SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



segunda-feira, junho 30, 2014

Uma oração feita com distração tem valor?

Leituras
1ª Leitura - Am 2,6-10.13-16
Salmo - Sl 49, 16bc-17. 18-19. 20-21. 22-23 (R.22a)
Evangelho - Mt 8,18-22


Santa Teresa d'Ávila em seu livro chamado "Castelo Interior", também conhecido como "As Sete Moradas", faz um juízo muito severo acerca da oração feita com distração. Ela diz: "Não chamo oração aquilo em que não se percebe com quem se fala e o que se pede. Não se trata de oração".

Santo Tomás de Aquino, por sua vez, parece estar em frontal contradição com Santa Teresa. Respondendo à pergunta se "é necessário que a oração seja atenta", ele diz o seguinte: "Quanto ao décimo terceiro, assim se procede: parece que É necessário que a oração seja atenta. [...] Em sentido contrário, os santos às vezes também distraíam-se na oração, como atesta o Salmista: "O meu coração me abandonou"." (cf. Suma Teológica II-II, q. 83, a. 13) Em latim, cor meum dereliquit me.

Então, aparentemente existe uma incompatibilidade entre as opiniões desses dois grandes santos. Qual deles tem razão? Ambos. E é o próprio Santo Tomás quem explica:

"Respondo: Essa questão é importante principalmente quando se aborda o tema da oração vocal. A necessidade da atenção na oração vocal é entendida de duas maneiras: Na primeira, como é necessário aquilo com que se alcança melhor o fim. Segundo esta consideração, a atenção é absolutamente necessária.

Na segunda maneira, considera-se necessário aquilo sem o qual a ação não conseguirá os seus efeitos. Os efeitos da oração são três: o primeiro efeito é comum a todos os atos informados pela caridade, que, por isso, são meritórios. Para ter este efeito não será necessário que a atenção seja diuturna, porque o impulso da intenção inicial, com a qual se vai orar, torna meritória toda a oração, como acontece aos outros atos meritórios. - O segundo efeito, a impetração, que lhe é próprio. Para se conseguir este efeito também será suficiente o impulso da primeira intenção, a que Deus atenta em primeiro lugar. Assim, Gregório a isto se refere nestes termos: "Deus não atende a oração de quem não pretende orar." - O terceiro efeito da oração é aquele que é contínuo, a saber, uma certa refeição espiritual da mente. A atenção é necessariamente exigida para esta oração. Escreve a respeito a primeira Carta aos Coríntios: 'Se oro só pela língua, minha mente será infrutífera'."

Assim, segundo o Aquinate, primeiramente a oração tem um valor meritório, pois a pessoa ama a Deus rezando. Em segundo lugar, ela pode ter um valor de intercessão, ou seja, de alcançar graça diante de Deus, também chamado de impetratório. E, em terceiro lugar, a oração tem o valor de santificação ou de refeição da alma.

Levando em conta esses três níveis de valoração, Santo Tomás diz que nos dois primeiros pode haver alguma distração que, mesmo assim, a oração terá algum valor. Porém no terceiro nível é absolutamente necessário que a pessoa esteja atenta à ela.

Nesse sentido, Santo Tomás e Santa Teresa estão em pleno acordo. É justamente sobre a "refeição da alma" que Santa Teresa fala em seu livro. De como é que se deve fazer para adentrar cada vez mais nas moradas da alma, alimentando-se e crescendo espiritualmente. Mas, então, que valor existe uma oração quando ela é feita distraidamente? Ela tem valor meritório se é feita com amor, porém, não é necessário que seja feita por amor o tempo todo, basta a intenção inicial, diz Santo Tomás. A luta contra as distrações é bastante meritória.

O segundo valor, chamado impetratório, também tem valor, pois a pessoa pode ter se distraído, mas Deus não se distraiu dela. A oração com distração não produz o crescimento necessário para fazer com que o indivíduo passe de morada em morada no seu castelo interior, portanto, é preciso lutar contra ela, concentrando-se para que haja realmente uma refeição espiritual.

Importante é continuar a rezar, mesmo distraído, combatendo a distração, colocando toda a sua atenção em Deus e em seu amor.

padrepauloricardo.org

domingo, junho 29, 2014

Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

“Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças.”
Papa Francisco


Leituras
1ª Leitura - At 12,1-11
Salmo - Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)
2ª Leitura - 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho - Mt 16,13-19



A solenidade de são Pedro e de são Paulo é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Já no século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas para fugir da profanação nos tempos difíceis.

E mais: depois da Virgem Santíssima e de são João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico. Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, quando temos a festa da cátedra de São Pedro; e 18 de novembro, reservado à dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo.

Antigamente, julgava-se que o martírio dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano e que seria a data que hoje comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com são Pedro, crucificado de cabeça para baixo, na colina Vaticana e são Paulo, decapitado, nas chamadas Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia, nem quanto ao ano desses martírios.

A morte de Pedro poderia ter ocorrido em 64, ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante a perseguição de Nero.

Há outras raízes ainda envolvendo a data. A festa seria a cristianização de um culto pagão a Remo e Rômulo, os mitológicos fundadores pagãos de Roma. São Pedro e são Paulo não fundaram a cidade, mas são considerados os "Pais de Roma". Embora não tenham sido os primeiros a pregar na capital do império, com seu sangue "fundaram" a Roma cristã. Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa do martírio, no final, como testemunhas do Mestre.

São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro papa da Igreja. A ele Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja". São Pedro é o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa e nos seus sucessores que temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade.

São Paulo, que foi arrebatado para o colégio apostólico de Jesus Cristo na estrada de Damasco, como o instrumento eleito para levar o seu nome diante dos povos, é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o "Apóstolo dos Gentios".

São Pedro e são Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre.

paulinas.org.br

sábado, junho 28, 2014

Imaculado Coração de Maria, consolo para as angústias deste mundo

Leituras

1ª Leitura - Is 61,9-11

Salmo - 1Sm 2,1.4-5.6-7 8abcd (R. cf. 1a)

Evangelho - Lc 2,41-51


“Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas” 
(Lucas 6, 51).

Nós hoje celebramos o Imaculado Coração de Maria, o coração puro, o coração íntegro no serviço a Deus; um coração repleto de amor e de bondade. Olhando para o coração de Maria, nós queremos olhar para o coração de uma mãe.

Quem tem uma mãe, quem é mãe, sabe como é cheio de afeto e de ternura o coração dessa mulher. O coração de uma mãe é um verdadeiro jardim celeste, é o lugar da morada de Deus! A mãe dá o melhor de si, a mãe se dedica integralmente à criatura que ela gerou e da qual ela cuidou. O coração de uma mãe bate no ritmo do coração de um filho; e como é necessário sentirmos a batida do coração de uma mãe.

