No texto autógrafo, Inácio de Loiola encabeça o livro dos Exercícios Espirituais com a oração “Alma de Cristo”. Uma oração antiga, pois aparece em vários códices do século XIV, e à qual ele tinha especial devoção. Esta oração pode nos ajudar a situar-nos na realidade mais profunda de cada um e, desse modo, estabelecer um diálogo sincero com Deus. Com o coração aberto e a coragem de estar na presença do Pai Misericordioso com as dúvidas que, por vezes, inquietam o nosso coração, rezemos:
Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de Vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que me separe de Vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me.
E mandai-me ir para Vós, para que Vos louve com os vossos
Santos, por todos os séculos dos séculos.
Amém
Alma de Cristo, santificai-me. Os problemas da alma, isto é, a falta de ânimo, o cansaço de viver, o relaxamento na vida espiritual, a desesperança diante das próprias limitações às vezes nos atingem... Então precisamos dizer: Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me. Os problemas do corpo são tantos!Quando sentimos que o corpo é um obstáculo e uma dificuldade; quando sentimos a contradição entre o que queremos e o que fazemos, entre os desejos e a realidade; quando se constata a falta de força física e as limitações que nos invadem... Então precisamos dizer: Corpo de Cristo, salvai-me!
Sangue de Cristo, inebriai-me. Os problemas da tibieza, do cálculo exagerado poupando a própria vida e relacionamentos... A experiência do egoísmo, da busca do bem-estar e da comodidade; quando percebemos que falta generosidade e maior compromisso na vida; quando sentimos a desolação tomar conta de nós... Então precisamos dizer: Sangue de Cristo, inebriai-me!
Água do lado de Cristo, lavai-me. O problema do pecado e da faltas repetidas... Quando as mesmas recaídas e os hábitos maus se impõem; quando a mentira e o engano parecem sobrepor-se ao verdadeiro sentido da vida; quando o passado negativo pesa demasiado e nos faz sentir sujos e malvados... Então precisamos dizer: Água do lado de Cristo, lavai-me!
Paixão de Cristo, confortai-me. Os problemas da dor ; as dificuldades exteriores e interiores, próprias e alheias; a dificuldade de controlar os próprios sentimentos, os medos, os aborrecimentos e as tristezas; o temor frente às dificuldades e o pavor frente à dor... Quando sentimos algo disso, então precisamos dizer:Paixão de Cristo, confortai-me!
Ó bom Jesus, ouvi-me. Os problemas da oração ... Quando a própria oração se transforma em problema e parece que a fé e o amor enfraquem; quando não rezamos ou nos sentimos longe do Senhor e parece que Ele já não nos escuta; quando duvidamos até da sua infinita misericórdia... Então precisamos dizer: Ó bom Jesus, ouvi-me!
Dentro de Vossas chagas, escondei-me. Os problemas da superficialidade e consciência de não viver em profundidade... O deixar-se levar pelos condicionamentos pessoais e sociais... Quando nos sentimos escravos das circunstâncias que nos rodeiam e perdemos nossos sonhos melhores; quando percebemos que falta coerência e apenas cumprimos funções sem profundidade e convicção... Então precisamos dizer: Dentro de Vossas chagas, escondei-me!
Não permitais que me separe de Vós. Os problemas da afetividade espiritual ... Quando não se compreende e apenas se sente; quando falamos e nada comove; quando a fé se torna demasiado fria e racional; quando a pessoa de Jesus se torna apenas um conceito, uma idéia; quando perdemos a alegria e a bondade e sentimos que a tristeza e o cinismo invade o nosso interior... Então precisamos dizer: Não permitais que me separe de Vós!
Do espírito maligno, defendei-me. Os problemas de situações difíceis e sufocantes ... Quando sentimos que os outros se aproveitam de nós; quando topamos constantemente com o egoísmo dos outros; quando temos medo de passar ridículo por sermos bons e generosos; quando a atração do ter, do prazer e do poder se fazem extremamente fortes... Então precisamos dizer: Do espírito maligno, defendei-me!
Na hora da minha morte, chamai-me. Os problemas surgem sem aviso e aos poucos nos transtornam... Quando nos fechamos em nossa solidão e rompemos os relacionamentos gratuitos; quando as feridas da vida ficam abertas e doídas e nunca mais cicatrizam; quando estamos perdidos e seduzidos pelo nosso egoísmo... Então precisamos dizer: Na hora da minha morte, chamai-me e mandai-me ir para Vós, para que Vos louve com os vossos Santos e Santas, por todos os séculos dos séculos. Amém!
Por Pe. Paulo Pedreira de Freitas,SJ e Pe. J.Ramón,SJ
SEJAM BEM-VINDOS!
Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.
terça-feira, julho 31, 2012
Santo Inácio de Loyola - fundador da Companhia de Jesus
Neste dia celebramos a memória deste santo que, em sua bula de canonização, foi reconhecido como tendo "uma alma maior que o mundo".
Inácio nasceu em Loyola na Espanha, no ano de 1491, e pertenceu a uma nobre e numerosa família religiosa (era o mais novo de doze irmãos), ao ponto de receber com 14 anos a tonsura, mas preferiu a carreira militar e assim como jovem valente entregou-se às ambições e às aventuras das armas e dos amores. Aconteceu que, durante a defesa do castelo de Pamplona, Inácio quebrou uma perna, precisando assim ficar paralisado por um tempo; desse mal Deus tirou o bem da sua conversão, já que depois de ler a vida de Jesus e alguns livros da vida dos santos concluiu: "São Francisco fez isso, pois eu tenho de fazer o mesmo. São Domingos isso, pois eu tenho também de o fazer".
Realmente ele fez, como os santos o fizeram, e levou muitos a fazerem "tudo para a maior glória de Deus", pois pendurou sua espada aos pés da imagem de Nossa Senhora de Montserrat, entregou-se à vida eremítica, na qual viveu seus "famosos" Exercícios Espirituais, e logo depois de estudar Filosofia e Teologia lançou os fundamentos da Companhia de Jesus. A instituição de Inácio iniciada em 1534 era algo novo e original, além de providencial para os tempos da Contra-Reforma. Ele mesmo esclarece: "O fim desta Companhia não é somente ocupar-se com a graça divina, da salvação e perfeição da alma própria, mas, com a mesma graça, esforçar-se intensamente por ajudar a salvação e perfeição da alma do próximo".
Com Deus, Santo Inácio de Loyola conseguiu testemunhar sua paixão convertida, pois sua ambição única tornou-se a aventura do salvar almas e o seu amor a Jesus. Foi para o céu com 65 anos e lá intercede para que nós façamos o mesmo agora "com todo o coração, com toda a alma, com toda a vontade", repetia.
A espiritualidade inaciana
A espiritualidade inaciana nasce a partir da vida de Santo Inácio de Loyola, basco nobre do séc.XVI que com mais 9 companheiros fundou a Companhia de Jesus. Ao longo de uma vida atribulada e crescentemente atenta à presença de Deus no seu interior, Inácio foi escrevendo o pequenino, mas profundo manual dos Exercícios Espirituais, proposta de retiro capaz de proporcionar essa mesma experiência a outros. Esta espiritualidade é hoje seguida por um grande conjunto de pessoas, congregações religiosas e movimentos de leigos.
As 5 chaves da espiritualidade inaciana
1) Como ponto de partida, um Deus visto como o Absoluto da vida da pessoa, desejando a sua felicidade e o seu bem. Foi o próprio Inácio a descrever a sua experiência de Deus como a de “uma criança levada cuidadosamente pela mão”.
2) Um Deus presente em todas as coisas, e por isso imprimindo nelas a sua bondade: tudo é bom ao contemplar o céu estrelado de Roma, Inácio sentia uma alegria e consolação profundas, pois as estrelas falavam-lhe poderosamente do seu Criador e Senhor.
3) Um desafio, o de crescer em liberdade interior, disponibilidade constante para o uso certo de todos os bens. Inácio era também muito consciente dos “enganos do coração”, e conhecia por experiência própria como o egoísmo no uso de qualquer realidade (bens materiais, relações pessoais, situações, etc.) pode “desviar” o serviço do Bem no mundo. Daí a necessidade da liberdade interior que vem de estarmos centrados em Deus e voltados para o serviço dos homens. O pecado nasce precisamente da falta dessa liberdade, e mais do que não cumprir regras, é “errar o alvo” no caminho do que nos faz plenamente humanos.
4) Uma arte, a de viver bem e com paz cada momento da vida, seja ele alegre ou mais difícil. Para Inácio, a vida, “correr bem” ou “correr mal”, não depende dos eventos exteriores, do maior ou menos sucesso, da saúde ou da doença. A promessa de Deus não é uma vida facilitada, mas a Sua presença e proximidade para ajudar a viver mesmo as circunstâncias mais duras. Por isso um aparente sucesso na vida, seja fama ou poder, pode afastar dos outros e do seu serviço; e um fracasso, pelo contrário, pode ter como resultado a consciência da não auto-suficiência e da necessidade dos outros e de Deus.
5) Um método, a forma de encontrar os desafios de Deus no coração do homem, partindo da consciência das consolações (alegria e paz interior) e desolações (inquietação e “falta de sintonia”). As primeiras indicam o caminho a seguir, as segundas revelam as opções a evitar.
O magis inaciano
Característico da espiritualidade inaciana é a sua capacidade de fazer sair o melhor de cada um, através do aprofundamento do mundo interior da pessoa onde o próprio Deus habita e se revela. O magis não é a perfeição segundo qualquer regra ou medida, mas o mais que é único em cada pessoa, onde as três dimensões da vida se encontram: o amor a Deus, o serviço ao próximo, e a felicidade de sabermos que estamos no caminho certo. Passa menos pela pessoa decidir que esforço quer oferecer a Deus, mas por em primeiro lugar se por à escuta: “Senhor, aqui estou! Onde queres que Te sirva?”
Inácio nasceu em Loyola na Espanha, no ano de 1491, e pertenceu a uma nobre e numerosa família religiosa (era o mais novo de doze irmãos), ao ponto de receber com 14 anos a tonsura, mas preferiu a carreira militar e assim como jovem valente entregou-se às ambições e às aventuras das armas e dos amores. Aconteceu que, durante a defesa do castelo de Pamplona, Inácio quebrou uma perna, precisando assim ficar paralisado por um tempo; desse mal Deus tirou o bem da sua conversão, já que depois de ler a vida de Jesus e alguns livros da vida dos santos concluiu: "São Francisco fez isso, pois eu tenho de fazer o mesmo. São Domingos isso, pois eu tenho também de o fazer".
Realmente ele fez, como os santos o fizeram, e levou muitos a fazerem "tudo para a maior glória de Deus", pois pendurou sua espada aos pés da imagem de Nossa Senhora de Montserrat, entregou-se à vida eremítica, na qual viveu seus "famosos" Exercícios Espirituais, e logo depois de estudar Filosofia e Teologia lançou os fundamentos da Companhia de Jesus. A instituição de Inácio iniciada em 1534 era algo novo e original, além de providencial para os tempos da Contra-Reforma. Ele mesmo esclarece: "O fim desta Companhia não é somente ocupar-se com a graça divina, da salvação e perfeição da alma própria, mas, com a mesma graça, esforçar-se intensamente por ajudar a salvação e perfeição da alma do próximo".
Com Deus, Santo Inácio de Loyola conseguiu testemunhar sua paixão convertida, pois sua ambição única tornou-se a aventura do salvar almas e o seu amor a Jesus. Foi para o céu com 65 anos e lá intercede para que nós façamos o mesmo agora "com todo o coração, com toda a alma, com toda a vontade", repetia.
A espiritualidade inaciana
A espiritualidade inaciana nasce a partir da vida de Santo Inácio de Loyola, basco nobre do séc.XVI que com mais 9 companheiros fundou a Companhia de Jesus. Ao longo de uma vida atribulada e crescentemente atenta à presença de Deus no seu interior, Inácio foi escrevendo o pequenino, mas profundo manual dos Exercícios Espirituais, proposta de retiro capaz de proporcionar essa mesma experiência a outros. Esta espiritualidade é hoje seguida por um grande conjunto de pessoas, congregações religiosas e movimentos de leigos.
As 5 chaves da espiritualidade inaciana
1) Como ponto de partida, um Deus visto como o Absoluto da vida da pessoa, desejando a sua felicidade e o seu bem. Foi o próprio Inácio a descrever a sua experiência de Deus como a de “uma criança levada cuidadosamente pela mão”.
2) Um Deus presente em todas as coisas, e por isso imprimindo nelas a sua bondade: tudo é bom ao contemplar o céu estrelado de Roma, Inácio sentia uma alegria e consolação profundas, pois as estrelas falavam-lhe poderosamente do seu Criador e Senhor.
3) Um desafio, o de crescer em liberdade interior, disponibilidade constante para o uso certo de todos os bens. Inácio era também muito consciente dos “enganos do coração”, e conhecia por experiência própria como o egoísmo no uso de qualquer realidade (bens materiais, relações pessoais, situações, etc.) pode “desviar” o serviço do Bem no mundo. Daí a necessidade da liberdade interior que vem de estarmos centrados em Deus e voltados para o serviço dos homens. O pecado nasce precisamente da falta dessa liberdade, e mais do que não cumprir regras, é “errar o alvo” no caminho do que nos faz plenamente humanos.
4) Uma arte, a de viver bem e com paz cada momento da vida, seja ele alegre ou mais difícil. Para Inácio, a vida, “correr bem” ou “correr mal”, não depende dos eventos exteriores, do maior ou menos sucesso, da saúde ou da doença. A promessa de Deus não é uma vida facilitada, mas a Sua presença e proximidade para ajudar a viver mesmo as circunstâncias mais duras. Por isso um aparente sucesso na vida, seja fama ou poder, pode afastar dos outros e do seu serviço; e um fracasso, pelo contrário, pode ter como resultado a consciência da não auto-suficiência e da necessidade dos outros e de Deus.
5) Um método, a forma de encontrar os desafios de Deus no coração do homem, partindo da consciência das consolações (alegria e paz interior) e desolações (inquietação e “falta de sintonia”). As primeiras indicam o caminho a seguir, as segundas revelam as opções a evitar.
