Leituras
1ª Leitura - Eclo 48,1-4.9-11
Salmo - Sl 79 (80), 2ac.3b. 15-16. 18-19 (R.4)
Evangelho - Mt 17,10-13
HOMILÍA
Hoje desejo que, profundamente, a mensagem de Jesus encontre lugar dentro do seu coração. Desejo que verdadeiramente, na sua casa, o Senhor seja acolhido!
“Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles” (Mt 17,12).
Meus queridos irmãos e irmãs no seguimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, dois personagens aos quais temos de prestar bastante atenção neste tempo em que vivemos: João Batista e Jesus. Jesus e João Batista.
Os judeus dizem: “Mas, para que venha o Messias, não é preciso que primeiro venha Elias? Porque Elias é aquele que vai nos mostrar quem é verdadeiramente o Messias!” E então Jesus responde: “Elias já veio” (Mt 17, 12b). Elias já passou no meio de vocês, mas ele não foi recebido nem reconhecido. Ao contrário, o maltrataram e o mataram. (cf. Mt 17, 10-13).
É claro que Elias, o profeta do Antigo Testamento, não voltou à vida – ou ainda como dizem alguns – ele também não “reencarnou”. Apenas que João Batista representou aquilo que Elias foi para o povo na sua época. João Batista agora veio com esse mesmo espírito: preparar o povo para que recebesse o Messias, preparar o povo para que recebesse Jesus, o Senhor e Salvador.
Você sabe como foi a pregação de João Batista, como ele foi incisivo, o quanto ele apontou o caminho da salvação, o quanto ele disse verdades. E por causa dessas verdades, esse santo foi maltratado e morreu decapitado. Mas, se não acolheram Elias na pessoa de João Batista, o mesmo irá acontecer com o Filho do Homem, que será rejeitado e maltratado. A indiferença do povo daquela época foi a grande causa da rejeição a Jesus e à mensagem d’Ele.
Sabe, meus irmãos, os anos se passaram, e ainda que nos preparemos para celebrar o Natal – o nascimento do Salvador – com tudo aquilo fazemos, ou seja, com as pompas, com as decorações, Jesus continua sendo o “rejeitado” de todos os tempos!
Ainda são muitos os lares que não O acolhem. Mesmo os lares que se preparam para celebrar o seu Natal não são capazes de acolher a vida que Jesus nos trouxe, não são capazes de acolher a Sua mensagem, o Seu Evangelho, e se comportam com uma verdadeira indiferença. Até fazem festa… Até recordam que é Natal, mas não são capazes de reconhecer que Jesus veio para trazer uma vida nova, baseada no Seu Evangelho e na Sua mensagem.
Hoje desejo que, profundamente, a mensagem de Jesus encontre lugar dentro do seu coração. Que dentro de você essa mensagem encontre lugar para nascer, para crescer e para fecundar vida. Eu desejo que verdadeiramente, na sua casa, o Senhor seja acolhido!
Que Deus abençoe você!
Pe Roger Araujo
São João da Cruz
O santo deste dia é conhecido como “doutor místico”: São João da Cruz. Nasceu em Fontiveros, na Espanha, em 1542. Seus pais, Gonçalo e Catarina, eram pobres tecelões. Gonçalo morreu cedo e a viúva teve de passar por dificuldades enormes para sustentar os três filhos: Francisco, João e Luís, sendo que este último morreu quando ainda era criança. Como João de Yepes (era este o seu nome de batismo) mostrou-se inclinado para os estudos, a mãe o enviou para o Colégio da Doutrina. Em 1551, os padres jesuítas fundaram um colégio em Medina (centro comercial de Castela). Nele, esse grande santo estudou Ciências Humanas.
Com 21 anos, sentiu o chamado à vida religiosa e entrou na Ordem Carmelita, na qual pediu o hábito. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro. Ocasião em que passou a ser chamado de João de Santa Maria. Devido ao talento e à virtude, rapidamente foi destinado para o colégio de Santo André, pertencente à Ordem, em Salamanca, ao lado da famosa Universidade. Ali estudou Artes e Teologia. Foi nesse colégio nomeado de “prefeito dos estudantes”, o que indica o seu bom aproveitamento e a estima que os demais tinham por ele. Em 1567 foi ordenado sacerdote.
Desejando uma disciplina mais rígida, São João da Cruz quase saiu da Ordem para ir ingressar na Ordem dos Cartuxos, mas, felizmente, encontrou-se com a reformadora dos Carmelos, Santa Teresa D’Ávila, a qual havia recebido autorização para a reforma dos conventos masculinos. João, empenhado na reforma, conheceu o sofrimento, as perseguições e tantas outras resistências. Chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo, até que conseguiu fugir. Dessa forma, o santo espanhol transformou, em Deus e por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos. Três coisas pediu e acabou recebendo de Deus: primeiro: força para trabalhar e sofrer muito; segundo: não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro: morrer desprezado e escarnecido pelos homens.
Pregador, místico, escritor e poeta, esse grande santo da Igreja faleceu após uma penosíssima enfermidade, em 1591, com 49 anos de idade. Foi canonizado no ano de 1726 e, em 1926, o Papa Pio XI o declarou Doutor da Igreja. Escreveu obras bem conhecidas como: Subida do Monte Carmelo; Noite escura da alma (estas duas fazem parte de um todo, que ficou inacabado); Cântico espiritual e Chama viva de amor. No decurso delas, o itinerário que a alma percorre é claro e certeiro. Negação e purificação das suas desordens sob todos os aspectos.
São João da Cruz é o Doutor Místico por antonomásia, da Igreja, o representante principal da sua mística no mundo, a figura mais ilustre da cultura espanhola e uma das principais da cultura universal. Foi adotado como Patrono da Rádio, pois, quando pregava, a sua voz chegava muito longe.
São João da Cruz, rogai por nós!
cancaonova.com
Chama viva de amor
“Oh! Chama de amor viva
que ternamente feres
De minha alma no mais profundo centro!
Pois não és mais esquiva,
Acaba já, se queres,
Ah! Rompe a tela deste doce encontro.
Oh! Cautério suave!
Oh! Regalada chaga!
Oh! Branda mão! Oh! Toque delicado
Que a vida eterna sabe,
E paga toda dívida!
Matando, a morte em vida me hás trocado.
Oh! Lâmpadas de fogo
Em cujos resplendores
As profundas cavernas do sentido,
- que estava escuro e cego, -
Com estranhos primores
Calor e luz dão junto a seu Querido!
Oh! Quão manso e amoroso
Despertas em meu seio
Onde tu só secretamente moras:
Nesse aspirar gostoso,
De bens e glória cheio,
Quão delicadamente me enamoras!”