os jovens para a Semana Missionária, evento que acontecerá na Arquidiocese de Natal, antecedendo a Jornada Mundial da Juventude. A Semana Missionária será realizada em todas as dioceses do Brasil, no período de 16 a 20 de julho.




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segunda-feira, janeiro 21, 2013

Miséria e Graça na Vida Religiosa: A hipersensibilidade


Por Frei Edson Matias, OFMCap.
A sensibilidade é algo que deve ser cultivado em todos nós. Sensibilidade é diferente de melindres. Também não é sentimentalismo ou muito menos seu oposto, a dureza. Quando falamos de sensibilidade por muitas vezes estamos querendo proteger o nosso euzinho ou do outro, com a intenção desse também nos deixar quietos. Em um mundo onde se construí castelos artificiais nas relações é como ‘o homem imprudente que construiu sua casa sobre a areia’. Toda a estrutura cai e revela o caranguejo que estava por debaixo.
A imagem do caranguejo é uma ilustração das ‘terras movediças’ da hipersensibilidade nas relações. Nesse território não existe amizade nem possibilidade de construção de fraternidade. O Evangelho? Bem... Nem aí pode entrar, pois as relações são dominadas por uma legião de ‘demônios surdos’. Sim! Esses mesmos. Fruto de um interior povoado de sombras não reconhecidas, cada vez mais vai se dividindo até formar uma ‘legião’. Daí é complicado diferenciar que parte somos nós mesmos, o outro, e Deus.

A hipersensibilidade revela corações feridos, solitários, zangados, carentes. Isso vai, como a água suja que quieta vai assentando o barro no fundo, solidificando. Torna a aparência límpida, mas se mexe a água tudo se turva novamente.

Esse assentamento se dá aos poucos. Pelas próprias feridas familiares, depois pelas relações não resolvidas, mal vividas e depois interpretadas com os óculos da dor. Quando não trabalhado na VR isso tende a piorar com o tempo. A carência, a necessidades físicas e psíquicas não satisfeitas vai inundando os desejos e aí tudo se turva e o caranguejo vai para fora.
Por vezes, existe a tentativa, boa, mas não eficaz, de criar uma comunidade perfeita. Usa-se até textos do fundador, das Sagradas Escrituras para confirmar a hermenêutica da dor, das feridas. É uma luta. O tempo passa é as relações não melhoram. Parecem que pioram. Alguns não resistem e desistem. Precisam de novos ares, respirar, limpar as lagrimas dos olhos que marejaram da dor sofrida e se tem outra possibilidade de começar. Para uns é bom, para outros, frustrante. 
Mudam-se os irmãos, muda o governo... E lá esta o problema. Mas o que acontece? Por que não vejo saída? Tudo parece turvo. E lá está mais uma fez o caranguejo. Tenta-se mais uma vez criar uma fraternidade perfeita. Nova frustração. E as coisas vão caminhando.
Isso pode ocorrer com qualquer um na VR. Aquele dia que se acordou de mal humor, ou se sente carente e de repente: lá se foi aquilo que ‘não se queria falar’ e tudo está perdido novamente. Trincou o teto de vidro do outro. Mais um pouco vai quebrar. Ufa!!! Ainda está lá. Porém, a relação não é a mesma coisa.

Tal situação pode ser um momento importante para refazer as relações como também de estabelecer distanciamentos. Sendo a mensagem do carisma ou do Evangelho mal interpretado, vai se tentar criar outras casas na área. Vai ser outro tombo. Para uns parece ser uma constante. Dizem consigo: “Essa é a proposta de nosso carisma, do Evangelho. Realmente é difícil para todos entenderem”. Será mesmo? Ou será nossa necessidade que as coisas caminhem de acordo com nossa hipersensibilidade? É difícil saber. Somente pelos frutos reconhecemos. Caso tenhamos um busca estressante, ansiosa, que nos perturba, querendo mudar o comportamento dos outros irmãos. Isso pode ser um sinal que não estejamos trilhando bons caminhos. Uma conversa com alguém experiente neutra da situação pode nos ajudar a sair do atoleiro.
O desejo de ter uma vida fraterna mais calorosa e verdadeira é importante ser cultivada. No entanto, isso requer maturidade. Precisamos saber de que lugar desejamos isso. Que motivações, além das necessidades pessoais, queremos mudar as relações na Vida Religiosa. Quantos já não deparamos com uma religiosa ou religioso que tenta mudar todos. Que cada um possa ser mais afetivo, compreensivo, etc. Todavia, a que move tal pessoa pode ser a busca de satisfazer suas necessidades nos irmãos. Ou seja, todos devem mudar para me satisfazer. Parece um absurdo, mas existe muitos consagrados assim. Perdidos em si mesmos. Lembro daquela serie da década de 90, uma família de dinossauro que tinha um filhote que gritava o tempo todo: “tem que me amar”. Um verdadeiro tirado. Apesar de engraçado.
E quando a hipersensibilidade se junta a um cargo? Acho que já tratamos desse assunto em outro ponto. Quando falamos da diferença entre liderança e cargo. O estrago é grande. Pois a mãe da hipersensibilidade é a insegurança. Criticar a administração de um hipersensível é iniciar uma briga. Caso seja um religioso que tenha a tendência de ganhar no grito as pupilas vão dilatar, os vasos sanguíneos menores vão contrair, retirando o sangue da superfície da pele, deixando a pele um pouco mais pálida. Nessa hora é melhor correr. Caso se trate de um mais contido vai se torturar sozinho ou procurar se vingar. Isso vai variar muito de como a pessoa construiu suas relações.
Hipersensibilidade e cargo juntos é igual a poder.


HIPERSENSIBILIDADE + CARGO/FUNÇÃO = PODER
Poder aqui é o contrário de serviço, de ministério. Nesse caso, a pessoa vai querer ser servida pelos que estão sobre sua ‘tutela’. O modelo de Jesus aqui pode existir no discurso, mas não na prática. Tal situação é mais comum do que se possa imaginar na Vida Religiosa.
Como a hipersensibilidade tem como mãe a insegurança os cargos dispostos nas instituições da congregação tende a atrair tais pessoas como a luz atrai mariposas. Por isso que muitos que estão nas coordenações de Congregações exercem poder e não ministério!


INSEGURANÇA + HIPERSENSIBILIDADE = CARGO

Mas, por favor... Não são todos. No universo tão grande de Instituições seria um absurdo dizer que tais problemáticas existem em todas de forma generalizada. Mas também seria uma ingenuidade achar que somente algumas apresentam esse tipo de liderança. Além do mais, não tem como a gente generalizar. Cada Família tem sua história, seus erros e acertos. Logo, uso aqui uma forma mais pedagógica de apresentar situações, exacerbando uma ou outra para que possamos entender.
Mas por que isso ocorre na Vida Religiosa Consagrada? Aonde esta o Evangelho? Que momento caminho pode ficar tortuoso? Vamos conversando... T

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domingo, janeiro 20, 2013

A Liturgia nos ritmos do tempo

O Ano Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo, nem somente renova a lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã (2). Por isso, o Ano Litúrgico é sacramento e, assim, torna-se um caminho pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo.