O magis inaciano
Característico da espiritualidade inaciana é a sua capacidade de fazer sair o melhor de cada um, através do aprofundamento do mundo interior da pessoa onde o próprio Deus habita e se revela. O magis não é a perfeição segundo qualquer regra ou medida, mas o mais que é único em cada pessoa, onde as três dimensões da vida se encontram: o amor a Deus, o serviço ao próximo, e a felicidade de sabermos que estamos no caminho certo. Passa menos pela pessoa decidir que esforço quer oferecer a Deus, mas por em primeiro lugar se por à escuta: “Senhor, aqui estou! Onde queres que Te sirva?”
cancaonova.com
segunda-feira, julho 30, 2012
"Eucaristia é encontro do homem com Deus", salienta Bento XVI
Na proclamação da oração mariana do Angelus, deste domingo, 29, o Papa Bento XVI falou sobre a Eucaristia, “permanente grande encontro do homem com Deus, no qual o Senhor se faz alimento, dá a Si mesmo para nos transformar Nele”.
O Santo Padre salientou que Cristo é quem sacia a fome do homem, a fome de algo profundo, a fome de orientação, de sentido, de verdade, a fome de Deus.
“Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que nos faça redescobrir a importância de nos nutrir do corpo de Cristo, participando fielmente e com grande consciência da Eucaristia, para estarmos sempre mais intimamente unidos a Ele”, disse Bento XVI.
Ao mesmo tempo, o Pontífice pediu que todos rezassem para que jamais falte a ninguém o pão necessário para uma vida digna e sejam abatidas as desigualdades não com as armas da violência, mas com a compartilha e o amor.
Aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, o Papa falou também sobre o milagre da multiplicação dos pães, descrito no capítulo 6º do Evangelho de João. Nesta passagem, vem destaca também a presença de um garoto, que, diante da dificuldade de alimentar tanta gente, coloca em comum o pouco que tinha: cinco pães e dois peixes (cfr Jo 6,8).
“O milagre não se realiza do nada, mas de uma primeira e modesta partilha daquilo que um simples garoto tinha consigo. Jesus não nos pede aquilo que não temos, mas nos faz ver que se cada um oferece aquele pouco que tem, o milagre pode sempre acontecer: Deus é capaz de multiplicar o nosso pequeno gesto de amor e nos tornar participantes do seu dom”, destacou Bento XVI.
cancaonova.com
O Santo Padre salientou que Cristo é quem sacia a fome do homem, a fome de algo profundo, a fome de orientação, de sentido, de verdade, a fome de Deus.
“Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que nos faça redescobrir a importância de nos nutrir do corpo de Cristo, participando fielmente e com grande consciência da Eucaristia, para estarmos sempre mais intimamente unidos a Ele”, disse Bento XVI.
Ao mesmo tempo, o Pontífice pediu que todos rezassem para que jamais falte a ninguém o pão necessário para uma vida digna e sejam abatidas as desigualdades não com as armas da violência, mas com a compartilha e o amor.
Aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, o Papa falou também sobre o milagre da multiplicação dos pães, descrito no capítulo 6º do Evangelho de João. Nesta passagem, vem destaca também a presença de um garoto, que, diante da dificuldade de alimentar tanta gente, coloca em comum o pouco que tinha: cinco pães e dois peixes (cfr Jo 6,8).
“O milagre não se realiza do nada, mas de uma primeira e modesta partilha daquilo que um simples garoto tinha consigo. Jesus não nos pede aquilo que não temos, mas nos faz ver que se cada um oferece aquele pouco que tem, o milagre pode sempre acontecer: Deus é capaz de multiplicar o nosso pequeno gesto de amor e nos tornar participantes do seu dom”, destacou Bento XVI.
cancaonova.com
domingo, julho 29, 2012
O que é a santidade?
Como os santos conseguem alcançá-la?
Mais do que mirabolantes façanhas místicas ou heroísmos de faquir, a santidade consiste numa correspondência de amor. Trata-se de descobrir a presença de Deus em tudo, dando-lhe glória por meio das mais corriqueiras realidades do dia a dia.
O que é que os santos fazem para chegar à santidade? Duas coisas. Por um lado, ficam longe de tudo o que os impede de entrar pelos caminhos da graça e, por outro, dirigem-se diretamente a Deus. Mas fazem tudo isso pela glória do Senhor, não por algum proveito que possam obter. Eles são os que “buscam, antes, o Reino de Deus” – mais pelo Rei do que por eles próprios – e estão dispostos a esperar o tempo que Ele quiser até o dia em que “todo o resto lhes será dado por acréscimo” (cf. Mt 6,33).
Os santos, portanto, não tratam de fazer coisas especialmente santas (como ferozes penitências, passar noites inteiras ajoelhados, milagres, profecias, êxtases na oração); tratam de fazer tudo de um modo especialmente santo, exatamente do modo como Deus quer que o façam. Para eles, a única coisa do mundo que importa é a vontade do Pai. Sabem que a cumprindo estarão imitando Nosso Senhor, manifestando a caridade e sendo fiéis ao que há de melhor em si mesmos.
Tudo isso pode ser um grande estímulo para nós, pois mostra que o nosso serviço a Deus não depende de como nos sentimos, mas de como o Senhor olha para o que fazemos. Não depende de que os nossos atos pareçam heroicos, mas da nossa disposição em deixar que Ele tire heroísmo de nós; não depende de que conquistemos, à nossa maneira, uma meta que nos faça merecedores do título de “santo”, mas de que sigamos, com total confiança, o rumo marcado pela vontade do Senhor.
A santidade – como tudo na vida – deve ser encarada do ponto de vista de Deus; não do ponto de vista do homem. Viemos do Senhor, existimos por Ele. A nossa santidade também deve vir d'Ele e existir para Ele. Cremos que a finalidade do homem, da vida, da criação é a glória do Senhor. Mas o que isso significa para nós? O que é “glória” afinal?
Santo Agostinho diz que a glória é um “claro conhecimento unido ao louvor”. Mais do que, simplesmente, explicar o que ela é, essa expressão nos diz o que temos de fazer em relação a ela, ou seja, a maneira que devemos glorificar a Deus. Louvar o Senhor na oração é glorificá-Lo; servir ao próximo na caridade, também o é. Querer seguir a Cristo e cumprir Sua vontade é dar-Lhe glória.
Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em Pessoa, mostrou-nos como deu glória ao Pai durante a Sua vida terrena: "Eu glorifiquei-Te na Terra, consumando a obra que me deste a fazer (Jo 17,4). Que obra era essa? Muito simples: a vontade do Pai. É claro que isso implicou fazer muitas coisas específicas – como pregar, fazer milagres, fundar a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do Pai.
Quando, próximo do fim, Jesus disse na cruz: "Tudo está consumado" (Jo 19,30), não estava querendo dizer que Sua vida chegava ao fim, mas que a obra encomendada pelo Pai, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava, agora, perfeitamente concluída e já não restava mais nada a fazer.
Hubert von Zeller
http://www.quadrante.com.br/
O que é que os santos fazem para chegar à santidade? Duas coisas. Por um lado, ficam longe de tudo o que os impede de entrar pelos caminhos da graça e, por outro, dirigem-se diretamente a Deus. Mas fazem tudo isso pela glória do Senhor, não por algum proveito que possam obter. Eles são os que “buscam, antes, o Reino de Deus” – mais pelo Rei do que por eles próprios – e estão dispostos a esperar o tempo que Ele quiser até o dia em que “todo o resto lhes será dado por acréscimo” (cf. Mt 6,33).
Os santos, portanto, não tratam de fazer coisas especialmente santas (como ferozes penitências, passar noites inteiras ajoelhados, milagres, profecias, êxtases na oração); tratam de fazer tudo de um modo especialmente santo, exatamente do modo como Deus quer que o façam. Para eles, a única coisa do mundo que importa é a vontade do Pai. Sabem que a cumprindo estarão imitando Nosso Senhor, manifestando a caridade e sendo fiéis ao que há de melhor em si mesmos.
Tudo isso pode ser um grande estímulo para nós, pois mostra que o nosso serviço a Deus não depende de como nos sentimos, mas de como o Senhor olha para o que fazemos. Não depende de que os nossos atos pareçam heroicos, mas da nossa disposição em deixar que Ele tire heroísmo de nós; não depende de que conquistemos, à nossa maneira, uma meta que nos faça merecedores do título de “santo”, mas de que sigamos, com total confiança, o rumo marcado pela vontade do Senhor.
A santidade – como tudo na vida – deve ser encarada do ponto de vista de Deus; não do ponto de vista do homem. Viemos do Senhor, existimos por Ele. A nossa santidade também deve vir d'Ele e existir para Ele. Cremos que a finalidade do homem, da vida, da criação é a glória do Senhor. Mas o que isso significa para nós? O que é “glória” afinal?
Santo Agostinho diz que a glória é um “claro conhecimento unido ao louvor”. Mais do que, simplesmente, explicar o que ela é, essa expressão nos diz o que temos de fazer em relação a ela, ou seja, a maneira que devemos glorificar a Deus. Louvar o Senhor na oração é glorificá-Lo; servir ao próximo na caridade, também o é. Querer seguir a Cristo e cumprir Sua vontade é dar-Lhe glória.
Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em Pessoa, mostrou-nos como deu glória ao Pai durante a Sua vida terrena: "Eu glorifiquei-Te na Terra, consumando a obra que me deste a fazer (Jo 17,4). Que obra era essa? Muito simples: a vontade do Pai. É claro que isso implicou fazer muitas coisas específicas – como pregar, fazer milagres, fundar a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do Pai.
Quando, próximo do fim, Jesus disse na cruz: "Tudo está consumado" (Jo 19,30), não estava querendo dizer que Sua vida chegava ao fim, mas que a obra encomendada pelo Pai, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava, agora, perfeitamente concluída e já não restava mais nada a fazer.
Hubert von Zeller
http://www.quadrante.com.br/
sábado, julho 28, 2012
Sejam puros os que entram no templo
Jeremias 7,1-11; Mateus 13, 24-30
O Senhor pede que Jeremias se coloque à porta do templo. O profeta é encarregado fazer exortações aos que entram na casa do Senhor. Há necessidade de “decência” por parte dos que passam pelos umbrais da casa do Senhor. “Ouvi a palavra do Senhor, todos vós de Judá, que entrais por esta porta para adorar o Senhor”. E o profeta, num tom severo, chama a atenção para o que percebe no coração dos que chegam:
• Não se entra no templo com mentira. Não adianta ficar jurando pelo templo quando o juramento é falso. A primeira boa disposição para se entrar no templo é a verdade da sinceridade.
• Necessário melhorar a conduta: praticar a justiça de uns para com os outros.
• Especial atenções, carinhosas e caridosas deverão merecer as viúvas e os órfãos, bem como os estrangeiros. São categorias de pessoas extremamente frágeis que não podem ser esquecidas. Como é que alguém ousa ir ao templo com dividas de justiça para com crianças sem pais, mulheres sem marido e estrangeiros perdidos na vida?
• Há uma particular profanação do templo recordada por Jeremias: “Como? Roubar, matar, cometer, adultério e perjúrio, queimar incenso a Baal e andar atrás de deuses que nem sequer conheceis… e depois vindes a esta casa?”. Os que se aproximam de Deus, embora não sejam santos, serão pessoas desejosas de ter uma conduta digna. Que sentido tem entrar na casa de Javé e cultuar os ídolos. Mutatis mutandis: que adianta oferecer o Sacrifício do altar ou dele participar quando nosso coração tem outro ídolos como o poder, o prazer e dinheiro. Os que se dirigem ao templo para a oração são pessoas que andam arrumando seu interior conforme o coração de Deus.
• Finalmente há essa passagem que remete diretamente para o episódio da expulsão dos vendilhões do templo do Novo Testamento: “Acaso, esta casa, em que meu nome ´e invocado, tornou-se a vossos olhos uma caverna de ladrões?”
• Deus grande e belo mora no mundo. Com toda evidência, Ele não restringe sua presença aos limites das paredes de um templo. Será preciso dizer que todos os que se dispõem a entrar em contato com Ele, de modo especial, na delicadeza do serviço do culto serão pessoas que se empenham em viver coerentemente.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
O Senhor pede que Jeremias se coloque à porta do templo. O profeta é encarregado fazer exortações aos que entram na casa do Senhor. Há necessidade de “decência” por parte dos que passam pelos umbrais da casa do Senhor. “Ouvi a palavra do Senhor, todos vós de Judá, que entrais por esta porta para adorar o Senhor”. E o profeta, num tom severo, chama a atenção para o que percebe no coração dos que chegam:
• Não se entra no templo com mentira. Não adianta ficar jurando pelo templo quando o juramento é falso. A primeira boa disposição para se entrar no templo é a verdade da sinceridade.
• Necessário melhorar a conduta: praticar a justiça de uns para com os outros.
• Especial atenções, carinhosas e caridosas deverão merecer as viúvas e os órfãos, bem como os estrangeiros. São categorias de pessoas extremamente frágeis que não podem ser esquecidas. Como é que alguém ousa ir ao templo com dividas de justiça para com crianças sem pais, mulheres sem marido e estrangeiros perdidos na vida?
• Há uma particular profanação do templo recordada por Jeremias: “Como? Roubar, matar, cometer, adultério e perjúrio, queimar incenso a Baal e andar atrás de deuses que nem sequer conheceis… e depois vindes a esta casa?”. Os que se aproximam de Deus, embora não sejam santos, serão pessoas desejosas de ter uma conduta digna. Que sentido tem entrar na casa de Javé e cultuar os ídolos. Mutatis mutandis: que adianta oferecer o Sacrifício do altar ou dele participar quando nosso coração tem outro ídolos como o poder, o prazer e dinheiro. Os que se dirigem ao templo para a oração são pessoas que andam arrumando seu interior conforme o coração de Deus.
• Finalmente há essa passagem que remete diretamente para o episódio da expulsão dos vendilhões do templo do Novo Testamento: “Acaso, esta casa, em que meu nome ´e invocado, tornou-se a vossos olhos uma caverna de ladrões?”
• Deus grande e belo mora no mundo. Com toda evidência, Ele não restringe sua presença aos limites das paredes de um templo. Será preciso dizer que todos os que se dispõem a entrar em contato com Ele, de modo especial, na delicadeza do serviço do culto serão pessoas que se empenham em viver coerentemente.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br
sexta-feira, julho 27, 2012
Ordem Franciscana Secular: Vigoroso laicato na terra dos homens
Que significado tem, essa Ordem de cristãos leigos, no momento atual do mundo e da Igreja? Como se manifesta, de fato, a “secularidade” de seus membros?
