2ª Leitura - 1Cor 12,3b-7.12-13
Evangelho - Jo 20,19-23
A solenidade de Pentecostes encerra o Tempo da Páscoa.
Inaugura-se na história da humanidade um novo tempo, o Tempo do Espírito, ou o Tempo da Igreja. Trata-se de um espaço aberto pra o testemunho dos discípulos: “… permanecei em Jerusalém até receberdes a força do alto, o Espírito Santo, na Judeia, na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8).
O adjetivo ordinal “pentecostes” designa o último dia de uma série de cinquenta dias. O pentecostes não coincide com a festa judia de Pentecostes (cf. At 2,1). A festa judia passou por uma evolução: de uma festa agrícola (Ex 12,15-17; Ex 34,22; Dt 16,10), ela passou, no período pós-exílico, a ser a festa comemorativa da Aliança no Sinai (ver: Ex 19,1).
Todo relato da descida do Espírito Santo em At 2,1-11 possui os elementos da teofania do Sinai: barulho ensurdecedor e fogo (ver Ex 19,16). São elementos da manifestação de Deus. O barulho enche toda a casa, como o Espírito Santo, a todos eles (cf. vv. 2.4). E, depois de um fenômeno sonoro, um fenômeno visual: “... línguas como de fogo” (v. 3). Que são essas “línguas de fogo”? Simbolizam o poder de Deus que faz falar. Faz falar o quê? As maravilhas de Deus (cf. v. 11). Não se trata de falar línguas incompreensíveis. O dom do Espírito Santo faz com que a Igreja assuma a cultura, a língua de cada povo, para poder chegar a cada pessoa as maravilhas de Deus, isto é, o que Deus fez por nós e para nós em Jesus Cristo.
A solenidade de Pentecostes funda a universalidade da missão da Igreja. Mas há continuidade entre o pentecostes judeu e o cristão: o dom do Espírito é o dom da Lei interiorizada, quando, da Nova Aliança, surgem o espírito novo e o coração novo de que falam os profetas Jeremias e Ezequiel (Jr 30,23; Ez 36,26-27).
Carlos Alberto Contieri,sj
ORAÇÃO À TRINDADE
“Eterno Deus onipotente,
justo e misericordioso,
concedei-nos a nós míseros
praticar por vossa causa
o que reconhecermos ser a vossa vontade
e querer sempre o que vos agrade,
a fim de que,
interiormente purificados, iluminados e abrasados
pelo fogo do Espírito Santo,
possamos seguir as pegadas de vosso Filho,
Nosso Senhor Jesus Cristo,
e por vossa graça unicamente
chegar até vós,
ó Altíssimo,
que em Trindade perfeita e Unidade simples
viveis e reinais na glória
como Deus onipotente
por toda a eternidade”
São Francisco de Assis – Carta a toda Ordem, 50-52