Jesus que veio e que vem; portanto, são dois momentos fortes de reflexão.
As leituras bíblicas, especialmente os evangelhos, reforçam o aspecto da vigilância como atitude contínua de quem se prepara para a chegada do Senhor.
O 1º e o 2º Domingo do Advento, nos levam a refletir sobre a segunda vinda de Jesus, a parusia.
Muitos perguntam: Que segunda vinda? Terá uma segunda vinda?
Com certeza! É o que rezamos na profissão de fé, Jesus que virá para julgar os vivos e os mortos. Então, vai ter o fim do mundo? Quem disse que não? Só não sabemos quando, nem como.
Se na primeira ele veio vestido com manto de pobreza, na gruta de Belém, e seu trono foi a cruz; na segunda ele virá sobre as nuvens revestido de glória e majestade, com os coros dos anjos (Mt 14,30). Se na primeira vinda, Jesus, não foi ouvido, foi emudecido pela mão do homem, na segunda vez a voz do Senhor, irá ecoar em todos os cantos da terra.
O 3º e 4º Domingos do Advento, é uma preparação imediata para o Santo Natal.
A cada domingo do Advento Deus, nos dá uma mensagem, no 1º a mensagem é: vigiai.
Pais de família, mães de família, lideranças: acordem do sono, despertem para a vida, Deus se manifesta!
Eu não consigo entender alguém que diz: Deus me esqueceu. Deus, não me ouve! Não é verdade! Deus está ouvindo sim. Nenhum clamor passa despercebido aos ouvidos de Deus.
Se alguém diz: Deus não me dá resposta! Também não é verdade.
Como é que nós queremos ouvir Deus? Queremos que, Ele nos segure, nos chacoalhe e diga: Filho agora sou Eu que falo!?
O que precisamos mais do que Deus nos fala a cada Eucaristia, nos fala pela Sua Palavra?
O que precisamos mais, para perceber os sinais de Deus, agindo e se manifestando, nos acontecimentos da história? É só olharmos a nossa vida. Façamos a leitura de nossa história. Olhemos para este último ano, para os acontecimentos em nossa vida, em nossas famílias, os acontecimentos espirituais, e perguntemos, não o por quê, mas, para que? Perguntemos a Ele: O que queres de mim, Senhor?
Despertemos para a fé, despertemos, não fiquemos adormecido! Despertemos Deus, que está dentro de nós. Acordemos para a comunidade, acordemos para a Palavra de Deus, acordemos para o chamado de Deus, que a qualquer momento, vem a nós.
O 2º Domingo do Advento nos trás, uma mensagem, um apelo fortíssimo de conversão: “ Convertei-vos. O reino de Deus está próximo!”
Jesus virá, com a plena sabedoria, com os dons plenos do Espírito. Jesus virá uma segunda vez. E nós antes que tarde, procuremos a conversão.
João Batista, preparou os caminhos do Senhor, pregou o batismo de conversão. E, a Sagrada Escritura relata que quando batizava no Jordão, vinham os pecadores e as multidões, e João, batizava a todos. Mas, João toma uma atitude agressiva quando percebeu que chegam os fariseus e saduceus Por que será? Por que esta atitude de dizer: sepulcros caiados, raça de víboras (Mt 3,1-12)? Devido à hipocrisia, João percebe que não há uma disposição interior em de fato, se converterem, e mudarem de vida, para aceitar Jesus. Eles arrogantemente garantiam: “Nós temos o céu garantido, nós somos filhos de Abraão”.
E nós que somos católicos, batizados, nós também não achamos que temos o céu garantido?
Não basta ser católico, não basta ser batizado, se não houver uma conversão. Uma conversão interior, uma conversão que, de fato, mexa com a nossa forma de pensar, de agir.
Não adianta queremos tapear Deus. Deus não quer que vivamos na hipocrisia. Não adianta querer nos mostrar para os outros, porque Deus tudo vê. Deus sonda o nosso coração.
A conversão que o Nosso Senhor deseja, é que o nosso coração seja uma manjedoura, que o nosso coração esteja preparado para acolhê-lo.
Produzamos frutos de conversão. Se queremos viver um Santo Natal, se queremos que o ano seja repleto de paz, comecemos hoje, limpar a eira, limpar embaixo, tirar a erva daninha, tirar o que não presta, tirar o que é fútil, tirar o que é supérfluo, tirar o que não vale nada.
Aparência se desgasta, um dia nós teremos que nos olhar como somos. Convertei-vos urgentemente o Reino dos céus, em Jesus está próximo, está entre nós!
O 3º Domingo do Advento, também conhecido como domingo Gaudete (Domingo da alegria), apresenta os tempos messiânicos e funciona como uma antecipação do Natal. Deus vem salvar-nos, a sua vinda se aproxima. Nesse domingo já se anuncia a chegada do Senhor como causa de alegria para a comunidade. É como um aviso: "Ele está chegando!". Esse anúncio alegre nos contagia e nos impele a preparar uma acolhida mais calorosa e amorosa para a chegada do Senhor.
