SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



sexta-feira, agosto 31, 2012

Arquidiocese se prepara para a Semana Social Brasileira

“Estado para que e para quem?” é o tema da 5ª Semana Social Brasileira, que acontecerá no período de 22 a 25 de maio de 2013. As reflexões em busca da resposta desta pergunta já vêm acontecendo, durante este ano de 2012, em dioceses de todo o Brasil.

Em preparação à Semana Social Brasileira, a Arquidiocese de Natal promove duas atividades, no mês de setembro, coordenadas pelo Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais. A primeira atividade é um seminário e acontece sábado, dia primeiro de setembro, das 8 às 16 horas, no auditório do IFRN, situado na Av. Rio Branco, no centro da capital. O seminário contará com a assessoria dos professores universitários César Sanson e Íris Oliveira. Os dois serão palestrantes da Mesa Redonda que abordará o tema: “Queremos o Estado a serviço da nação, que garanta direitos a toda população”.

A outra atividade será o Grito dos Excluídos, com uma vigília, que acontecerá dia 6 de setembro, das 18 às 21 horas, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim. A programação iniciará com uma missa, presidida pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha. Depois, haverá um resgate da história dos Gritos dos Excluídos, realizados em anos anteriores, e uma homenagem a Dom Antônio Soares Costa e ao Padre Sabino Gentile, ambos já falecidos.

Semana Social

A realização das Semanas Sociais conta com o apoio de diversos atores e setores da sociedade, desde o início dos anos 90. É um evento promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e tem a finalidade de mobilizar comunidades eclesiais e movimentos sociais para refletir sobre temas que dizem respeito à busca por um país justo, democrático, solidário e sustentável.

www.arquidiocesedenatal.org.br

quinta-feira, agosto 30, 2012

Podem comungar os divorciados que voltaram a casar?

Os membros da Congregação para a Doutrina da Fé, em uma carta a todos os bispos do mundo datada de 14 de outubro de 1994 diz :

"A crença errônea que tem uma pessoa divorciada e novamente casada, de poder receber a Eucaristia normalmente, presume que a consciência pessoal é levada em conta na análise final, de que, baseado em suas próprias convicções existiu ou não existiu um matrimônio anterior e o valor de uma nova união. Esta posição é inaceitável. O matrimônio, de fato, porque é a imagem da relação de Cristo e sua Igreja assim como um fator importante na vida da sociedade civil, é basicamente uma realidade pública."

Com este documento a Santa Sede afirma a contínua teologia e disciplina da Igreja Católica, de que aqueles que se divorciaram e voltaram a casar sem um Decreto de Nulidade, para o primeiro matrimônio (indistintamente se foi realizado dentro ou fora da Igreja), se encontra em uma relação de adultério, que não lhe permite arrender-se honestamente, para receber a absolvição de seus pecados e receber a Santa Comunhão. Até que se resolva a irregularidade matrimonial pelo Tribunal dos Processos Matrimoniais, ou outros procedimentos que se aplicam aos matrimônios dos não batizados, não podem aproximar-se aos Sacramentos da Penitênica nem à Eucaristia-.

Como menciona o Papa João Paulo II no documento da Reconciliação e a Eucaristia, a Igreja deseja que estes casais participem da vida da Igreja até onde lhes forem possível (e esta participação na Missa, adoração Eucarística, devoções eoutros serão de grande ajuda espiritual para eles) enquanto trabalham para conseguir a completa participação sacramental.

Só poderiam comungar se, evitado o escândalo e recebida a absolvisão sacramental, se comprometam a viver em plena continência, disse a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé.

No discurso do Papa João Paulo II no encerramento do Sínodo celebrado em Roma em outubro de 1980, disse que a Igreja deveria mante a de não admitir à comunhão eucarística ao divorciados que voltaram a casar. A não ser quando não possam se separar, prometam viver em total continência, sempre que não seja motivo de escândalo. Em todo caso, acrescenta o Papa, devem perseverar na oração para conseguir a graça da conversão e da salvação. Entretanto isto não acarreta que não possam batizar a seus filhos. Deve-se estudar cada caso e ver que possibilidades oferecem de educar na fé católica a seus filhos.