Como a vida, a liturgia segue um ritmo que garante a repetição, característica da ação memorial. Repetindo, a Igreja guarda a sua identidade. Para fazer memória do mistério, a liturgia se utiliza de três ritmos diferentes: o ritmo diário, alternando manhã e tarde, dia e noite, luz e trevas; o ritmo semanal, alternando trabalho e descanso, ação e celebração; o ritmo anual, alternando o ciclo das estações e a sucessão dos anos.

1.1 – O ritmo diário
Acompanhando o caminho do sol, que é símbolo de Cristo, o povo de Deus faz memória de Jesus Cristo, nas horas do dia, pela celebração do Ofício Divino. – Daí o nome “Liturgia das Horas”. De tarde, o sol poente evoca o mistério da morte, na esperança da ressurreição. De manhã, o sol nascente evoca o mistério da ressurreição, novo dia para a humanidade. De noite, nas vigílias, principalmente na de sábado à noite, que inicia o domingo, dia da ressurreição, celebramos em espera vigilante o mistério da volta do Senhor. Em algum outro momento do dia ou da noite, rezamos o “Ofício das Leituras”. E, em qualquer hora do dia, celebramos a Eucaristia, que abrange a totalidade do tempo.

Com hinos, salmos e cânticos bíblicos, com leituras próprias, com preces de louvor e de súplica, celebramos o mistério pascal do Cristo. Como toda a liturgia, o Ofício acompanha o Ano Litúrgico, expressa nosso caminhar pascal, do nascimento à morte e ressurreição, do advento à segunda vinda gloriosa de Cristo.

Como oração do povo de Deus, verdadeira ação litúrgica, o Ofício Divino é excelente escola e referência fundamental para nossa oração individual.

Os ministros ordenados e religiosos assumem publicamente o compromisso de celebrarem a Liturgia das Horas nas principais horas do dia. Os fiéis leigos também são convidados a celebrá-la, individual ou comunitariamente. Podem fazê-lo seguindo o roteiro simples e adaptado proposto pelo Ofício Divino das Comunidades, que conserva a teologia e a estrutura da Liturgia das Horas.

Incentivem-se também outras formas de oração comunitária da Igreja, por exemplo, Ofícios Breves adaptados, Celebrações da Palavra de Deus, Horas Santas, Ladainhas, Angelus, Via-Sacra e Rosário comunitário.

“O dia litúrgico se estende da meia-noite à meia-noite. A celebração do domingo e das solenidades começa, porém, com as Vésperas do dia precedente” (NALC 3).

1.2 – O ritmo semanal
O ritmo semanal é marcado pelo domingo, o dia em que o Senhor se manifestou ressuscitado (cf. Mc 16,2; Lc 24,1; Mt 28,1; Jo 20,1).

A história do domingo nasce na cruz e na ressurreição de Jesus. No primeiro dia da semana, quando as mulheres foram para embalsamar seu corpo, já não o encontraram mais. No domingo, Jesus apareceu vivo a vários dos discípulos, sozinhos, ou reunidos; comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham que levar adiante (Mt, 28,5-9; Lc 24,13-49; Mc 16,14; Jo 20,11-18; 20,24-29; Ap 1,10). O dia de Pentecostes, vinda do Espírito Santo, também aconteceu no domingo (At 2,1-11).

“Por tradição apostólica que tem sua origem do dia mesmo da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oitavo dia o mistério pascal, naquele que se chama justamente dia do Senhor ou domingo. Neste dia, pois, devem os fiéis reunir-se em assembléia para ouvirem a palavra de Deus e participarem da eucaristia, e assim recordarem a paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os “gerou de novo pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos para uma esperança viva” (lPd 1,3).

O domingo, conforme rezamos no Prefácio IX dos domingos do Tempo Comum, é o dia em que a família de Deus se reúne para “escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade inteira repousar diante do Pai”.

João Paulo II, na Carta Apostólica sobre o domingo (Dies Domini), apresenta as cinco características deste dia: Dia do Senhor, Dia de Cristo, Dia da Igreja, Dia do Homem e Dia dos Dias. O mesmo Papa nos pede, na Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, que demos “uma atenção ainda maior à missa dominical, como celebração na qual a comunidade paroquial se reencontra em coro, vendo comumente participantes também os vários grupos, movimentos, associações nela presentes” (MND 23).

“Por causa de sua especial importância, o domingo só cede sua celebração às solenidades e festas do Senhor. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa gozam de precedência sobre todas as festas do Senhor e todas as solenidades. As solenidades que ocorrem nestes domingos sejam antecipadas para sábado” (NALC 5) (3).

O domingo exclui, por sua natureza própria, a fixação definitiva de qualquer outra celebração. São exceções somente as festas da Sagrada Família, do Batismo do Senhor, da Santíssima Trindade, de Jesus Cristo Rei do Universo, a comemoração de todos os fiéis defuntos, e, no Brasil, as solenidades de S. Pedro e S. Paulo, da Assunção de Nossa Senhora e de Todos os Santos.

Os dias que seguem o domingo, chamados dias de semana ou férias, celebram-se de diversos modos, segundo a importância própria (cf. NALC 16). Para não repetir as orações das missas do domingo, é conveniente que, no Tempo Comum e não havendo celebração especial, se utilizem nesses dias também os formulários das Missas votivas e para diversas circunstâncias.

1.3 – O ritmo anual
O Ano Litúrgico compreende dois tempos fortes: o Ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o Ciclo do Natal, com sua preparação no Advento e o seu prolongamento até a festa do Batismo do Senhor. Além destes dois, temos o Tempo Comum.

a) Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor - Começa na 5ª-feira à noite com a Missa da Ceia (depois do pôr do sol) até à tarde do domingo da Páscoa da ressurreição com as Vésperas. É o ápice do ano litúrgico porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, “quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida” (NALC 18).

b) Tempo Pascal - Os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes. É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, “um grande domingo” (cf. NALC 22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor” (NALC 24).

c) Tempo da Quaresma - Da 4ª-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC 109).

d) Tempo do Natal - Das primeiras vésperas do Natal do Senhor até a festa do Batismo do Senhor. É a comemoração do nascimento do Senhor, em que celebramos a “troca de dons entre o céu e a terra”, pedindo que possamos “participar da divindade daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade” (4). Na Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cristo, Filho de Deus, “luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” (5).

