Leituras
1ª Leitura - Dt 7,6-11
2ª Leitura - 1Jo 4,7-16
Salmo - Sl 102,1-2.3-4.6-7.8 10 (R. 17)
Evangelho - Mt 11,25-30
A ADORÁVEL CHAGA NO LADO DO REDENTOR
Do seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e com o sangue, os sacramentos da Igreja, para que todos atraídos ao seu coração, pudessem beber com perene alegria, na fonte salvadora (Prefácio da Solenidade do Coração de Jesus)
A liturgia da solenidade do Coração de Jesus neste ano de 2014 nos propõe uma primeira leitura tirada do livro do Deuteronômio. Há como que uma declaração de amor. “O Senhor Deus se afeiçoou a vós e vos escolheu, não por serdes mais numerosos que os outros povos – na verdade, sois o menor de todos -, mas sim porque o Senhor vos amou e quis cumprir o juramento que fez a vossos pais”. O texto nos leva a contemplar a cena do Calvário, onde um Deus fornalha de amor, enfrentando todos os desafios possíveis, morre de amor e verte o sangue da nova e eterna aliança. Os discípulos do Senhor costumam contemplar essa cena tocante com todo respeito. Fomos e continuamos sendo objeto do amor gratuito do Amor que busca ser amado. Esse lado aberto nos lava, nos alimenta, nos purifica.
A primeira carta de João, lida como segunda leitura, afirma: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e nos enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados!” Sempre de novo, diante de nossos olhos e em nosso interior, esse movimento de amor de um Deus que busca os seres humanos desejosos de viver em comunhão com e eles e prepará-los para a festa do amor nesse espaço que chamamos, de para sempre, eternidade. Não há outra conclusão: amor se paga com amor. “Deus é amor: quem permanece no amor permanece com Deus com Deus e Deus permanece com ele”.
O primeiro evangelista fixou por escrito uma das mais belas preces de todos os tempos e que saiu dos lábios de Jesus: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Que coisas são essas? Jesus elogia os simples, os pequenos, os que têm a mão estendida como os pobres, os que buscam contemplar o rosto do Altíssimo que não se faz presente na vida dos satisfeitos e dos que resolvem seus problemas com seus arranjos e engenhos. Ele quer levar os pequenos que o escutam ao Pai. “Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”. Esse Jesus do peito dilacerado mostra de onde ele vem e para onde quer levar os pequenos e humildes, os verdadeiros pobres.
Finalmente, aquele que é simples, bom e manso de coração pede que aos seus que não tenham receio de ir até ele e a ele se entregarem. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e vós encontrareis descanso”.
Terminamos com estas sugestivas palavras do salmista que contempla o rochedo do Senhor. Para os devotos do Coração de Jesus, o peito de Jesus é esse rochedo-refúgio: “Conduzi-me às alturas do rochedo, e deixai-me descansar nesse lugar! Pois sois o meu refúgio e fortaleza, torre forte na presença do inimigo” (Sl 60/61, 3-4).
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br