Por outro lado as pessoas casadas só no civil e divorciadas podem comungar. O divórcio civil não é um obstáculo para receber a comunhão. Por ser um ato civil, tudo o que faz, é conseguir um acordo sobre o resultados civis e legais do matrimônio (distribuição das propriedades, custódia dos filhos, etc).
acidigital.com

quarta-feira, agosto 29, 2012

João Batista, profeta e mártir

Martírio de São João Batista
Jeremias 1, 17-19; Marcos 6, 17-29

Transcrevemos a homilia de São Beda Venerável sobre o martírio de Joao Batista.

O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura: E se diante dos homens sofreu tormento, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4). Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue. É justo venerarmos com alegria espiritual a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.

Não há que duvidar, se São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso redentor, de quem dera testemunho como precursor. Também por ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo.

Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade. Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado. Também apontou para aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.

Um homem de tanto valor terminou a vida terrena com a efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão. Aquele proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste foi lançado por ímpios às cadeias: foi fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado da lâmpada ardente e luminosa. Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo. Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela verdade, mas pelo contrário, fácil e desejável.

Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo. Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer nele, mas ainda sofrer por ele (Fl 1,29). Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram por ele, conforme diz também: Os sofrimentos desta vida não se comparam á futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18).

Liturgia das Horas IV, p. 1237-1239

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

terça-feira, agosto 28, 2012

Santo Agostinho

Mensagem do Papa Bento 16 sobre Santo Agostinho

Na vida de cada um de nós existem pessoas muito queridas, que sentimos particularmente próximas, algumas já estão nos braços de Deus, outras ainda partilham conosco o caminho da vida: são os nossos pais, os parentes, os educadores, as pessoas a quem fizemos bem ou de quem recebemos o bem; são pessoas com quem sabemos que podemos contar. É importante, entretanto, ter também alguns “companheiros de viagem” no caminho de nossa vida cristã: penso no Diretor espiritual, no Confessor, nas pessoas com quem se pode compartilhar a experiência de fé, mas penso também na Virgem Maria e nos Santos. Todos devem ter algum santo que lhe seja familiar, para senti-lo próximo por meio da oração e intercessão, mas também para imitá-lo. Gostaria de convidar, então, a um maior conhecimento dos Santos, começando por aquele de quem se leva o nome, lendo sua vida, seus escritos. Tenham certeza de que eles se tornarão bons guias para amar ainda mais o Senhor e uma válida ajuda para o crescimento humano e cristão.

Como sabem, eu mesmo estou ligado de modo especial a algumas figuras dos Santos: entre eles, estão São José e São Bento, de quem levo o nome, e outros, como Santo Agostinho, que tive o grande dom de conhecer, por assim dizer, muito de perto, através do estudo e da oração, e que se tornou um bom “companheiro de viagem” na minha vida e no meu ministério.

Gostaria de sublinhar uma vez mais um aspecto importante da sua experiência humana e cristã, atual mesmo em nossa época, em que parece que o relativismo é, paradoxalmente, a “verdade” que deve guiar o pensamento, as escolhas, os comportamentos. Santo Agostinho é um homem que nunca viveu com superficialidade; a sede, a busca inquieta e constante da Verdade é uma das características fundamentais de sua existência; não, porém, das “pseudoverdades” incapazes de levar paz duradoura ao coração, mas daquela Verdade que dá sentido à existência e é “a morada” em que o coração encontra serenidade e alegria.

O caminho dele não foi fácil, nós sabemos: pensava em encontrar a Verdade no prestígio, na carreira, na posse das coisas, nas vozes que lhe prometiam felicidade imediata; cometeu erros, atravessou a tristeza, enfrentou insucessos, mas nunca parou, nunca se satisfez com aquilo que lhe dava apenas um vislumbre de luz; soube perscrutar o íntimo de si e percebeu, como escreve nas Confissões, que aquela Verdade, que o Deus que buscava com suas próprias forças era mais íntimo de si que ele próprio, ele sempre esteve ao seu lado, nunca o tinha abandonado, estava à espera de poder entrar de modo definitivo na sua vida (cf. III, 6, 11; X, 27, 38). Como dizia ao comentar o recente filme sobre sua vida, Santo Agostinho compreendeu, em sua busca inquieta, que não era ele quem havia encontrado a Verdade, mas a própria Verdade, que é Deus, tinha-o buscado e encontrado (cf. L’Osservatore Romano, quinta-feira, 4 de setembro de 2009, p. 8). Romano Guardini, comentando uma passagem do terceiro capítulo das Confissões, afirma: Santo Agostinho percebe que Deus é “glória que se ajoelha, bebida que mata a sede, o amor que traz felicidade, [... ele era] a pacificante certeza de que finalmente tinha compreendido, mas também a beatitude do amor que sabe: isto é tudo e me basta” (Pensatori religiosi, Brescia 2001, p. 177).