e) Tempo do Advento - Das primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).

f) Tempo Comum - Começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1° domingo do Advento (cf. NALC 44). A tônica dos 33 (ou 34) domingos é dada pela leitura contínua do Evangelho. Cada texto do Evangelho proclamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos discípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos. Neste tempo, temos também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do mistério pascal (Maria, Apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas).

g) As Rogações e as Quatro Têmporas - Em cada estação do ano, a Igreja dedica um ou vários dias de preces, jejuns e penitência para rogar ao Senhor por diversas necessidades, principalmente pelos frutos da terra e pelo trabalho humano, e render-lhe graças publicamente (cf. NALC, n.45). Estas celebrações têm origem nas festas de semeadura e nas festas de colheita. Apesar de sua origem agrária, elas não deixam de ter sentido nos tempos atuais, por causa da crescente consciência ecológica do mundo moderno. Conforme decisão da CNBB, na sua XII Assembleia Geral, em 1971, a regulamentação da celebração das Têmporas e Rogações fica a critério dos Conselhos Episcopais Regionais. Para tais celebrações, pode-se escolher as mais adequadas entre as Missas para diversas circunstâncias (cf. Comunicado Mensal, nº 221-222 (1971), p. 136).

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sábado, janeiro 19, 2013

O ano litúrgico

APRESENTAÇÃO

A liturgia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo. Em volta deste núcleo fundamental da nossa fé, celebramos no Ano Litúrgico a memória do Ressuscitado na vida de cada pessoa e de cada comunidade.

O Ano Litúrgico “revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a Encarnação e Nascimento até à Ascensão, ao Pentecostes e à expectativa da feliz esperança da vinda do Senhor” (SC 102). Ele assim nos propõe um caminho espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do mistério de Cristo, presente e operante nas diversas festas e nos diversos tempos litúrgicos (cf. Normas sobre o Ano Litúrgico e o Calendário – NALC 1).

Em síntese, através do Ano Litúrgico, os fiéis fazem a experiência de se configurar ao seu Senhor e dele aprenderem a viver “os seus sentimentos” (cf, Fl 2,5).


TERMOS LITÚRGICOS - PEQUENO DICIONÁRIO
* LITURGIA (do grego “leitourgía” – função pública): Não se deve pensar que liturgia seja apenas o conjunto de normas e rituais que devam ser obedecidos em alguma celebração. O sentido é muito mais amplo e todo cristão deve estudá-la e vivê-la. Esse estudo e essa vivência são fundamentais. Transcrevemos aqui um
trecho da Constituição sobre a Sagrada Liturgia – Sacrosanctum Concilium: “A Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros. Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu Corpo que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau.” (SC n.7)

* DIRETÓRIO LITÚRGICO: Pequeno livro, publicado anualmente pela CNBB, e distribuído em todas as dioceses do país, que contêm dados sobre a organização administrativa da Igreja no Brasil, nomes, endereços e outras informações sobre todos os cardeais, arcebispos e bispos brasileiros e suas respectivas dioceses.
Traz também as informações litúrgicas do dia a dia para as diversas celebrações, de acordo com o Ano Litúrgico, e que devem ser seguidas em todas as comunidades paroquiais.

* MISSAL, EVANGELIÁRIO, LECIONÁRIO, SANTORAL, FERIAL …: Livros especiais com Orações, Leituras, Salmos, Rituais, a serem utilizados em Missas, celebrações litúrgicas diversas, Sacramentos e Sacramentais.

* TEMPO LITÚRGICO - Representação anual e sensível da vida de Cristo, recordando os principais acontecimentos que a precederam ou seguiram. É dividido em Anos “A” (evangelho de Mateus), “B” (de Marcos) e “C” (de Lucas). Para se saber qual é o Ano Litúrgico, siga-se a seguinte norma: todos os anos, cuja soma de seus algarismos for divisível por 3, é o Ano C “S.Lucas”; por exemplo: 2010, a soma destes algarismos é 3, que é divisível por 3, sem deixar resto (3 : 3 = 1); portanto, 2010 foi Ano C; depois de um Ano C, volta-se ao Ano A; assim, 2011 é Ano A, e 2012 será Ano B. Pelo mesmo raciocínio, 2013 será Ano C (São
Lucas), porque a soma de seus algarismos é 6 (um número múltiplo de 3).

* CORES LITÚRGICAS: São o BRANCO, VERMELHO, VERDE, ROXO e ROSA. Geralmente utilizadas em toalhas, velas, e combinando com a estola do presbítero, e de acordo com o Tempo do Ano Litúrgico. BRANCO (luz, claridade, pureza), usado no Tempo Pascal e festas principais; VERMELHO (sangue, fogo, amor, martírio), no Pentecostes, festas de mártires…; VERDE (natureza, esperança), no Tempo Comum; ROXO (penitência, humildade, tristeza), no Advento, Quaresma, funerais. Existem também paramentos ROSA (variante para o ROXO), simbolizando um momento de alegria, podendo ser utilizados no 3º Domingo
do Advento e no 4º da Quaresma.

* PARAMENTOS: Vestes litúrgicas, usadas nas diversas celebrações.

* AMITO: lembrando o capuz de certos religiosos, é um pano de linho sobre os ombros e pescoço do presbítero; veste-se antes da túnica ou alva, mas poucos padres ainda o usam.

* TÚNICA, ALVA ou VESTE TALAR: Túnica de linho branco, que desce até aos pés, ou calcanhar (talar). Lembra a veste nupcial exigida por Cristo (Mat 22, 12).

*CORDÃO, CÍNGULO: Para amarrar, prender a alva ao corpo, facilitando o andar (“Cingi os vossos rins” – Lc 12, 35)

* ESTOLA: lembra a antiga toga dos romanos. Simboliza a dignidade sacerdotal, e é usada em todas as celebrações litúrgicas. Os diáconos a usam em diagonal.

* CASULA: Vestimenta com uma abertura para a cabeça, para se usar por sobre a alva e estola, cobrindo até aos joelhos. Geralmente é usada em celebrações mais solenes.

* MANÍPULO: (do latim “manus”, “mão”), um tipo de lenço antigamente preso ao pulso esquerdo do sacerdote, que posteriormente se tornou um paramento, perdendo a função de “lenço”, e hoje raramente usado.

*SOBREPELIZ: Veste curta, até à cintura, na cor branca, que os clérigos ou sacerdotes (e mesmo acólitos) usam sobre a batina, em algumas funções litúrgicas.

* BATINA: Veste talar de padres, bispos, abades e clérigos, de cores variadas, com pouco uso atualmente no Brasil desde o final da década de 60. Tem sido substituída, às vezes, pelo “clergyman”.

