SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



quinta-feira, julho 31, 2014

31 de Julho - Santo Inácio de Loyola

Iñigo Lopez de Loyola, este era o seu nome de batismo, nasceu numa família cristã, nobre e muito rica, na cidade de Azpeitia, da província basca de Guipuzcoa, na Espanha, no ano de 1491. O mais novo de treze filhos, foi educado, com todo cuidado, para tornar-se um perfeito fidalgo. Cresceu apreciando os luxos da corte, praticando esportes, principalmente os eqüestres, seus preferidos.

Em 1506, a família Lopez de Loyola estava a serviço de João Velásquez de Cuellar, tesoureiro do reino de Castela, do qual era aparentada. No ano seguinte, Iñigo tornou-se pagem e cortesão no castelo desse senhor. Lá, aprimorou sua cultura, fez-se um exímio cavaleiro e tomou gosto pelas aventuras militares. Era um homem que valorizava mais o orgulho do que a luxúria.

Dez anos depois, em 1517, optou pela carreira militar. Por isso foi prestar serviços a um outro parente, não menos importante, o duque de Najera e vice-rei de Navarra, o qual defendeu em várias batalhas, militares e diplomáticas.

Mas, em 20 de maio de 1521, uma bala de canhão mudou sua vida. Ferido por ela na tíbia da perna esquerda, durante a defesa da cidade de Pamplona, ficou um longo tempo em convalescença. Nesse meio tempo, meio por acaso, trocou a leitura dos romances de infantaria e guerra, por livros sobre a vida dos santos e a Paixão de Cristo. E assim foi tocado pela graça. Incentivado por uma de suas irmãs, que cuidava dele, não voltou mais aos livros que antes adorava, passando a ler somente livros religiosos. Já curado, trocou a vida de militar por uma vida de dedicação a Deus. Foi, então, à capela do santuário de Nossa Senhora de Montserrat, pendurou sua espada no altar e deu as costas ao mundo da corte e das pompas.

Durante um ano, de 1522 a 1523, viveu retirado numa caverna em Manresa, como eremita e mendigo, o tempo todo em penitência, na solidão e passando as mais duras necessidades. Lá, durante esse período, preparou a base do seu livro mais importante: "Exercícios espirituais". E sua vida mudou tanto que do campo de batalhas passou a transitar no campo das idéias, indo estudar filosofia e teologia em Paris e Veneza.

Em Paris, em 15 de agosto de 1534, juntaram-se a ele mais seis companheiros, e fundaram a Companhia de Jesus. Entre eles estava Francisco Xavier, que se tornou um dos maiores missionários da Ordem e também santo da Igreja. Mas todos só se ordenaram sacerdotes em 1537, quando concluíram os estudos, ocasião em que Iñigo tomou o nome de Inácio. Três anos depois, o papa Paulo III aprovou a nova Ordem e Inácio de Loyola foi escolhido para o cargo de superior-geral.

Ele preparou e enviou os missionários jesuítas ao mundo todo, para fixarem o cristianismo, especialmente aos nativos pagãos das terras do novo continente. Entretanto, desde que esteve no cargo de geral da Ordem, Inácio nunca gozou de boa saúde. Muito debilitado, morreu no dia 31 de julho de 1556, em Roma, na Itália.

A sua contribuição para a Igreja e para a humanidade foi a sua visão do catolicismo, que veio de sua incessante busca interior e que resultou em definições e obras cada vez mais atuais e presentes nos nossos dias. Foi canonizado pelo papa Gregório XV em 1622. A sua festa é celebrada, na data de sua morte, nos quatro cantos do planeta onde os jesuítas atuam. Santo Inácio de Loyola foi declarado Padroeiro de Todos os Retiros Espirituais pelo papa Pio XI em 1922.
paulinas.org.br


Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade e a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo vós me destes com amor. Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo. Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade. Dai-me somente o vosso amor, vossa graça. Isto me basta, nada mais quero pedir.

Especial: Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: o perdão de Assis - 02 de agosto

No calendário litúrgico franciscano, o dia 2 de agosto é dedicado à celebração da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, popularmente conhecida como “Porciúncula”. Na introdução do texto litúrgico do missal e da liturgia das horas, se diz o seguinte:

“O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula. Aí deu início à Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. Foi aí também que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência , que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas. Para celebrar tantos e tão grandes favores ali recebidos de Deus, instituiu-se também esta Festa Litúrgica, como aniversário da consagração da pequenina ermida”.


Como São Francisco pediu e obteve a indulgência do perdão

Segundo o testemunho de Bartolomeu de Pisa, a origem da Indulgência da Porciúncula se deu assim:
Uma noite, do ano do Senhor de 1216, Francisco estava compenetrado na oração e na contemplação na igrejinha da Porciúncula, perto de Assis, quando, repentinamente, a igrejinha ficou repleta de uma vivíssima luz e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, circundados de uma multidão de anjos. Francisco, em silêncio e com a face por terra, adorou a seu Senhor.

Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. A resposta de Francisco foi imediata: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero pecador, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão a visitar esta igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.

O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho portanto o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”.

E imediatamente, Francisco se apresentou ao Pontífice Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perusia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e disse: “Por quanto anos queres esta indulgência”? Francisco, destacadamente respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”.

E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Como, não queres nenhum documento”? E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”.

E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas:”Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”

franciscanos.org.br

quarta-feira, julho 30, 2014

Especial: Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: o perdão de Assis - 02 de agosto

No calendário litúrgico franciscano, o dia 2 de agosto é dedicado à celebração da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, popularmente conhecida como “Porciúncula”. Na introdução do texto litúrgico do missal e da liturgia das horas, se diz o seguinte:


“O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula. Aí deu início à Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. Foi aí também que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência , que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas. Para celebrar tantos e tão grandes favores ali recebidos de Deus, instituiu-se também esta Festa Litúrgica, como aniversário da consagração da pequenina ermida”.

A virgem Maria na contemplação de Francisco e Clara

INTRODUÇÃO

• Toda pessoa tem uma dimensão contemplativa: aceitação da vida, ação que nos transforma para a vida. Deus é o agente de nossa dimensão contemplativa.

• Nascemos humanos: “humano” é ser que desperta para a presença de Deus; sintonia para enxergar a razão de todas as coisas e sentir a relação com os seres.

• “Acender a luz dos olhos e do coração”; o despertar, dentro e ao redor de cada um, para o tempo, o meio, a vida, as pessoas que cada dia nos encontram e nos transformam.

• Essa transformação vai nos unindo a Deus que, respeitando nossa individualidade, vai nos transformando em Cristo.

• O último passo da contemplação: Deus nos torna colaboradores seus no anúncio desta transformação e realização, comunicando à cada pessoa esta nova vida recebida.

• Todos esses passos aconteceram na vida de Maria, “a Virgem feita Igreja”.

• Francisco e Clara, pela contemplação de Maria, refizeram este caminho em suas vidas.

PEQUENOS E FRACOS COMO MARIA

• Deus resolveu começar tudo com uma mulher, jovem, solteira, pobre, noiva de um carpinteiro, moradora de um vilarejo tão miserável que nem constava dos mapas de Israel. Uma criatura para a qual nenhum poderoso iria olhar.

• O Deus da Bíblia trabalha, com predileção, justamente com o pobre, o pequeno, o fraco, o desprezado. Seu Filho seria o filho desta mulher, uma mulher pobre numa aldeia no fim do mundo. Os auxiliares imediatos de seu filho seriam pescadores por quem ninguém daria nada.

• É fundamental entendermos esse sentido de ser virgem: não pertencer a ninguém, não contar nada como elemento constituinte do povo, não ser nada. É disso que Deus precisa para começar a fazer um contemplativo, porque é dessa massa que Ele faz um Cristo.

• Essa pobreza, esse “nada” da Mãe de Jesus é importante na contemplação de Francisco e Clara, que exatamente aí fundamentaram toda sua vida de recolhimento e ação. Ser pobre de tudo para ser rico de Deus, como Maria, era o grande sonho de Francisco e Clara e a realização de sua alegria.