O coração de uma mãe cura, liberta, restaura; o coração materno é um refúgio seguro. Pode ser que muitas mães já se magoaram e já se machucaram. Talvez nós já tenhamos magoado e machucado o coração de uma mãe; mas se existe um lugar onde Deus se esconde e se refugia é no coração materno.

A imagem da criança nascendo, a criança no colo, a cabeça é sempre ligada ao coração da mãe. A nossa cabeça, o nosso coração e todo o nosso ser precisam estar ligados, batendo no ritmo do coração da mãe.

Ao celebrarmos o Imaculado Coração de Maria, nós queremos nos refugiar nesse coração belo e puro. O coração de Maria é o coração materno de Deus. Não estou exagerando ou querendo levar Maria à condição divina, como se ela fosse uma deusa ou semideusa. Não, não é isso; ela é muito mulher, muito humana, a mais nobre das criaturas de Deus; mas ali o Senhor quis fazer morada, ali Ele quis se esconder e se refugiar.

O coração de Jesus bate no ritmo do coração de Sua Mãe, e este segue o coração do seu Filho. Aonde quer que Jesus vá, ali estará o coração de Maria. Consagremo-nos hoje a este Imaculado Coração, consagremo-nos hoje à proteção do coração da Santíssima Virgem Maria. Deixemo-nos hoje ser tomados por essa fonte pura de amor, deixemo-nos ser lavados, purificados por tudo que o coração de Maria representa para nós.

Rezemos: Ó Imaculado Coração, como nós queremos, hoje, nos consagrar a ti, queremos estar escondidos dentro de ti. Ó Mãe querida, Mãe amada, cuida de nós, teus pobres filhos. Sê um refúgio para nós, para as nossas angústias, nossos sofrimentos, nossas dores, nossas desolações deste mundo. Cura o nosso coração, cuida do coração de seus filhos!

Que Deus abençoe você!

Pe Roger Araújo
cancaonova.com

sexta-feira, junho 27, 2014

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Leituras

1ª Leitura - Dt 7,6-11
2ª Leitura - 1Jo 4,7-16
Salmo - Sl 102,1-2.3-4.6-7.8 10 (R. 17)
Evangelho - Mt 11,25-30


A ADORÁVEL CHAGA NO LADO DO REDENTOR

Do seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e com o sangue, os sacramentos da Igreja, para que todos atraídos ao seu coração, pudessem beber com perene alegria, na fonte salvadora (Prefácio da Solenidade do Coração de Jesus)

A liturgia da solenidade do Coração de Jesus neste ano de 2014 nos propõe uma primeira leitura tirada do livro do Deuteronômio. Há como que uma declaração de amor. “O Senhor Deus se afeiçoou a vós e vos escolheu, não por serdes mais numerosos que os outros povos – na verdade, sois o menor de todos -, mas sim porque o Senhor vos amou e quis cumprir o juramento que fez a vossos pais”. O texto nos leva a contemplar a cena do Calvário, onde um Deus fornalha de amor, enfrentando todos os desafios possíveis, morre de amor e verte o sangue da nova e eterna aliança. Os discípulos do Senhor costumam contemplar essa cena tocante com todo respeito. Fomos e continuamos sendo objeto do amor gratuito do Amor que busca ser amado. Esse lado aberto nos lava, nos alimenta, nos purifica.

A primeira carta de João, lida como segunda leitura, afirma: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e nos enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados!” Sempre de novo, diante de nossos olhos e em nosso interior, esse movimento de amor de um Deus que busca os seres humanos desejosos de viver em comunhão com e eles e prepará-los para a festa do amor nesse espaço que chamamos, de para sempre, eternidade. Não há outra conclusão: amor se paga com amor. “Deus é amor: quem permanece no amor permanece com Deus com Deus e Deus permanece com ele”.

O primeiro evangelista fixou por escrito uma das mais belas preces de todos os tempos e que saiu dos lábios de Jesus: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Que coisas são essas? Jesus elogia os simples, os pequenos, os que têm a mão estendida como os pobres, os que buscam contemplar o rosto do Altíssimo que não se faz presente na vida dos satisfeitos e dos que resolvem seus problemas com seus arranjos e engenhos. Ele quer levar os pequenos que o escutam ao Pai. “Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”. Esse Jesus do peito dilacerado mostra de onde ele vem e para onde quer levar os pequenos e humildes, os verdadeiros pobres.

Finalmente, aquele que é simples, bom e manso de coração pede que aos seus que não tenham receio de ir até ele e a ele se entregarem. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e vós encontrareis descanso”.

Terminamos com estas sugestivas palavras do salmista que contempla o rochedo do Senhor. Para os devotos do Coração de Jesus, o peito de Jesus é esse rochedo-refúgio: “Conduzi-me às alturas do rochedo, e deixai-me descansar nesse lugar! Pois sois o meu refúgio e fortaleza, torre forte na presença do inimigo” (Sl 60/61, 3-4).

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

quinta-feira, junho 26, 2014

Misericórdia infinita

Ó Sagrado Coração de Jesus, pleno de amor e bondade! Se o mundo atual se encontra mergulhado em tais profundezas, qual será a surpresa que nos prepara vossa clemência?

Realmente, não há solução. Todos os recursos foram experimentados, e o resultado continua desastroso, desencorajando os que ainda mantinham restos de esperança. Mas, de quem falamos? Qual a situação? A resposta é simples: trata-se da humanidade.

Ao analisar com objetividade a História, vemo-la como longa sequência de desatinos e fracassos, à maneira de uma estrada péssima, coalhada de obstáculos e catástrofes, cada qual mais terrível e assustadora que a anterior. Desolados, verificamos que a culpa de tais desgraças recai sobre os próprios viajantes, pois acumularam ao longo do trajeto os destroços de sua imperícia, descuido ou maldade, para servirem de tropeço aos próximos infelizes que, por sua vez, ultrapassam os antecessores nesse campeonato de horror.

Em contrapartida, que imensa profusão de carinho! Com solicitude incansável o Criador acompanhou o gênero humano ao longo das eras e, sobretudo, atingida a "plenitude dos tempos" (Gal 4, 4), ofereceu-lhe os méritos incalculáveis da Redenção operada pelo próprio Filho de Deus. Mas o desdém, a ingratidão e a revolta parecem ser as únicas respostas a essa abundância ilimitada, a esse esbanjar ininterrupto de amor.

Assim chegamos ao século XXI - tão jovem e já tão desvairado -, nascido no mesmo abismo onde o século XX deu o último suspiro. A Terra não passa de um covil de feras, selva de ódios e praça de loucuras.

À vista disso, dizemos: de fato, não tem conserto. No entanto, quem assim pensasse cometeria grave omissão.

