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Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



segunda-feira, abril 28, 2014

Nascer, nascer de novo, nascer para sempre

Segunda-feira da segunda semana da Páscoa
Atos 4,23-31; João 3, 1-8

Ficamos sempre profundamente admirados com a força do mistério da vida: essas flores generosas e esplendorosas, o movimento das ondas do mar, o manso ruído da água descendo pelas pedras, uma manhã ensolarada, uma noite de trovoada, esses passarinhos que fazem ninhos nas plantas da varanda, colibris e pintassilgos, a criança que alegre corre, os jovens de corpos esbeltos e a graça da dança dos casados na festa de casamento. Vida viver, viver em plenitude.

De outro lado há essas pessoas jogadas à beira da estada: uns mortos de fome, outros sem entusiasmo, esses casados que empurram a vida para adiante sem mais, essas pessoas vazias que nada têm a dizer umas às outras, esses garotos que gravam o momento em que assassinaram uma namorada para depois mostrar aos colegas, gente profundamente vazia…mortos em vida.

Nascer de novo, nascer do alto. Uma coisa é nascer do seio de uma mulher. Outra coisa é nascer do alto. Ouvimos hoje a conversa de Jesus com Nicodemos. Este homem sincero não quer mais viver por viver. Meio temoroso de ser visto por seus pares do farisaísmo procura o Mestre à noite. Há uma aproximação de Nicodemos com o mundo de Jesus. Ele se sente fascinado: ninguém pode fazer os sinais que ele faz sem que Deus esteja com ele. O fariseu quer compreender melhor todas as coisas. Jesus fala então de um nascimento. Será preciso nascer do alto para ver o Reino de Deus, para viver de outra maneira. Nicodemos pede explicação: “Como é que alguém pode nascer se já tem idade? Com poderá entrar no seio da mãe?”

Os versículos que transcrevemos são dos mais belos e mãos profundos do Novo Testamento e merecem nossa detida meditação: “Em verdade, em verdade eu te digo que se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é Espírito. Não te admires por eu haver dito; ‘Vós deveis nascer do alto’. O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem e para onde vai. Assim, acontece com todo aquele que nasce do Espírito”.

Num determinado momento de nossa caminhada humana nos damos conta do fascínio de Jesus, do Vivo que é nosso Mestre. Tudo nele nos toca: seu mundo, sua fala. Suas promessas nos enchem de profunda alegria e nos fazem respirar esperança. Vivemos nossa vida, corremos, amamos, sofremos, vivemos. De repente nos damos conta que será preciso um nascimento novo. Falamos, então, de um nascimento espiritual. Trata-se de um nascer para Deus para si. Sylvie Robert, religiosa francesa, falando do nascimento espiritual assim se exprime: “O nascimento espiritual, no cristianismo, sempre tem duas facetas: nascer a Deus e nascer a si mesmo, inseparavelmente. A interioridade cristã é dialogal, não solitária; ela se revela pelo encontro com Deus e sua iniciativa. Libertamo-nos do peso do passado, do sofrimento que nos esmaga e do pecado que pode nos tritura. Na medida em que entramos num processo de conversão e somos lavados pela água do peito do Esposo, somos criaturas novas. Nascemos de novo. Nascemos do Alto e do Espírito”. Vale transcrever estas linhas de Thomas Merton que descreve uma experiência que teve numa igreja onde o Senhor o tocara: “Caminhava sem pressa pela Broadway ensolarada e meu olhar pairava sobre um mundo novo. Não compreendia bem o que me fazia tão feliz, tão cheio de paz, tão contente com a vida (…). O que eu sei é que estava entrando num mundo novo”.

Felizes os que nascem de novo, da água e do Espírito…

Frei Almir Ribeiro Guimarães
www.franciscanos.org.br

Pia União de Santo Antônio

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