As leituras do 3º Domingo do Advento nos falam de alegria, de esperança, de tempo de graça, da chegada do Messias. A virgem Maria e João Batista, são os protagonistas da chegada do Salvador.
No 4º Domingo do Advento, às portas do Natal, somos convidados a acolher aquele que vem ao nosso encontro. O Senhor está à porta e bate! A figura da Virgem Maria simboliza a Igreja inteira à espera do Salvador. Maria é a terra fecunda para acolher a semente do Reino, é,a imagem do povo da antiga Aliança à espera do Salvador.
Evangelizar é preciso também no Natal, para que nos lembremos o sentido maior desta festa. Que saibamos que a nossa jornada, a nossa luta é uma luta constante e diária, como cristãos que devemos ser, porque não vai demorar muito, sem querer ser pessimista, iremos nos saudar: feliz dia do Papai Noel! Isso, devido a grande inversão dos valores que está acontecendo. Uma inversão perigosa onde o que é secundário se o torna principal. E, não só se referindo ao Natal, mas a toda a escala de valores do ser humano.
Portanto, o nascimento de Jesus é um chamado anual, que o Senhor nos faz: “acorde filho, desperte, saia deste torpor da fé e redimensione a tua vida”.
Neste peregrinar nós temos o amparo dos Santos, de Nossa Senhora; não para o passado, tentando encontrar Jesus na gruta de Belém do ontem, mas é um peregrinar para a gruta de Belém do amanhã, onde nós, de fato, devemos contemplar Deus face a face.
Deus que sabe da nossa fragilidade, Ele foi gente de carne e osso e foi tão humano, tão humano que só podia ser Deus.
Sabendo que nós, nessa caminhada capengamos, caímos, todo ano Ele nos dá esta oportunidade de fazer de novo brilhar a luz e que, se por acaso, nós estivermos em caminhos errados, tortuosos, retomemos o caminho para gruta, retomemos e condicionemos a nossa vida pessoal e familiar na busca desde Deus.
No Natal, quem nasce não é mais um dos grandes personagens, é Nosso Deus, ou partimos do principio que, quem nasce é o Deus Encarnado, ou a nossa fé é vã.
À partir desta verdade, deste sinal de Deus, que nós devemos procurar conduzir nossa vida; volto a dizer que é partindo deste principio que, na historia da salvação bíblica e de hoje, nós temos que tomar uma posição.
A estrela, a luz, brilhou para todos, não brilhou só para os três reis magos. Eles não tiveram um céu particular. A estrela, a luz foi comum a todos, mas somente aqueles que estavam desprovidos, vigilantes, esvaziados do mundo, conseguiram perceber.
Os pastores perceberam o sinal e foram até a gruta ver o Menino (Lc 2, 16). Os magos vendo o sinal seguiram até Jesus. Herodes teve as mesmas chances: culto, teve o ensinamento desses próprios magos, mas ao invés de aceitar Jesus, mandou dizimar todos os recém nascidos (Mt 2, 2.7.16).
Sinceramente, nos cabe uma pergunta simples, tão simples quanto o mandamento do amor: De que lado estamos diante dos sinais de Deus? Deus dá os sinais, claro que ele não vai mandar nenhum kairós, ou nenhum momento de anjos teofânico, mas Deus dá sinais, é só olhar para nossa vida. Sinais visíveis onde Ele mostra o caminho certo, diante destes sinais: qual é a nossa posição? Temos procurado ter docilidade à ação do Espírito, ou como Herodes e tantos outros, criar resistência a ação de Deus?
Natal meus irmãos, não é uma festa de hoje; os antigos padres da Igreja ensinavam que a gruta de Belém, fim último de todos nós, é uma gruta muito pequena e o próprio Jesus a descreveu numa imagem da porta estreita. Santo Ambrósio disse: “Para entrar na gruta e ver o pobre entre os pobres, só passará pela porta, quem for humilde de coração, quem for despojado de toda a arrogância, de toda empáfia, porque, Deus se fez homem para fazer do homem um Deus.”
Que o natal, não seja do papai Noel, não matemos o Menino Jesus, deixemos que o aniversariante venha com toda luz, com todo brilho, com toda libertação. Como diz Pe. Libânio: “Chega de tantos cristãos e tanta religiosidade, sem de fato uma libertação em Cristo”.
Façamos do Natal seja um encontro pessoal com Jesus, um renascer de Deus em nós. Seja uma entrada na gruta de Belém, e que ao sairmos desta gruta, como os pastores, saiamos renovados e dispostos a construir um mundo solidário, mais justo e mais fraterno.
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