Com efeito, se raciocinarmos com critérios exclusivamente humanos, poderemos concluir que a situação é irremediável e o desastre definitivo. Porém, faltar-nos-ão dados de valor primordial, cuja amplitude somente a Fé consegue descortinar.

Lembremos que a bondade de Deus, atributo do qual Ele jamais poderá separar-Se, não é apenas incomensurável, mas infinita. Ora, na manifestação de tal misericórdia, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade agiu como alguém que, desejando ultrapassar-Se a Si mesmo, sai do âmbito de sua família - onde goza das excelências de um convívio feito de requintada distinção e inefável doçura - e lança-se à procura dos infelizes e abandonados, para tornar-Se um com eles e assim elevá-los à sublimidade de sua nobre estirpe. "Sendo de condição divina", decidiu "assemelhar-Se aos homens" (cf. Fl 2, 7) e tornou-os "semelhantes a Deus" (I Jo 3, 2). Deus então olhou para a humanidade e encontrou nela traços de sua própria "família".

Pois bem, será Ele quem estabelecerá limites a essa misericórdia demasiadamente grande? Não! Ainda que o mundo role por despenhadeiros mais terríveis dos que até agora se sucederam, tudo terá solução. E nós, na ufania de verdadeiros familiares do Verbo Encarnado, fazemos diante d'Ele nossa proclamação de confiança:

"Ó Sagrado Coração de Jesus, pleno de amor e bondade! Se o mundo atual se encontra mergulhado em tais profundezas, qual será a surpresa que nos prepara vossa clemência? Apressai-Vos em intervir, Senhor! E, por meio de vossa Mãe Santíssima, fazei desse extremo de miséria mero pretexto para a manifestação de novas maravilhas, nas infinitas altitudes de vossa misericórdia!". (Revista Arautos do Evangelho, Junho/2014, n. 150, p. 5)

arautos.org

quarta-feira, junho 25, 2014

A intimidade misericordiosa de Deus

“Um cristão não anuncia si mesmo, anuncia outro, prepara o caminho a outro: ao Senhor. Um cristão deve saber discernir, deve conhecer como discernir a verdade daquilo que parece verdade, mas não é: homem de discernimento. E um cristão deve ser um homem que saiba diminuir-se para que o Senhor cresça, no coração e na alma dos outros.”
(Papa Francisco, Homilia na Casa Santa Marta, 24/06/2014).

“Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13, 34-35). 

Há muitos anos, quando eu ainda era seminarista, fiz a minha primeira pregação num Acampamento do Sagrado Coração, no antigo Rincão do Meu Senhor. Hoje não pertenço mais parte à Congregação do Sagrado Coração de Jesus, mas sou herdeiro de tudo o que vivi nestes bons anos. 

Nesta pregação, falarei sobre o Coração de Deus; percebi que o coração, que mais se assemelha ao Coração de Jesus, é o da mulher, principalmente o da mãe. Eu conheci o Coração de Jesus por intermédio do colo da minha mãe. Foi lá que experimentei, de forma até rudimentar, a ter uma vida em Deus. 

Não tenho medo de colocar à prova a verdade; nada poderá me apartar da certeza de que Deus me ama. Não porque li nos livros ou aprendi na faculdade, mas porque vivo essa certeza. Nada pode me apartar desta experiência em meu dia a dia, isso faz parte do meu ministério. Cada vez mais tenho convicção de que, para alcançar essa graça, temos de adentrar no território da intimidade com Deus e com os irmãos. Os meus amigos são aqueles que me fazem ser amigo de Jesus.

A experiência religiosa que nos transforma é a experiência de intimidade. Você sabe muito bem o que é ser íntimo de alguém. “A misericórdia de Deus não comporta pudor”, foi o que nos ensinou o padre Joãozinho em sua pregação. Mas o que é o pudor? É a experiência de reter o que nos é íntimo e não o expor totalmente para todos. 

O pudor é positivo para nos preservarmos e não nos expormos demais. Em muitas situações da nossa vida o pudor nos impede de chegar às pessoas e de fazermos o que não devemos. Por vezes, ele nos faz reavaliar nossos atos por medo do que as pessoas vão pensar de nós. Mas o pudor também pode nos impedir de agir com misericórdia. Por que não temos coragem de ir até os mais necessitados e excluídos da sociedade? Muitas vezes temos medo de andar ao lado de pessoas diferentes de nós, como os drogados, os ladrões e as prostitutas. Muitas vezes, nós também erramos e pecamos, mas somos muito orgulhosos para assumir o erro e pedir perdão ao outro. Quanto mais nós julgamos e humilhamos o outro, tanto mais nós nos escondemos de nossas fraquezas.

O Evangelho de hoje parte de uma revelação do amor de Deus por nós. É pelo amor de um para com o outro que testemunharemos o amor de Deus por nós. Você entende isso? Amados, amar significa sair da própria “tenda” para entrar na “tenda” do outro. 

Quando percebemos que o outro entendeu e se preocupa com o que estamos vivendo, somos confortados, não é mesmo? Nós nos apaixonamos por quem entra em nossa “tenda”, em nossa intimidade. Jesus sabe que a única forma de seguimento que contagiará o mundo é pela capacidade de amar. Quem não entra na “tenda” do outro não aprende a amá-lo verdadeiramente. Só sabemos que existe amor de verdade quando há a disposição de entrar na “tenda” do outro. O seguimento que nos diferencia uns dos outros é o tanto que nós nos amamos. Qual foi a grande missão de Jesus no mundo? A de nos resgatar do pecado, certo? Sim. Mas, antes de tudo isso, o Senhor se dispôs a nos amar. 

Em razão do pecado original, nós sempre vamos querer saber da intimidade de quem amamos e admiramos; contudo, nem sempre vamos saber lidar bem com isso. O que deveria nos impressionar não é a intimidade do outro, mas quem realmente ele é. Irmãos, não podemos ser “cristãos de quinta categoria”! Devemos mover dentro de nós uma mudança de vida. O que deve nos interessar na vida do outro não é aquilo que todos veem, mas aquilo que aquela pessoa é por dentro, em seu ser.

Devemos conhecer o Coração de Deus cada vez mais, e isso só vai acontecer quando nós entrarmos, com a ajuda do Espírito Santo, na Tenda do Seu Sagrado Coração. Jesus não é teoria, mas uma verdade. 

Fico impressionado ao refletir sobre a atitude dos amigos de Jesus, na Última Noite do Senhor, que dormem diante no momento mais importante. Mas, quando olhamos para esses cinco amigos, nós também percebemos que temos chance de nos salvar, não é mesmo? Somos assim, vivemos de forma banal e perdemos tempo com as banalidades do mundo e nos privamos de entrar na intimidade com o Pai. Precisamos adentrar no Coração de Jesus para conseguirmos mudar de vida. 

