Leituras
1ª Leitura - Ct 3,1-4a
Salmo - Sl 62(63),2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Evangelho - Jo 20,1-2.11-18
Estamos celebrando trinta e um anos da Pastoral da Criança no Brasil e com a graça de Deus, com mais de duzentos e sessenta mil líderes, um milhão e oitocentas mil crianças acompanhadas mensalmente com amor e dignidade. Tudo isso aconteceu e acontece porque uma mulher, inspirada por Deus teve a iniciativa de diminuir quase totalmente a mortalidade infantil, na cidade de Prudentópolis, aqui no Paraná, através de pequenas ações, como o soro caseiro e a multimistura.
Dra. Zilda Arns, vítima do terremoto no Haiti em 2008, deu a vida trabalhando pelas crianças do país mais pobre deste Continente. A Pastoral da Criança nasceu do coração de Deus, no coração de uma mulher. Esse fato fez e faz a diferença na defesa da vida, de milhões de crianças no mundo.
Ao lado destas ações concretas surgiram outras, que vai desde o acompanhamento da mãe gestante até aos seis anos de idade. Todo o trabalho deste exército de voluntários é mantido pela mística do amor concreto, tendo como luz a palavra do Senhor.
“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. O grande e fundamental objetivo é a promoção e defesa da vida, daqueles que são mais vulneráveis no seio da família e da sociedade. Essa experiência hoje está presente em vários países da América Latina e África. Tudo o que vem de Deus floresce e dá frutos abundantes, ninguém passa necessidade, porque é feito em Deus e por Deus.
Na semana passada fiz parte de uma missão da Pastoral da Criança, no nosso vizinho Paraguai. Acompanhei a Ir. Zenaide, religiosa cujo carisma é trabalhar com migrantes e a Sra. Danieli, leiga destinada para acompanhar a Pastoral internacional.
A nossa missão foi realizada para encontrar, animar, entusiasmar as líderes que hoje fazem a Pastoral acontecer no Paraguai, como também encontrar os bispos nas suas dioceses onde existe um bom trabalho, mas, que pode avançar mais.
Fiquei impressionado pela coragem e dedicação daquelas mulheres simples humildes, que dão a vida, entenderam o que significa fazer pastoral e Pastoral da Criança. Em meio de tantas dificuldades e desafios, não desanimam estão cada vez mais fortes. Fui com a missão de animar e voltei animado.
Voltei com o desejo de continuar apoiando, não só aqui na nossa realidade, e sim abrindo o coração para outras realidades muito mais desafiantes que a nossa.
Uma religiosa brasileira que trabalha há anos no Paraguai dizia: “Quando vou visitar os meus familiares em Maringá e vejo que tantas coisas são jogadas fora, eu queria ter um caminhão e trazer tudo e doar à nossa gente”.
Também conheci uma líder que vive em uma comunidade bem interiorana, parteira, mãe de família, líder da Pastoral, e teve que sair às três da manhã de casa na garupa de uma moto, tomar um coletivo para chegar no horário da reunião, trazendo com ela a filhinha de três aninhos. Em nenhum momento da reunião ela reclamou da vida. Uma alegria impressionante.
Podemos ser solidários, não só com o que jogamos fora, ou gastamos inutilmente, mas dar de nós mesmos. Quanta gente em depressão porque não tem o que fazer, ou acha que já fez tudo. Tem muita gente precisando de você e não de coisas. Levante, vá em missão. Tem pessoas que precisam de você, da sua vida, e essas pessoas podem estar do seu lado. Boa semana, com as bênçãos de Deus.
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
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