UNIDOS AO ESPÍRITO COMO MARIA

• Essa virgem de Nazaré era mais uma figura do Povo, paralela daquela menina enjeitada, símbolo de Jerusalém, que alguém tinha jogado no lixo da cidade e estava para ser devorada pelos corvos se Deus não a recolhesse, como disse o profeta Ezequiel (Ez 16, 1-15). É Maria, símbolo da Esposa bíblica que é o miserável povo de Israel, que Deus convidou para ser Mãe unindo-se ao seu próprio Espírito.

• A história dessa enjeitada que virou rainha é a história de cada um dos contemplativos: o Espírito de Deus age como um vento irresistível, construindo Maria dentro de cada um. Maria do silêncio, que sabia “conferir as coisas em seu coração” (Lc 2,52): é a visão contemplativa que abrange o mundo.

• Francisco e Clara contemplam Maria em integração perfeita com a Santíssima Trindade: filha, mãe e esposa. Antífona do Ofício da paixão: “Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do altíssimo Rei e Pai celestial, Mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo”.

• Contemplação toda pelos olhos e extremamente concreta, objetiva. A Maria que Francisco e Clara conhecem não tem nada de teorias e não se perde no mundo dos conceitos: é um espelho prático em que enxergam a atuação do Espírito de Deus. Assumem as atitudes de Maria frente a Deus, e como ela, concebe, gera e dá a luz à Palavra de Deus, dando-lhe vida e forma.

• Porque a devoção de Francisco e Clara para com Maria foi justamente essa: aprender a acolher o Cristo para dá-lo à luz do mundo, com eles e em sua casa, Maria se tornou Mãe de toda a família franciscana.

MÃE DA HUMANIDADE COMO MARIA

• Maria gerou o corpo de Jesus de Nazaré e gera o espírito de cada um dos filhos de Deus até ficarem parecidos com o Primogênito de Deus. É através dela que cada um e todos juntos constituem o Cristo Místico, em seu Corpo, a Igreja.

• Maria mostra como se humaniza Deus e se diviniza o homem. Nela, a humanidade acolheu Deus e nela Deus é humanidade. Aquele pequenino envolto em fraldas, aquela criança com as feições de Maria, que com ela aprendeu a falar e a andar é Deus feito homem, transformação da história dos homens.

• Francisco e Clara contemplavam em Maria o mistério da encarnação, sem separar Jesus de sua Mãe. Porque, sem essa mulher, o Cristo seria um maravilhoso salvador sem bases históricas (humanidade), pois é nela que se encontram a divindade e a humanidade.

• Clara se comove porque “tão grande e glorioso Senhor quis descer ao seio da Virgem” (1Ct IP, 19). Francisco transborda de reconhecimento pela mulher que tornou possível a descida de Deus e da qual “recebeu verdadeiramente, em seu seio, o corpo da nossa frágil humanidade” (C.Fiéis 1,4).

NA MISSÃO DE DEUS COM MARIA

• A contemplação da vida de Maria parece ter alimentado toda a vida evangélica de Francisco e Clara: ela foi a primeira criatura humana a acolher o Reino de Deus. Essa é a base de toda a missão, pois Maria ensina tanto a acolher o Reino de Jesus como a fazê-lo nascer no coração de cada um.

• Francisco recordava Nossa Senhora como uma missionária percorrendo estradas com Jesus e os apóstolos. Ele a via pobre como Jesus, mas também como senhora e rainha como seu Filho sera rei e senhor. Maria, nossa irmã, representou toda a humanidade acolhendo a Redenção.

• Francisco e Clara plantaram entre seus filhos e filhas a convicção do Reino no coração dos desprotegidos, justamente por serem tão unidos à Mãe do Povo de Deus. Foi Maria quem os ensinou a partir do vazio da pobreza, unir-se a Deus no mais perfeito amor e ser “mães” de cada um dos pequenos seguidores de Jesus, ricos do seu sonho do Reino da Boa Nova. Esse sonho é possível a todos, porque na verdade o Reino de Deus começa no coração de cada um.

CONCLUSÃO – PARA REFLETIR E MEDITAR

• Da contemplação de Maria, Francisco e Clara descobriram um caminho, um modo de ser e de viver. Minha vida de oração/contemplação está me conduzindo por um caminho de comunhão mais verdadeira com Deus, com as pessoas e com as criaturas?

• A oração/contemplação conduz necessariamente à conversão, ao seguimento e à configuração com Cristo. Ele está vivendo em mim? Sou capaz de descobrí-lo, serví-lo e amá-lo nas pessoas e situações todas da vida.

• Minha vida é um “espelho” que reflete a vida e a presença do amor de Deus? Como está meu testemunho de Cristo?

Frei Regis Daher, ofm
franciscanos.org.br

terça-feira, julho 29, 2014

Qual a diferença entre Convento e Mosteiro?

A vida religiosa nasceu, cresceu e se desenvolveu do húmus do Evangelho. Os três fundadores das Ordens religiosas anteriores a São Francisco (São Basílio, Santo Agostinho e São Bento) foram os organizadores deste modo de vida em comunidade. Eles coordenaram a experiência religiosa dos seus primeiros seguidores, à serviço da Igreja na pregação, educação, assistência aos doentes, vida de oração e penitência, estruturando essa experiência num contexto eclesial organizado e institucionalizado em fraternidades. Assim, nascem as instituições de religião, denominadas: instituição de religião eremítica (São Basílio); instituição de religião canonical (Santo Agostinho); instituição de religião monástica (São Bento); e mais tarde, a instituição de religião apostólica (São Francisco de Assis).

A instituição eremítica caracteriza-se pelo abandono do mundo, para viver somente para Deus e por Deus. Porém a vivência eremítica não é total. Nessa instituição, os seus membros vivem momentos de afastamento (solidão) e momentos comunitários (laura + cenóbio). A laura expressa a forma de vida dos que passavam a maior parte do tempo nas grutas, em meditação, contemplação, vida de jejum a pão e água, penitência e artesanato. O cenóbio expressa a forma de vida comunitária, ao redor do mosteiro. Significa que os monges passavam durante a semana nas grutas e no sábado, voltavam ao cenóbio para celebrar a liturgia, o encontro fraterno e reabastecerem-se de material necessário ao artesanato, pão e água para mais uma semana vivida nas grutas e cavas do deserto. Ainda hoje encontramos eremitérios neste estilo de vida, sobretudo na Palestina, na Grécia e em outros locais, onde os monges vivem parte do tempo em grutas e parte do tempo em comunidade.

A instituição canonical sistematiza-se pelo seu estilo clerical, sendo religiosos presbíteros, dedicados aos trabalhos apostólicos. Exemplo disso são os canônicos de Santo Agostinho.

A instituição monástica evidencia-se pela renúncia da família por causa de Cristo. Em compensação, a oferta da ajuda fraterna faz com que os seus membros dediquem-se em ser dom aos irmãos. Sustentar a fragilidade dos irmãos do mosteiro é desafio constante. Toda a responsabilidade na condução deste modo de vida recai sobre o Abade. Os seus membros ao professarem os votos, destinam seus bens ao próprio mosteiro. A pregação, por sua vez, somente é possível com o mandato do Abade. O monge que recebe esse mandato, permanece como monge, mesmo tendo recebido uma missão temporária no meio do povo de Deus. Exemplo disso podemos encontrar nos monges beneditinos.