Quando vivemos de forma superficial a nossa religião podemos fazer com o que o contexto cristão permaneça adormecido dentro de nós. O Cristianismo nunca será uma religião supérflua. Aqueles que banalizam o Cristianismo pecam contra o Evangelho! Fique de olho em seu discipulado porque ele pode estar sendo banalizado. Cuidado com sua maneira de ser católico! Cuidado por insistir naquilo que não nos salva! Mergulhe no Coração de Jesus para fugir das banalidades da vida!

Não pode haver uma devoção ao Sagrado Coração sem a ação da misericórdia para com o outro. Amar não é brincadeira; requer um esforço constante para que não reduzamos nem banalizemos o amor. Você não será reconhecido pelo bem que você fizer no silêncio da sua vida, mas você verá que a salvação não é gerada em momento públicos, mas sim quando os holofotes estão apagados. Talvez você nem seja citado no fim da história. O amor pode ser cruel, mas é salvífico. 

Se você quiser conhecer a intimidade com o Senhor ouse conhecer a sua própria intimidade. Investigue em seu próprio coração aquilo que é capaz de o converter. Só se pode conhecer o Coração de Jesus por intermédio da humildade!
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Padre Fábio de Melo 

cancaonova.com

terça-feira, junho 24, 2014

Natividade de São João Batista - 24 de junho

Branco. Natividade de São João Batista, Solenidade

Leituras
1ª Leitura - Is 49,1-6
Salmo - Sl 138(139),1-3.13-14ab.14c-15 (R. 14a)
2ª Leitura - At 13,22-26
Evangelho - Lc 1,57-66

O que Deus promete, ele o cumpre
Na releitura cristã da Escritura predomina o esquema promessa-cumprimento. Também no interior do evangelho de Lucas esse esquema aparece com relativa frequência. O que Deus promete, ele o cumpre. É o caso do evangelho da festa de hoje. Os vizinhos reconhecem a ação de Deus na concepção e no nascimento de João Batista e se alegram por Isabel, pois o Senhor a tinha tirado do opróbrio. Essa alegria havia sido objeto de promessa quando o anjo anunciou o nascimento de João a Zacarias, no Templo de Jerusalém (Lc 1,14). Outro aspecto é a mudez de Zacarias e o nome imposto ao menino. O nome a ser dado ao menino é imposição do mensageiro celeste (1,13), uma forma de dizer de sua eleição divina. A mudez de Zacarias é consequência de sua incredulidade (1,20) e, ao mesmo tempo, sinal da intervenção de Deus (1,21-22). A língua de Zacarias se soltará quando da realização da promessa (1,20). O acordo entre Isabel e Zacarias sobre o nome do menino (vv. 60.63) realiza a promessa e indica que o nome “João” (= Deus concedeu a sua graça) é de origem divina. Recebendo essa revelação como Palavra de Deus, a boca de Zacarias se abre e sua língua se solta para bendizer Deus (v. 67).
Carlos Alberto Contieri, sj

paulinas.org.br

                                                  ORAÇÃO A São João Batista
São João Batista, voz que clama no deserto: "Endireitai os caminhos do Senhor. Fazei penitência, porque no meio de vós está quem vós não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias", ajudai-me a fazer penitência das minhas faltas para que eu me torne digno do perdão daquele que vós anunciastes com estas palavras: "Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo".
São João, pregador da penitência, rogai por nós.
São João, precursor do Messias, rogai por nós.
São João, alegria do povo, rogai por nós. Amém.

segunda-feira, junho 23, 2014

É proibido julgar

HOJE, HAVERÁ MISSA ÀS 18:30.

“A droga é um mal e ante o mal não se pode ceder nem ter compromissos”, Papa Francisco

Leituras
1ª Leitura - 2Rs 17,5-8.13-15a.18
Salmo - Sl 59, 3. 4-5. 12-13 (R. 7b)
Evangelho - Mt 7,1-5

O Sermão da Montanha vai formando o coração do discípulo do Reino. Este será, fundamental, um irmão dos homens, um ser tecido de fraternidade. Jogado na existência, cada um de nós vai traçando seu caminho pessoal. E bem cedo aparece esse desafio de viver e conviver com o outro. Somos advertidos hoje, pelo Mestre do Sermão do mundo novo: “Não julgueis e não sereis julgados”. Esta é um regra de ouro para que possamos construir o mistério e a beleza da fraternidade. Não nos compete julgar, mas amar em todas as condições, melhor dizendo, incondicionalmente.

● Amar quer dizer estimar, querer bem, dedicar-se a alguém gratuita e desinteressadamente.
Há os que afirmam que amor vem do latim “a-mors” que quer dizer “não-morte”, tu não morrerás, farei o impossível para que vivas. Nem todos concordam com esta etmologia.

● Amar é promover o outro. Não deixar que se acomode, exigir carinhosamente que dê um passo à frente, que progrida, que não se instale no que foi adquirido.

●“O amor só é preservado quando é doado. Felicidade que procuramos somente para nós é algo que não existe, pois a felicidade vai sumindo aos poucos. A felicidade só é grande quando a repartimos” (Thomas Merton).

● Jesus vem do Pai, vem de graça, vem sem imposições, mas com propostas. Vem sem se impor no rosto de uma criança e termina os dias na impotência de um condenado sem defesa. Cansa-se nas andanças. Acolhe os que chegam. Não coloca condições para dar amor. Ama por primeiro. Ama mesmo aquele que lhe escarra na face.

● “Quando meus irmãos vão pelo mundo, eu lhes aconselho e lhes recomendo em nosso Senhor Jesus Cristo que evitem as discussões e brigas, não julguem os outros, mas que sejam afáveis, pacíficos modestos, cheios de mansidão e humildade, falando honestamente a todos como convém” (Regra Bulada de São Francisco 3, 10-11).
“Não julguem; não condenem; e , como diz o Senhor não reparem nos menores pecados dos outros, mas com o coração amargurado pensem antes nos seus. Esforcem-se por entrar pela porta estreita” (Regra não-bulada 11, 8-9).

● Amar é carregar os fardos uns dos outros: um cônjuge doente, os filhos em todos os momentos, os parentes que nem sempre são leais, os pais envelhecidos e nem sempre em condições de pagar a conta do armazém e da farmácia.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

sábado, junho 21, 2014

“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”

“Na Eucaristia se comunica o amor do Senhor por nós: um amor tão grande que nos nutre com Si mesmo; um amor gratuito...”, papa Francisco, 19/ 06/ 2014.