1. É importante viver e viver densamente. Acordar de manhã, sentir as batidas do coração e atravessar o tempo da vida na alegria de acolher o borbulhar da existência: homem, mulher, trabalho, empenhos, filhos, projetos para viver em plenitude, sondando o mistério da existência e vislumbrando lá em seu interior Alguém que nos espreita e nos convida a viver em plenitude. Ser do Senhor. Mas também levantar os caídos, maravilhar-se com um ipê roxo todo florido e chorar a morte do rapaz que foi eliminado pelo tráfico. Vida, sempre de novo a vida. Nada de mediocridade, nada de “empurrar” a história para frente, nada de formalismos frios, nem de uma religião longe da vida e alienante, religião de sacristia, asséptica, tranquila, inofensiva. Felizes aqueles e aquelas que, na aventura da vida, são chamados a seguir Cristo Jesus. “Vem e segue-me!” Aqueles que carregam o frasco do perfume do Evangelho. São os bem-aventurados discípulos do Ressuscitado. Tentam ser luz do mundo e sal da terra e assim fazem sua parte, dão sua contribuição para que a terra seja mais parecida com o mundo que começou a existir com a paixão, morte e ressurreição do Senhor.
2. Sentir-se homem, sentir-se mulher, crescer, quebrar a solidão. Nascer no seio de uma família, sentir-se acolhido, amado. Não é bom que o homem viva só. E essa peregrinação do masculino para o feminino ocupa importante lugar na aventura da vida. Companheiros, amigos, confidentes, parceiros de uma história. Um homem e uma mulher, dois que constituem uma comunidade de vida e de amor, respeitosa, amorosa. A proximidade dos corações, o encontro dos corpos. Tudo isso vivido sob o olhar do Senhor. Marido e mulher que refazem em suas vidas a aliança entre o Esposo no alto da cruz e sua Igreja. No casal cristão está a origem de uma família cristã. Ali, no tecido do cotidiano, se refaz uma evangelização que se tornou impossível no mundo da indiferença. A evangelização da vida e na vida… Os pais transmitem, mesmo com toda dificuldade exterior, um estilo de viver aos filhos, um modo de habitar o mundo, uma maneira de atravessarem a existência sem que fiquem arranhões demais, para que os filhos não sejam vazios, que possam escutar o ecoar do chamado de Deus no seu coração de jovens. Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos. Não é esta a missão dos leigos franciscanos em suas famílias?
3. Aí estão, pelo mundo afora, esses milhares de franciscanos seculares. Seu habitat é o mundo, a cidade, o campo. Não vivem em primeiro lugar nos espaços reservados para o sagrado e para celebração do culto. São do mundo, vivem no mundo, transformam o mundo, evangelizam o mundo, sofrem no mundo, se alegram no mundo. Mundo aqui não quer dizer a ordem de coisas que vai contra a vontade de Deus, esse mundo do inimigo. Os cristãos são do mundo, sem serem do mundo. Jesus dizia que os seus não eram desse mundo mau. O mundo em que vivem os leigos é essa realidade boa que saiu das mãos de Deus: sol e lua, água e fogo, vida de todos os dias, cotidianidade, homem e mulher. Sentem os franciscanos seculares que precisam “dominar a face da terra”. Alguns campos de atividade lhes são próprios: família, trabalho e organização da pólis ( política). Sentem eles que seu lugar se situa nas praças e no trabalho, nas fábricas e campos, nos jornais e nas emissoras radiofônicas. Com Francisco contemplam esse mundo que saiu das mãos de Deus e que era “muito bom”. São apaixonados e fascinados pelo Evangelho, a ponto de fazerem uma profissão de segui-Lo por toda a vida. Estão por ai: são pais e mães com filhos pequenos, são jovens e adultos, vivem o matrimônio, educam os filhos, carregam peso do trabalho, enfeitam a terra, cantam o sol que chega e se encantam com a água mansa que desce pedras abaixo. São balconistas, frentistas, médicos, escritores, marceneiros, fisioterapeutas, advogados, mecânicos. Seu lugar primeiro e preferencial são os caminhos pisados pelos homens, a cozinha da casa, o hospital para onde levam seus familiares, a tribuna de uma câmara de vereadores. São biscateiros, empregadas domésticas e professores. São leigos cristãos que se vestem com as cores de Francisco e de Clara, no meio do mundo. Vão pelo mundo sem perder o espírito da devoção e da santa oração.
4. Frei Jorge Peixoto, OFMConv, argentino, no VIII Congresso Latino-Americano OFS/JUFRA (maio de 2012) dizia: “Queremos recordar o fato de que Francisco descobre Deus no mundo, no abraço dado a um pobre excluído, desprezado e miserável, no encontro com a miséria social que se manifesta na pessoa do leproso. Francisco rompe com um certo tipo de mundo: o mundo marcado pela exclusão e pela crueldade, que produz sempre novos leprosos. Entra neste mundo a partir de um outro lugar, a partir de um mundo marcado pela misericórdia e ternura de Deus que se manifestou na pobreza e na humildade de Jesus, que resgata o homem e todas as criaturas, colocando-as no centro de seu amor”. Sim, no dizer de João, Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único. Continua Frei Jorge Peixoto: “Essa vocação secular da espiritualidade franciscana nem sempre se manteve ao longo da história. Bem lá no começo apareceram correntes que conseguiram seguir outros modelos mais tradicionais. A separação do mundo e das pessoas do mundo foi se acentuando, criando uma distância da vida corrente de dada dia. A clericalização da vida dos frades e de muitos leigos nos foi distanciando do mundo secular. Alguns irmãos seculares se reuniam em associações piedosas, sem maior influência sobre a sociedade”.
5. Há muito se fala que vivemos a “hora dos leigos”. A OFS é uma escola de formação de um laicato maduro. O texto normativo da vida dos leigos é a Regra com suas orientações, suas insistências e sua força: leigos que não sejam superficiais na oração, que não se contentam com uma vida salpicada aqui e ali de um pouco de água benta. Gente que escuta a Palavra, se se forja pela Palavra, que passa do Evangelho para a vida e da vida para o Evangelho, pessoas que vivem da Eucaristia, dessa Eucaristia quase cotidiana que faz deles não apenas leigos ativistas que correm de um lado para o outro, mas homens e mulheres profundos, gente que não se deixa encantar pelo consumismo e pelo fascínio das coisas que brilham e passam. Insistimos: não se trata de convidar os leigos a correrem de um lado para o outro no ativismo que a nada leva.
6. Tomo a liberdade de transcrever umas linhas magistrais de Michel Hubaut que exprimem bem a ação do franciscano no mundo: O franciscano “é um cristão que tem necessidade do apoio de uma fraternidade de irmãos e irmãs para enraizar seus compromissos e amadurecer os compromissos mais diversos na luta contra toda forma de injustiça, de violência, de racismo, de desrespeito pela vida, pelas pessoas e pela criação e para concretizar a paixão pela paz. É um cristão cuja alegria manifesta que o Evangelho é caminho de humanização…”. Típico do franciscano secular é viver em fraternidades e a partir do mistério dakoinonia ir pelo mundo.
7. Leigos franciscanos que vivem a experiência da fraternidade. Na mesma linha vai Frei Jorge Peixoto: “Uma fraternidade tem coração e não somente projetos e tarefas para realizar. A porta de ingresso na fraternidade não pode ser nem a razão nem o interesse, porque estaríamos realizando mais uma empresa do que uma fraternidade. O sentimento, a capacidade de sentir-se tocado pelo outro, de comprometer-se com ele sem possuí-lo nem humilhá-lo são conteúdos normativos de uma relação fraterna. Admitir que a prioridade da bondade e do cuidado que se funda na bondade original de Deus deve organizar o pensamento e a expressão humana não significa deixar de trabalhar e de atuar no mundo… Ao contrário, impulsiona a um modo de ser novo que renuncia a todo tipo de poder de dominação que reduz os outros em objetos sem história e sem sentimentos. Admitir a prioridade do cuidado e da bondade faz com que o encontro humano tenha valor e que valha a pena conviver. O cuidado se expressa na categoria do irmão guardião, como aquele que guarda e serve os irmãos, o que se desvela desinteressadamente, que se faz menor e disponível, e ao mesmo tempo designa uma atitude fundamental ou modo de ser que possibilita uma existência nova”.
8. A formação no seio das Fraternidades se encarregará de levar os seus a uma profunda experiência cristã e franciscana: assim eles poderão mostrar um estilo de vida cristã no comer, no comprar, no vender, do lazer, no labor, na dor… A fonte é sempre essa experiência crística. Os leigos deverão poder dizer: “Vimos o Senhor!” E franciscanos dirão: “Convivemos com um Senhor que nos ama e se nos manifestou no rosto do servo Jesus, daquele que não tinha uma pedra para reclinar a cabeça, daquele nos encantou com sua pobreza e dependência de tal forma que nós nos apaixonamos por ele e por seu estilo de vida despojado. Assim também nosso viver é despojado”. Assim, a vida leiga é perpassada da presença do Senhor. Um fiel leigo que vive cada passo de sua Regra se dispõe a ser um leigo pregador pelo seu estilo de viver, pelo seu estilo de usar a água, de conviver, de partilhar, de se vestir com beleza, mas com simplicidade. Será que os franciscanos seculares deixam transparecer tudo isto?
9. Em Discurso numa assembleia pastoral da Itália, o Cardeal Diogini Tettamanzi afirmou: “Urgente acelerar a hora dos leigos, retomando o esforço eclesial e secular sem o qual o fermento do Evangelho não pode atingir os contornos e meandros da vida cotidiana, nem penetrar os ambientes fortemente marcados pelo processo se secularização (…). Necessário se faz criar nas comunidades cristãs espaços em que os leigos possam tomar a palavra, comunicar suas experiências de vida, exprimir seus desejos, suas descobertas, seu pensamento a respeito do que vem a ser cristão no mundo. Somente desta maneira poderemos criar uma cultura que seja atenta às dimensões cotidianas do viver. Por isso, urgentíssima uma formação dos leigos que leve em consideração seu crescimento espiritual e intelectual, pastoral e social, fruto de um novo estágio formativo para os leigos e com os leigos, formação que leve à maturação de uma plena consciência eclesial e os habilite a um eficaz testemunho no mundo. Estes novos programas requererão formas de espiritualidade típicas da vida laical, para que encontro com o Evangelho gere modelos capazes de serem propostos por sua beleza”. As Fraternidades franciscanas seculares, custe o que custar, terão que ser escola de leigos capazes de escreverem a historia de suas vidas no meio do mundo com “seu estilo de habitar o mundo”. O Cardeal italiano diz alguma coisa muito simples e fundamental: escolas de formação de leigos que os habilite a dar um testemunho no meio do mundo. Não é essa a missão da formação na Ordem de leigos dos franciscanos? Esta é nossa prioridade, e não em primeiro lugar fornecer agentes para funções litúrgicas e pastorais. Os franciscanos leigos bem formados serão uma presença significativa na Igreja local.
10. Tenho receio de não ter respondido ao tema que quis abordar pensando no Capítulo Nacional da OFS do próximo mês de agosto. Que sugestões práticas vêm à mente quando pensamos no tema do laicato franciscano? Que todos aceitem estas considerações finais:
• A história da Ordem Franciscana Secular (Ordem Terceira) teve páginas brilhantes escritas por leigos. Há esses leigos cujos nomes não são mencionados, terceiros anônimos. e que temos a certeza de terem sido cristãos leigos e de muito valor. Alguns são conhecidos internacionalmente: Frederico Ozanan, Raimundo Lullo, Zilda Arns, Giorgio La Pira, Léon Harmell. Recentemente encontrei mais uma vez um nobre frade menor, Mario Cayota, franciscano uruguaio que foi mesmo embaixador de seu país na Santa Sé. Não quero apenas me referir a nomes conhecidos. Há muitos outros leigos admiráveis que viveram escondidos nas Fraternidades. Cada Fraternidade deveria fazer a crônica de seus santos leigos.
• Nossas Fraternidades serão espaços de reflexão séria sobre os grandes problemas que os leigos vivem e sobre os campos de ação. A formação se encarregará de ajudar os irmãos a habitarem franciscanamente a Igreja e o mundo. Quais são esses problemas? Entre outros: indiferença para com a fé, vivência de um cristianismo sentimental, confusões de gênero, sociedade hedonista, meios de comunicação e mídia, deslocamento geográfico das pessoas, questionamento de uma pastoral meramente conservadora sem a chama evangelizadora.
• Constato que, nos últimos tempos, Capítulos e Congressos dos seculares insistem na questão da família. Uma das prioridades da Ordem é precisamente o tema da família. Pensamos em primeiro lugar que homens e mulheres, casais franciscanos, reavivem chama de seu amor conjugal, acendendo as graças do sacramento do matrimônio, que não levem uma vida conjugal medíocre, que vivam uma espiritualidade conjugal e familiar franciscana. Nossas famílias são o primeiro espaço da nova evangelização e constituem o primeiro momento do discernimento vocacional. Elas podem ser um lugar de gestação de uma nova cultura cristã, do nascimento de um olhar cristão sobre a caótica realidade que vivemos. Este é um papel importantíssimo da família e, nosso caso da família dos franciscanos seculares.
• Os livros de formação da OFS deverão ser fortemente marcados pelo método do ver, julgar, agir. Não se trata apenas de encher a cabeça de ideias, mas de olhar critica e cristãmente a realidade.
• No momento atual será de fundamental importante, sobretudo no caso dos formandos, que sejam levados a viver uma intensa espiritualidade franciscana, base de seu amanhã na Ordem.
• Na medida do possível, e em estreita união com a pastoral local, os franciscanos seculares poderão dar sua contribuição específica na evangelização das famílias.
• Aos poucos precisamos ver serem multiplicadas fraternidades mais simples, mais flexíveis, mais verdadeiras.
Terminamos nossas reflexões, mais uma vez, dando a palavra a Michel Hubaut: “Irmãos e irmãs de São Francisco, temos um papel original a desempenhar nesse futuro que devemos construir com todos os homens de boa vontade acentuando a prioridade das pessoas no seio da Fraternidade universal; manifestando a novidade do Evangelho, fonte de felicidade, encarnando, no cotidiano dos relacionamentos o amor salvador de Cristo. Esforçando-nos para sermos testemunhas da liberdade interior no Espirito; recusando a ditatura do dinheiro e a pauperização de dois terços do planeta. Construir um futuro maravilhando-nos da beleza da criação e promovendo um desenvolvimento humano durável; apaixonado pela paz e pelo diálogo entre as religiões; fiéis a uma Igreja muitas vezes pecadora e por vezes luminosa”.