* SOLIDÉU: Pequeno chapéu, em forma de calota, usada por bispos. Este nome provém da expressão “Soli Deo”, ou seja, é tirado da cabeça somente diante de Deus. Na cor roxa para bispos; vermelha para os cardeais; branca, só pelo papa.

* BARRETE: Pequeno chapéu quadrangular, vermelho, usado mais por cardeais.

* MITRA: Barrete alto e cônico, fendido lateralmente na parte superior e com duas faixas que caem sobre os ombros, que os bispos, arcebispos e cardeais põem na cabeça em solenidades pontificais.

* TIARA: Mitra do Papa.

* PLUVIAL: (do latim “pluvia”, chuva) ou Capa: Espécie de manto, em geral ornamentado, utilizado pelo sacerdote em certas cerimônias, como em exposições ou procissões do Santíssimo Sacramento.

* VÉU UMERAL: (do latim “humerus”, ombro): Vestimenta no formato retangular, como uma pequena capa ornamentada, utilizada sobre o pluvial, em bênçãos solenes ou procissões com o Ssmo. Sacramento.

* PÁLIO: Sobrecéu portátil, com varas, que se conduz em procissões, caminhando sob ele o sacerdote com o Ssmo. Sacramento na Custódia ou Ostensório. Pálio é também uma espécie de colarinho de lã branca, com cerca de 5 cm de largura e dois apêndices – um na frente e outro nas costas, com 6 cruzes bordadas ao seu longo e que expressa a unidade com o sucessor de Pedro. Originalmente, era exclusivo dos papas, sendo depois estendido aos metropolitas e primazes, como símbolo de jurisdição delegada a eles pelo Soberano Pontífice. Destinado, portanto, aos bispos que assumem uma Arquidiocese, o pálio simboliza o poder na província e sua comunhão com a Igreja Católica, ministério pastoral dos arcebispos e sua união com o Bispo de Roma.

* OSTENSÓRIO ou CUSTÓDIA: (do latim “ostendere”, ostentar, mostrar): Objeto específico que serve para expor à adoração pública o Corpo de Cristo, na forma de Hóstia consagrada.

*HÓSTIA (do latim “hostia” = “vítima” – oferecida à divindade em sacrifícios públicos): Partícula fina, circular, de pão ázimo (massa de farinha de trigo e água, assada sem fermento), que se transforma na pessoa de Jesus Cristo, nas Missas, durante o rito da Consagração. Sem fermento, para lembrar a fuga apressada do povo hebreu do Egito e a pureza de Cristo. A forma redonda significa o círculo, forma da perfeição, ou seja, de Deus, sem princípio e sem fim.

* ALTAR ou ARA: Desde a antiguidade, mesa especial consagrada para os sacrifícios religiosos, onde as vítimas (hóstias) eram imoladas. Na Nova Aliança de Deus com os homens, a Cruz foi e é o novo, único e verdadeiro Altar, onde a Hóstia é o próprio Filho de Deus – “Cordeiro de Deus”, abolindo os sacrifícios antigos e, desde então, as Missas são Memorial perene desse holocausto de Cristo.

* TOALHA: Da mesma forma que são estendidas nas mesas, para as refeições, em todas as celebrações deve ser estendida uma toalha sobre o altar ou sobre a mesa a ser utilizada. Nas comunhões dadas a enfermos, em suas residências, também deve ser preparada uma mesa com toalha, corporal e vela acesa.

* PRESBITÉRIO (do grego “presbyter” = ancião): Local da igreja ou capela onde fica o altar, ou o lugar do sacerdote ou dos sacerdotes nos sacrifícios eucarísticos.

* NAVE (de “navio”, “barca”): O espaço central, em igrejas ou capelas, onde fica o povo. Em sentido restrito, o corredor central desde a entrada até ao presbitério.

* CÁTEDRA: Cadeira do bispo que, nas celebrações, preside a assembléia e dirige a oração. Símbolo do magistério da Igreja em todos os tempos. Só as catedrais têm uma cátedra. Também significa a “cátedra de Pedro”, que inclusive tem uma festa anual celebrada nos dias 22 de fevereiro.

* AMBÃO (Mesa da Palavra): Lugar apropriado e digno para o anúncio da Palavra, para o qual espontaneamente se dirige a atenção dos fiéis durante o Rito da Palavra nas celebrações. Não confundir com “púlpito”, lugar próprio para pregações, homilias…

* SACRÁRIO (do latim “sacrus”, sagrado) ou TABERNÁCULO: É o local onde se guardam as hóstias consagradas, nas igrejas, em lugar de destaque, geralmente no presbitério, ou em pequenas capelas próximas. Lembra a Tenda, no deserto, onde se guardava a Arca da Aliança (que continha as Tábuas dos Mandamentos e o “Maná” (pão do céu), alimento dado ao povo hebreu em sua caminhada rumo à Terra Prometida.

* CORTINA DO SACRÁRIO: Dentro, e às vezes também na frente do Sacrário, significa que Cristo está apenas escondido, sob as aparências de pão e vinho, como que por trás de uma cortina…

* LÂMPADA DO SACRÁRIO: Sinal da presença de Cristo, Luz do Mundo, no tabernáculo ou sacrário. Deve permanecer sempre acesa, dia e noite, se nele estiver o Ssmo. Sacramento. Geralmente na cor “vermelha” (ver “cores litúrgicas”).

* CIBÓRIO (“cibus” = alimento): Vaso sagrado onde se guardam ou se transportam hóstias consagradas.

* VÉU DE CIBÓRIO: Uma capa que recobre o cibório só quando este contém hóstias consagradas.

* ÂMBULA: Pequeno recipiente onde se guardam ou se transportam os Santos Óleos (para Batismo, Crisma, Unção de Enfermos).

* MESA CREDENCIAL: Pequena mesa onde se colocam os utensílios a serem utilizados nas celebrações, como galhetas, manustérgio, cálice, cibório, missal, dentre outros. Pode ficar no presbitério, ou até na entrada da igreja quando se for fazer procissão com oferendas.

* GALHETAS (do espanhol “galleta”): Pequenos recipientes, em geral de vidro, para a água e o vinho, que serão utilizados nas Missas.

* MANUSTÉRGIO: Pequeno pano para o sacerdote enxugar os dedos (ou a mão – “manus”), após purificá-los, durante a preparação das ofertas.

* LAVABO: Pequena vasilha com água para se purificar os dedos, antes de se tocar com eles na Eucaristia. Purificador.

* CORPORAL (do latim “corpus”): Pano branco engomado sobre o qual o presidente da Celebração coloca a Höstia e o Cálice no altar.

* CÁLICE: Vaso especial, de metal dourado ou prateado, vidro ou cristal, usado nas Missas para o vinho que se transforma em sangue de Cristo.

* PATENA ou PÁTENA: Pequeno prato, em formato circular, de metal dourado ou prateado, que recebe a Hóstia.