A instituição apostólica tornou-se uma novidade no cenário das instituições tradicionais na época medieval. Francisco de Assis era uma pessoa muito simples, despreocupado com a vida organizada em mosteiros ou outras estruturas de seu tempo. A sua pretensão era formar uma fraternidade, composta de Frades Menores, tanto leigos, quanto clérigos. Existiam outras estruturas, bem organizadas, que favoreciam todas as condições para alguém que quisesse ser religioso, tais como a estrutura eremítica, canonical ou monástica. A estrutura monástica, por exemplo, já era configurada na história da Igreja por vários séculos, com a sua famosa stabilitas loci, favorecendo um programa estável de habitação, louvor a Deus e trabalho (ora et labora). Os monges entravam no mosteiro e recebiam todo o conforto necessário ao seu bem temporal e espiritual, sempre sob o regime estável de governo do abade. Neste estilo de vida não faltava nada ao candidato. Além do mais, já era devidamente reconhecida a sua estrutura jurídico-canônica, sem correr o risco de caminhar paralelamente à comunhão eclesiástica, em confronto com os movimentos heréticos da época. Francisco não entrou numa destas estruturas do seu tempo, porque não se encontrou naquele ideal de vida, fechado, enclausurado. Inspirado por Deus, preferiu seguir um estilo de vida itinerante, que fosse além das muralhas de Assis, além dos confins de uma diocese ou de um mosteiro medieval. Indo a Roma, recebeu a aprovação da Igreja, acontecendo assim a fundação da Ordem dos Frades Menores.

Os ramos femininos da vida religiosa consagrada brotam do desmembramento destas instituições, formando assim as ordens ou congregações contemplativas ou apostólicas, de acordo com a tradição do seu fundador ou nas novas propostas, reconhecidas e aprovadas pela Igreja.

O termo Convento, do latim conventus, significa "assembleia". Esta denominação surgiu na época dos romanos, significando assim assembleia romana onde os cidadãos se congregavam para fins administrativos ou de justiça.

O Convento é confundido, muitas vezes, com Mosteiro. No passado, o Convento era edificado na zona urbana da cidade, normalmente delimitada por uma muralha. Já o Mosteiro era o oposto, sendo edificado fora da cidade, geralmente em montanhas ou encontas de desertos rochosos. Hoje, tanto o Convento, quanto o Mosteiro se confundem, porque a cidade cresceu ao seu redor. Exemplo disso é o Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro e em São Paulo.

A raiz inicial da diferença entre Convento e Mosteiro está relacionada com a sua fundação, ou seja, os frades vivem desde o início em Convento e os monges, vivem em Mosteiro. No Convento, os frades se reúnem temporiariamente para a vida fraterna em comum (oração, partilha dos trabalhos internos e externos, momentos de recreação). Vivem em modo diferenciado dos monges, porque a vida dentro do recinto do Convento é passageira, uma vez que a missão dos frades é itinerante. Já os monges vivem na estabilidade quase absoluta dentro de um Mosteiro. No Convento existem frades (freis) não ordenados ordenados (irmãos) e frades ordenados. Cada um segue a vocação a um chamado, seja para os ministérios não ordenados, seja para os ministérios ordenados. No Mosteiro encontramos a mesma configuração, relacionada ao sacramento da ordem ou não, ou seja, existem monges irmãos e monges sacerdotes. O guardião é o superior do Convento. O abade é o superior do Mosteiro.

Em resumo, tanto no estilo itinerante (Convento), quanto no estilo monástico (Mosteiro), ambos bebem da mesma fonte do Evangelho, vivendo na consagração de suas vidas, de acordo com o toque inicial de Deus ao seu fundador. T

segunda-feira, julho 28, 2014

O caminho da Oração Carmelita

O caminho do método da oração carmelitana é o mais simples de todos. “Quando o coração reza sempre responde: “A oração é um íntimo diálogo de amor com Aquele que sabemos que nos ama” (Santa Teresa). Ou “um olhar lançado para o céu, um desabafo do coração” (Santa Teresinha). “Procurai lenda e encontrareis meditando; batei orando e abrir-se-vos-ão contemplando” (São João da Cruz).

DEZ PASSOS DA ORAÇÃO CARMELITANA

1- Uma determinada determinação de rezar. Decidir-se a rezar todos os dias, em todos os momentos, determinar um tempo para a oração diária, para “estar a sós com aquele que sabemos que nos ama”. Não desistir.

2 - Preparação remota: criar um ambiente externo de “silêncio e recolhimento” e um ambiente interior: “presença de Deus, atenção aos sinais dos tempos e dos lugares que nos falem de Deus”, para saber reconhecer Deus que nos visita.

3 - Preparação próxima: um pouco antes da oração desligar-nos de tudo o que pode nos perturbar, preocupar. Todo encontro que é amor se prepara com antecedência e se deixa tudo por ele. Saber dar espaço para que Deus bata à nossa porta. Ele quer entrar e estar conosco no nosso “castelo interior”.

4 - Presença de Deus: é o momento importante quando, invocando o Espírito Santo, nos dispomos a rezar. Reza-se, rezando. É o Espírito Santo o mestre da nossa oração, deixe que ele reze em você. Invocar o Senhor.

5 - Leitura meditativa: é sempre bom se ajudar, quando o coração está árido, com uma leitura, preferencialmente a Bíblia, ou outro livro. Santa Teresa sempre levava um livro na sua oração. Ler lenta-atenta-amorosamente para saborear a palavra de Deus.

6 - Meditação: refletir e aplicar à nossa vida a palavra lida. Um trabalho da mente muito importante. Deus nos fala e quer que nós compreendamos a sua palavra de amor. É sempre importante escolher um tema para meditar. A improvisação em nenhuma coisa é boa, também na oração não ajuda.

7 - Diálogo afetivo ou amoroso – “coração da meditação carmelitana”: deixar expandir o coração, falar com Deus a partir da vida, do cotidiano, não ter pressa, não ter medo, dizer ao Senhor que nos ama tudo o que se passa em nosso coração. É o face a face. É o deixar-se mar por Ele.

8 - Compromisso: todo encontro oracional deve ser confirmado, consagrado num compromisso concreto, viável, que fecunde a nossa vida e nos torne sinais verdadeiros da presença de Deus. Evitar compromisso teórico e barato. O que hoje quero fazer a partir da minha meditação?

9 - Agradecer: depois de todo encontro de amor, de amizade, sentimos a necessidade de agradecer. Pode agradecer com o seu coração, com suas palavras ou com textos que lhe fazem bem: “Magnificat, Pai-nosso…”.

10 - Voltar ao trabalho: com o coração novo, com empenho e compromisso. Depois da oração não estamos mais sozinhos. Deus vai conosco, as três pessoas da Trindade trabalham conosco. É vida nova, é paz, compromisso, amor concreto.

Se todos os dias formos fiéis a este caminho de oração,
em pouco tempo a nossa vida será transformada, comprometida.

“Na realidade, a oração é um descanso, um repouso. É aproximar-se com toda a simplicidade daquele que se ama. É permanecer junto a ele como um filhinho nos braços de sua mãe, num abandono do coração”
(Beata Elizabete da Trindade).

Frei Patrício Sciadini, ocd
Centro Teresiano de Espiritualidade
São Roque – SP

franciscanos.org.br

domingo, julho 27, 2014

INVESTIR NO REINO DE DEUS

Verde. 17º DOMINGO Tempo Comum 

1ª leitura: (1Rs 3,5.7-12) Salomão não pede riqueza, mas sabedoria – No começo de seu reinado, Salomão pede a Deus a sabedoria, isto é, o dom de julgar e de decidir acertadamente (logo depois segue uma história para exemplificar esse dom). O próprio fato de não pedir outra coisa já mostra sua sabedoria. Assim mesmo, além da sabedoria, Deus lhe deu, como que “de brinde”, algumas coisas menos importantes (riqueza, fama, longa vida) (1Rs 3,13-14). * Cf. 2Cr 1,3-12; Sb 9,1-18 * 3,9 cf. Sl 72[71],1-2; Pr 2,6-9; Sb 7,7; Tg 1,5.