O laicato escuta as batidas do coração do Senhor no meio do mundo.
1. É importante viver e viver densamente. Acordar de manhã, sentir as batidas do coração e atravessar o tempo da vida na alegria de acolher o borbulhar da existência: homem, mulher, trabalho, empenhos, filhos, projetos para viver em plenitude, sondando o mistério da existência e vislumbrando lá em seu interior Alguém que nos espreita e nos convida a viver em plenitude. Ser do Senhor. Mas também levantar os caídos, maravilhar-se com um ipê roxo todo florido e chorar a morte do rapaz que foi eliminado pelo tráfico. Vida, sempre de novo a vida. Nada de mediocridade, nada de “empurrar” a história para frente, nada de formalismos frios, nem de uma religião longe da vida e alienante, religião de sacristia, asséptica, tranquila, inofensiva. Felizes aqueles e aquelas que, na aventura da vida, são chamados a seguir Cristo Jesus. “Vem e segue-me!” Aqueles que carregam o frasco do perfume do Evangelho. São os bem-aventurados discípulos do Ressuscitado. Tentam ser luz do mundo e sal da terra e assim fazem sua parte, dão sua contribuição para que a terra seja mais parecida com o mundo que começou a existir com a paixão, morte e ressurreição do Senhor.
2. Sentir-se homem, sentir-se mulher, crescer, quebrar a solidão. Nascer no seio de uma família, sentir-se acolhido, amado. Não é bom que o homem viva só. E essa peregrinação do masculino para o feminino ocupa importante lugar na aventura da vida. Companheiros, amigos, confidentes, parceiros de uma história. Um homem e uma mulher, dois que constituem uma comunidade de vida e de amor, respeitosa, amorosa. A proximidade dos corações, o encontro dos corpos. Tudo isso vivido sob o olhar do Senhor. Marido e mulher que refazem em suas vidas a aliança entre o Esposo no alto da cruz e sua Igreja. No casal cristão está a origem de uma família cristã. Ali, no tecido do cotidiano, se refaz uma evangelização que se tornou impossível no mundo da indiferença. A evangelização da vida e na vida… Os pais transmitem, mesmo com toda dificuldade exterior, um estilo de viver aos filhos, um modo de habitar o mundo, uma maneira de atravessarem a existência sem que fiquem arranhões demais, para que os filhos não sejam vazios, que possam escutar o ecoar do chamado de Deus no seu coração de jovens. Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos. Não é esta a missão dos leigos franciscanos em suas famílias?
3. Aí estão, pelo mundo afora, esses milhares de franciscanos seculares. Seu habitat é o mundo, a cidade, o campo. Não vivem em primeiro lugar nos espaços reservados para o sagrado e para celebração do culto. São do mundo, vivem no mundo, transformam o mundo, evangelizam o mundo, sofrem no mundo, se alegram no mundo. Mundo aqui não quer dizer a ordem de coisas que vai contra a vontade de Deus, esse mundo do inimigo. Os cristãos são do mundo, sem serem do mundo. Jesus dizia que os seus não eram desse mundo mau. O mundo em que vivem os leigos é essa realidade boa que saiu das mãos de Deus: sol e lua, água e fogo, vida de todos os dias, cotidianidade, homem e mulher. Sentem os franciscanos seculares que precisam “dominar a face da terra”. Alguns campos de atividade lhes são próprios: família, trabalho e organização da pólis ( política). Sentem eles que seu lugar se situa nas praças e no trabalho, nas fábricas e campos, nos jornais e nas emissoras radiofônicas. Com Francisco contemplam esse mundo que saiu das mãos de Deus e que era “muito bom”. São apaixonados e fascinados pelo Evangelho, a ponto de fazerem uma profissão de segui-Lo por toda a vida. Estão por ai: são pais e mães com filhos pequenos, são jovens e adultos, vivem o matrimônio, educam os filhos, carregam peso do trabalho, enfeitam a terra, cantam o sol que chega e se encantam com a água mansa que desce pedras abaixo. São balconistas, frentistas, médicos, escritores, marceneiros, fisioterapeutas, advogados, mecânicos. Seu lugar primeiro e preferencial são os caminhos pisados pelos homens, a cozinha da casa, o hospital para onde levam seus familiares, a tribuna de uma câmara de vereadores. São biscateiros, empregadas domésticas e professores. São leigos cristãos que se vestem com as cores de Francisco e de Clara, no meio do mundo. Vão pelo mundo sem perder o espírito da devoção e da santa oração.
4. Frei Jorge Peixoto, OFMConv, argentino, no VIII Congresso Latino-Americano OFS/JUFRA (maio de 2012) dizia: “Queremos recordar o fato de que Francisco descobre Deus no mundo, no abraço dado a um pobre excluído, desprezado e miserável, no encontro com a miséria social que se manifesta na pessoa do leproso. Francisco rompe com um certo tipo de mundo: o mundo marcado pela exclusão e pela crueldade, que produz sempre novos leprosos. Entra neste mundo a partir de um outro lugar, a partir de um mundo marcado pela misericórdia e ternura de Deus que se manifestou na pobreza e na humildade de Jesus, que resgata o homem e todas as criaturas, colocando-as no centro de seu amor”. Sim, no dizer de João, Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único. Continua Frei Jorge Peixoto: “Essa vocação secular da espiritualidade franciscana nem sempre se manteve ao longo da história. Bem lá no começo apareceram correntes que conseguiram seguir outros modelos mais tradicionais. A separação do mundo e das pessoas do mundo foi se acentuando, criando uma distância da vida corrente de dada dia. A clericalização da vida dos frades e de muitos leigos nos foi distanciando do mundo secular. Alguns irmãos seculares se reuniam em associações piedosas, sem maior influência sobre a sociedade”.
5. Há muito se fala que vivemos a “hora dos leigos”. A OFS é uma escola de formação de um laicato maduro. O texto normativo da vida dos leigos é a Regra com suas orientações, suas insistências e sua força: leigos que não sejam superficiais na oração, que não se contentam com uma vida salpicada aqui e ali de um pouco de água benta. Gente que escuta a Palavra, se se forja pela Palavra, que passa do Evangelho para a vida e da vida para o Evangelho, pessoas que vivem da Eucaristia, dessa Eucaristia quase cotidiana que faz deles não apenas leigos ativistas que correm de um lado para o outro, mas homens e mulheres profundos, gente que não se deixa encantar pelo consumismo e pelo fascínio das coisas que brilham e passam. Insistimos: não se trata de convidar os leigos a correrem de um lado para o outro no ativismo que a nada leva.
6. Tomo a liberdade de transcrever umas linhas magistrais de Michel Hubaut que exprimem bem a ação do franciscano no mundo: O franciscano “é um cristão que tem necessidade do apoio de uma fraternidade de irmãos e irmãs para enraizar seus compromissos e amadurecer os compromissos mais diversos na luta contra toda forma de injustiça, de violência, de racismo, de desrespeito pela vida, pelas pessoas e pela criação e para concretizar a paixão pela paz. É um cristão cuja alegria manifesta que o Evangelho é caminho de humanização…”. Típico do franciscano secular é viver em fraternidades e a partir do mistério dakoinonia ir pelo mundo.
7. Leigos franciscanos que vivem a experiência da fraternidade. Na mesma linha vai Frei Jorge Peixoto: “Uma fraternidade tem coração e não somente projetos e tarefas para realizar. A porta de ingresso na fraternidade não pode ser nem a razão nem o interesse, porque estaríamos realizando mais uma empresa do que uma fraternidade. O sentimento, a capacidade de sentir-se tocado pelo outro, de comprometer-se com ele sem possuí-lo nem humilhá-lo são conteúdos normativos de uma relação fraterna. Admitir que a prioridade da bondade e do cuidado que se funda na bondade original de Deus deve organizar o pensamento e a expressão humana não significa deixar de trabalhar e de atuar no mundo… Ao contrário, impulsiona a um modo de ser novo que renuncia a todo tipo de poder de dominação que reduz os outros em objetos sem história e sem sentimentos. Admitir a prioridade do cuidado e da bondade faz com que o encontro humano tenha valor e que valha a pena conviver. O cuidado se expressa na categoria do irmão guardião, como aquele que guarda e serve os irmãos, o que se desvela desinteressadamente, que se faz menor e disponível, e ao mesmo tempo designa uma atitude fundamental ou modo de ser que possibilita uma existência nova”.
8. A formação no seio das Fraternidades se encarregará de levar os seus a uma profunda experiência cristã e franciscana: assim eles poderão mostrar um estilo de vida cristã no comer, no comprar, no vender, do lazer, no labor, na dor… A fonte é sempre essa experiência crística. Os leigos deverão poder dizer: “Vimos o Senhor!” E franciscanos dirão: “Convivemos com um Senhor que nos ama e se nos manifestou no rosto do servo Jesus, daquele que não tinha uma pedra para reclinar a cabeça, daquele nos encantou com sua pobreza e dependência de tal forma que nós nos apaixonamos por ele e por seu estilo de vida despojado. Assim também nosso viver é despojado”. Assim, a vida leiga é perpassada da presença do Senhor. Um fiel leigo que vive cada passo de sua Regra se dispõe a ser um leigo pregador pelo seu estilo de viver, pelo seu estilo de usar a água, de conviver, de partilhar, de se vestir com beleza, mas com simplicidade. Será que os franciscanos seculares deixam transparecer tudo isto?
9. Em Discurso numa assembleia pastoral da Itália, o Cardeal Diogini Tettamanzi afirmou: “Urgente acelerar a hora dos leigos, retomando o esforço eclesial e secular sem o qual o fermento do Evangelho não pode atingir os contornos e meandros da vida cotidiana, nem penetrar os ambientes fortemente marcados pelo processo se secularização (…). Necessário se faz criar nas comunidades cristãs espaços em que os leigos possam tomar a palavra, comunicar suas experiências de vida, exprimir seus desejos, suas descobertas, seu pensamento a respeito do que vem a ser cristão no mundo. Somente desta maneira poderemos criar uma cultura que seja atenta às dimensões cotidianas do viver. Por isso, urgentíssima uma formação dos leigos que leve em consideração seu crescimento espiritual e intelectual, pastoral e social, fruto de um novo estágio formativo para os leigos e com os leigos, formação que leve à maturação de uma plena consciência eclesial e os habilite a um eficaz testemunho no mundo. Estes novos programas requererão formas de espiritualidade típicas da vida laical, para que encontro com o Evangelho gere modelos capazes de serem propostos por sua beleza”. As Fraternidades franciscanas seculares, custe o que custar, terão que ser escola de leigos capazes de escreverem a historia de suas vidas no meio do mundo com “seu estilo de habitar o mundo”. O Cardeal italiano diz alguma coisa muito simples e fundamental: escolas de formação de leigos que os habilite a dar um testemunho no meio do mundo. Não é essa a missão da formação na Ordem de leigos dos franciscanos? Esta é nossa prioridade, e não em primeiro lugar fornecer agentes para funções litúrgicas e pastorais. Os franciscanos leigos bem formados serão uma presença significativa na Igreja local.
10. Tenho receio de não ter respondido ao tema que quis abordar pensando no Capítulo Nacional da OFS do próximo mês de agosto. Que sugestões práticas vêm à mente quando pensamos no tema do laicato franciscano? Que todos aceitem estas considerações finais:
• A história da Ordem Franciscana Secular (Ordem Terceira) teve páginas brilhantes escritas por leigos. Há esses leigos cujos nomes não são mencionados, terceiros anônimos. e que temos a certeza de terem sido cristãos leigos e de muito valor. Alguns são conhecidos internacionalmente: Frederico Ozanan, Raimundo Lullo, Zilda Arns, Giorgio La Pira, Léon Harmell. Recentemente encontrei mais uma vez um nobre frade menor, Mario Cayota, franciscano uruguaio que foi mesmo embaixador de seu país na Santa Sé. Não quero apenas me referir a nomes conhecidos. Há muitos outros leigos admiráveis que viveram escondidos nas Fraternidades. Cada Fraternidade deveria fazer a crônica de seus santos leigos.
• Nossas Fraternidades serão espaços de reflexão séria sobre os grandes problemas que os leigos vivem e sobre os campos de ação. A formação se encarregará de ajudar os irmãos a habitarem franciscanamente a Igreja e o mundo. Quais são esses problemas? Entre outros: indiferença para com a fé, vivência de um cristianismo sentimental, confusões de gênero, sociedade hedonista, meios de comunicação e mídia, deslocamento geográfico das pessoas, questionamento de uma pastoral meramente conservadora sem a chama evangelizadora.
• Constato que, nos últimos tempos, Capítulos e Congressos dos seculares insistem na questão da família. Uma das prioridades da Ordem é precisamente o tema da família. Pensamos em primeiro lugar que homens e mulheres, casais franciscanos, reavivem chama de seu amor conjugal, acendendo as graças do sacramento do matrimônio, que não levem uma vida conjugal medíocre, que vivam uma espiritualidade conjugal e familiar franciscana. Nossas famílias são o primeiro espaço da nova evangelização e constituem o primeiro momento do discernimento vocacional. Elas podem ser um lugar de gestação de uma nova cultura cristã, do nascimento de um olhar cristão sobre a caótica realidade que vivemos. Este é um papel importantíssimo da família e, nosso caso da família dos franciscanos seculares.
• Os livros de formação da OFS deverão ser fortemente marcados pelo método do ver, julgar, agir. Não se trata apenas de encher a cabeça de ideias, mas de olhar critica e cristãmente a realidade.
• No momento atual será de fundamental importante, sobretudo no caso dos formandos, que sejam levados a viver uma intensa espiritualidade franciscana, base de seu amanhã na Ordem.
• Na medida do possível, e em estreita união com a pastoral local, os franciscanos seculares poderão dar sua contribuição específica na evangelização das famílias.
• Aos poucos precisamos ver serem multiplicadas fraternidades mais simples, mais flexíveis, mais verdadeiras.
Terminamos nossas reflexões, mais uma vez, dando a palavra a Michel Hubaut: “Irmãos e irmãs de São Francisco, temos um papel original a desempenhar nesse futuro que devemos construir com todos os homens de boa vontade acentuando a prioridade das pessoas no seio da Fraternidade universal; manifestando a novidade do Evangelho, fonte de felicidade, encarnando, no cotidiano dos relacionamentos o amor salvador de Cristo. Esforçando-nos para sermos testemunhas da liberdade interior no Espirito; recusando a ditatura do dinheiro e a pauperização de dois terços do planeta. Construir um futuro maravilhando-nos da beleza da criação e promovendo um desenvolvimento humano durável; apaixonado pela paz e pelo diálogo entre as religiões; fiéis a uma Igreja muitas vezes pecadora e por vezes luminosa”.