* PALA: Cartão quadrado revestido por um pano, com que o sacerdote recobre o cálice ou a patena.

* TECA (do grego “theke” = cofre, estojo): Pequeno recipiente, em geral redondo, para acondicionamento e transporte de hóstias consagradas, destinadas a comunhões fora da missa, ou em celebrações da Palavra com distribuição da Eucaristia.

* INCENSO: Substância mineral que, ao ser queimada, produz uma fumaça com perfume característico, utilizado desde a antiguidade para os reis ou em cerimônias religiosas. Hoje é utilizado em missas solenes, Exposições do Ssmo Sacramento e algumas procissões.

* TURÍBULO: Recipiente especial, preso a correntes, onde se queima o incenso.

* NAVETA (do italiano “navetta” = pequeno navio): Recipiente em forma de barca onde se serve o incenso para ser colocado no turíbulo. Há em outros formatos.

* TURIBULÁRIO: Quem carrega o turíbulo nas celebrações ou procissões.

* CRUZ: Sobre o altar ou próximo a ele, ou na parede do presbitério. É indispensável na celebração, pois recorda o sacrifício de Jesus. A Missa é renovação em memorial (não “lembrança”) da Morte e Ressurreição de Jesus.

* CRUCIFERÁRIO: Aquele que carrega a cruz geralmente à frente de celebrações ou procissões.

* ACÓLITO: Aquele que serve os sacerdotes em celebrações litúrgicas. Antes de se tornar Diácono, os candidatos ao sacramento da Ordem devem receber da Igreja, oficialmente, os ministérios de Leitor e Acólito. Por extensão, em sentido geral = Auxiliar; Coroinha.

* DIÁCONO: Geralmente após finalizar os estudos de Teologia, o futuro sacerdote recebe o sacramento da Ordem no seu primeiro grau, chamado DIACONATO. Depois é “ordenado padre”, como se diz, ou seja, recebe o segundo grau do sacramento da Ordem, o PRESBITERATO. O terceiro grau, ou a plenitude deste sacramento, somente um bispo recebe ao ser sagrado: o EPISCOPADO. O diácono, mesmo o que tenha recebido o Diaconato Permanente (leigo que recebe apenas o primeiro grau do sacramento da Ordem), utiliza a estola em sentido diagonal. E pode também, em missas solenes, usar a veste litúrgica denominada DALMÁTICA, enquanto os presbíteros e bispos utilizam a CASULA.

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quinta-feira, janeiro 17, 2013

O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente

O amor só pode ser eterno à medida em que vivermos a conquista do outro todos os dias. E isso só vai acontecer a partir do momento em que o amor de Deus incendiar a nossa vida.

O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente. No meio de tanta gente, alguém se torna especial para você e você se aproxima. Amar é começar a descobrir que, numa multidão, alguém não é multidão. O amor é essa capacidade de retirar alguém do lugar comum, para um lugar dedicado, especial. Alguém descobriu uma sacralidade em você.

Quando alguém se aproximou, foi porque você gerou um encanto. O outro se sentiu melhor quando se aproximou de você. A beleza da totalidade que você tem faz ele melhor. A primeira coisa que o amor esponsal e conjugal cura são as orfandades que a vida nos colocou.

Namoro tem de começar assim: “Tira as sandálias dos pés, eu não sou um território qualquer”. O primeiro encanto tem de ser essa consciência de que se Deus lhe deu esta pessoa, Ele é dono antes de você.

O amor quando não é amor, vira competição, disputa; por isso ele é iniciado e mantido em Deus; será sempre um amor de promoção do outro.

O casamento é um encantamento pelo o outro, o qual vai ganhando sentido quando o vou conhecendo. O amor para ser verdadeiro tem de passar pelas fases da descoberta. Você tem que saber quem é o outro.

A grande lição para quem se casa é esta: todos os dias você precisa se aproximar do outro e descobrir o motivo para continuar o respeito e a alegria de estar diante dele.

Casamento em que o outro é opressão, não é amor. O amor leva para o alto! Se vocês não se promovem mais, significa que estão esquecendo a vocação primeira do matrimônio: o de acender o fogo do amor, da dignidade e da felicidade nele.

O sexo errado na vida de um casal é a porta por onde o diabo pode entrar para fazer do parceiro um objeto. Cuidado com o que vocês trazem para a vida sexual de vocês, para não fazer o outro se sentir um objeto, uma prostituta (o).

Não levem para vida sexual instrumentais diabólicos. Que coisa ridícula a mulher se vestir de 'coelhinha' ou o marido de 'batman' ou sei lá mais o quê. E ainda vem com a desculpa de dizer que isso é para 'incrementar' a relação. Se o amor que você tem por ela não for o melhor incremento, esqueça!

Sejam criativos sim, mas sem perder a dignidade. A maior criatividade da vida sexual e para que vocês se sintam amados é carinho, afeto, dedicação!

Cuidado! A roupa de coelhinha, professorinha etc., pode fazer seu marido esquecer que você é sagrada. Cuidado com essa mentalidade mundana que está transformando as mulheres e homens em objeto. O incremento da vida sexual é carinho, afeto, dedicação. Isso nos faz sentir amados! Se não tem amor, depois do prazer você joga o outro fora. O amor do outro tem que promover na sua dignidade.

O único objetivo que o diabo tem é apagar nossa dignidade. Se você faz parceria com ele, o seu casamento está em risco.

Este corpo que você está abraçando é território santo, é vida que precisa continuar iluminada e digna.
Padre Fábio de Melo
Sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova.


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quarta-feira, janeiro 16, 2013

“A cidade inteira se reuniu em frente da casa”

Por Frei Almir R. Guimarães, OFM


Estamos lendo as primeiras páginas do Evangelho de Marcos. O texto narra a atividade missionária e caritativa do Senhor. Num determinado momento o evangelista observa: “A cidade inteira se reuniu em frente da casa”. Imaginamos que seja em frente à casa de Pedro. Jesus atraía. Talvez o grande público fosse constituído os doentes que viam nele a única solução para se verem livres de suas enfermidades… Fato é que Jesus era tão procurado que nem podia comer o descansar…

Houve tempos em que nossas paróquias e comunidades tinham muita frequência de fiéis, frequência por vezes de muito boa qualidade, e por vezes de menos boa qualidade. As missas eram sempre muito concorridas, as procissões vistosas, as pessoas procuravam os sacramentos. Em nossos tempos conhecemos transformações. Países de velha cristandade conhecem diminuição dos efetivos e mesmo uma certa dolorida indiferença de muitos para com a fé e o Cristo Jesus. Não se pode dizer como Marcos que a cidade inteira está diante de Jesus. Por isso, com toda confiança buscamos uma nova evangelização para os nossos tempos. O tema é vasto e complexo. Não cabe nas poucas linhas desta coluna a discussão exaustiva das transformações. Todos temos consciência na necessidade de apresentar Jesus de maneira a cativar os ouvintes.