2ª leitura: (Rm 8,28-30) O planejamento de Deus e sua execução – Esta breve leitura é construída em redor da corrente: conhecer-destinar-chamar-justificar-glorificar: as fases do acabamento, por Deus, do ser humano: uma obra de arquiteto. O protótipo é Jesus Cristo mesmo: o primogênito dos mortos. O Espírito já nos tornou filhos (8,16). Agora é só levar a termo a obra de arte já iniciada (8,30). E o distintivo do cristão é que ele tem consciência de ser essa obra (“sabemos”, 8,28). ­* Cf. Ef 1,3-14; Tg 1,12; Jr 1,5; 1Cor 15,49; 2Cor 3,18; Fl 3,21; Cl 1,18; 1Jo 3,2.

Evangelho: (Mt 13,44-52 ou 13,44-46) O tesouro do Reino de Deus – Este evangelho contém: 1) as últimas parábolas e a conclusão do Sermão das Parábolas de Mt 13: as parábolas do tesouro e da pérola, que ensinam o pleno investimento no Reino; a parábola da rede, que ilustra a situação “mista” da Igreja até o fim dos tempos (mistura de fiéis convencidos e mornos); 2) a pergunta “compreendeis?”, dirigida aos discípulos que somos nós. Esse compreender consiste em receber em si todas as palavras, tiradas do tesouro que contém coisas novas (o novo ensinamento de Cristo) e velhas (a releitura cristã das antigas escrituras e tradições judaicas na igreja judeu-cristã de Mt). O mestre cristão é o “escriba instruído no Reino dos Céus” (13,52). * 13,44-46 cf. Pr 2,1-5; Mt 19,21; Pr 4,7 * 13,50 cf. Mt 8,12; 13,42.

*** *** ***

A liturgia de hoje tem um duplo acento, sapiencial e escatológico. As orações sintonizam com a parábola escatológica da rede, segunda parte do evangelho (não abreviado). Mas o tema principal é o do “investimento” da pessoa naquilo que é seu valor supremo. Este tema (sapiencial) retém nossa atenção. O rei Salomão não pediu a Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de distinguir entre o bem e o mal (1Rs 3,5ss; 1ª leitura). Neste sentido, ele prefigura o negociante da parábola da pérola, homem de bem, mas perspicaz, que arrisca tudo o que tem num investimento melhor (Mt 13,45s; evangelho). Esta parábola vem acompanhada de outra, que parece elogiar a especulação imobiliária: um homem vende tudo para comprar um campo no qual está escondido um tesouro. A lição de todos esses textos é:investir tudo naquilo que é o mais importante –sabedoria humana, mas que se aplica também à realidade divina, ao Reino de Deus. Ora, em que consiste, concretamente, o tesouro desta parábola? Para discernir isso precisamos da sabedoria que Salomão pediu e que lhe propiciou pronunciar juízos sábios (1Rs 3,16-28). Ora, sabemos também que Deus tem predileção pelos que mais precisam, os pobres e desprotegidos; não serão estes um bom investimento?

Estas parábolas sugerem duas atitudes básicas. Negativamente, desprender-se de posses que não vale a pena segurar (como Salomão, no fundo, relegou a riqueza material para segundo plano, pelo menos na sua oração). E, positivamente,investir naquilo que é realmente o mais importante, aquilo em que Deus mesmo investe; justiça e bondade, iluminadas pela sabedoria. A atitude negativa (desprendimento) e a positiva (investimento) são “dialéticas”: uma não funciona sem a outra. Não somos capazes de nos desprender do secundário, se não temos claro o principal. Por falta do principal, o investimento do amor, o esforço de desprendimento pode virar masoquismo. Por outro lado, nunca conseguiremos investir o nosso coração para adquirir a pérola do Reino de Deus, se não soubermos nos desprender das joias falsas que enfeitam nossa vida. Por isso, tanto idealismo fica num piedoso suspiro...

A coleção de parábolas de Mt 13 termina na parábola escatológica da rede, muito semelhante à do joio no trigo.

Olhando para a 2ª leitura, encontramos um dos textos maiores da Carta aos Romanos. Deus como um bom empreiteiro, faz todo o necessário para o bem daqueles que o amam, levando a termo a execução de seu desenho (“desígnio”) (Rm 8,28). De antemão conheceu os que queria edificar, como um arquiteto tem um edifício na mente; ele os projetou (“predestinou”; o termo grego proorizein significa “planejar, projetar”), conforme o protótipo que é Jesus mesmo, seu filho querido, ao qual ele gostaria que todos se assemelhassem. E aos que assim planejou, também os escolheu (“chamou”); os “justificou” (qual empreiteiro que verifica sua obra durante a execução, decidindo se serve ou não) e, arrematando a obra, os “glorificou” (como em certas regiões os construtores celebram o arremate coroando de flores a cumeeira da casa nova). Este texto nos faz entender o que os teólogos chamaram a “predestinação”: não significa que Deus criou uns para serem salvos e os outros (a “massa condenada”) para serem perdidos. Significa que, como bom empreiteiro, Deus faz tudo o que for preciso para arrematar a salvação naqueles que se dispõem para ela; e como conhece o coração de todos, ele também conhece os que se prestam à salvação e os que não se deixam atingir. Quem optar por acentuar a linha escatológica na liturgia de hoje (cf. Mt 13,47-52), encontrará nesta 2ª leitura um tema digno de reflexão.

Os dois acentos de hoje, o sapiencial e o escatológico, se completam. Pois é com vistas à salvação definitiva que se deve fazer o investimento certo hoje.


domtotal.com.br

sábado, julho 26, 2014

Que São Joaquim e Sant'Ana intercedam por nossos avós

Branco. São Joaquim e Sant'Ana, pais de Nossa Senhora, Memória

Leituras
1ª Leitura - Eclo 44,1.10-15
Salmo - Sl 131(132),11.13-14.17-18 (R. Lc 1,32a)
Evangelho - Mt 13,16-17

Amados e amadas no Senhor Jesus Cristo, recordamos hoje Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus e os pais da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria. Queremos olhar para Sant’Ana e São Joaquim a fim de reconhecermos a importância dos nossos antepassados na fé, nos valores e nos princípios que nós temos para a nossa vida.

Quando celebramos hoje o vovô e a vovó de Jesus, nós também celebramos os nossos avós. Que grande importância eles tiveram na vida de cada um de nós! E também as várias gerações anteriores, os bisavós, os tataravós e todos aqueles que vieram antes de nós têm grande importância em tudo o que nós somos hoje.

Nós queremos hoje reconhecer a importância e o valor que os mais idosos têm e, o melhor modo de fazer isso é ao rejeitar a cultura do descartável. Porque essa cultura é terrível por procurar descartar as pessoas quando elas não têm mais utilidade. Segundo a qual o importante é aquilo que é útil e aquilo que produz; e deixa de reconhecer aqueles que muito produziram, deram muito de si, trabalharam para construir a família, para edificar a nação e que são, na verdade, nossos pais na fé. Eu louvo e agradeço muito a Deus, mesmo sem ter convivido muito com os meus avós, porque sei que foram eles que ensinaram muito à mamãe os verdadeiros valores evangélicos, que foram transmitidos a mim, porque ela os aprendeu deles.

Quero hoje olhar para cada homem, para cada mulher porque, muitas vezes, o vovô e a vovó são idosos, mas hoje quantos casais jovens já são vovô e vovó porque se casaram cedo. Valorize, incentive, busque conviver, estar junto e reconhecer a importância que eles têm para a sua história e para a sua vida. Nunca olhe para eles como coitados ou dignos de pena. Coitados e dignos de pena seremos nós se não soubermos cuidar e amar aqueles que deram o melhor de si para sermos o que somos hoje!

Deus abençoe a cada vovô e cada vovó pela intercessão e proteção de São Joaquim e Sant’Ana!

Padre Roger Araújo
cancaonova.com

sexta-feira, julho 25, 2014

25 de Julho - São Tiago, o maior

Tiago nasceu doze anos antes de Cristo, viveu mais anos do que ele e passou para a eternidade junto a seu Mestre. Tiago, o Maior, nasceu na Galiléia e era filho de Zebedeu e Salomé, segundo as Sagradas Escrituras. Era, portanto, irmão de João Evangelista, os "Filhos do Trovão", como os chamara Jesus. É sempre citado como um dos três primeiros apóstolos, além de figurar entre os prediletos de Jesus, juntamente com Pedro e André. É chamado de "maior" por causa do apóstolo homônimo, Tiago, filho de Alfeu, conhecido como "menor".