O laicato escuta as batidas do coração do Senhor no meio do mundo.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br
quinta-feira, julho 26, 2012
Idosos, avós, antepassados
Eclesiástico 44, 1.10-15; Mateus 13, 16-17
Hoje ocorre a comemoração dos pais da Mãe de Jesus. É festa de Sant’Ana e de São Joaquim. Alguns versículos do Livro do Eclesiástico são aplicados liturgicamente aos dois. Há uma exaltação legítima e justa da fé dos antepassados: “Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações (…). Os povos proclamarão a sua sabedoria e a assembleia vai celebrar os seus louvores”. E hoje pensamos nos avós.
A família é realidade importante e fundamental na vida de todos nós. A fragilidade dos vínculos conjugais e familiares, a pouca atenção dada à construção de um casamento sólido e cristão, o trabalho profissional exagerado (necessário por vezes) do pai e da mãe, a pouca presença de pais e mães na vida de seus filhos dificultam a formação de pessoas equilibradas e ajustadas. Devido a este pano de fundo e a outros fatores parece-nos importante a presença dos avós na vida dos netos. Os pais, meio perdidos na busca de Deus, se omitem na missão de “transmitir” a fé aos filhos.
Estes representam a tradição, o passado. A vida não começa agora com as novas gerações. Cada ser que vem ao mundo tem marcas e traços de um ontem que, as mais das vezes, está presente na mãos calejadas do avô, imigrante alemão ou japonês, no rosto da mãe, polonesa ou italiana. Os avós, convivendo com os netos, fazem com o um passado que já parecia como que devorado nas brumas do tempo reapareça nas massas que a vó sabe fazer, nas histórias que o avô conta, ligadas aos campos de concentração de Auchwitz. Os avós africanos trazem no corpo o requebro de suas músicas e, no coração, o banzo. Há esses avós cheios de Deus, gente simples, reta, completamente reta, sem dobras. Pessoas que viveram dignamente sem pretensões a serem superiores, pessoas profundamente cristãs e caridosas que passam fé aos netos. Avós de missa de domingo, de todos os domingos, avós que após a missa de domingo visitam uma parenta bem idosa levando-lhe um torcidinho de coco comprado na padaria dos alemães.
Continua o Eclesiástico: “Sua descendência permanece para sempre e sua glória jamais se apagará. Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome dura através das gerações”.
Nestes dias de julho, talvez alguns netos tenham vontade de ir até á sepultura de seus avós para deixar cair uma lágrima morna que está meio presa em nossos olhos.
Que Sant’Ana e São Joaquim, com sua bela filha Maria, intercedam a Deus por nossos avós queridos, os que conhecemos e pelos que não tivemos a dita de olhar com nossos olhos.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Hoje ocorre a comemoração dos pais da Mãe de Jesus. É festa de Sant’Ana e de São Joaquim. Alguns versículos do Livro do Eclesiástico são aplicados liturgicamente aos dois. Há uma exaltação legítima e justa da fé dos antepassados: “Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações (…). Os povos proclamarão a sua sabedoria e a assembleia vai celebrar os seus louvores”. E hoje pensamos nos avós.
A família é realidade importante e fundamental na vida de todos nós. A fragilidade dos vínculos conjugais e familiares, a pouca atenção dada à construção de um casamento sólido e cristão, o trabalho profissional exagerado (necessário por vezes) do pai e da mãe, a pouca presença de pais e mães na vida de seus filhos dificultam a formação de pessoas equilibradas e ajustadas. Devido a este pano de fundo e a outros fatores parece-nos importante a presença dos avós na vida dos netos. Os pais, meio perdidos na busca de Deus, se omitem na missão de “transmitir” a fé aos filhos.
Estes representam a tradição, o passado. A vida não começa agora com as novas gerações. Cada ser que vem ao mundo tem marcas e traços de um ontem que, as mais das vezes, está presente na mãos calejadas do avô, imigrante alemão ou japonês, no rosto da mãe, polonesa ou italiana. Os avós, convivendo com os netos, fazem com o um passado que já parecia como que devorado nas brumas do tempo reapareça nas massas que a vó sabe fazer, nas histórias que o avô conta, ligadas aos campos de concentração de Auchwitz. Os avós africanos trazem no corpo o requebro de suas músicas e, no coração, o banzo. Há esses avós cheios de Deus, gente simples, reta, completamente reta, sem dobras. Pessoas que viveram dignamente sem pretensões a serem superiores, pessoas profundamente cristãs e caridosas que passam fé aos netos. Avós de missa de domingo, de todos os domingos, avós que após a missa de domingo visitam uma parenta bem idosa levando-lhe um torcidinho de coco comprado na padaria dos alemães.
Continua o Eclesiástico: “Sua descendência permanece para sempre e sua glória jamais se apagará. Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome dura através das gerações”.
Nestes dias de julho, talvez alguns netos tenham vontade de ir até á sepultura de seus avós para deixar cair uma lágrima morna que está meio presa em nossos olhos.
Que Sant’Ana e São Joaquim, com sua bela filha Maria, intercedam a Deus por nossos avós queridos, os que conhecemos e pelos que não tivemos a dita de olhar com nossos olhos.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br
quarta-feira, julho 25, 2012
São Tiago, o maior
Tiago nasceu doze anos antes de Cristo, viveu mais anos do que ele e passou para a eternidade junto a seu Mestre. Tiago, o Maior, nasceu na Galileia e era filho de Zebedeu e Salomé, segundo as Sagradas Escrituras. Era, portanto, irmão de João Evangelista, os “Filhos do Trovão”, como os chamara Jesus. É sempre citado como um dos três primeiros apóstolos, além de figurar entre os prediletos de Jesus, juntamente com Pedro e André. É chamado de “maior” por causa do apóstolo homônimo, Tiago, filho de Alfeu, conhecido como “menor”.
Nas várias passagens bíblicas, podemos perceber que Jesus possuía apóstolos escolhidos para testemunharem acontecimentos especiais na vida do Redentor. Um era Tiago, o Maior, que constatamos ao seu lado na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração do Senhor e na sua agonia no horto das Oliveiras.
Consta que, depois da ressurreição de Cristo, Tiago rumou para a Espanha, percorrendo-a de norte a sul, fazendo sua evangelização, sendo por isso declarado seu padroeiro. Mais tarde, voltou a Jerusalém, onde converteu centenas de pessoas, até mesmo dois mágicos que causavam confusão entre o povo com suas artes diabólicas. Até que um dia lhe prepararam uma cilada, fazendo explodir um motim como se fosse ele o culpado. Assim, foi preso e acusado de causar sublevação entre o povo. A pena para esse crime era a morte.
O juiz foi o cruel rei Herodes Antipas, um terrível e incansável perseguidor dos cristãos. Ele lhe impôs logo a pena máxima, ordenando que fosse flagelado e depois decapitado. A sentença foi executada durante as festas pascais no ano 42. Assim, Tiago, o Maior, tornou-se o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.
No século VIII, quando a Palestina caiu em poder dos muçulmanos, um grupo de espanhóis trouxe o esquife onde repousavam os restos de são Tiago, o Maior, à cidade espanhola de Iria. Segundo uma antiga tradição da cidade, no século IX o bispo de lá teria visto uma grande estrela iluminando um campo, onde foi encontrado o túmulo contendo o esquife do apóstolo padroeiro. E a Espanha, que nesta ocasião lutava contra a invasão dos bárbaros muçulmanos, conseguiu vencê-los e expulsá-los com a sua ajuda invisível.
Mais tarde, naquele local, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a são Tiago, o Maior, com isso a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela. Desde aquele tempo até hoje, o santuário de Santiago de Compostela é um dos mais procurados pelos peregrinos do mundo inteiro, que fazem o trajeto a pé.
Essa rota, conhecida como “caminho de Santiago de Compostela”, foi feita também pelo papa João Paulo II em 1989. Acompanhado por milhares de jovens do mundo inteiro, foi venerar as relíquias do apóstolo são Tiago, o Maior, depositadas na magnífica catedral das seis naves, concluída em 1122.
franciscanos.org.br
terça-feira, julho 24, 2012
Tenha um coração missionário
A missão nasce no coração da Santíssima Trindade, de onde recebemos o chamado para sermos testemunhas do amor no mundo. Em Cristo somos enviados a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus entre nossos irmãos e irmãos. O coração da missão está fundamentado no coração missionário de Jesus Cristo. O documento Ad Gentes (Aos Povos) irá nos dizer que: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na «missão» do Filho e do Espírito Santo” (AG, 2). O coração de Cristo na Igreja, a faz missionária por excelência.
Dentre as inúmeras características de um missionário, algumas são fundamentais para quem deseja fazer de sua vida uma Missão de amor e anuncio da Boa Nova:
Missão é sempre uma ponte de amor entre os seres humanos. Não há missão se não ousamos sair de nós mesmos e partir ao encontro do outro. E este encontro acontece a partir da realidade em que nossos irmãos e irmãs vivem. Deus é quem conduz nossos passos e caminhos.Somos peregrinos acompanhados por Deus em terras de Missão. Muitas vezes, o missionário terá de sair de suas certezas e seguranças, confiando na providência divina. "Deus disse a Abrão: ‘Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Eu farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo que se torne uma bênção'" (Gn 12,1-2).
Semear o amor: A vida missionária faz do mundo um território sem fronteiras, onde a segurança está apenas em Deus. Conduzidos pelo Espírito Santo, Protagonista da Missão, o missionário sabe que é apenas um semeador. Seu trabalho consiste em apenas lançar as sementes do amor nos corações que encontrar ao longo do caminho. Deus é quem irá cuidar. Certeza? Apenas uma: o Senhor é quem faz crescer as sementes do amor plantadas em cada vida e em cada história: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer. Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é ele quem faz crescer” (1 Cor 3,6-7).
Partilhar seus dons em favor de todos: Missionário é aquele que partilha seus dons em favor da humanidade sofredora. Ele sabe que os dons que possui não são seus, mas sim presentes de Deus a serem ofertados a cada irmão e irmã que encontrar pelos caminhos da vida. Em uma sociedade que oferece, muitas vezes, presentes ilusórios, o missionário é chamado a ofertar generosa e pacientemente os dons nascidos do amor de Deus por cada filho e filha seus e que conduzem cada um ao caminho da amor, da paz e da esperança.
Buscar Deus nos homens: Missão é sempre partir em busca de Deus em cada ser humano. O missionário não busca certezas, mas, nas incertezas e medos do caminho, busca a presença do Senhor, muitas vezes, escondida e silenciosa no coração de cada pessoa. Esta busca não acontece por acaso; uma vez tendo encontrado Deus escondido em cada coração, o missionário tem a tarefa de despertar cada irmão e irmã do sono espiritual no qual muitos se encontram.
Fazer da missão uma oração: A vida espiritual de todo missionário é alimentada pela oração. Quando a vida espiritual missionária deixa de ser oração, a vocação se torna apenas um ativismo que termina no desânimo, abandonando pelo caminho as sementes que trazia guardadas no coração. Na oração, o missionário faz de sua vida uma entrega total de si mesmo aos planos divinos na sua vida e na vida de todos aqueles que lhe são confiados ao seu cuidado e amor.
Missão é sempre um chamado para a evangelização, na qual o amor anunciado seja fonte de vida em plenitude no coração da humanidade, que busca, a cada dia, a Fonte verdadeira da Água Viva.
Padre Flávio Sobreiro
cancaonova.com
Dentre as inúmeras características de um missionário, algumas são fundamentais para quem deseja fazer de sua vida uma Missão de amor e anuncio da Boa Nova:
Missão é sempre uma ponte de amor entre os seres humanos. Não há missão se não ousamos sair de nós mesmos e partir ao encontro do outro. E este encontro acontece a partir da realidade em que nossos irmãos e irmãs vivem. Deus é quem conduz nossos passos e caminhos.Somos peregrinos acompanhados por Deus em terras de Missão. Muitas vezes, o missionário terá de sair de suas certezas e seguranças, confiando na providência divina. "Deus disse a Abrão: ‘Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Eu farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo que se torne uma bênção'" (Gn 12,1-2).
Semear o amor: A vida missionária faz do mundo um território sem fronteiras, onde a segurança está apenas em Deus. Conduzidos pelo Espírito Santo, Protagonista da Missão, o missionário sabe que é apenas um semeador. Seu trabalho consiste em apenas lançar as sementes do amor nos corações que encontrar ao longo do caminho. Deus é quem irá cuidar. Certeza? Apenas uma: o Senhor é quem faz crescer as sementes do amor plantadas em cada vida e em cada história: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer. Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é ele quem faz crescer” (1 Cor 3,6-7).
Partilhar seus dons em favor de todos: Missionário é aquele que partilha seus dons em favor da humanidade sofredora. Ele sabe que os dons que possui não são seus, mas sim presentes de Deus a serem ofertados a cada irmão e irmã que encontrar pelos caminhos da vida. Em uma sociedade que oferece, muitas vezes, presentes ilusórios, o missionário é chamado a ofertar generosa e pacientemente os dons nascidos do amor de Deus por cada filho e filha seus e que conduzem cada um ao caminho da amor, da paz e da esperança.
Buscar Deus nos homens: Missão é sempre partir em busca de Deus em cada ser humano. O missionário não busca certezas, mas, nas incertezas e medos do caminho, busca a presença do Senhor, muitas vezes, escondida e silenciosa no coração de cada pessoa. Esta busca não acontece por acaso; uma vez tendo encontrado Deus escondido em cada coração, o missionário tem a tarefa de despertar cada irmão e irmã do sono espiritual no qual muitos se encontram.
Fazer da missão uma oração: A vida espiritual de todo missionário é alimentada pela oração. Quando a vida espiritual missionária deixa de ser oração, a vocação se torna apenas um ativismo que termina no desânimo, abandonando pelo caminho as sementes que trazia guardadas no coração. Na oração, o missionário faz de sua vida uma entrega total de si mesmo aos planos divinos na sua vida e na vida de todos aqueles que lhe são confiados ao seu cuidado e amor.
Missão é sempre um chamado para a evangelização, na qual o amor anunciado seja fonte de vida em plenitude no coração da humanidade, que busca, a cada dia, a Fonte verdadeira da Água Viva.