Antes de mais nada, os que temos o mandato missionário, precisamos ter a certeza de que é Jesus que prepara os corações para ouvirem a palavra que nos cabe dizer. Ele nos precede e nos acompanha.

Os que hoje transmitem Cristo serão pessoas profundamente marcadas pela vida em comunidade. Trata-se de apresentar o Cristo que salta de nossas reuniões fraternas, que chega perto de todos com a força de sua Palavra, que encanta com o sermão da montanha, a parábola do bom samaritano, aquele que nos alimenta com o pão branco e o vinho e que nos toca tanto que tomamos a decisão de ser dele…
Hoje, mais do que nunca, temos consciência de que somos um pequeno resto fiel. Há comunidades de vida cristã que levam intensa vida de intimidade e de fervor. Há cristãos que discretamente, em grupos, lutam por recolher os que estão jogados à beira do caminho. Há comunidades que são exemplo…
Quem sabe, vendo os cristãos com sua fé tão nítida no Cristo, quem sabe também cidades inteiras possam vir ter junto da casa dos cristãos. “A cidade inteira se reuniu em frente da casa”. 

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terça-feira, janeiro 15, 2013

Jesus tinha o costume de ensinar

Hebreus 2,5-12; Marcos 1, 21-28

“Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar” (Mc 1,21).

Jesus, efetivamente, tinha o costume de ensinar. Não se tratava de um ensinamento intelectual, livresco, mas na linha do aprofundamento humano e espiritual. Ensinava pelo exemplo, por suas posturas corretas diante do mundo e pelo jeito como confabulava com seu Pai.

Ao longo de nossa vida de cristãos vamos sendo formados em nossa vivência de fé. Falamos em formação cristã, aprofundamento da fé, catequese. Quando falamos em catequese temos a tentação de pensar apenas nessas preparações mais ou menos imediatas para a primeira comunhão e crisma. Certamente, o quadro já mudou e vemos, aqui e ali, surgirem grupos sólidos e sérios de formação cristã mormente no meio de adultos. A catequese vai ganhando a dimensão de ser permanente.

Não podemos deixar de dizer que os primeiros e fundamentais catequistas dos filhos são os seus pais. A maneira com vivem seu relacionamento com Deus, a caridade no dia a dia, uma concepção sadia face aos sacramentos ensinam mais do que cursos de catequese. No momento atual, com a fragilização da família, nem sempre as novas gerações podem ser iniciadas na fé pelos seus pais.

Há as preparações para a primeira eucaristia e para a crisma que se fazem nas comunidades. Pensamos sempre em catequistas competentes, em crianças e jovens que se apresentem com sede de Deus, em famílias que acompanhem de perto a formação dos filhos. Há experiências muito significativas de um trabalho estreito entre a comunidade paroquial e catequistas com os pais. Pode e deveria mesmo acontecer que neste período os pais como que entrassem num catecumenato de adultos que seria ocasião de despertar-lhes a fé.

Fundamental que catequistas tenham algumas preocupações fundamentais:

● Os catequizandos, sejam eles adultos, jovens, adolescentes e crianças farão experiências profundas de Deus mormente na vida de oração. Os catequistas cuidarão do cultivo do silêncio e da iniciação nos salmos.

● Experiência de Deus e experiência do irmão: no período de catequese das novas gerações e dos convertidos aprenderão a viver em fraternidade.

● Ao longo do tempo da instrução catequética haver-se-á de levar os catequizando a terem uma profunda compreensão da celebração da Eucaristia.

● Na mesma linha da experiência do irmão será fundamental que as pessoas assumam o compromisso de manifestar amor concreto, afetivo e efetivo pelos mais abandonados e sofredores.

Imagino que o ensinamento de Jesus fosse mais ou menos nesta linha. Fundamental que a Igreja reveja sempre seu modo de ensinar…

Frei Almir Ribeiro Guimarães
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segunda-feira, janeiro 14, 2013

Também somos chamados a um outro tipo de pesca

João Batista foi preso por Herodes que, como os chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão, Jesus retorna à Galileia, que é um território predominantemente gentílico. Ali, Jesus desenvolve seu ministério com o mesmo anúncio de João Batista: a proximidade do Reino e da conversão à justiça.

Marcos, bem como Mateus e Lucas, narram o chamado dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galileia. O Evangelho de João narra este chamado já na ocasião do Batismo de Jesus, quando alguns discípulos de João Batista se dispõem a seguir Cristo. O chamado, narrado em estilo sumário, na realidade se fez num clima de diálogo e conhecimento mútuo. Assim como Jesus abandonou sua rotina de vida em Nazaré, também seus discípulos abandonam seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo, mas para iniciarem uma nova prática social alternativa de justiça e paz.

Segundo a narração de Marcos (1,16-29) e de Mateus (4,18-22), o cenário da vocação dos primeiros Apóstolos é o lago da Galileia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar pousou sobre dois pares de irmãos: Simão e André, Tiago e João. São pescadores, empenhados no seu trabalho cotidiano. Lançam as redes, consertam-nas. Mas outra pesca os aguarda.

Jesus chama-os com decisão e eles seguem-no imediatamente: agora serão “pescadores de homens” (cf. Mc 1,17; Mt 4,19). Lucas, ainda que siga a mesma tradição, faz uma narração mais elaborada (5,1-11). Ele mostra o caminho de fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o convite para o seguimento lhes chega depois de terem ouvido a primeira pregação de Jesus e experimentam os primeiros sinais prodigiosos por Ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi confiada. O destino destes “chamados”, de agora em diante, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado mas, ainda antes, um “perito” em Jesus.

Precisamente este é o aspecto realçado pelo evangelista João desde o primeiro encontro de Jesus com os futuros Apóstolos. Aqui o cenário é diferente. A presença dos futuros discípulos, provenientes também eles, como Jesus da Galileia para viver a experiência do batismo administrado por João, esclarece o seu mundo espiritual. Eram homens na expectativa do Reino de Deus, desejosos de conhecer o Messias, cuja vinda estava anunciada como iminente.

Para eles, é suficiente a orientação de João Batista que indica em Jesus o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1,36), para que surja neles o desejo de um encontro pessoal com o Mestre. As frases do diálogo de Jesus com os primeiros dois futuros Apóstolos são muito expressivas. À pergunta: “Que procurais?”, eles respondem com outra pergunta: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”. A resposta de Jesus é um convite: “Vinde e vede” (cf. Jo 1,38-39).