Nas várias passagens bíblicas, podemos perceber que Jesus possuía apóstolos escolhidos para testemunharem acontecimentos especiais na vida do Redentor. Um era Tiago, o Maior, que constatamos ao seu lado na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração do Senhor e na sua agonia no horto das Oliveiras.

Consta que, depois da ressurreição de Cristo, Tiago rumou para a Espanha, percorrendo-a de norte a sul, fazendo sua evangelização, sendo por isso declarado seu padroeiro. Mais tarde, voltou a Jerusalém, onde converteu centenas de pessoas, até mesmo dois mágicos que causavam confusão entre o povo com suas artes diabólicas. Até que um dia lhe prepararam uma cilada, fazendo explodir um motim como se fosse ele o culpado. Assim, foi preso e acusado de causar sublevação entre o povo. A pena para esse crime era a morte.

O juiz foi o cruel rei Herodes Antipas, um terrível e incansável perseguidor dos cristãos. Ele lhe impôs logo a pena máxima, ordenando que fosse flagelado e depois decapitado. A sentença foi executada durante as festas pascais no ano 42. Assim, Tiago, o Maior, tornou-se o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

No século VIII, quando a Palestina caiu em poder dos muçulmanos, um grupo de espanhóis trouxe o esquife onde repousavam os restos de são Tiago, o Maior, à cidade espanhola de Iria. Segundo uma antiga tradição da cidade, no século IX o bispo de lá teria visto uma grande estrela iluminando um campo, onde foi encontrado o túmulo contendo o esquife do apóstolo padroeiro. E a Espanha, que nesta ocasião lutava contra a invasão dos bárbaros muçulmanos, conseguiu vencê-los e expulsá-los com a sua ajuda invisível.

Mais tarde, naquele local, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a são Tiago, o Maior, com isso a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela. Desde aquele tempo até hoje, o santuário de Santiago de Compostela é um dos mais procurados pelos peregrinos do mundo inteiro, que fazem o trajeto a pé.

Essa rota, conhecida como "caminho de Santiago de Compostela", foi feita também pelo papa João Paulo II em 1989. Acompanhado por milhares de jovens do mundo inteiro, foi venerar as relíquias do apóstolo são Tiago, o Maior, depositadas na magnífica catedral das seis naves, concluída em 1122.

paulinas.org.br

quinta-feira, julho 24, 2014

OFS: Perspectivas de ontem e de sempre

A vida nunca é plenitude nem êxito total. Precisamos aceitar o “inacabado”, o que nos humilha, o que não conseguimos corrigir. O importante é manter o desejo, não ceder ao desalento. Converter-se não é viver sem pecado, mas aprender a viver no perdão, sem orgulho nem tristeza, sem alimentar a insatisfação pelo que deveríamos ser e não somos. Assim diz o Senhor no livro de Isaías: “Na conversão e na calma sereis salvos, na tranquilidade e na confiança está a vossa força”(Is 30,15) (José Antonio Pagola)


1. Aí estão estas nossas fraternidades franciscanas seculares. Aí estão estes que designamos de irmãos e irmãs em Cristo Jesus e Francisco. Ingressaram há pouco ou muito tempo em nossas fraternidades. Tiveram boa ou razoável formação. Há esses que de simpatizantes vão passando para o tempo da iniciação e da formação e são admitidos à profissão. Solenemente, no seio da Igreja, seus propósitos-promessas de seguimento do Evangelho à maneira de Francisco são aceitos pelo Ministro. De onde eles vêm e para onde vão? Esta pergunta é importante para que se possa captar o sentido de sua presença em nossa Ordem e que contribuição eles darão ao mundo e à construção do Reino.

2. Cada pessoa é um mistério. Todos carregam suas histórias, seus passos bem dados e outros cambaleantes. Chegam de seu passado, de sua família, de sucessos e de vacilações em suas empreitadas. Nem sempre eles conseguem exprimir aquilo que viveram ou que vivem. Há os que chegam depois de terremotos interiores: uma doença séria superada ou não superada, um casamento desfeito, um filho morto na guerra do tráfico, desânimos e cálices amargos que andaram sorvendo. Chegam para encontrar pessoas que os ajudem a viver, para buscar a perfeição da caridade, a santidade. Querem trilhar um caminho de transformação do coração que se chama metanoia, conversão. Desejam que as feridas do passado possam ser curadas e cicatrizadas. Buscam seguir o Evangelho.

3. Há aqueles e aquelas que começam a experimentar em seu coração uma misteriosa sede, uma insatisfação com os resultados magros e medíocres de suas vidas, com sua história de envolvimento com a fé tão marcada pela rotina e pela mesmice. Querem um espaço de aprofundamento de suas convicções, desejam que suas vidas sejam iluminadas com uma claridade mais densa. Desejam encontrar outras pessoas desejosas também de seguir o Evangelho à maneira de Francisco. Por isso querem viver em Fraternidades. Será que nossas Fraternidades conseguem responder a esses apelos?

4. Sim, há aqueles e aquelas que não querem viver ao léu, aspirando o perfume de todas as flores da vida. Dispomos desse espaço de tempo que vai do nascer ao momento da chegada da irmã morte que quer nos levar à terra dos vivos, ou seja, do tempo da vida. Vivemos: corpo, inteligência, um coração para amar e ser amado, teia de relacionamentos, trabalho de nossas mãos, filhos, esposa, esposo, pais envelhecidos e doentes. Muitos, em determinados momentos, querem encontrar uma sabedoria de viver. Há tempo para tudo, tempo para nascer e morrer, tempo para chorar e rir, mas sempre tempo para viver. Precisamos aprender a conviver, a tecer laços, a cerzir o que anda querendo se rasgar. Literalmente nos sentimos peregrinos de um amanhã que desconhecemos. Entramos na Ordem para iluminar esse caminhar.

5. Esperando que as Fraternidades Franciscanas Seculares sejam espaços de pessoas que busquem a Deus, que queiram entrar num caminho de conversão, queremos fazer caminhada com esses que, segundo informações que tivemos, buscam a perfeição da caridade no seio da Igreja, seguindo uma Regra de vida proposta pela Igreja. O que chegam e os que já estão buscam encontros, momentos de partilha da vida, dos sucessos e dos temores, momentos de escuta comum de um Palavra que muda e transforma. Querem efetivamente viver a fraternidade no seio da Ordem Franciscana Secular. Conscientes de sua fragilidade, insatisfeitos com o pífios resultados de busca de santidade entram num caminho de penitência, numa estrada de libertação de seu ego, que se chama estado de conversão. Para Francisco, esse caminho começara com o beijo do leproso e terminaria com o abraço da irmão morte, entregando seus dias nu na terra dura.

6. Os que estão na Fraternidade e aqueles que chegam desejam não detestar o amargo e desconfiar do doce. Querem converter-se, mudar o coração. Querem aceitar a graça da vida, tanto o positivo como o negativo, sem murmurações. Buscam o Reino de Deus seguindo de perto os pedidos do Evangelho. Querem seguir bem de perto o Sermão da Montanha (Mt 5-7). Estão dispostos a sair do centro, a abandonar a passarela da vida e discretamente estar perto de todos os leprosos da vida. Não querem sempre seguir sua vontade e não se cansam de fazer a pergunta: “Senhor, o que tu queres de, mim, de nós?”. Escutando São Paulo crucificam com Cristo sua concupiscência e vivem crucificados com ele. Não dividem os homens entre bons e maus, exaltando uns e execrando os outros. Querem ser irmãos de todos. Desejam sinceramente que a Fraternidade os ajude a conservar, ao longo da vida, a delicadeza de consciência e a ternura no coração. Não querem deixar que seu coração venha a endurecer.