Padre Flávio Sobreiro
cancaonova.com
segunda-feira, julho 23, 2012
TAU - Símbolos e Significados
Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana.
Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.
TAU, SINAL BÍBLICO
Existe somente um texto bíblico que menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: "Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis que se cometem". O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como aspiração e inspiração.
O TAU NA IDADE MÉDIA
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste. A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota sensível.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.
O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bipos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam, convertidamente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da bênção deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!
O TAU E A CURA DOS ENFERMOS
No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes. Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz. Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para responder ao seu chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em seguida, toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal do TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel159). O Senhor identifica-se com o sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre si. Afasta a dor e deixa o sinal de Amor.
A COR DO TAU
O TAU, freqüentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três conselhos evangélicos=obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!
USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR
Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz.
Por Frei Vitório Mazzuco, OFM
domingo, julho 22, 2012
O que é o CREDO?
Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, cujo nome é o resumo fiel da fé dos apóstolos; foi uma maneira simples e eficaz de a Igreja exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Em seus doze artigos, o 'Creio' sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como "o mais antigo Catecismo romano". É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma.
Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do 'Credo'. Santo Ireneu (140-202), na sua obra contra os hereges gnósticos, escreveu: "A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e dos seus discípulos a fé num só Deus, Pai e Onipotente, que fez o céu e a terra (...).Esta é a doutrina que a Igreja recebeu; e esta é a fé, que mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. E todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Esta fé anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. (Adv. Haer.1,9)
São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, disse: "Este símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira, de onde se recolheu o que existe de mais importante para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém, em um pequeníssimo grão, um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra, em algumas palavras, todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento (Catech. ill. 5,12)
Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja que batizou Santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do 'Símbolo dos Apóstolos', e a sua importância: "Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé" (CIC §194)."Este símbolo é o selo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma” (CIC §197). Os seus doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com o número dos apóstolos o conjunto da fé apostólica (cf. CIC §191).
O símbolo da fé, o 'Credo', é a “identificação” do católico. Assim, ele é professado solenemente no dia do Senhor, no batismo e em outras oportunidades. Todo católico precisa conhecê-lo com profundidade.
Por causa das heresias trinitárias e cristológicas que agitaram a Igreja nos séculos II, III e IV, ela foi obrigada a realizar concílios ecumênicos (universais) para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas básicos da fé cristã foram os Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla I (381). O primeiro condenou o arianismo, de Ário, sacerdote de Alexandria que negava a divindade de Jesus; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca de Constantinopla que negava a divindade do Espírito Santo.
Desses dois importantes Concílios originou-se o 'Credo' chamado "Niceno-constantinopolitano", o qual traz os mesmos artigos da fé do 'Símbolo dos Apóstolos', porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.
Além desses dois símbolos da fé mais importantes, outros 'Credos' foram elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades ou dúvidas vividas nas Igrejas Apostólicas antigas. Um exemplo é o símbolo “Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões de fé dos Concílios de Toledo, Latrão, Lião, Trento e também de certos Pontífices como a do Papa Dâmaso e do Papa Paulo VI (1968).
O Catecismo da Igreja nos diz que: "Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar, hoje, a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela têm sido feitos" (CIC § 193).
O Papa Paulo VI achou oportuno fazer uma solene Profissão de Fé no encerramento do “Ano da Fé” de 1968. O Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis que vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.
Paulo VI falou, na época, daqueles que atentam “contra os ensinamentos da doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis”. Preocupava o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns, mesmo teólogos, para uma interpretação da revelação divina, em discordância da autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.
Sabemos que é a Verdade que nos leva à salvação (cf. CIC §851). São Paulo fala da “sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7) e afirma que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); e “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15).
Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do 'Credo'. Santo Ireneu (140-202), na sua obra contra os hereges gnósticos, escreveu: "A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e dos seus discípulos a fé num só Deus, Pai e Onipotente, que fez o céu e a terra (...).Esta é a doutrina que a Igreja recebeu; e esta é a fé, que mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. E todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Esta fé anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. (Adv. Haer.1,9)
São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, disse: "Este símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira, de onde se recolheu o que existe de mais importante para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém, em um pequeníssimo grão, um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra, em algumas palavras, todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento (Catech. ill. 5,12)
Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja que batizou Santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do 'Símbolo dos Apóstolos', e a sua importância: "Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé" (CIC §194)."Este símbolo é o selo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma” (CIC §197). Os seus doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com o número dos apóstolos o conjunto da fé apostólica (cf. CIC §191).
O símbolo da fé, o 'Credo', é a “identificação” do católico. Assim, ele é professado solenemente no dia do Senhor, no batismo e em outras oportunidades. Todo católico precisa conhecê-lo com profundidade.
Por causa das heresias trinitárias e cristológicas que agitaram a Igreja nos séculos II, III e IV, ela foi obrigada a realizar concílios ecumênicos (universais) para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas básicos da fé cristã foram os Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla I (381). O primeiro condenou o arianismo, de Ário, sacerdote de Alexandria que negava a divindade de Jesus; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca de Constantinopla que negava a divindade do Espírito Santo.
Desses dois importantes Concílios originou-se o 'Credo' chamado "Niceno-constantinopolitano", o qual traz os mesmos artigos da fé do 'Símbolo dos Apóstolos', porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.
Além desses dois símbolos da fé mais importantes, outros 'Credos' foram elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades ou dúvidas vividas nas Igrejas Apostólicas antigas. Um exemplo é o símbolo “Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões de fé dos Concílios de Toledo, Latrão, Lião, Trento e também de certos Pontífices como a do Papa Dâmaso e do Papa Paulo VI (1968).
O Catecismo da Igreja nos diz que: "Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar, hoje, a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela têm sido feitos" (CIC § 193).
O Papa Paulo VI achou oportuno fazer uma solene Profissão de Fé no encerramento do “Ano da Fé” de 1968. O Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis que vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.
Paulo VI falou, na época, daqueles que atentam “contra os ensinamentos da doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis”. Preocupava o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns, mesmo teólogos, para uma interpretação da revelação divina, em discordância da autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.
Sabemos que é a Verdade que nos leva à salvação (cf. CIC §851). São Paulo fala da “sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7) e afirma que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); e “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15).
Felipe Aquino
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sábado, julho 21, 2012
Sábado, dedicado a Nossa Senhora
“Que em cada um de vós haja a alma de Maria para bendizer o Senhor; e em cada um de vós esteja o seu espírito, para exultar em Deus!”
(Santo Ambrósio)
A Igreja dedica o Sábado a Nossa Senhora porque foi no 1° Sábado Santo que ela viveu sem Jesus, com Jesus morto.
Após o escurecer de Sexta-Feira Santa, quando a enorme pedra fechou a boca da sepultura, Maria passou a ficar sem Jesus, sem o amado Filho. Naquele momento, para ela o tempo parou. Foi o Sábado do grande e doloroso repouso, o Sábado do grande silêncio, o Sábado da grande solidão, da morte e do luto. Foi o único dia de sua preciosa vida, que ela viveu sem ter Jesus vivo. Foi o Sábado da imensa dor de Maria.
Para consolá-la por tamanha dor a Igreja decidiu dedicar-lhe todos os sábados, com a intenção de confortá-la e compensá-la pela morte do amado Filho. Os outros filhos adotivos se apresentam para consolá-la. Portanto, o Sábado é consagrado a Maria para alegrá-la em sua solidão e tristeza. O Sábado mariano é como aurora: ele antecede e anuncia o aparecimento do Domingo, o dia do Sol Divino, Jesus.
Pe. Antonio Lorenzatto, Livro da Família 1997.
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sexta-feira, julho 20, 2012
Evangelho do dia - Mateus 12, 1-8
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 1Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las.2Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado. 3Jesus respondeu-lhes: Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, 4como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. 5Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados?6Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. 7Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício… não condenaríeis os inocentes. 8Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado. – Palavra da salvação.
Reflexão:
Existem pessoas que acham que é difícil seguir Jesus por causa da radicalidade das exigências evangélicas, no entanto, essas mesmas pessoas ficam criando uma série de dificuldades a partir de um legalismo ritual, moral e religioso que acabam por fazer do seguimento de Jesus uma causa de sofrimento e de dor e não uma causa de alegria e felicidade de quem descobre os valores que o conduz para a vida eterna. Muitos cristãos vivem colocando proibições e ficam contentes quando podem falar “não” a alguém. De fato, essas pessoas não entenderam o Evangelho de hoje, muito menos o amor que Deus tem para com seus filhos e filhas.
Reflexão:
Existem pessoas que acham que é difícil seguir Jesus por causa da radicalidade das exigências evangélicas, no entanto, essas mesmas pessoas ficam criando uma série de dificuldades a partir de um legalismo ritual, moral e religioso que acabam por fazer do seguimento de Jesus uma causa de sofrimento e de dor e não uma causa de alegria e felicidade de quem descobre os valores que o conduz para a vida eterna. Muitos cristãos vivem colocando proibições e ficam contentes quando podem falar “não” a alguém. De fato, essas pessoas não entenderam o Evangelho de hoje, muito menos o amor que Deus tem para com seus filhos e filhas.
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quinta-feira, julho 19, 2012
Onde está teu irmão?
O Senhor o convida a olhar para o lado
Nos tempos de hoje, essa interrogação de Deus precisa ecoar nas consciências para que sejam banidas a arbitrariedade e a violência, refletidas nas discriminações e no massacre de inocentes. Entre esses absurdos, representa um grave perigo a onda abortista, que não pode ganhar espaço e consideração lícita para que a sociedade contemporânea, por egoísmo e falta de moralidade, trate a vida como produto descartável. Com o objetivo de evitar esse caminho, é preciso redobrada atenção no acompanhamento da movimentação governamental e político-partidária para fazer contraponto às propostas de legalização do aborto, com a determinação de derrubá-las.
Outra situação preocupante, na qual cabe a pergunta central para recuperação e configuração de uma antropologia sem selvagerias - “Onde está teu irmão?”, refere-se à população de rua. É preciso sensibilidade cidadã para abominar e impedir as barbáries contra homens e mulheres que vivem nas ruas das cidades, especialmente nas regiões metropolitanas. Nesse sentido, é importante conhecer a realidade desses irmãos e irmãs mais pobres, apoiar projetos sociais sérios de investimento na integridade dessas pessoas e na constituição dos quadros próprios para a vivência de sua cidadania. Trata-se do desenvolvimento de processos que têm lógicas e dinâmicas próprias, em contraposição a qualquer tipo de entendimento que se enquadre na lógica da “limpeza urbana”, do simples esconder para não comprometer a aparência de cidades e bairros.
Como advertência e necessidade de incluir na agenda social de todos, olhando a realidade de nossa inserção e calculando a gravidade das situações, é importante não esquecer os relatos que merecem reflexão e o posicionamento sério de cada um. São casos de homicídio ou tentativas de assassinato, como a que aconteceu em 15 de abril de 2011, com oito moradores de rua no bairro Santa Amélia, vítimas de envenenamento. Pela manhã daquele dia, oito moradores encontraram uma garrafa de pinga na praça onde dormiam e, após beberem, começaram a passar mal. Graças a Deus, não houve vítimas fatais.
Alguns meses depois, em outubro, três homens tiveram seus direitos desrespeitados ao serem levados para um suposto abrigo com a promessa de tratamento contra dependência química. No entanto, foram colocados em cárcere privado para trabalho escravo. Em julho do ano passado, um morador de rua morreu após ter o corpo queimado no bairro Ipiranga, em Belo Horizonte (MG). Um mês depois, em agosto, quatro pessoas não identificadas, em uma caminhonete preta com vidros escuros, dispararam tiros em direção a um grupo de moradores de rua. Entidades que trabalham com direitos humanos e com pessoas em situação de rua são fontes fidedignas desses e de muitos outros relatos.
Essa realidade precisa ser tratada com a consciência iluminada pelo princípio moral que reza o quinto mandamento da Lei de Deus: “Não matarás.” A vida humana é sagrada. A ninguém é lícito destruir um ser humano. O Catecismo da Igreja Católica ensina que esse quinto mandamento proíbe, indicando como gravemente contrários à lei moral, o homicídio direto e voluntário, o aborto direto, bem como a cooperação com ele; a eutanásia direta, que consiste em por fim à vida, por ato ou omissão de ação devida para com pessoas deficientes, doentes ou próximas da morte, e o suicídio.
A moralidade advinda da sacralidade da vida faz com que cada um reconheça o dever de zelar pela existência de todos. Nas grandes cidades é expressivo o número de pessoas que vivem nas ruas. Homens e mulheres que requerem cuidado especial, projetos de inclusão, participação e reinserção.Inaceitáveis são a violência e os assassinatos no tratamento dessa grave problemática social. Pelos que vivem nas ruas, por todos, ecoe nas consciências o dever de responder: "onde está teu irmão?".
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte
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quarta-feira, julho 18, 2012
Bento XVI fala de São Francisco e São Boaventura
Bento XVI, após Visita Pastoral à cidade de Frascati, retornou a Castel Gandolfo de onde conduziu ao meio dia a tradicional oração mariana do Angelus.
Apresentamos as palavras dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo:
Queridos irmãos e irmãs!
No calendário litúrgico o dia 15 de julho faz memória a São Boaventura de Bagnoregio, franciscano, doutor da Igreja, sucessor de São Francisco de Assis na condução da Ordem dos Frades Menores.
Ele escreveu a primeira biografia oficial do Poverello, e no final da vida foi Bispo desta Diocese de Albano. Numa carta, Boaventura escreve: “Confesso diante de Deus que a razão que mais me fez amar a vida do beato Francisco é que ela se assemelha ao início e ao crescimento da Igreja” (Epistula de tribus quaestionibus, na Obra de São Boaventura, Introdução Geral, Roma 1990, p.29).
Estas palavras nos remetem diretamente ao Evangelho deste domingo, que apresenta o primeiro envio em missão dos Doze Apóstolos por parte de Jesus “Chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos;
E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; Mas que calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas. (Mc 6, 7-9).
Francisco de Assis, depois de sua conversão, praticou ao ‘pé da letra’ este Evangelho, tornando-se uma fidelíssima testemunha de Jesus ; e associado de maneira singular ao mistério da Cruz, foi transformado num ‘outro Cristo’, como o próprio São Boaventura o apresente.”.
