Arcebispo de Uberaba (MG)
Na dimensão do Novo Plano Diocesano de Pastoral, celebramos os indicativos do Papa Bento XVI sobre o Ano da Fé. O momento é de enfrentamento dos desafios da nova cultura, supondo o empenho por uma Nova Evangelização. É hora de ir às fontes da fé, à Palavra de Deus, aos Documentos do Concílio Vaticano II e ao Catecismo da Igreja Católica, ambos solidificados pelo Espírito Santo na História e na Tradição da Igreja.
Na Carta “Porta Fidei” descobrimos que “a Fé é a Porta”, porta de entrada, que “implica embrenhar-se num caminho novo que dura a vida inteira” (Porta Fidei, 1), que evidencia a necessidade do encontro pessoal e permanente com Jesus Cristo. E Jesus mesmo disse: “Eu sou a porta” (Jo 10, 9). Porta que depende de fé viva, principalmente sabendo que Ele é sempre “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6).
Será que já entramos pela Porta da Fé, tornando-nos cristãos praticantes e comprometidos com o Reino de Deus? Já fizemos o caminho de iniciação à vida cristã como estão pedindo os bispos nas atuais Diretrizes Evangelizadoras na Igreja do Brasil? Como diz Bento XVI: Estamos preocupados com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, deixando de lado a fé em si mesma, que pode ser até uma negação dela?
Estamos conscientes de que o caminho da fé só é possível com a força de Deus, o amor de Cristo no dom do Espírito Santo. É importante esta certeza, porque só com as forças naturais somos incapazes de percorrer um caminho que defenda a vida com dignidade e em conformidade com o projeto da Palavra de Deus. Devemos ir ao poço como o fez a samaritana através do encontro com Jesus (Jo 4, 14).
Ser discípulo exige intimidade com a Palavra de Deus e ter gosto por ela, tê-la como alimento para nossa fé. Por isto deve ser lida, escutada, meditada, rezada, contemplada e colocada em ação na convivência comunitária. No caminho do Ano da Fé, a Leitura Orante da Palavra de Deus é muito significativa e sugestionadora de novas atitudes de vida. É como beber na fonte de água pura e que dura para sempre.
Um destaque importante no Ano da Fé é a Celebração da Eucaristia. É espaço de contato com Cristo na Palavra ali proclamada e no Pão partilhado. É fundamental que as Celebrações sejam bem preparadas e participadas, revelando a riqueza da vida sacramental, capaz de abastecer a vida de fé e os compromissos que o cristão deve assumir como construtor da vida em Deus na nova cultura.
Necessitamos de uma Igreja que reza para dar vitalidade a sua fé. Oração pessoal, comunitária e litúrgica, sabendo que tudo isto expressa sintonia com os compromissos do batismo, no caminho de salvação. Quando rezamos, é a Igreja que reza. Que o Ano da Fé seja de mais oração e de maior compromisso com o conteúdo perene da fé contido e proclamado na recitação, ou na profissão de fé, isto é, no Credo.
Diz o Papa que “o Ano da Fé seja uma ocasião para intensificar o testemunho da caridade”, porque a fé sem caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento sujeito a dúvidas. Fé e caridade são fontes de testemunho de vida cristã, capaz de atrair outros a entrar pela porta da fé. Só na caridade que a nossa fé se torna testemunho que anuncia a salvação e atrai as pessoas para a vida cristã.
Acreditar em Deus significa aceitar livremente o mistério da fé. Para isto temos que usar todos os momentos formativos, tendo como uma das fontes o Catecismo da Igreja Católica. Estando conscientes, devemos ir ao encontro daqueles que ainda não fizeram a experiência de crer. A “Nova Evangelização” exige que, neste ano, seja reavivado o nosso zelo apostólico, que é sempre a alegria de partilhar a esperança com quem ainda não percebe os mistérios de Deus.
Esperamos que toda nossa Arquidiocese se mobilize, de forma efetiva, dentro do pedido de Bento XVI para o Ano da Fé. Isto deve acontecer nas celebrações, na catequese, nos momentos formativos, nos encontros de casais, de jovens, nos grupos de reflexão, na convivência familiar e comunitária etc. É um tempo privilegiado da ação do Espírito Santo na vida da Igreja e, de modo especial, para nossa Igreja Particular.
Maria, a Mãe de Jesus Cristo, e nossa Mãe, a “Estrela da Evangelização”, também da “Nova Evangelização”, seja o itinerário do Ano da Fé para todos nós. Ela, aberta ao convite do Anjo e determinada no seu SIM, seja nossa guia, com o título de Nossa Senhora da Abadia, padroeira da cidade de Uberaba e de paróquias de nossa Arquidiocese. Que Deus, através dela, nos abençoe.
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