7. Os franciscanos são pessoas que se dizem discípulos do seráfico Francisco, em outras palavras, daquele que teve imensa proximidade com o Senhor devotando-lhe um amor carinhoso e vivendo a oração nos graus mais elevados possíveis enquanto caminhava na terra e não no face a face. Uma Fraternidade de OFS é bem-sucedida quando leva seus membros a uma intensa vida de relacionamento com o Senhor:

• Não podemos postergar nosso empenho de uma vida de profunda oração. Sabemos perfeitamente que a vida de amor fraterno tem traços de intimidade com Deus. Reza aquele que dá um copo de água fria ao menor de seus irmãos. Precisamos, no entanto, nos adentrar num saboroso empenho de sermos serafins de amor no explícito e generoso louvor do Amado.

• Insiste-se hoje que todos tenhamos uma vida pessoal de oração. Não bastam os encontros comunitários por mais densos que possam ser. Precisamos dessa oração pessoal. Importante o exercício da meditação. Quando entramos na Ordem queremos que ela nos propicie retiros orantes, aprofundamento nos graus de oração. Desejamos, a curto prazo, nos unir ao ofício da Liturgia das Horas. Não queremos ser coniventes com um simplificação ruinosa da vida de oração.

8. Queremos aprender a ser irmãos. Fazemos a experiência no seio da fraternidade: aceitamos serviços e responsabilidades, somos pontuais nos encontros e fiéis aos compromissos; evitamos ser fonte de desentendimento, quando necessário esquecemos as ofensas recebidas e seremos sempre dos primeiros a realizar a caridade no seio da comunidade. Também tomamos iniciativas corajosas. Não queremos viver uma vida de fraternidade cor-de-rosa e idílica. Há um lobo dentro de todos nós. Um frade francês assim se exprime escrevendo sobre o olhar os outros como irmãos: “Todas as criaturas saíram das mãos de Deus. As criaturas espirituais, para nós as pessoas humanas – têm preço inestimável aos olhos de Deus. Esta convicção determina respeito absoluto diante da pessoas, uma postura de benevolência a priori, confiança na capacidade de cada pessoa mudar, melhorar, converter-se, tornar-se santa com a graça de Deus. São Boaventura dizia: “Ninguém tem o poder de destruir em si a imagem de Deus… o máximo que consegue velá-la e desfigurá-la”. Francisco dizia muitas vezes que é preferível alegrar com o bem que Deus opera nos outros do que o bem que se realiza em si mesmo. Dizia também que não se pode desprezar alguém pelo qual o Cristo deu a vida. Sobre isto se fundamenta o propósito de considerar todos os homens irmãos, amá-los e servi-los quaisquer que sejam as condições” (Luc Mathieu, OFM, L’héritage de François d’Assise, in Evangile Aujourd’hui, n. 200, 2004, p.34-35).

9. Os que ingressam na Ordem Franciscana Secular são cristãos leigos que sabem de sua responsabilidade no mundo e na Igreja. Sabem que o Amor precisa ser amado. Gostariam eles de poderem, com irmãos da fraternidade, se engajarem nas tarefas da Igreja: ir às periferias, anunciar pela palavra e pelo exemplo o amor de Deus nas pastorais da Igreja, de modo preferencial fazendo núcleos de pessoas em torno da palavra, da discussão dos graves problemas e na arrumação de estratégias que acelerem o surgimento de um mundo mais conforme o Reino: justiça, paz, liberdade, respeito. Esse empenho evangelizador e missionário quer responder ao que Cristo pediu a Francisco: “Vai e reconstrói a minha Igreja que, como vês, está em ruína.

10. Terminamos com um texto síntese de Frei Antonin Alis, OFMCap, em artigo publicado em Évangile Aujourd’hui, n.205. O autor depois de examinar a resposta de Francisco ao Evangelho da missão com o famoso: É isso que quero, que busco de todo o coração, conclui: “Por sua exclamação, por seu gesto, Francisco nos convida a levar a sério o Evangelho. Ele reagirá, antes de tudo, numa atitude de verdade com relação a si mesmo e com respeito àquilo que ele percebe e sente como sendo vontade de Deus. Esse ir despojadamente mundo afora é percebido pelo Poverello como uma evidência que brota do mais profundo de seu ser. Abandonando tudo começa a palmilhar uma trilha de conversão. Despoja-se exteriormente de seus bens, conservando apenas o essencial. Depois vai progressivamente se despojar do orgulho, da suficiência e de seu narcisismo. Progressivamente o despojamento vai tomar conta de toda a sua vida, vai entrar num caminho de serviço, minorismo, fraternidade que fará com que abandone todo desejo de poder, de dominação sobre quem quer que seja, imitando assim o Cristo servo. Aos poucos vai se abrindo ao Espírito Santo e ao seu santo modo de operar, deixando-se transformar em seu interior. Este despojamento, desencadeado pela escuta da Palavra vai prosseguir até se purificar em sua morte, nu sobre a terra nua. Lentamente a palavra germina nele e torna-se fecunda de tal modo que identifica Francisco com seu Senhor e Mestre; essa mesma Palavra torna-se fecunda para os outros, os que assistem o trabalho do Espirito nele. A palavra haverá de transformá-lo totalmente. Isto será para ele a alegria, a verdadeira alegria, a alegria perfeita que o plenifica e faz com que transborde de ação de graças” (p.36).

Questionamentos:
• Que motivos sólidos fazem com que alguém queira fazer parte das Fraternidades Franciscanas Seculares? Por que tomamos a decisão de ser franciscanos ou franciscanas?

• Como é que se manifesta concretamente a vocação para seguir Cristo de modo particular na Ordem Franciscana Secular?

• As reuniões gerais da OFS, a Regra, retiros e outras programações visam formar cristãos maduros que se deixem guiar pelo Espirito. Na verdade o que significa abrir-se à ação do Espírito e seu santo modo de operar?

• Há pessoas que buscam fraternidades franciscanas porque precisam ser ajudadas na busca do Senhor. Como nossas fraternidades podem responder a este desejo?

• O que significa ir ao encontro dos homens e mulheres de nosso tempo?

franciscanos.org.br

quarta-feira, julho 23, 2014

Alegria franciscana

Leituras
1ª Leitura - Jr 1,1.4-10
Salmo - Sl 70, 1-2. 3-4a. 5-6ab. 15.17 (R.15)
Evangelho - Mt 13,1-9

A alegria franciscana abrange todas as fontes de satisfação humana e cristã. Entre as fontes humanas é muito importante a contemplação da beleza que arrebatava São Francisco mesmo durante as torturas de doença, e que ainda lhe permitiam rever as estrelas e as flores, a terra e o fogo, a água e o vento, quando já os seus olhos inflamados não permitiam mais discernir os objetos; aquele gosto pela arte e pela música, em particular que despertava nele o desejo de ouvir tocar a cítara, durante suas noites de dolorosa insônia, e lhe inspirava a necessidade de cantar até na agonia. Em vez de se concentrar sobre suas próprias dores, o que é supremo egoísmo, o franciscano deixa-se imergir na harmonia do universo; essa harmonia proporciona-lhe o esquecimento de si mesmo e um sutil prazer, mesclado de melancolia, a qual se dissipa como uma neblina, quando da admiração pelas criaturas ele consegue se elevar até à gratidão pelo Criador (…). O franciscano, em qualquer parte em que perceba a beleza, numa flor ou num rosto, numa nesga de céu sobre os telhados, ou numa vasta paisagem montanhosa, acolhe-a como um dom de Deus. A beleza é realmente um dom reservado a quem saiba prezá-la. Aqueles que sabem prezá-la não são os estetas, que tentam dominá-la para defini-la, não são os retóricos que pretendem aprisioná-la numa frase ou numa página, mas os que são puros e humildes de coração, os pobres que empregam de boa vontade o tempo em contemplá-la, aqueles que se sentem pequenos no vaso mundo e, por isso, se esquecem mais facilmente e não sofrem demasiado perdendo suas lágrimas na torrente da dor humana, cuja necessidade providencial compreendem.