Também nas Confissões, no livro nono, nosso Santo reporta uma conversa com a mãe, Santa Mônica, cuja memória se celebra na próxima sexta-feira, depois de amanhã. É uma cena muito bonita: ele e sua mãe estão em Óstia, em um hotel, e da janela veem o céu e o mar, transcendem céu e mar, e por um momento tocam o coração de Deus no silêncio das criaturas. E aqui surge uma ideia fundamental no caminho para a Verdade: as criaturas devem silenciar, deve prevalecer o silêncio, em que Deus pode falar. Isso é verdade ainda mais em nosso tempo: há uma espécie de medo do silêncio, do recolhimento, do pensar as próprias ações, do sentido profundo da própria vida, frequentemente se prefere viver o momento fugaz, iludindo-se de que traz felicidade duradoura, prefere-se viver assim pois parece mais fácil, com superficialidade, sem pensar; há medo de buscar a Verdade ou talvez haja medo de que a Verdade seja encontrada, que agarre e mude a vida, como aconteceu com Santo Agostinho.

Caríssimos irmãos e irmãs, gostaria de dizer a todos, também àqueles que vivem um momento de dificuldade no seu caminho de fé, aos que participam pouco da vida da Igreja ou aos que vivem “como se Deus não existisse”, que não tenham medo da Verdade, não interrompam o caminho para ela, não deixem de buscar a verdade profunda sobre si e sobre as coisas, com os olhos interiores do coração. Deus não falhará em oferecer a Luz para fazer ver e Calor para fazer sentir, ao coração que ama e que deseja ser amado.

franciscanos.org.br


TARDE TE AMEI

"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz."


Santo Agostinho ( 354 - 430)

segunda-feira, agosto 27, 2012

As mães rezam pelos seus filhos - dia de Santa Mônica

Santa Mônica, esposa, mãe e viúva
2Tessalonicenses 1, 1-5.11-12; Mateus 23, 13-22

Na liturgia de hoje fazemos a memória de Santa Mônica, a Mãe de Agostinho, a mulher que rezou pela conversão desse seu filho que veio a ser uma das glórias do cristianismo. Ela é tida como padroeira de todas as mães que sofrem com as loucuras dos filhos. Imaginamos a alegria de Mônica ao ver seu filho convertido e se tornado um gigante da fé.

Há mães que sofrem muito com os crimes e delitos perpetrados por seus filhos. Podemos imaginar a tristeza de uma mãe que vê seu filho se encaminhar pelas sendas da droga. Essa mulher vive sobressaltada. Ao ouvir a campainha da rua ou o toque do telefone sente medo. Tenta admoestar e aconselhar… mas o filho não deixa a senda da destruição. Não resta outra coisa senão derramar lágrimas diante do Senhor.

Imagino essa mãe que criou uma menina com todo cuidado. De repente a mocinha se entrega a um homem casado, bem mais velho do que ela e parte para longe para viver uma aventura com esse homem que na verdade não ama sua filha. A menina está cega. A mãe sofre e a mãe reza para que Deus abra os olhos de sua filha.

Penso na mãe desse rapaz que se enturmou com gente perigosa que trama assaltos e explosão de caixas eletrônicos…Fome de dinheiro, de carro, de motos… desejo de roubar para ter…e pensando que tendo será feliz… Esse rapaz de muitas mulheres, de filhos gerados sem consciência…Esse filho é preso… A mãe deverá levar comida e carinho para esse que, espera ela, depois de livre da cadeia possa começar uma vida nova… possa ter a coragem de abandonar suas loucuras, como Agostinho fez.