Vinde para poder ver. A aventura dos Apóstolos começa assim, como um encontro de pessoas que se abrem reciprocamente. Começa para os discípulos um conhecimento direto do Mestre. Veem onde Ele mora e começam a conhecê-Lo. De fato, eles não deverão ser “anunciadores de uma ideia”, mas “testemunhas de uma Pessoa”. Antes de serem enviados a evangelizar, deverão “estar” com Jesus (cf. Mc 3,14), estabelecendo com Ele um relacionamento pessoal. Sobre esta base, a evangelização não será mais do que um anúncio daquilo que foi experimentado e um convite a entrar no mistério da comunhão com Cristo (cf. 1 Jo 13).

A quem serão enviados os Apóstolos? No Evangelho parece que Jesus limita a sua missão unicamente a Israel: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). De modo análogo parece que Ele circunscreve a missão confiada aos Doze: “Jesus enviou estes Doze, depois de lhes ter dado as seguintes instruções: ‘Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel’” (Mt 10, 5s.).

Uma certa crítica moderna de inspiração racionalista tinha visto nestas expressões a falta de uma consciência universalista do Nazareno. Na realidade, elas devem ser compreendidas à luz da sua relação especial com Israel, comunidade da Aliança, em continuidade com a história da Salvação. Segundo a expectativa messiânica as promessas divinas, imediatamente dirigidas a Israel, ter-se-iam concretizado quando o próprio Deus, através do seu Eleito, reunisse o seu povo, como faz um pastor com o rebanho: “Eu virei em socorro das minhas ovelhas, para que elas não mais sejam saqueadas… Estabelecerei sobre elas um único pastor, que as apascentará, o meu servo Davi; será ele que as levará a pastar e lhes servirá de pastor. Eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será um príncipe no meio delas” (Ez 34,22-24).

Jesus é o pastor escatológico, que reúne as ovelhas perdidas da casa de Israel e vai à procura delas, porque as conhece e ama (cf. Lc 15, 4-7 e Mt 18,12-14; cf. também a figura do Bom Pastor em Jo 10,11ss.). Através desta “reunião” o Reino de Deus é anunciado a todas as nações: “Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas me verão executar a minha justiça e aplicar a minha mão sobre eles” (Ez 39, 21). E Jesus segue precisamente por este caminho profético.

O primeiro passo é a “reunião” do povo de Israel, para que assim todas as nações, chamadas a reunirem-se na comunhão com o Senhor, possam ver e crer.

Assim os Doze, chamados a participar na mesma missão de Jesus, cooperam com o Pastor dos últimos tempos, indo também eles, em primeiro lugar, até às ovelhas perdidas da casa de Israel, isto é, dirigindo-se ao povo da promessa, cuja reunião é o sinal de salvação para todos os povos, o início da universalização da Aliança. Longe de contradizer a abertura universalista da ação messiânica do Nazareno, a inicial limitação a Israel da sua missão – e da dos Doze – torna-se assim o seu sinal profético mais eficaz.

Depois da Paixão e da Ressurreição de Cristo, este sinal será esclarecido: o caráter universal da missão dos Apóstolos tornar-se-á mais explícito. Cristo enviará os Apóstolos “a todo o mundo” (Mc 16,15), a “todas as nações” (Mt 28,19; Lc 24,47), “até aos extremos confins da terra” (At 1,8). E esta missão continua. Continua sempre o mandato do Senhor de reunir os povos na unidade do seu amor. Esta é a nossa esperança e este é também o nosso mandato: contribuir para esta universalidade, para esta verdadeira unidade na riqueza das culturas, em comunhão com o nosso verdadeiro Senhor Jesus Cristo.

Padre Bantu Mendonça

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domingo, janeiro 13, 2013

Batismo do Senhor


O tempo do Espírito
Liturgia do domingo
1ª Leitura: Is 42, 1-4.6-7
Salmo: Sl 28
2ª Leitura: At 10,34-38
Evangelho: Lc 3,15-16.21-22

15 O povo estava esperando o Messias. E todos perguntavam a si mesmos se João não seria o Messias. 16 Por isso, João declarou a todos: «Eu batizo vocês com água. Mas vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno nem sequer de desamarrar a correia das sandálias dele. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo.
* 21 Todo o povo foi batizado. Jesus, depois de batizado, estava rezando. Então o céu se abriu, 22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado.»
* 3,1-20: A datação histórica (vv. 1-2) mostra que Lucas coloca os reis terrestres e as autoridades religiosas em contraste com a soberania e a autoridade de Jesus: o movimento profundo da história não se desenvolve no plano das aparências da história oficial. É Jesus quem realiza o destino do mundo, dando à história o verdadeiro sentido.
João Batista convida todos à mudança radical de vida, porque a nova história vai transformar pela raiz as relações entre os homens. É o tempo do julgamento, e nada vale ter fé teórica, pois o julgamento se baseia sobre as opções e atitudes concretas que cada um assume.
* 21-22: Para Lucas, o batismo de Jesus é um episódio em meio ao batismo de todo o povo. Solidarizando-se com o povo, Jesus começa o tempo do batismo no Espírito, isto é, a formação do povo de Deus que vai construir a nova história. Cf. também nota em Mc 1,9-11.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral
Jesus recebe sua missão na oração

O relato lucano do batismo de Jesus se caracteriza pela menção da oração, feição constante do evangelho de Lc. Jesus, exemplo do cristão, procura na oração a vontade
do Pai, vontade que se manifesta na visão do céu aberto e da vinda do Espírito Santo (cf. coment. Ano B). No conjunto da obra lucana, o batismo é o início da atuação messiânica de Jesus (cf. At 10,37, 1ª leitura). Por isso, segue-se a genealogia, como convém quando se descreve a investidura de um alto dignitário.

Quanto a nós, podemos ver no fato de Jesus receber sua missão na oração um exemplo para nossa vida. Recebemos nossa missão de Deus no encontro com ele no silêncio, imersos no mistério da vida divina. Não por razões humanas (sucesso, insistência de partidários etc.), mas por ter buscado a vontade de Deus é que Jesus assume a missão messiânica.

Observe-se que, embora contemplando Deus, Jesus não está separado do povo, mas participa com todo o povo no movimento que surgiu em tomo do Batista. Cristo é o protótipo do fiel na Igreja e na humanidade. (A genealogia inserida por Lc remonta até “Adão, filho de Deus”.) Assim seja o cristão: participando com seus irmãos na comunidade do batismo, esteja em contínua união com o Pai e assuma sua missão para a salvação de todos.


Tomado do meio do povo e enviado por Deus

Às vezes se percebe, na Igreja, certo conflito entre os agentes de evangelização que procuram inserir-se nas lutas do povo e os que tentam puxar o povo para a igreja, para rezar. Será que, necessariamente, essas duas coisas são incompatíveis?