Toda a vida de São Boaventura, assim como sua teologia têm como centro inspirador Jesus Cristo. Esta centralidade de Cristo reencontramos na segunda Leitura da Missa de hoje (Ef 1, 3-14), o célebre hino da Carta de São Paulo aos Efésios, que inicia assim: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.O apóstolo mostra então como se realizou este designo em quatro passagens que começam com a mesma expressão ‘Nele’, referindo à Jesus Cristo. ‘Nele’ o Pai nos escolheu antes da fundação do mundo; ‘Nele’ fomos redimidos mediante o seu sangue; ‘Nele’ nos tornamo herdeiros, predestinados a ser ‘louvor de sua glória’; ‘Nele’aqueles que crêem no Evangelho recebem o sigilo do Espírito Santo.
Este hino paulino contém a visão da história que São Boaventura contribuiu para difundir na Igreja: toda a história tem como centro Cristo, o qual assegura também novidade e renovação a todo tempo. Em Jesus, Deus disse e deu tudo, mas como Ele é um tesouro inexorável, o Espírito Santo jamais deixa de revelar e de atualizar o seu mistério. Por isso a obra de Cristo e da Igreja jamais regride, mas sempre progride
Querido amigos, invoquemos Maria Santíssima, que celebramos amanhã como Virgem do Monte Carmelo, para que nos ajude, como São Francisco e São Boaventura, a responder generosamente a chamada do Senhor, para anunciar o seu Evangelho de salvação com as palavras e antes de tudo com a vida.
Apresentamos as palavras dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo:
Queridos irmãos e irmãs!
No calendário litúrgico o dia 15 de julho faz memória a São Boaventura de Bagnoregio, franciscano, doutor da Igreja, sucessor de São Francisco de Assis na condução da Ordem dos Frades Menores.
Ele escreveu a primeira biografia oficial do Poverello, e no final da vida foi Bispo desta Diocese de Albano. Numa carta, Boaventura escreve: “Confesso diante de Deus que a razão que mais me fez amar a vida do beato Francisco é que ela se assemelha ao início e ao crescimento da Igreja” (Epistula de tribus quaestionibus, na Obra de São Boaventura, Introdução Geral, Roma 1990, p.29).
Estas palavras nos remetem diretamente ao Evangelho deste domingo, que apresenta o primeiro envio em missão dos Doze Apóstolos por parte de Jesus “Chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos;
E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; Mas que calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas. (Mc 6, 7-9).
Francisco de Assis, depois de sua conversão, praticou ao ‘pé da letra’ este Evangelho, tornando-se uma fidelíssima testemunha de Jesus ; e associado de maneira singular ao mistério da Cruz, foi transformado num ‘outro Cristo’, como o próprio São Boaventura o apresente.”.
Toda a vida de São Boaventura, assim como sua teologia têm como centro inspirador Jesus Cristo. Esta centralidade de Cristo reencontramos na segunda Leitura da Missa de hoje (Ef 1, 3-14), o célebre hino da Carta de São Paulo aos Efésios, que inicia assim: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.O apóstolo mostra então como se realizou este designo em quatro passagens que começam com a mesma expressão ‘Nele’, referindo à Jesus Cristo. ‘Nele’ o Pai nos escolheu antes da fundação do mundo; ‘Nele’ fomos redimidos mediante o seu sangue; ‘Nele’ nos tornamo herdeiros, predestinados a ser ‘louvor de sua glória’; ‘Nele’aqueles que crêem no Evangelho recebem o sigilo do Espírito Santo.
Este hino paulino contém a visão da história que São Boaventura contribuiu para difundir na Igreja: toda a história tem como centro Cristo, o qual assegura também novidade e renovação a todo tempo. Em Jesus, Deus disse e deu tudo, mas como Ele é um tesouro inexorável, o Espírito Santo jamais deixa de revelar e de atualizar o seu mistério. Por isso a obra de Cristo e da Igreja jamais regride, mas sempre progride
Querido amigos, invoquemos Maria Santíssima, que celebramos amanhã como Virgem do Monte Carmelo, para que nos ajude, como São Francisco e São Boaventura, a responder generosamente a chamada do Senhor, para anunciar o seu Evangelho de salvação com as palavras e antes de tudo com a vida.
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terça-feira, julho 17, 2012
Noticias da Arquidiocese de Natal
Bispos e padres participam de retiro
O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; o Arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macêdo, e 110 padres do clero da Arquidiocese de Natal, participam de retiro espiritual, de 16 a 20 deste mês, no Centro de Espiritualidade Uirapuru, em Fortaleza (CE).
O tema “A identidade e a espiritualidade do presbítero, no contexto da mudança de época”, norteia as reflexões, que são conduzidas pelo monge Dom Guilherme Gomes Pinto, do mosteiro de São Bento, de São Paulo.
Arcebispo divulga lista com transferências de padres
Antes de viajar, nesta segunda-feira, a Fortaleza (CE), para o retiro com o clero, o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, divulgou uma lista com 14 transferências de funções, de sacerdotes:
. Pe. Francisco de Assis Inácio deixa a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, em Taipu, e assumirá a função de pároco, da Paróquia da Imaculada Conceição, de Nova Cruz.
. Pe. Helenildo Marques de Morais, deixa de ser vigário paroquial da Catedral para ser administrador paroquial de Nossa Senhora do Livramento, de Taipu.
. Pe. Paulo Henrique da Silva sai da Paróquia de Santa Clara, no Pitimbu, e assumirá a capelania do Instituto Maria Auxiliadora, no Tirol, Natal.
. Pe. Valdir Cândido de Morais, recém-chegado de Roma, onde concluiu mestrado na área da família, será pároco da Paróquia de Santa Clara, no Pitimbu.
. Pe. Orcenival Maria de Oliveira, deixa a função de vigário paroquial de Nossa Senhora dos Prazeres, de Goianinha, para ser pároco da Paróquia de Santana, no Soledade 2, Natal.
. Pe. Luiz Paulo da Silva, até então, vigário paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, em Petrópolis, assumirá as funções de vigário paroquial de Goianinha e responsável pela Área Pastoral de Tibau do Sul, que será criada.
. Pe. Joaquim Ataíde de Araújo sairá da Paróquia de Santana, no Soledade 2, e será pároco da Paróquia de São João Batista, em Arez.
. Pe. Raimundo Renato da Rocha Ciríaco deixará Arez e assumirá a função de vigário paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim.
. Pe. Rogério Ferreira Barros, até então administrador da Paróquia de São Paulo Apóstolo, de Pedro Avelino, foi nomeado vigário paroquial de Nossa Senhora da Conceição, de Ceará-Mirim.
. Pe. Antônio José do Vale, que é administrador da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, de Afonso Bezerra, assumirá, provisoriamente, a administração da Paróquia de São Paulo Apóstolo, de Pedro Avelino.
. Pe. Cidinei Firmino da Silva deixa a função de vigário paroquial de Ceará-Mirim e passa a ser vigário paroquial de Nossa Senhora da Conceição, de Macaíba.
. Pe. Valberto Messias da Cruz sai da Paróquia de São João Batista, de Pendências, e será paróco da Paróquia de São Gonçalo do Amarante.
. Pe. Jailton da Silva Soares, que era diretor espiritual do Seminário de São Pedro, será o novo pároco da Paróquia de São João Batista, em Pendências.
. Pe. Newton Coelho de Oliveira, responsável pela turma do Propedêutico, do Seminário de São Pedro, assumirá também as funções de diretor espiritual do Seminário e capelão da Escola Nossa Senhora de Fátima, no Tirol.
. Pe. Manoel Henrique de Paiva continua como vigário paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim, e será responsável pela futura Área Pastoral da Cidade das Nações, também em Parnamirim.
O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; o Arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macêdo, e 110 padres do clero da Arquidiocese de Natal, participam de retiro espiritual, de 16 a 20 deste mês, no Centro de Espiritualidade Uirapuru, em Fortaleza (CE).
O tema “A identidade e a espiritualidade do presbítero, no contexto da mudança de época”, norteia as reflexões, que são conduzidas pelo monge Dom Guilherme Gomes Pinto, do mosteiro de São Bento, de São Paulo.
Arcebispo divulga lista com transferências de padres
Antes de viajar, nesta segunda-feira, a Fortaleza (CE), para o retiro com o clero, o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, divulgou uma lista com 14 transferências de funções, de sacerdotes:
. Pe. Francisco de Assis Inácio deixa a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, em Taipu, e assumirá a função de pároco, da Paróquia da Imaculada Conceição, de Nova Cruz.
. Pe. Helenildo Marques de Morais, deixa de ser vigário paroquial da Catedral para ser administrador paroquial de Nossa Senhora do Livramento, de Taipu.
. Pe. Paulo Henrique da Silva sai da Paróquia de Santa Clara, no Pitimbu, e assumirá a capelania do Instituto Maria Auxiliadora, no Tirol, Natal.
. Pe. Valdir Cândido de Morais, recém-chegado de Roma, onde concluiu mestrado na área da família, será pároco da Paróquia de Santa Clara, no Pitimbu.
. Pe. Orcenival Maria de Oliveira, deixa a função de vigário paroquial de Nossa Senhora dos Prazeres, de Goianinha, para ser pároco da Paróquia de Santana, no Soledade 2, Natal.
. Pe. Luiz Paulo da Silva, até então, vigário paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, em Petrópolis, assumirá as funções de vigário paroquial de Goianinha e responsável pela Área Pastoral de Tibau do Sul, que será criada.
. Pe. Joaquim Ataíde de Araújo sairá da Paróquia de Santana, no Soledade 2, e será pároco da Paróquia de São João Batista, em Arez.
. Pe. Raimundo Renato da Rocha Ciríaco deixará Arez e assumirá a função de vigário paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim.
. Pe. Rogério Ferreira Barros, até então administrador da Paróquia de São Paulo Apóstolo, de Pedro Avelino, foi nomeado vigário paroquial de Nossa Senhora da Conceição, de Ceará-Mirim.
. Pe. Antônio José do Vale, que é administrador da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, de Afonso Bezerra, assumirá, provisoriamente, a administração da Paróquia de São Paulo Apóstolo, de Pedro Avelino.
. Pe. Cidinei Firmino da Silva deixa a função de vigário paroquial de Ceará-Mirim e passa a ser vigário paroquial de Nossa Senhora da Conceição, de Macaíba.
. Pe. Valberto Messias da Cruz sai da Paróquia de São João Batista, de Pendências, e será paróco da Paróquia de São Gonçalo do Amarante.
. Pe. Jailton da Silva Soares, que era diretor espiritual do Seminário de São Pedro, será o novo pároco da Paróquia de São João Batista, em Pendências.
. Pe. Newton Coelho de Oliveira, responsável pela turma do Propedêutico, do Seminário de São Pedro, assumirá também as funções de diretor espiritual do Seminário e capelão da Escola Nossa Senhora de Fátima, no Tirol.
. Pe. Manoel Henrique de Paiva continua como vigário paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim, e será responsável pela futura Área Pastoral da Cidade das Nações, também em Parnamirim.
segunda-feira, julho 16, 2012
Nossa Senhora do CARMO
A festa de Nossa Senhora do Carmo é relacionada à Ordem Carmelitana, cuja origem é bem antiga. Na Ordem Carmelitana tem-se a tradição, segundo a qual o profeta Elias, vendo aquela nuvenzinha, que se levantava no mar, bem como a pegada de homem, teria nela reconhecido no símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador. Os discípulos de Elias, recordando aquela visão do mestre, teriam fundado uma Congregação, com sede no Monte Carmelita, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre. Essa Congregação ter-se-ia conservado até os dias de Jesus Cristo e existido com o Título Servas de Maria.
Manifestação de Maria a São Simão Stock
Historicamente documentadas são as seguintes datas da Ordem de Nossa Senhora do Carmelo. Foi no século XII que o calabrez Bertoldo, com alguns companheiros, se estabeleceu no Monte Carmelo. Não se sabe se encontraram lá a Congregação dos Servos de Maria ou se fundaram uma deste nome; certo é que receberam em 1209 uma regra rigorosíssima, aprovada pelo Patriarca de Jerusalém - Alberto. Pelas cruzadas esta Congregação tornou-se conhecida também na Europa. Dois nobres fidalgos da Inglaterra convidaram alguns religiosos do Carmelo, para acompanhá-los e fundar conventos na Inglaterra, o que fizeram.
Pela mesma época vivia no condado de Kent um eremita que, há vinte anos, vivia em solidão, tendo por residência o tronco oco de uma árvore. O nome desse eremita era Simão Stock. Atraído pela vida mortificada dos carmelitas recém-chegados, como também pela devoção Mariana que aquela Ordem cultivava, pediu admissão como noviço na Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Em 1225, Simão Stock foi eleito coadjutor Geral da Ordem, já então bastante conhecida e espalhada.
O papa Honório III aprovou a regra da Ordem. Simão Stock visitou os Irmãos da ordem no Monte Carmelo, e demorou-se com eles seis anos.
Um capítulo geral da Ordem, realizado em 1237, determinou a transferência para a Europa de quase todos os religiosos, os quais, para se verem livres das vexações dos Sarracenos, procuraram a Inglaterra, onde a Ordem possuía já 40 conventos.
No ano de 1245, foi Simão Stock eleito Superior Geral da Ordem e a regra teve aprovação do Papa Inocêncio IV.
A Ordem de Nossa Senhora do Carmo, colocada sob a proteção da Santa Sé, começou a ter, então, uma aceitação extraordinária no mundo católico. Para isto concorreu poderosamente a Irmandade do Escapulário, que deve a fundação a Simão Stock.
Em 16 de julho de 1251, estando em oração fervorosa, Nossa Senhora lhe apareceu. Veio trazer-lhe um escapulário. "Meu dileto filho - disse-lhe a Rainha do céu - eis o escapulário, que será o distintivo de minha Ordem. Aceita-o como um penhor de privilégio, que alcancei para ti e para todos os membros da Ordem do Carmo. Aquele que morrer vestido deste escapulário, estará livre do fogo do inferno".
Simão Stock tratou então de divulgar a irmandade do escapulário e convidar o mundo católico a participar dos grandes privilégios anexos. Entre os devotos do escapulário de Nossa Senhora do Carmo, vêem-se Papas, Cardeais e Bispos. O Escapulário teve uma aceitação favorável e universal entre o povo católico. Neste sentido, só é comparável ao Rosário.