As mães rezam muito por seus filhos. Todas as mães são parecidas com Santa Mônica. Rezam quando os filhos saem de casa para a escola e o trabalho. Rezam para que voltem tranquilamente. Rezam para que escolham bem suas namoradas e seus namorados, que se casem para valer, que deixem de ser teimosos… As mães são todas parecidas com a mãe de Santo Agostinho.

Bela a oração da festa de hoje:
“Ó Deus, consolação dos que choram, que acolhestes, misericordioso, as lágrimas de Santa Mônica pela conversão de seu filho, Agostinho, dai-nos, pela intercessão de ambos, chorar os nossos pecados e alcançar o vosso perdão”.

Na Páscoa de 387 Mônica teve a alegria de assistir ao batismo do filho convertido. Pelo fim desse ano, tendo vivido por algum tempo em Cassiciaco com o filho e os amigos, morreu em Óstia, antes de embarcar para a África.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.r

domingo, agosto 26, 2012

Dia dos Catequistas no Brasil - 26 de agosto

Em celebração ao Dia dos Catequistas no Brasil, dia 26 de agosto, o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jacinto Bergmann, divulgou uma mensagem parabenizando e abençoando a todos os catequistas. Na mensagem, o presidente se refere aos catequistas como discípulos, e agradece o trabalho de evangelização prestado. “[...] só podemos louvar a Deus pelo indispensável serviço prestado ao nosso povo de Deus, como catequistas, na educação da fé iniciando à vida cristã [...]”, mencionou Dom Jacinto no texto. (SP-CNBB)

Leia a mensagem na íntegra:
Mensagem aos/às catequistas do Brasil

Neste ano de 2012, o que dizer, de coração, celebrando o Dia do/a Catequista dentro do Mês Vocacional, a todos/as os/as catequistas do nosso querido Brasil? Ano de 2012: ano que teve como Tema Central da 50ª Assembléia Geral da CNBB e resultou no Documento 97: “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”?; ano que vivenciará o início do “Ano da Fé”, proclamado pelo Papa Bento XVI, marcando o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e o 20º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica?; ano que terá a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos com o tema “A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã”? Só estes três eventos, ligados diretamente ao nosso ministério bíblico-catequético, já fazem esse ano de 2012 especial!

Tendo tudo isso presente, só podemos louvar a Deus pelo indispensável serviço prestado ao nosso povo de Deus, como catequistas, na educação da fé iniciando à vida cristã. E, louvando a Deus, quero, em nome da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética” da CNBB, parabenizar a todos/as catequistas: o nosso Deus Trindade lhes cumule de toda a benção, sim, no sentido mais bíblico de bênção: “garantia da Sua presença”. Nós precisamos, continuamente, no árduo ministério bíblico-catequético, desta “presença garantida do Senhor”!

E por falar em Bíblia, que contem a Palavra de Deus, reforça e anima o nosso ministério as palavras do Papa Bento XVI, escritas na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini: “A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome (cf. Mt 18,20). A catequese deve comunicar com vitalidade a história da salvação e os conteúdos da fé da Igreja, para que cada fiel reconheça que a sua vida pessoal pertence também àquela história” (VD, n. 74).

Um abraço fraterno e caloroso,

Dom Jacinto Bergmann,
Arcebispo de Pelotas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-Catequética da CNBB

sábado, agosto 25, 2012

A Igreja precisa de leigos maduros, que sejam “co-responsáveis” da sua missão universal

A Igreja precisa de leigos maduros, que sejam “co-responsáveis” da sua missão universal e não considerados simples “colaboradores” do clero. É o que afirma Bento XVI na Mensagem enviada aos participantes do Fórum Internacional da Ação Católica, em andamento em Iaşi, na Romênia. Que a Associação de vocês seja neste nosso tempo “um laboratório de globalização da caridade”, auspicia o Papa.

A distinção ganhou nitidez ao longo dos séculos, mas no ano zero da Igreja a questão nem mesmo existia: pastores e leigos “eram um só coração e uma só alma”. O Santo Padre apresenta esse exemplo de unidade à atenção dos muitos membros da Ação Católica – provenientes de 35 nações de 4 continentes –, que desde esta quarta-feira até o próximo sábado se encontram na referida cidade romena para a sexta plenária de seu Fórum internacional.