Leituras
1ª Leitura - 2Cr 24,17-25
Salmo - Sl 88,4-5. 29-30. 31-32. 33-34 (R.29a)
Evangelho - Mt 6,24-34

Uma das exortações mais decisivas de Jesus e, ao mesmo tempo, mais radicais foi recolhida por Mateus com estes termos: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

“O pensamento de Jesus é de uma lógica contundente. Deus não pode reinar entre nós, a não ser preocupando-se com todos e fazendo justiça aos que ninguém faz. Portanto, Deus só pode ser servido por aqueles que promovem a solidariedade e a fraternidade.

Por conseguinte, os ricos e privilegiados são chamados a compartilhar seus bens com os necessitados. O Pai, que ama todos os seus filhos e filhas, não pode ser servido por quem vive dominado pelo dinheiro e esquecido de seus irmãos.

Precisamente por isso, Jesus vai condenar duramente, ao longo de sua vida, aqueles que acumulam e possuem mais do que o necessário para viver, sem preocupar-se com os que, junto deles, padecem necessidade. Enquanto continuar havendo pobres e necessitados, toda a riqueza que a pessoa acumula para si mesma, sem necessidade, é “injusta”, porque está privando a outros do que necessitam.

No fundo, a riqueza de alguns pode manter-se e crescer à custa da pobreza de outros. Por isso, quem trabalha excessivamente para aumentar seu próprio capital, sem se preocupar com os necessitados, está impedindo o nascimento de uma sociedade fraterna querida por Deus. Ou se serve ao Deus que quer fraternidade entre todos os seus filhos, ou ser serve ao próprio interesse econômico.

É inútil a pessoa afirmar que vive em atitude de desapego interior de bens, se ela desfruta deles comodamente, sem maior preocupação com os outros. Quando se tem “espírito de pobre” e verdadeiro desapego interior, busca-se compartilhar de alguma maneira o que se tem para libertar os necessitados de uma pobreza desumanizadora.

Também não adianta pensar que ricos são sempre os outros. Muitos de nós também o somos, num grau ou noutro, pois rico é, em última análise, quem continua tendo só para si mais do que necessita, enquanto outros carecem do indispensável.

Alguma coisa está errada em nossa vida cristã, quando somos capazes de viver desfrutando despreocupadamente de nossas coisas, sem jamais nos sentirmos interpelados pela mensagem de Jesus e pelas necessidades dos pobres”.

José A. Pagola – O Caminho aberto por Jesus – Mateus Ed. Vozes, p. 88-89

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

sexta-feira, junho 20, 2014

Solenidade de Corpus Christi ontem

“Viver a experiência da fé significa deixar-se alimentar pelo Senhor e construir a própria existência não sobre bens materiais, mas sobre a realidade que não perece: os dons de Deus, sua Palavra e seu Corpo.” (Papa Francisco, Homilia na Solenidade de Corpus Christi, 20/06/2014)



Ontem, Fr Xavier e Fr Nivaldo, guardião da casa de Ouricuri, na missa de Corpus Christi













quinta-feira, junho 19, 2014

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

NA IGREJA DO GALO, MISSA APENAS ÀS 19:00

Leituras
1ª Leitura: Dt 8,2-3.14b-16ª 
Sl 147 
2ª Leitura: 1Cor 10,16-17 
Evangelho: Jo 6,51-59


Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

A solenidade de Corpus Christi nos coloca diante do grande tesouro da Igreja, a Eucaristia. Todos os domingos celebramos, e também todos os dias; desta vez, porém, nossa atenção concentra-se sobre o próprio Mistério da Eucaristia; acolhendo mais uma vez este dom inefável, adoramos, agradecemos, louvamos e nos alegramos no Senhor.

Os textos da liturgia de Corpus Christi fazem menção a diversos significados e percepções da fé da Igreja na Eucaristia. É “memorial” da paixão, instituída por Cristo na última ceia, pouco antes de padecer a cruz. As palavras de Jesus dão significado ao gesto da entrega do pão e do vinho aos apóstolos: “é meu corpo entregue por vós; é meu sangue, derramado por vós”.

Jesus refere-se àquilo que aconteceria logo em seguida: ele se entregou “por” nós sobre a cruz, em nosso favor; seu sangue derramado é redentor, como para os hebreus, no Egito, foi o sangue dos cordeiros pascais, untado nos umbrais das portas. A última ceia de Jesus com os apóstolos era a ceia da Páscoa judaica, na qual se comia o cordeiro pascal. Jesus lhe dá novo significado, como “ceia da nova e eterna aliança”, selada no seu próprio sangue.

A Liturgia faz constantes referências a este aspecto “sacrifical” da Eucaristia, ceia pascal dos cristãos. Antes da comunhão, a Eucaristia é apresentada ao povo com estas palavras: “eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Na cruz, Jesus é o “cordeiro imolado” entregue inteiramente pela nossa redenção, “para que não pereça todo aquele que nele crê”. Por esta “entrega por nós”, alcançamos misericórdia, perdão e vida sem fim.

A Eucaristia é também “sinal de unidade e vínculo da caridade” (S.Agostinho). Chamando a atenção da comunidade de Corinto para a dignidade da celebração eucarística, Paulo recorda que “o pão que partimos é comunhão com o corpo e o sangue de Cristo” e, portanto, “nós todos somos um só corpo”, em Cristo (cf 1Cor 10,16-17).

No Prefácio da Santa Eucaristia, o celebrante proclama: “fazeis de todos nós um só coração, iluminais os povos com a luz da mesma fé e congregais os cristãos numa mesma caridade”. A Eucaristia é banquete de irmãos à mesma mesa, unidos todos numa só família, “em Cristo”. Nela, nossa comunhão no amor de Cristo e na mesma fé da Igreja é significada e realizada. Por isso, o dissenso da fé eclesial e a orientação individualista e egoísta da vida são atitudes contrárias à participação neste sacramento.

A Eucaristia é também “pão da vida eterna”. Após o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus convida as pessoas a procurarem “o pão vivo descido do céu”, que é ele próprio: “eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo. 6,51). Cristo quer continuar a ser o alimento da nossa fé. E quem dele se nutre, “viverá para sempre” (cf Jo.6,58).

A Eucaristia é celebrada aqui na terra “até que Ele venha”. Por isso, ela também é sinal e anúncio profético da grande esperança que vem da nossa fé: aquilo que acolhemos na penumbra da fé e celebramos por sinais na terra, é o mesmo que ainda esperamos e se tornará plenamente manifesto na vida eterna: “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”.

Quanta riqueza, na Eucaristia! Não é sem razão que, em Corpus Christi, a Igreja adora e aclama este “sublime Sacramento” - “Sacramento de Jesus Cristo e da sua Igreja”! Vinde, todos, adoremos e rendamos graças ao Senhor!

cnbb.org.br

quarta-feira, junho 18, 2014

A oração feita no silêncio do nosso coração agrada a Deus!