Oração a Nossa Senhora do Carmo
Ó bendita e imaculada Virgem Maria, honra e esplendor do Carmelo! Vós que olhais com especial bondade para quem traz o vosso bendito escapulário, olhai para mim benignamente e cobri-me com o manto da vossa maternal proteção. Fortificai minha fraqueza com o vosso poder, iluminai as trevas do meu espírito com a vossa sabedoria, aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Ornai minha alma com a graça e as virtudes que a tornem agradável ao vosso divino Filho. Assisti-me durante a vida, consolai-me na hora da morte com a vossa amável presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho e servo dedicado; e lá do céu, eu quero louvar-vos e bendizer-vos por toda a eternidade.
Amém!
Amém!
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domingo, julho 15, 2012
Bateu aquela tristeza? Não se perca em seus sentimentos
As expressões "estou triste" ou "estou deprimido" parecem tão comuns em nossos dias, mas pouco paramos para pensar no que nos leva a esses“estados de tristeza”. Mais ainda: algumas pessoas pensam tanto nela, que alimentam, eternamente, um sentimento que, usualmente, representaria e expressaria apenas uma fase passageira de sua vida.
Situações difíceis e estressantes exigem de nós uma capacidade de adaptação que nos permite voltar a alcançar um estado emocional normal. Pensar naquilo que é positivo é uma forma de superar os momentos de tristeza sem negá-los, mas, também, sem valorizar fortemente tal situação. Buscar atividades sociais, esportivas e de lazer também são formas externas de lidar com este sentimento.
Estar triste e sentir tristeza são condições psicológicas que fazem parte da vida humana, e não há por que temer vivenciar tal estado. Sentir dor pela perda, viver o luto, terminar um namoro, ter frustrações nas amizades e experimentar que a vida não é feita só de alegrias é o conjunto dinâmico e equilibrado da vida. Porém, muitas vezes, desenvolvemos respostas emocionais negativas e, a partir delas, tudo se torna uma tristeza constante; ou mesmo criamos nossos filhos deixando-os “protegidos” de qualquer ameaça.
Depressão é muito mais do que uma tristeza, mas esta, se for cultivada e excessivamente valorizada, pode se tornar uma doença. Ficar triste faz parte da vida, não precisa de tratamento e nos permite experimentar o lado bom e o ruim da vida. Muitas pessoas evitam, a todo custo, o sofrimento ou mesmo evitam que as pessoas ao seu redor sofram. Com isto, apenas alimentam uma vida de conto de fadas. O tempo da tristeza é relativo e está bastante relacionado ao tipo de situação que vivemos.
Por outro lado, pense no seguinte: nosso tempo nos coloca um ritmo para que vivamos os processos da vida sem dor, sem sofrimento e com muita rapidez. Não admitir a armagura é um mecanismo de defesa, algo que nos protege, que faz com que evitemos as situações.
O que a tristeza tem para nos ensinar? Nem toda melancolia é depressão, nem tudo é curado com remédios. Encarar as situações negativas com serenidade, observando os fatos e as consequências é muito importante. Quando admitimos que somos parte de um problema, podemos rever nossas atitudes e crescer. Ao fazer o papel de vítima – que pode ser mais confortável e bastante cômodo – não assumimos nossas culpas e “terceirizamos” nossos os problemas. Sempre haverá um culpado, uma situação difícil ou coisa assim. Mas vale lembrar também o quanto algumas pessoas têm uma visão extremamente negativa de si, sem perceber nada de positivo no que fazem, olhando o mundo por um olhar altamente crítico, negativo; apenas valorizando as desolações.
A satisfação é feita de frustrações, de perdas e dores. Evitar o sofrimento é como “negar” uma parte importante da vida e experimentar apenas o imediato, a necessidade urgente de estar melhor, as alegrias de um mundo que cultiva o imediatismo e o prazer de uma vida fácil. Nesta reflexão, faço a você um novo convite: que possamos dar um significado às tristezas da vida sem fugir delas, mas saindo fortalecidos desta batalha, superando as dificuldades do momento, valorizando as experiências e retomando o ciclo normal de nossas vidas. Não há solução fácil, mágica ou imediata, mas é algo possível a partir da nossa iniciativa e nosso empenho, com uma forma diferente de encarar a vida.
Elaine Ribeiro
www.cancaonova.com
Situações difíceis e estressantes exigem de nós uma capacidade de adaptação que nos permite voltar a alcançar um estado emocional normal. Pensar naquilo que é positivo é uma forma de superar os momentos de tristeza sem negá-los, mas, também, sem valorizar fortemente tal situação. Buscar atividades sociais, esportivas e de lazer também são formas externas de lidar com este sentimento.
Estar triste e sentir tristeza são condições psicológicas que fazem parte da vida humana, e não há por que temer vivenciar tal estado. Sentir dor pela perda, viver o luto, terminar um namoro, ter frustrações nas amizades e experimentar que a vida não é feita só de alegrias é o conjunto dinâmico e equilibrado da vida. Porém, muitas vezes, desenvolvemos respostas emocionais negativas e, a partir delas, tudo se torna uma tristeza constante; ou mesmo criamos nossos filhos deixando-os “protegidos” de qualquer ameaça.
Depressão é muito mais do que uma tristeza, mas esta, se for cultivada e excessivamente valorizada, pode se tornar uma doença. Ficar triste faz parte da vida, não precisa de tratamento e nos permite experimentar o lado bom e o ruim da vida. Muitas pessoas evitam, a todo custo, o sofrimento ou mesmo evitam que as pessoas ao seu redor sofram. Com isto, apenas alimentam uma vida de conto de fadas. O tempo da tristeza é relativo e está bastante relacionado ao tipo de situação que vivemos.
Por outro lado, pense no seguinte: nosso tempo nos coloca um ritmo para que vivamos os processos da vida sem dor, sem sofrimento e com muita rapidez. Não admitir a armagura é um mecanismo de defesa, algo que nos protege, que faz com que evitemos as situações.
O que a tristeza tem para nos ensinar? Nem toda melancolia é depressão, nem tudo é curado com remédios. Encarar as situações negativas com serenidade, observando os fatos e as consequências é muito importante. Quando admitimos que somos parte de um problema, podemos rever nossas atitudes e crescer. Ao fazer o papel de vítima – que pode ser mais confortável e bastante cômodo – não assumimos nossas culpas e “terceirizamos” nossos os problemas. Sempre haverá um culpado, uma situação difícil ou coisa assim. Mas vale lembrar também o quanto algumas pessoas têm uma visão extremamente negativa de si, sem perceber nada de positivo no que fazem, olhando o mundo por um olhar altamente crítico, negativo; apenas valorizando as desolações.
A satisfação é feita de frustrações, de perdas e dores. Evitar o sofrimento é como “negar” uma parte importante da vida e experimentar apenas o imediato, a necessidade urgente de estar melhor, as alegrias de um mundo que cultiva o imediatismo e o prazer de uma vida fácil. Nesta reflexão, faço a você um novo convite: que possamos dar um significado às tristezas da vida sem fugir delas, mas saindo fortalecidos desta batalha, superando as dificuldades do momento, valorizando as experiências e retomando o ciclo normal de nossas vidas. Não há solução fácil, mágica ou imediata, mas é algo possível a partir da nossa iniciativa e nosso empenho, com uma forma diferente de encarar a vida.
Elaine Ribeiro
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sábado, julho 14, 2012
São Camilo de Léllis - 14 de julho
Camila Compelli e João de Lellis eram já idosos quando o filho foi anunciado. Ele, um militar de carreira, ficou feliz, embora passasse pouco tempo em casa. Ela também, mas um pouco constrangida, por causa dos quase sessenta anos de idade. Do parto difícil, nasceu Camilo, uma criança grande e saudável, apenas de tamanho acima da média. Ele nasceu no dia 25 de maio de 1550, na pequena Bucchianico, em Chieti, no sul da Itália.
Cresceu e viveu ao lado da mãe, uma boa cristã, que o educou dentro da religião e dos bons costumes. Ela morreu quando ele tinha treze anos de idade. Camilo não gostava de estudar e era rebelde. Foi então residir com o pai, que vivia de quartel em quartel, porque, viciado em jogo, ganhava e perdia tudo o que possuía. Apesar do péssimo exemplo, era um bom cristão e amava o filho. Percebendo que Camilo, aos quatorze anos, não sabia nem ler direito, colocou-o para trabalhar como soldado. O jovem, devido à sua grande estatura e físico atlético, era requisitado para os trabalhos braçais e nunca passou de soldado, por falta de instrução.
Tinha dezenove anos de idade quando o pai morreu e deixou-lhe como herança apenas o punhal e a espada. Na ocasião, Camilo já ganhara sua própria fama, de jogador fanático, briguento e violento, era um rapaz bizarro. Em 1570, após uma conversa com um frade franciscano, sentiu-se atraído a ingressar na Ordem, mas foi recusado, porque apresentava uma úlcera no pé. Ele então foi enviado para o hospital de São Tiago, em Roma, que diagnosticou o tumor incurável.
Sem dinheiro para o tratamento, conseguiu ser internado em troca do trabalho como servente. Mesmo assim, afundou-se no jogo e foi posto na rua. Sabendo que o mosteiro dos capuchinhos estava sendo construído, ofereceu-se como ajudante de pedreiro e foi aceito.
O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão.
Um dia, a caminho do trabalho, teve uma visão celestial, nunca revelada a ninguém. Estava com vinte e cinco anos de idade, largou o jogo e pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos. Não conseguiu, por causa de sua ferida no pé.
Mas os franciscanos o ajudaram a ser novamente internado no hospital de São Tiago, que, passados quatro anos, estava sob a sua direção. Camilo, já tocado pela graça, dessa vez, além de tratar a eterna ferida passou a cuidar dos outros enfermos, como voluntário. Mas preferia assistir aos doentes mais repugnantes e terminais, pois percebeu que os funcionários, apesar de bem remunerados, abandonavam-nos à própria sorte, deixando-os passar privações e vexames.
Neles, Camilo viu o próprio Cristo e por eles passou a viver. Em 1584, sob orientação do amigo e contemporâneo, também fundador e santo, padre Filipe Néri, constituiu uma irmandade de voluntários para cuidar dos doentes pobres e miseráveis, depois intitulada Congregação dos Ministros Camilianos. Ainda com a ajuda de Filipe Néri, estudou e vestiu o hábito negro com a cruz vermelha de sua própria Ordem, pois sua congregação, em 1591, recebeu a aprovação do Vaticano, sendo elevada à categoria de ordem religiosa.
Eleito para superior, dirigiu por vinte anos sua Ordem dos padres enfermeiros, dizem que com “mão de ferro” e a determinação militar recebida na infância e juventude. Depois, os últimos sete anos de vida preferiu ficar ensinado como os doentes deviam ser tratados e conviver entre eles. Mesmo sofrendo terríveis dores nos pés, Camilo ia visitar os doentes em casa e, quando necessário, chegava a carregá-los nas costas para o hospital. Nessa hora, agradecia a Deus a estatura física que lhe dera.
Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações, logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis, que, ricos e pobres, procuravam sua ajuda. Era um homem muito querido em toda a Itália, quando morreu em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. São Camilo de Lellis, em1886, foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais.
Cresceu e viveu ao lado da mãe, uma boa cristã, que o educou dentro da religião e dos bons costumes. Ela morreu quando ele tinha treze anos de idade. Camilo não gostava de estudar e era rebelde. Foi então residir com o pai, que vivia de quartel em quartel, porque, viciado em jogo, ganhava e perdia tudo o que possuía. Apesar do péssimo exemplo, era um bom cristão e amava o filho. Percebendo que Camilo, aos quatorze anos, não sabia nem ler direito, colocou-o para trabalhar como soldado. O jovem, devido à sua grande estatura e físico atlético, era requisitado para os trabalhos braçais e nunca passou de soldado, por falta de instrução.
Tinha dezenove anos de idade quando o pai morreu e deixou-lhe como herança apenas o punhal e a espada. Na ocasião, Camilo já ganhara sua própria fama, de jogador fanático, briguento e violento, era um rapaz bizarro. Em 1570, após uma conversa com um frade franciscano, sentiu-se atraído a ingressar na Ordem, mas foi recusado, porque apresentava uma úlcera no pé. Ele então foi enviado para o hospital de São Tiago, em Roma, que diagnosticou o tumor incurável.
Sem dinheiro para o tratamento, conseguiu ser internado em troca do trabalho como servente. Mesmo assim, afundou-se no jogo e foi posto na rua. Sabendo que o mosteiro dos capuchinhos estava sendo construído, ofereceu-se como ajudante de pedreiro e foi aceito.
O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão.
Um dia, a caminho do trabalho, teve uma visão celestial, nunca revelada a ninguém. Estava com vinte e cinco anos de idade, largou o jogo e pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos. Não conseguiu, por causa de sua ferida no pé.
Mas os franciscanos o ajudaram a ser novamente internado no hospital de São Tiago, que, passados quatro anos, estava sob a sua direção. Camilo, já tocado pela graça, dessa vez, além de tratar a eterna ferida passou a cuidar dos outros enfermos, como voluntário. Mas preferia assistir aos doentes mais repugnantes e terminais, pois percebeu que os funcionários, apesar de bem remunerados, abandonavam-nos à própria sorte, deixando-os passar privações e vexames.
Neles, Camilo viu o próprio Cristo e por eles passou a viver. Em 1584, sob orientação do amigo e contemporâneo, também fundador e santo, padre Filipe Néri, constituiu uma irmandade de voluntários para cuidar dos doentes pobres e miseráveis, depois intitulada Congregação dos Ministros Camilianos. Ainda com a ajuda de Filipe Néri, estudou e vestiu o hábito negro com a cruz vermelha de sua própria Ordem, pois sua congregação, em 1591, recebeu a aprovação do Vaticano, sendo elevada à categoria de ordem religiosa.
Eleito para superior, dirigiu por vinte anos sua Ordem dos padres enfermeiros, dizem que com “mão de ferro” e a determinação militar recebida na infância e juventude. Depois, os últimos sete anos de vida preferiu ficar ensinado como os doentes deviam ser tratados e conviver entre eles. Mesmo sofrendo terríveis dores nos pés, Camilo ia visitar os doentes em casa e, quando necessário, chegava a carregá-los nas costas para o hospital. Nessa hora, agradecia a Deus a estatura física que lhe dera.
Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações, logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis, que, ricos e pobres, procuravam sua ajuda. Era um homem muito querido em toda a Itália, quando morreu em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. São Camilo de Lellis, em1886, foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais.
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