Agostinho Gemelli, OFM, O Franciscanismo, Vozes, Petropolis, 1944, p. 438-439

franciscanos.org.br

terça-feira, julho 22, 2014

Uma vida em defesa da vida

Leituras
1ª Leitura - Ct 3,1-4a
Salmo - Sl 62(63),2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Evangelho - Jo 20,1-2.11-18


Estamos celebrando trinta e um anos da Pastoral da Criança no Brasil e com a graça de Deus, com mais de duzentos e sessenta mil líderes, um milhão e oitocentas mil crianças acompanhadas mensalmente com amor e dignidade. Tudo isso aconteceu e acontece porque uma mulher, inspirada por Deus teve a iniciativa de diminuir quase totalmente a mortalidade infantil, na cidade de Prudentópolis, aqui no Paraná, através de pequenas ações, como o soro caseiro e a multimistura.

Dra. Zilda Arns, vítima do terremoto no Haiti em 2008, deu a vida trabalhando pelas crianças do país mais pobre deste Continente. A Pastoral da Criança nasceu do coração de Deus, no coração de uma mulher. Esse fato fez e faz a diferença na defesa da vida, de milhões de crianças no mundo.

Ao lado destas ações concretas surgiram outras, que vai desde o acompanhamento da mãe gestante até aos seis anos de idade. Todo o trabalho deste exército de voluntários é mantido pela mística do amor concreto, tendo como luz a palavra do Senhor.

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. O grande e fundamental objetivo é a promoção e defesa da vida, daqueles que são mais vulneráveis no seio da família e da sociedade. Essa experiência hoje está presente em vários países da América Latina e África. Tudo o que vem de Deus floresce e dá frutos abundantes, ninguém passa necessidade, porque é feito em Deus e por Deus.

Na semana passada fiz parte de uma missão da Pastoral da Criança, no nosso vizinho Paraguai. Acompanhei a Ir. Zenaide, religiosa cujo carisma é trabalhar com migrantes e a Sra. Danieli, leiga destinada para acompanhar a Pastoral internacional.

A nossa missão foi realizada para encontrar, animar, entusiasmar as líderes que hoje fazem a Pastoral acontecer no Paraguai, como também encontrar os bispos nas suas dioceses onde existe um bom trabalho, mas, que pode avançar mais.

Fiquei impressionado pela coragem e dedicação daquelas mulheres simples humildes, que dão a vida, entenderam o que significa fazer pastoral e Pastoral da Criança. Em meio de tantas dificuldades e desafios, não desanimam estão cada vez mais fortes. Fui com a missão de animar e voltei animado.

Voltei com o desejo de continuar apoiando, não só aqui na nossa realidade, e sim abrindo o coração para outras realidades muito mais desafiantes que a nossa.

Uma religiosa brasileira que trabalha há anos no Paraguai dizia: “Quando vou visitar os meus familiares em Maringá e vejo que tantas coisas são jogadas fora, eu queria ter um caminhão e trazer tudo e doar à nossa gente”.

Também conheci uma líder que vive em uma comunidade bem interiorana, parteira, mãe de família, líder da Pastoral, e teve que sair às três da manhã de casa na garupa de uma moto, tomar um coletivo para chegar no horário da reunião, trazendo com ela a filhinha de três aninhos. Em nenhum momento da reunião ela reclamou da vida. Uma alegria impressionante.

Podemos ser solidários, não só com o que jogamos fora, ou gastamos inutilmente, mas dar de nós mesmos. Quanta gente em depressão porque não tem o que fazer, ou acha que já fez tudo. Tem muita gente precisando de você e não de coisas. Levante, vá em missão. Tem pessoas que precisam de você, da sua vida, e essas pessoas podem estar do seu lado. Boa semana, com as bênçãos de Deus.

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
cnbb.org.br

segunda-feira, julho 21, 2014

Frente ao mal no mundo devemos confiar na vitória final de Deus, afirma o Papa

Vaticano, 20 Jul. 14 / 06:32 pm (ACI).- O Papa Francisco, em suas palavras prévias à oração do Ángelus de hoje, animou os cristãos confrontar o joio no mundo imitando a paciência de Deus, alimentando a esperança e confiando que no final o bem triunfará.

Falando sobre o Evangelho deste Domingo, que narra a parábola do joio e do trigo, o Papa assinalou:

“Sabemos que o demônio é um espalhador de cizânia: sempre em busca de dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos”, frisou Francisco. Os trabalhadores queriam logo arrancar o erva daninha, mas o patrão os impediu com a seguinte motivação: ‘Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo’. “Sabemos que a cizânia, quando cresce, se parece muito com a boa semente e existe o perigo de confundi-las”, disse ainda o pontífice.

“O ensinamento da parábola é duplo. Primeiramente, diz que o mal existente no mundo não vem de Deus, mas de seu inimigo, o maligno. Ele vai à noite semear a cizânia, na escuridão, na confusão, onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal em meio ao bem, tornando impossível aos homens separá-los claramente; mas Deus, pode fazê-lo”, sublinhou o Santo Padre.

“Nós às vezes, temos muita pressa em julgar, classificar, colocar os bons de um lado e os maus do outro. Lembrem-se da oração do homem soberbo: Deus, eu te agradeço porque sou bom e não sou como aquele que é mal. Deus, ao invés, sabe esperar. Ele olha no campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia. Vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. O nosso Deus é um pai paciente que sempre nos espera e nos espera para nos acolher e nos perdoar”, exortou ainda o Papa Francisco.

“Graças a esta esperança paciente de Deus a mesma cizânia, ou seja, o coração mal, com muitos pecados, pode se tornar boa semente. Atenção: a paciência do Evangelho não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre bem e mal. Diante da cizânia presente no mundo o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, alimentar a esperança com o apoio e a confiança inabalável na vitória final do bem, que é Deus”, disse o Pontífice aos milhares de fiéis presentes na Praça de São Pedro.

“Naquele dia da colheita final o grande juiz será Jesus, Aquele que semeou a boa semente no mundo e que se tornou Ele mesmo ‘grão de trigo’, que morreu e ressuscitou. No final, seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a misericórdia que usamos para com os outros será usada também conosco. Peçamos a Maria, nossa Mãe, para nos ajudar a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos”, concluiu o Papa Francisco.

acidigital.com

domingo, julho 20, 2014

A PACIÊNCIA DE DEUS - 16º DOMINGO Tempo Comum

Leituras
1ª Leitura - Sb 12,13.16-19
Salmo - Sl 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
2ª Leitura - Rm 8,26-27
Evangelho - Mt 13,24-43


PACIÊNCIA NA EVANGELIZAÇÃO

O evangelho apresenta um Jesus muito tolerante. Isso pode até desagradar a quem gostaria de um Jesus mais radical. A Igreja parece tão pouco radical. Por que não romper de vez com os que não querem acompanhar? Ou será que a radicalidade do evangelho é outra coisa do que imaginamos? Neste evangelho (Mt 13,24-43), Jesus descreve o reino de Deus (o agir de Deus na história), em três parábolas. Na primeira, explica que junto com os frutos bons (o trigo) podem crescer frutos menos bons (o joio); é melhor deixar a Deus a responsabilidade de separá-los, na hora certa... Na segunda, ensina que o agir de Deus tem um alcance que sua humilde aparência inicial não deixa suspeitar (a sementinha). Na terceira, adverte que a obra de Deus muitas vezes é escondida, enquanto na realidade penetra e leveda o mundo, invisivelmente, como o fermento na massa.

Nós gostamos de ver resultados imediatos. Somos impacientes e dominadores para com os outros. Deus tem tanto poder, que ele domina a si mesmo... Não é escravo de seu próprio poder. Sabe governar pela paciência e o perdão (1ª leitura). Seu “reino” é amor, e este penetra aos poucos, invisivelmente, como o fermento. Impaciência em relação ao reino de Deus é falta de fé. O crescimento do Reino é “mistério”, algo que pertence a Deus.