Com trinta anos de idade, Jesus se deixou batizar por João Batista (evangelho). Ele aderiu ao movimento de conversão lançado por João. Nem todos os judeus aderiam a esse movimento. Os fariseus e os sacerdotes o criticavam. Mas os pecadores, os publicanos, os soldados e as prostitutas, estes se deixavam purificar por João, para poderem participar do Reino de Deus. E também Jesus, solidário com os que se queriam converter, se deixou batizar. Batizado assim junto com todo o povo e encontrando-se em oração – encontrando-se junto a Deus no meio do povo – Jesus ouviu a voz: “Tu és o meu filho amado, em ti encontro o meu agrado”. E recebeu o Espírito de Deus, para cumprir a sua missão, para anunciar a boa-nova do Reino aos pobres e libertar os oprimidos (1ª leitura). Deus o chamou e o enviou, exatamente, no momento em que ele vivia em total solidariedade com o povo e com Deus mesmo. Por isso, enviado por Deus do meio do povo, ele podia ser o libertador desse povo.

Houve um tempo em que a Igreja não entendia bem essas coisas. Considerava o povo como mero objeto de evangelização. Mandava evangelizadores que não viviam em solidariedade com o povo; havia até padres que sentiam nojo, não só do pecado como também do pecador … Nossa Igreja redescobriu a importância de seus evangelizadores viverem solidários com os que devem ser evangelizados, sentirem seus problemas e dificuldades … e sua boa vontade. Mas, para poderem transmitir a sua mensagem evangelizadora, é preciso também que estejam perto de Deus e, na oração, escutem a sua voz. E isso vale não só para os padres e os religiosos, mas para todos os que Deus quiser enviar para levar sua palavra a seus irmãos: catequistas, ministros leigos, líderes, pessoas que ocasionalmente têm que transmitir um recado de Deus … Têm de ser solidários com o povo e unidos a Deus. Então, seu batismo – ao modelo do batismo de Jesus – será realmente a base de sua missão.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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sábado, janeiro 12, 2013

Bispos Capuchinhos no Brasil

Hoje temos no Brasil 24 bispos capuchinhos, sendo 3 arcebispos.
Arcebispos e bispos capuchinhos pela precedência de nomeação:

1. D. Jorge Scarso (08/12/1967) – Bispo emérito de Patos de Minas-MG
2. D. Orlando Otacílio Dotti (12/03/1969) – Bispo emérito de Vacaria-RS
3. D. Adalberto Paulo da Silva (09/04/1975) – Bispo auxiliar emérito de Fortaleza-CE
4. D. Clóvis Frainer (11/01/1978) – Arcebispo emérito de Juiz de Fora-MG
5. D. Osório Bebber (07/12/1979) – Bispo emérito de Joaçaba-SC
6. D. Antônio Eliseu Zuqueto (14/03/1980) – Bispo emérito de Teixeiras de Freitas-BA
7. D. Ângelo Domingos Salvador (25/03/1981) – Bispo emérito de Uruguaiana-RS
8. D. Alcimar Caldas Magalhães (13/09/1981) – Bispo de Alto Solimões-AM
9. D. Geraldo Nascimento (15/09/1982) – Bispo auxiliar emérito de Fortaleza-CE
10. D. Itamar Vian (29/12/1983) – Arcebispo de Feira de Santana-BA
11. D. Serafim Faustino Spreafico (20/05/1987) – Bispo emérito de Grajaú-MA
12. D. Franco Cuter (21/01/1998) – Bispo de Grajaú-MA
13. D. José Ubiratan Lopes (17/11/1999) – Bispo de Itaguaí-RJ
14. D. Luís Gonzaga Silva Pepeu (13/06/2001) – Arcebispo de Vitória da Conquista-BA
15. D. José Soares Filho (15/01/2003) – Bispo de Carolina-MA
16. D. Severino Batista de França (04/08/2004) – Bispo de Nazaré-PE
17. D. Antônio Roberto Cavuto (25/05/2005) – Bispo de Itapipoca-CE
18. D. Mário Marques (31/05/2006) – Bispo de Joaçaba-SC
19. D. Manoel Delson Pedreira da Cruz (05/07/2006) – Bispo de Campina Grande-PB
20. D. João Alves dos Santos (02/08/2006) – Bispo de Paranaguá-PR
21. D. Cláudio Nori Sturm (02/10/2008) – Bispo de Patos de Minas-MG
22. D. Magnus Henrique Lopes (16/06/2010) – Bispo de Salgueiro-PE
23. D. José Gislon (06/06/2012) – Bispo de Erexim-RS
24. D. José Ruy Gonçalves Lopes (04/07/2012) – Bispo de Jequié-BA

http://proneb-capuchinhos.blogspot.com.br 

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Um homem leproso

Por Frei Almir R. Guimarães, OFM




“Sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades” (Lc 5,15).
Os doentes sempre andavam atrás de Jesus. Os textos evangélicos multiplicam esses encontros. Cada um desses enfermos têm suas marcas e características. Há vezes em que o próprio doente pede a cura. Outras vezes são os parentes que apresentam o enfermo para ser curado. Outras vezes, o doente nem mesmo está presente. No episódio de hoje: “Aconteceu que Jesus estava numa cidade e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés e pediu: Senhor, se queres tu tens o poder de me purificar”. Observe-se a postura de humilde súplica: o homem cai aos pés do Senhor. Jesus estende a mão e o purifica.
Lepra, impureza, doença temível que marginalizava as pessoas. Jesus cura. Cura da lepra do pecado. O estender as mãos lembra os gestos dos sacramentos da Igreja.
Lepra, leproso… Jesus, em sua paixão e morte, se tornara um leproso… realizava em sua pessoa os ditos de Isaías. O servo de não tinha beleza nem formosura. As pessoas que passavam diante dele cobriam o rosto. Jesus se tornara pecado e feiura para nos libertar da morte e nos vestir de formosura.
No caminho do jovem Francesco de Assis apareceu também a figura do leproso. Francisco, cheio de sensibilidade e finuras, não conseguia olhar essa figura que lhe causava repulsão. Francesco desce da montaria. Aproxima seu corpo cheio de frescor das carnes apodrecidas do leproso e experimenta uma fulgurante alegria. Começava seu processo maravilhoso de conversão. A partir de então, o doce tinha gosto de amargo e o amargo, de doce. Por detrás desse leproso estava o Cristo querendo o abraço do puro e transparente Francesco.

Jesus se dirige ao leproso do Evangelho: “Eu quero, fica purificado!”
Lucas conclui assim o trecho evangélico hoje proclamado: “Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração”. Jesus sentia necessidade desses momentos de solidão com o Pai. O texto não diz simplesmente que rezava, mas que se entregava à oração. T

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Pia União de Santo Antônio

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