Leituras
1ª Leitura - 2Rs 2,1.6-14
Salmo - Sl 30,20. 21. 24 (R. 25)
Evangelho - Mt 6,1-6.16-18


A Palavra de Deus vem hoje ao nosso encontro para nos ajudar a purificar as nossas intenções e as nossas atitudes em tudo aquilo que realizamos, a começar pelas nossas orações. Há pessoas que gostam de se aparecer quando estão rezando, elas conversam com você com o terço na mão, e falam para todo o mundo ver que elas estão rezando. Não, a oração que agrada a Deus não é essa, feita pela quantidade e pela demonstração que você reza.

A única Pessoa que precisa saber da sua oração é Deus, por isso a oração deve ser feita no quarto interior, no silêncio do recolhimento, onde comigo mesmo vou ao encontro d’Aquele que é o único e eterno, o Senhor Nosso Deus.

Não faça nada para ser visto, não precisa rezar em voz alta para incomodar os outros, fazer barulho para que todo mundo veja que você está rezando. A oração que agrada ao Senhor Nosso Deus é aquela que é feita no silêncio do coração! Claro que você pode falar algo, mas ninguém deve orar para chamar atenção ou para o outro dizer: “Como ele é piedoso! Como ele anda com um terço na mão e como ele reza!”. A oração que agrada o coração do nosso Deus é outra.

Da mesma forma, a nossa caridade precisa ser exemplar, deve ser uma caridade inflamada, mas não deve ser feita para colocar uma placa sobre nós: “Olha como eu sou caridoso! Olha como eu gosto de dar esmola e como ajudo os outros!”. Não deve ser assim. Como nos ensina Jesus, que a sua mão direita não saiba o que fez a sua esquerda (cf. Mt 6,1-4).

Ajude o seu próximo, atenda o necessitado e socorra a quem está precisando. E pode ter certeza de que lá onde só Deus está vendo, Ele mesmo vai recompensar aquela caridade que você faz de forma silenciosa. Não faça nada na vida esperando receber retorno, troco; não faça nada na vida esperando receber “muito obrigado”, agradecimento, nem para quem você exerceu a sua caridade. A caridade precisa ser, mais do que qualquer coisa, exercida de forma gratuita, nunca esperando agradecimento, quanto menos reconhecimento!

Nós precisamos de sacrifício interior, precisamos, muitas vezes, nos penitenciar, precisamos fazer jejum, precisamos nos sacrificar disso e daquilo. Só não precisamos fazer propaganda, só não precisamos andar com a cara amarrada, só não precisamos andar com o espírito abatido para que os outros se compadeçam de nós.

Tudo que é feito com gratuidade, para que o coração de Deus entenda, produz frutos, os quais duram por toda a eternidade.

Deus abençoe você!

Pe Roger Araujo
cancaonova.com

terça-feira, junho 17, 2014

SEMANA DE CONVIVÊNCIA VOCACIONAL, de 15 à 22 de junho

HOJE TEREMOS MISSA NO HORÁRIO NORMAL DAS 18:30 MAS, NÃO HAVERÁ A CARISMÁTICA

“O único caminho para vencer o pecado da corrupção é o serviço aos outros que purifica o coração.”  Papa Francisco, Homilia na Casa Santa Marta, 16/06/2014



Esta semana, Natal recebe jovens da nossa Província ( AL, PE, PB e RN ) para uma convivência mais intensa voltada para a vida religiosa capuchinha. O encontro é promovido pela Secretaria de Formação Inicial, sob a condução dos freis José Roberto, Jose Nivaldo e Jordão. Na foto, a apresentação do grupo de 27 jovens por frei José Roberto na missa das 18:30, ontem.


segunda-feira, junho 16, 2014

Um amor generosamente grande

“É o Espírito Santo que nos comunica a vida divina e nos faz entrar no dinamismo da Trindade – um dinamismo de amor, de comunhão, de serviço recíproco, de partilha” 
Papa Francisco, 15/06/2014


LITURGIA DIÁRIA - 16 DE JUNHO DE 2014
Verde. 2ª-feira da 11ª Semana Tempo Comum 

Leituras
1ª Leitura - 1Rs 21,1-16
Salmo - Sl 5, 2-3. 5-6. 7 (R. 2b)
Evangelho - Mt 5,38-42

Há coisas importantes na vida e coisas menos importantes. A saúde é dom precioso, alegria de viver no ajudar a continuar a caminhada, os recursos materiais indispensáveis para uma vida digna nos fazem menos preocupados. Importante mesmo e de verdade é amar generosamente. Seremos julgados no amor.

Há esses gestos simples e cotidianos: uma palavra de agradecimento, um gesto simples que colocamos ou que outros colocam. Há esses amores todos, muitos é verdade, em caminho de purificação. Há o amor dos esposos, esse dom de todo dia, essa repetição nova de uma promessa de bem-querer. Há esse cuidado com pessoas doentes que precisam de tempo, atenção, coragem, renúncia, recursos financeiros. Sim, felizes os que amam generosamente. Há viúvas e órfãos, pessoas que vivem solidão terrível que precisam de atenção, de carinho e de tempo.

Há, de modo todo especial, o amor e o perdão a ser propiciado aos “malvados”.

“Se alguém te esquecer, se alguém te colocar no ultimo lugar, se alguém divulgar coisas secretas que te envergonham, se alguém te defraudar. “Pelo contrário se alguém te dá um tapa na face direita oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto. Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele”. Essa é a nova lei do amor generosamente grande.

Quantos sofrimentos, quantas injustiças, quantos algozes, quantos inconsequentes que matam o corpo ou ferem o espírito. Cristo é o pregador da não violência. Será preciso perdoar. Não existe nada mais importante do que amor que se manifesta de maneira altíssima na generosidade do perdão.

Frei Almir Ribeiro Guimarães 
franciscanos.org.br

domingo, junho 15, 2014

A Ronda Paz e Bem e os desabrigados de Natal hoje

Hoje, a Ronda Paz e Bem não distribuiu sopa à noite. A equipe se reuniu de manhã e decidiu que seria mais útil distribuir água, roupa, lençóis, café com leite e sanduíche para os moradores de rua já assistidos na rota que é feita todo domingo e aos desabrigados das fortes chuvas que assolam nossa capital desde sexta-feira passada.

Assim, com o comprometimento e disponibilidade de parte da equipe, o trabalho foi feito com sucesso. A convocação, a preparação, a distribuição e a intercessão dos que não puderam ir pelo bom resultado do trabalho. Cada um no seu papel, contribuiu para que, neste dia que a nossa igreja comemora a Santíssima Trindade, levássemos alimento aos que tinham fome, roupa aos que tinham frio e auxílio ao que estava doente, cumprindo a missão da Ronda Paz e Bem: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. Mt 25,40”.