Bento XVI ressalta com clareza que os leigos na Igreja são convidados a viver como protagonistas da missão eclesial, e, portanto, sendo “co-responsáveis” junto aos sacerdotes e não redimensionados a meros “colaboradores do clero”.

“Sintam como compromisso de vocês o empenho em atuar pela missão da Igreja: com a oração, com o estudo, com a participação ativa na vida eclesial, com um olhar atento e positivo para o mundo, na busca contínua dos sinais dos tempos.”

“Não se cansem de afinar sempre mais, com um sério e cotidiano empenho formativo, os aspectos da vocação peculiar de vocês de fiéis leigos, chamados a serem testemunhas corajosas e críveis em todos os âmbitos da sociedade”, exorta o Pontífice.

O Santo Padre reitera que os leigos, com a sua experiência, podem ajudar os pastores “a julgar com mais clareza e oportunidade” quer nas coisas do espírito, quer nas coisas do mundo.

Mas justamente enquanto chamados na linha de frente a serem testemunhas do Evangelho, os leigos têm a responsabilidade de anunciá-lo com “linguagem e modos compreensíveis em nosso tempo”: num modo que muda facilmente, esse é o “desafio da nova evangelização”, escreve.

E dirigindo sua reflexão para o empenho específico da Ação Católica, o Papa recorda que ela tem “como traço fundamental assumir a finalidade apostólica da Igreja em sua globalidade”, em equilíbrio entre Igreja universal e Igreja local.

“Assumam e partilhem as escolhas pastorais das dioceses e das paróquias favorecendo ocasiões de encontro e de sincera colaboração com os outros componentes da comunidade eclesial, criando relações de estima e de comunhão com os sacerdotes, em favor de uma comunidade viva, ministerial e missionária”, exorta o Papa.

“Cultivem autênticas relações pessoais com todos, a começar pela família, e ofereçam a disponibilidade de vocês à participação, em todos os níveis da vida social, cultural e política, buscando sempre o bem comum”, acrescenta.

“Nesta fase da história”, e em sintonia com a história associativa de vocês, renovem o compromisso a “trilhar no caminho da santidade” e “à luz do Magistério social da Igreja, trabalhem também para ser sempre mais um laboratório de ‘globalização da solidariedade e da caridade’, para crescer, com a Igreja inteira, na co-responsabilidade de oferecer um futuro de esperança à humanidade, tendo também a coragem de formular propostas exigentes”, conclui Bento XVI. 

sexta-feira, agosto 24, 2012

Hoje é Sexta-Feira, dia da Benção de São Félix

BENÇÃO DE SÃO FÉLIX

V - A nossa proteção está no nome do Senhor.
R - Que fez o céu e a terra.
V – Ouvi, Senhor, a minha oração.
R - E chegue a Vós o meu clamor.
V - O Senhor esteja convosco.
R - Ele está no meio de nós.
V - Rogai por nós, São Félix.
R - Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Oremos: Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, rico em misericórdia, que socorrestes a fragilidade humana com a vossa graça, olhai para estes vossos filhos e filhas a fim de que, afastadas todas as doenças, conservem a perfeita saúde do corpo e da alma. (Aspersão e canto apropriado).


Unção: Pela intercessão da gloriosa sempre Virgem Maria e de São Félix, livre-vos Deus de todas as doenças e de todos os males do corpo e da alma. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. (Procede-se à unção, na testa, em forma de cruz, enquanto se canta um hino).


Oremos: Ouvi, Senhor, as preces que agora vos dirigimos em favor desses vossos filhos e filhos que, em vosso nome, ungimos. E pela intercessão da gloriosa sempre Virgem Maria (de Santo Antônio) e de São Félix, fazei que possam experimentar a força dessa unção e sejam libertados de todos os males do corpo e da alma. Amém!
Bênção de São Francisco (e despedida):
V. + O Senhor vos abençoe e vos guarde.
R. Amém!
V. + O Senhor vos mostre a sua face e se compadeça de vós.
R. Amém!
V. + O Senhor volte o seu rosto para vós e vos dê a paz.
R. Amém!
V. + O Senhor vos abençoe: o Pai e o Filho e o Espírito Santo.