No tempo de Mateus, a impaciência era explicável: esperava-se a volta de Cristo (a Parusia) para breve. Hoje, já não é essa a razão da impaciência. A causa da impaciência bem pode ser o imediatismo de pessoas aparentemente “superengajadas”, e podemos questionar se muito ativismo é verdadeira generosidade a serviço de Deus ou apenas autoafirmação. É preciso dar tempo às pessoas para que fiquem cativados pelo Reino. E a nós mesmos também. Isso exige maior fé e dedicação do que certo radicalismo mal-entendido, pelo qual são rechaçadas as pessoas que ainda estão crescendo.

Devemos ter paciência especial para com aqueles que, vivendo em condições subumanas, não conseguem assimilar algumas exigências aparentemente importantes da Igreja. Para com os jovens. Para com os que perderam a cabeça pelas complicações da vida moderna urbana, ou por causa da televisão, que pouco se preocupa em propor às pessoas critérios de vida equilibrada. Devemos dar tempo ao tempo... e entrementes dar força ao trigo, para que não se deixe sufocar pelo joio.

Em nossas comunidades, importa cativar os outros com paciência. Fanatismo só serve para dividir. Moscas não se apanham com vinagre. Importa ter confiança em Deus, sabendo que ele age, mesmo. E então nos sentiremos seguros para colaborar com ele, com “magnanimidade”, com grandeza de alma – pois é assim que se deveria traduzir o que geralmente se traduz com o termo desvirtuado “paciência”... Deus reina por seu amor, e o amor não força ninguém, mas cativa a livre adesão.

(O Roteiro Homilético é elaborado pelo Pe. Johan Konings SJ – Teólogo, doutor em exegese bíblica, Professor da FAJE. Autor do livro "Liturgia Dominical", Vozes, Petrópolis, 2003. Entre outras obras, coordenou a tradução da "Bíblia Ecumênica" – TEB e a tradução da "Bíblia Sagrada" – CNBB. Konings é Colunista do Dom Total. A produção do Roteiro Homilético é de responsabilidade direta do Pe. Jaldemir Vitório SJ, Reitor e Professor da FAJE.)

domtotal.com.br

sábado, julho 19, 2014

O escolhido não precisa de publicidade

Verde. Sábado da 15ª Semana Tempo Comum 

Leituras
1ª Leitura - Mq 2,1-5
Salmo - Sl 9 B (10),22-23.24-25. 28-29. 35 (R.12b)
Evangelho - Mt 12,14-21

Jesus desperta a vida nas pessoas e o gosto de viver.
A interpretação dos fariseus de que Jesus viola o sábado (12,1-8.14-21) está na origem da decisão deles de matá-lo. A condenação injusta de Jesus e a sua morte violenta são consequências de sua vida. Jesus é condenado e morto por fazer o bem, por revelar a face misericordiosa de Deus. A morte de Jesus foi premeditada. No entanto, esse fato não o intimida em prosseguir o seu caminho, nem é capaz de dissuadi-lo da sua determinação de fazer a vontade de Deus. Saindo da sinagoga deles, Jesus continua a despertar a vida nas pessoas e o gosto de viver. Pela citação de um trecho de um dos cânticos do servo sofredor (Is 42,1-4), que diz da vocação e do destino do servo de Deus, convida a comunidade cristã a reler, à luz do mistério de Cristo, essa passagem de Isaías e a compreender que ela diz respeito a Jesus, eleito de Deus, em quem repousa o Espírito de Deus (Mt 3,16-17). A salvação da qual o Senhor é portador não é privilégio de uns poucos nem algo que precise ser conquistado. Ela é dom de Deus e é destinada a toda a humanidade.
Carlos Alberto Contieri, sj

ORAÇÃO
Pai, meu único desejo é estar em comunhão contigo, para que, como Jesus, eu saiba discernir, em cada circunstância, a melhor maneira de agir

paulinas.org.br

sexta-feira, julho 18, 2014

O Pacto das Catacumbas vivido pelo Papa Francisco

No dia 16 de novembro de 1965 ao findar o Concílo Vaticano II (1962-1965), algus bispos, animados por Dom Hélder Câmara, celebraram uma missa nas Catacumbas de Santa Domitila, fora de Roma e fizeram um Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre. Propunham ideais de pobreza e simplicidade,deixando seus palácios e vivendo em simples casas ou apartamentos. Agora, com o Papa Francisco, este pacto ganha plena atualidade. Vale a pena rememorar os compromissos assumidos pelos bispos.

“Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados unspelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a excepcionalidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante daIgreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, nahumildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:

1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, àalimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue.

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade de riqueza, especialmente no traje (tecidos ricos, cores berrantes, nas insígnias de matéria preciosa). Devem esses signos serem, com efeito, evangélicos: nem ouro nem prata.

3) Não possuíremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas.

4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a umacomissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, na perspectiva de sermos menos administradores do que pastores e apóstolos.

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor…). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre.

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos).

7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos aos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social.

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc. ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho.

9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de “beneficência” em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes.

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus.

11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral – dois terços da humanidade – comprometemo-nos:

- a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres;

- requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobressaírem de sua miséria.

12) Comprometermo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim:

-esforçar-nos-emos para “revisar nossa vida” com eles;

-suscitaremos colaboradores para serem mais animadores segundo o espírito, do que chefes segundo o mundo;

-procuraremos ser o mais humanamente presentes e acolhedores;

-mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião.

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces. Ajude-nos Deus a sermos fiéis”.

Não são esses os ideais apresentados pelo Papa Francisco?

Leonardo Boff, teólogo,escritor, é um dos principais autores da Editora Vozes.
franciscanos.org.br

quinta-feira, julho 17, 2014

A religião de Jesus não é peso, mas sim libertação

Leituras
1ª Leitura - Is 26,7-9.12.16-19
Salmo - Sl 101,13-14ab.15. 16-18. 19-21 (R. 20b)
Evangelho - Mt 11,28-30

Jesus vê ao Seu redor discípulos cansados, multidões cansadas e fatigadas; carregavam pesos e fardos muito pesados, a própria lei se tornava um jugo, porque ela exigia demais, cobrava demais, oprimia demais o espírito, a alma. A pessoa era de Deus, mas não sentia alegria, paz e libertação por ser de d’Ele.

Sabem, meus irmãos, nós não podemos seguir uma religião que, para nós, representa peso. A religião de Jesus não é peso, mas sim libertação! A religião de Jesus não é opressão, é vida nova, traz paz ao nosso coração! É verdade que seguir Jesus causa uma revolução dentro de nós e tem suas exigências, mas traz para o nosso coração a libertação de que a nossa alma tanto necessita.

A vida nos cansa devido aos muitos compromissos que um dia assumimos em casa, em nossa família e até na Igreja e se tornam um fardo para a nossa vida; nossa cabeça está cheia de coisas, ficamos logo esgotados com o ritmo frenético da vida.

Deixe-me dizer a você: não é Deus que nos quer demasiadamente ocupados, não é Deus que nos chamou para estarmos cheios de coisas, compromissos ou responsabilidades. “Mas se eu não assumir, padre, quem vai assumir? Dentro da minha casa eu preciso fazer de tudo! Não faça de tudo sozinho(a). Faça tudo com Deus! Peça para a luz de Deus trazer a paz de que o seu coração precisa, para que aquilo que parece, muitas vezes, um peso insuportável se torne até um prazer e retorne a alegria. Quando fazemos as coisas com o coração e, sobretudo, com o coração de Deus em nós, até aquilo que parecia insuportável se torna para nós prazeroso.

Que hoje nos deixemos ser tomados por esse convite de Jesus e coloquemos n’Ele o nosso cansaço, a nossa fadiga e o nosso fardo. Que o nosso coração encontre no Coração de Jesus o descanso e o alento de que a nossa alma e o nosso espírito tanto precisam.

Deus abençoe você!

Pe Roger Araujo
cancaonova.com

Pia União de Santo Antônio

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