Paz e Bem



















Solenidade da Santíssima Trindade - O DEUS DE AMOR

“Não resistamos ao Espírito Santo, mas sejamos dóceis à sua ação que renova a nós mesmos, à Igreja e ao mundo.” ( Papa Francisco, twitter 13/06/2014 )


 Fr Walden, presidindo a celebração das 10h


LEITURAS
1ª leitura: (Ex 34,4b-6.8-9) Javé revela seu íntimo: o Deus de misericórdia e fidelidade 
Salmo - Dn 3, 52.53.54-55.56 (R.52b)
2ª leitura: (2Cor 13,11-13) A graça do Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo
Evangelho: (Jo 3,16-18) O amor de Deus revela-se no dom de seu Filho único 



O tempo pascal nos colocou diante dos olhos a unidade da obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Cristo veio cumprir a obra do Pai e nos deu seu Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos o que ele fundou, renovando-o constantemente, neste mesmo Espírito. Assim, a festa de hoje vem completar o tempo pascal, como uma espécie de síntese. Síntese, porém, não intelectual (isso seria como a criança, de que fala Agostinho, que queria colocar o mar num pocinho na areia), mas “misterial”, isto é, celebrando a nossa participação na obra das pessoas divinas.

Como ponto de partida podemos tomar o evangelho, que, aludindo ao sacrifício de Isaac (“filho único”) por Abraão, proclama que a obra de Cristo é o plano do amor do Pai para com o mundo. Quem o aceita na fé, está salvo. O Deus que em Jesus Cristo se manifesta (cf. Jo 1,18) é o Deus da “graça e verdade” (Jo 1,14.16s), o que se pode traduzir também, conforme a índole da língua hebraica, por “amor e fidelidade”. A 1ª leitura nos confronta com o texto mais característico do Antigo Testamento a falar nesse sentido: Deus é compassivo e misericordioso, lento para cólera, rico em bondade e fidelidade (Ex 34,6). Diante deste Deus, sentimos o peso do pecado, mas também o desejo de ser seu (Ex 34,9).

Não há oposição entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo. É verdade que o A.T. não oferecia uma visão completa sobre Deus; Moisés só pôde ver Deus de costas (Ex 33,23), de modo que João tem razão quando diz que ninguém jamais viu Deus, mas o Filho unigênito o deu a conhecer (1,18), pois, quem vê Jesus, vê Deus mesmo (14,9). Mas o Deus do Antigo Testamento é o mesmo Deus do Novo. Deus é um só: o Deus de amor (1Jo 4,8.16). Nós é que temos, às vezes, visões muito parciais dele. Mas em Cristo, ele se deu a conhecer como aquele que ama o mundo até entregar por ele seu próprio filho (evangelho).

Assim, o mistério que nos envolve, hoje, é o da unidade do Pai e do Filho, no seu amor para o mundo (compare Jo 3,16 com 1Jo 3,16). Esta unidade no amor para dentro e para fora, Agostinho a identificou como Espírito Santo. O Espírito de Deus é de amor e unidade (cf. Pentecostes).

Daí ser bem adequada a saudação final de Paulo aos Coríntios (2ª leitura), desejando-lhes o Deus da paz e pedindo que eles se saúdem com o “beijo santo” (o nosso “abraço da paz”), no nome das três pessoas divinas, que ele caracteriza como segue: o Filho, graça; o Pai, amor; o Espírito, comunhão (cf. a saudação inicial da missa).

O prefácio próprio traz as fórmulas consagradas: três pessoas em um Deus, mesma natureza e igual majestade... A teologia recorreu à distinção filosófica entre o ser como essência (natureza: o que se é) e como subsistência (existência, pessoa: aquele que é), para expressar o “mistério” que consiste em encontrarmo-nos com o Deus único, tanto na obra do Cristo, quanto na criação e na história salvífica, como também no Espírito que age na Igreja e no mundo. A experiência de Deus se fez – sem diminuição e sempre essencialmente a mesma – em Cristo e no Espírito que anima a Igreja. Portanto, o mistério da SS. Trindade é outra coisa que um problema especulativo; é um dado da experiência cristã. É, sobretudo, experiência de um Deus amoroso.

Uma pista para a atualização desta mensagem: nosso povo simples é muito comunicativo, partilha a tal ponto seus bens, pensamentos e sentimentos que, às vezes, não faz diferença a gente falar com fulano ou com sicrano: falando com um, fala-se com o outro. Falar com o filho da casa é a mesma coisa que falar com o pai: duas pessoas distintas, mas a “causa” (“o negócio”) é a mesma. Assim também as Pessoas divinas; e a “causa” comum delas é seu próprio ser: amor e fidelidade. 


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sábado, junho 14, 2014

NÃO SE DEVE JURAR

“Que o Senhor nos dê a graça de deixar-nos preparar todos os dias o caminho da nossa vida, para que possamos testemunhar a salvação de Jesus.”
(Papa Francisco, homilia na Casa Santa Marta, 13/06/2014)


Verde. Sábado da 10ª Semana Tempo Comum
Leituras
1ª Leitura - 1Rs 19,19-21
Salmo - Sl 15, 1-2a.5. 7-8. 9-10 (R. Cf. 5a)
Evangelho - Mt 5,33-37



A Lei proibia apenas o juramento falso e exigia o cumprimento do juramento feito. Jesus foi além, proibindo qualquer forma de juramento. Portanto, o discípulo do Reino deveria evitar servir-se deste expediente para dar credibilidade à sua palavra.
O rigor de Jesus visava criar no coração do discípulo um clima de sinceridade e transparência, a ponto de não precisar recorrer ao artifício do juramento quando falasse ou prometesse algo. A mentira e o dolo são incompatíveis com o proceder do discípulo do Reino. Quem recorre a expedientes deste tipo, renega sua adesão ao Senhor.
Outro objetivo da proibição de Jesus era evitar a vulgarização de Deus. O juramento falso infringe o mandamento que veta usar em vão do nome de Deus. O discípulo autêntico não tem necessidade de, a cada passo, lançar mão deste recurso para fazer-se crido. O sim do discípulo é sim e o não é não. Não lhe interessa enganar. Tudo quanto é dito fora destes limites não vem de Deus, por isso tem que ser evitado.
A formulação tradicional do mandamento, no pensar de Jesus, não era suficiente para garantir relações sadias no interior da comunidade cristã. A necessidade de continuamente invocar o nome de Deus, para garantir o trato mútuo, podia ser indício de que o Reino ainda não tinha chegado a transformar o interior do discípulo.