R. Amém!

Apostolado ontem e hoje

São Bartolomeu Apóstolo
Apocalipse 21,9-14; João 1. 45-51

Mais uma vez estamos festejando um apóstolo. Trata-se do sincero Natanael, Bartolomeu. “Aí vem um homem sem falsidade”. Todas as vezes que comemoramos a festa de um dos doze somos interrogados a respeito da maneira de exercemos nosso “apostolado”, convictos de sermos enviados também.

Nossos tempos mudaram. Os que vivemos nos anos 40-50 do século passado sentíamos que exercer o apostolado ou fazer pastoral era simplesmente alimentar a fé dos crentes. Nascidos em lares católicos as pessoas nada mais precisavam senão vivificar sua fé e nutri-la ao longo do tempo da vida. Muitas pessoas ingressavam em associações piedosas e grupos devocionais muitos deles sob a égide de Maria. E se santificavam…

Os tempos mudaram. Tivemos um evento central e fundamental na vida da Igreja que foi o Concilio do Vaticano II que, no dizer do Papa João XXIII, tinha a finalidade de suscitar uma nova primavera na Igreja, de “atualizar” a vida da Igreja, de abrir as janelas para que entrasse um novo ar… Vieram os tempos das adaptações e das atualizações. Concomitantemente começamos a viver os tempos da modernidade e da pós-modernidade…

Vivemos uma sociedade que não coloca a fé como centro da vida. Há mesmo uma indiferença para com a pregação do Evangelho. A missa dominical, a prática das virtudes do Sermão da Montanha perderam sua cotação… São “ações da bolsa do mundo” em nítida baixa. Um teólogo espanhol refletindo sobre os desafios da Igreja nos tempos presentes escreve: “O processo de emancipação da sociedade com respeito à religião diminuiu a cotação desta última na bolsa de valores. Se nas sociedades tradicionais a religião era a pedra angular que sustentava toda a construção, nas sociedades modernas a religião se transformou num subsistema particular – como a economia, a política e a cultura – nitidamente diferenciado dos demais, muito desvalorizado e pouco apreciado pelas pessoas. Obviamente, por exemplo, que uma sociedade secularizada considera importante não são as questões religiosas (pecado, graça, salvação, destino último do homem, mas as questões técnicas e econômicas (o que produzir, como fazê-lo para se tornar mais barato e aumente o lucro, etc.). A vida cristã, a vida religiosa perdem seu atrativo. Por isso hoje o apostolado e as estratégias pastorais haverão de ser outros. Esse o desafio da nova evangelização. Por onde caminhar? Que trilhas percorrer?

Parece importante levar as pessoas a fazerem uma experiência pessoal de Deus e não simplesmente repetir formulações. O mundo de hoje precisa estar em estado místico, como dizia K. Rahner.

Importante que os cristãos vivam em comunidades concretas, onde experimentem, efetivamente, o ser cristão com… O conviver… O “vede como eles se amam”.

Os cristãos deverão ter sólida formação teológica. Não basta um verniz qualquer, nem é suficiente uma religião de emoções. Em nossos dias não há lugar para nenhuma fé cega, ingênua e sem reflexão.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

quinta-feira, agosto 23, 2012

Santa Rosa


Santa Rosa de Lima, Padroeira da América Latina
2Corintios 10, 17-11,2; Mateus 13, 44-46

• A oração da festa de hoje diz bem o que representa Santa Rosa de Lima para a América Latina: “Ó Deus, que inspiraste Santa Rosa de Lima, inflamada de amor, a deixar o mundo, a servir os pobres e viver em austera penitência, concedei-nos por sua intercessão, seguir na terra os vossos caminhos e gozar no céu as vossas delícias”.

• A vocação para um seguimento mais de perto do Evangelho e de Jesus vem de uma inspiração divina. Jovens e menos jovens haveremos de permanecer atentos aos possíveis convites do Senhor para que venhamos a ter uma vida transparentemente evangélica respondendo aos apelos do Senhor com presteza e sem postergar.

