Para relembrar o feito dos pescadores que retiraram o caixote do mar na manhã de 21 de novembro de 1753, a Arquidiocese de Natal montou uma programação especial para a tradicional missa na Pedra do Rosário e procissão de encerramento da festa de Nossa Senhora da Apresentação este ano. As celebrações incluem vigília, procissão fluvial, missas e quermesses. "Já são 259 anos da presença de Maria nas nossas vidas", comentou o pároco da Arquidiocese de Natal, Valdir Cândido.
Ele ressaltou, ainda, que a cada ano a festa de Nossa Senhora da Apresentação cresce, congregando cada vez mais jovens, adultos e idosos. Para a missa na Pedra do Rosário, na madrugada desta quarta-feira (21), a expectativa é de que aproximadamente 70 mil pessoas compareçam à Avenida do Contorno, às margens do rio Potengi. "A cada ano a festa aumenta, seja na missa na Pedra do Rosário, seja na procissão de encerramento no final da tarde", afirmou o pároco. A programação religiosa para o feriado santo inclui celebrações a partir da meia-noite desta quarta.
A História de Nossa Senhora da Apresentação
De acordo com o historiador Itamar de Souza, a história da Padroeira de Natal baseia-se na tradição oral. Ele salienta que, mesmo sem ter aqui uma imagem, Nossa Senhora da Apresentação é a Padroeira desde os primórdios da vida cristã da comunidade natalense. Em 1990, numa carta encaminhada ao monsenhor Severino Bezerra, chanceler da Cúria e historiador da Arquidiocese de Natal, fazendo-lhe algumas indagações sobre o orago (santo a que é dedicado um templo ou capela) de Natal, a surpresa.
Na sua carta resposta, o monsenhor fez a seguinte revelação: "Em 29 de março de 1718, antes da chegada de Nossa Senhora da Apresentação, num inventário por morte de Joana de Barros, em Goianinha, entre as dívidas deixadas pela falecida está: esmola de 5.000 (cinco mil) réis à Nossa Senhora da Apresentação. Só 35 anos depois foi o encontro da imagem (Carta datada de 20 de maio de 1900".
Itamar de Souza, em seus escritos publicados no Fascículo Nova História de Natal, afirma que esta revelação corrobora com o que Frei Agostinho de Santa Maria escreveu num livro publicado, em Lisboa, em 1722, citado pelo historiador Luís da Câmara Cascudo: "Na capela-mor daquela matriz se colocou pouco depois um grande e famoso quadro de pintura, em que se vê o mesmo mistério da Senhora historiado... A sua festividade se lhe celebra em 21 de novembro, que é o dia em que a Senhora foi oferecida ao Senhor da Glória". (1980:122).
Conta a tradição que na manhã de 21 de novembro de 1753, pescadores encontraram na margem direita do Rio Potengi, na confrontação da Igreja do Rosário, um caixote que estava encalhado numa pedra. Quando abriram-no, encontraram uma imagem da mãe de Jesus com um menino no colo.
A referida imagem tinha uma mão estendida, aparentando sustentar alguma coisa. Logo, deduziram que fosse um rosário. Avisado sobre a novidade daquela descoberta, o vigário da Paróquia, Pe. Manoel Correia Gomes pressuroso, dirigiu-se ao local e, incontinenti, conduziu o vulto para a Matriz, ciente de que se tratava de um ícone de Nossa Senhora do Rosário.
Entretanto, como 21 de novembro é, no calendário litúrgico da Igreja Católica, o dia em que se festeja a apresentação da Mãe de Jesus no Templo, deram à imagem que apareceu no Rio Potengi o nome de Nossa Senhora da Apresentação. A esta altura, é oportuno lembrar que a Festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo foi instituída pela Igreja Católica no ano de 1571.
www.g1.globocom/rn