Oração
Senhor Jesus, dá-me a graça da sinceridade e da transparência, para que eu seja sempre honesto no trato com o meu próximo.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE 


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sexta-feira, junho 13, 2014

13 de junho - SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA E LISBOA

MISSAS SOLENES ÀS 6:30, 10:00H E 18:30

Sacerdote, doutor Evangélico da Primeira Ordem (1191-1231). Canonizado por Gregório IX no dia 30 de maio de 1232 

Antônio de Pádua ou – como também é conhecido – de Lisboa, referindo-se à sua cidade natal. Trata-se de um dos santos mais populares de toda a Igreja Católica, venerado não somente em Pádua, onde se erigiu uma esplêndida basílica que recolhe seus restos mortais, mas no mundo inteiro. São queridas dos fiéis as imagens e estátuas que o representam com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, lembrando uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.

Antônio contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com seus fortes traços de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e, principalmente, fervor místico.

Ele nasceu em Lisboa de uma família nobre, por volta de 1195, e foi batizado com o nome de Fernando. Começou a fazer parte dos cônegos que seguiam a regra monástica de Santo Agostinho, primeiro no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no da Santa Cruz, em Coimbra, renomado centro cultural de Portugal. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo aquela ciência teológica que o fez frutificar nas atividades de ensino e na pregação.

Em Coimbra, aconteceu um fato que marcou uma mudança decisiva em sua vida: em 1220, foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos que haviam se dirigido a Marrocos, onde encontraram o martírio. Este acontecimento fez nascer no jovem Fernando o desejo de imitá-los e de avançar no caminho da perfeição cristã: então ele pediu para deixar os cônegos agostinianos e converter-se em frade menor. Sua petição foi acolhida e, tomando o nome de Antônio, também ele partiu para Marrocos, mas a Providência divina dispôs outra coisa.

Por causa de uma doença, ele se viu obrigado a voltar à Itália e, em 1221, participou do famoso “Capítulo das Esteiras” em Assis, onde também encontrou São Francisco. Depois disso, viveu por algum tempo escondido totalmente em um convento perto de Forlì, no norte da Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão. Convidado, por circunstâncias totalmente casuais, a pregar por ocasião da uma ordenação sacerdotal, Antônio mostrou estar dotado de tal ciência e eloquência, que os superiores o destinaram à pregação. Ele começou assim, na Itália e na França, uma atividade apostólica tão intensa e eficaz, que levou muitas pessoas que haviam se separado da Igreja a voltar atrás. Esteve também entre os primeiros professores de teologia dos Frades menores, talvez inclusive o primeiro. Começou a lecionar em Bolonha, com a bênção de Francisco, o qual, reconhecendo as virtudes de Antônio, enviou-lhe uma breve carta com estas palavras: “Eu gostaria que você lecionasse teologia aos frades”. Antônio colocou as bases da teologia franciscana que, cultivada por outras insignes figuras de pensadores, teria conhecido seu zênite com São Boaventura de Bagnoregio e o beato Duns Scotus.

Nomeado como superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional, continuou com o ministério da pregação, alternando-o com as tarefas de governo. Concluído o mandato de provincial, retirou-se perto de Pádua, onde já havia estado outras vezes. Depois de apenas um ano, morreu nas portas da Cidade, no dia 13 de junho de 1231. Pádua, que o havia acolhido com afeto e veneração em vida, prestou-lhe sempre honra e devoção. O próprio Papa Gregório IX – que, depois de tê-lo escutado pregar, definiu-o como “Arca do Testamento” – canonizou-o em 1232, também a partir dos milagres ocorridos por sua intercessão.

No último período da sua vida, Antônio escreveu dois ciclos de “Sermões”, intitulados, respectivamente, “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os santos”, destinados aos pregadores e professores de estudos teológicos da ordem franciscana. Neles, comentou os textos da Sagrada Escritura apresentados pela liturgia, utilizando a interpretação patrístico-medieval dos quatro sentidos: o literal ou histórico, o alegórico ou cristológico, o tropológico ou moral e o analógico, que orienta à vida eterna. Trata-se de textos teológicos-homiléticos, que recolhem a pregação viva, na qual Antônio propõe um verdadeiro e próprio itinerário de vida cristã. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos “Sermões”, que o venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque destes escritos surge a frescura e beleza do Evangelho; ainda hoje podemos lê-los com grande proveito espiritual.

Nos “Sermões”, ele fala da oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar docemente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que envolve suavemente a alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da alma. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor franciscano, a oração se compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim de Antônio, definem-se como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarum actio. Poderíamos traduzi-las assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.

Neste ensinamento de Santo Antônio sobre a oração, conhecemos um dos traços específicos da teologia franciscana, da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel designado ao amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte de onde brota um conhecimento espiritual que ultrapassa todo conhecimento. Antônio escreve: “A caridade é a alma da fé, é o que a torna viva; sem o amor, a fé morre” (Sermões Dominicais e Festivos II).

Só uma alma que reza pode realizar progressos na vida espiritual: este foi o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio. Ele conhecia bem os defeitos da natureza humana, a tendência a cair no pecado; por isso, exortava continuamente a combater a inclinação à cobiça, ao orgulho, à impureza e a praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza.

No começo do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por este motivo, Antônio convidou os fiéis muitas vezes a pensar na verdadeira riqueza, a do coração, que, tornando-os bons e misericordiosos, leva-os a acumular tesouros para o céu. “Ó ricos – exorta – tornai-vos amigos (…); os pobres, acolhei-os em vossas casas: serão depois eles que os acolherão nos eternos tabernáculos, onde está a beleza da paz, a confiança da segurança e a opulenta quietude da saciedade eterna” (Ibid.).

Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação. Este é outro traço típico da teologia franciscana: o cristocentrismo. Alegremente, ela contempla e convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor, particularmente o do Natal, que suscitam sentimentos de amor e gratidão pela bondade divina.

Também a visão do Crucificado lhe inspira pensamentos de reconhecimento a Deus e de estima pela dignidade da pessoa humana, de forma que todos, crentes e não crentes, possam encontrar um significado que enriquece a vida. Antônio escreve: “Cristo, que é a tua vida, está pregado diante de ti, porque tu vês a cruz como em um espelho. Nela poderás conhecer quão mortais foram tuas feridas, que nenhum remédio teria podido curar, a não ser o sangue do Filho de Deus. Se olhas bem, poderás perceber quão grandes são tua dignidade e teu valor (…). Em nenhum outro lugar o homem pode perceber melhor o quanto vale, a não ser no espelho da cruz” (Sermões Dominicais e Festivos III).

Que Antônio de Pádua, tão venerado pelos fiéis, interceda pela Igreja inteira, sobretudo por aqueles que se dedicam à pregação. Que estes, inspirando-se em seu exemplo, procurem unir a doutrina sã e sólida, a piedade sincera e fervorosa e a incisividade da comunicação.


Fonte: Catequese do Papa Bento XVI
franciscanos.org.br


Pia União de Santo Antônio

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