• Rosa era inflamada no amor. Importante que os cristãos em seu amor por Deus e pelos irmãos sintam-se inflamados de amor ou sejam abrasados pela caridade. Os santos, no caso presente Rosa de Lima, foram abrasados desse amor.

• Ela foi convidada a deixar o mundo, quer dizer, a deixar uma mentalidade egoísta, buscadora de seus interesses pequenos, de suas coisas. Foi convidada a retirar-se do espirito mundano, sem com isso deixar de viver na terra dos homens, nesse mundo belo que saiu e sai da mãos do Criador bom. Mas certamente ele deixou o espírito de posse de pessoas e de coisas, de lutas por prestígio e fama. Realmente Rosa era do mundo sem ser do mundo.

• Essa menina ingressa na Ordem Terceira Dominicana. Não é religiosa, mas leiga, possuidora de um espirito de penitência corporal, próprio da época. Vive em austera penitência. Não é aqui o lugar de desenvolver o tema do ascetismo. Certo é que os santos de ontem, entre eles São Francisco, Santa Clara, Santa Isabel da Hungria fizeram penitenciais corporais exageradas. Necessário, no entanto, dominar a natureza, cuidar dos olhos, vigiando o corpo e o coração que podem fazer com que percamos a linha de conduta devido à concupiscência que mora em nós. Precisamos ter um programa de sadia disciplina. Não se trata de descartar o tema da ascese como se fosse obsoleto…. Jesus insiste no vigiar…

• Rosa cuida dos pobres e dos doentes, interessa-se por todos esses que precisam de alimento e de atenção, de paz e de consolo, de ajuda e de perdão. Ontem e hoje todo esse cortejo dos pobres de bens e de fé precisam da dedicação de vidas generosas, como a de Rosa de Lima. Muitos países da América Latina ainda hoje vivem situações de degradante miséria… Rosa de Lima interceda por todos os que resolveram estar com os mais empobrecidos.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

“A vida consagrada é comunhão, vista à luz da Santíssima Trindade” diz dom Pedro

Mensagem aos Consagrados e às Consagradas do Brasil

Amados, amadas de Deus, Irmãos e Irmãs de Vida Consagrada, Tenho Sede!

Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja no Brasil 2011 – 2015 encontramos o seguinte texto: “para uma Igreja comunidade de comunidades, é imprescindível o empenho por uma efetiva participação de todos nos destinos da comunidade, pela diversidade de carismas, serviços e ministérios. Para isso, faz-se necessário promover: (…) o carisma da vida consagrada, em suas dimensões apostólica e contemplativa, presente em fronteiras missionárias; inserida junto aos pobres; atuante no mundo da educação, da saúde, da ação social; orante em mosteiros e carmelos, comprometida a evangelizar por sua vida e missão” (DGAE 104,b).

Quando aprovamos este texto, lembramo-nos muito de vocês. E hoje, nós que fazemos a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada – PV-SAV, OSIB, CNP, CND, CRB, CNIS e SBE -, queremos unir-nos a vocês na comemoração do dia do consagrado e da consagrada, marcado na grade do mês vocacional, no dia 19 de agosto.

É nossa missão apoiar, promover, valorizar, cultivar, cuidar e animar os carismas e mistérios na Igreja, sobretudo os das pessoas de vida consagrada. A vida consagrada é comunhão, vista à luz da Santíssima Trindade. Comunhão em Deus é abertura e pericorese: o Pai está todo para o Filho; o Pai e o Filho estão todo para o Espírito Santo; e o Espírito, Senhor que dá a vida, procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: ele que falou pelos profetas. Esta abertura de uma pessoa divina a outra é o espelho da comunhão de vocês na vida consagrada. A confraternidade na vida consagrada é o espaço humano, habitado pela Santíssima Trindade. A vida consagrada é, portanto, um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história para que os seres humanos possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina.

Vocês, amados, amadas de Deus, fazem parte da melhor e da mais perfeita forma de rede de comunidades; e também pelos carismas, apostólicos e contemplativos, vocês vivem a plenitude e a absoluta pertença a Deus, na ação e na oração. Portanto, caros e caras, permitam-nos escolher entre tantos, com o perigo que comporta qualquer escolha, os dez sinais que, a nosso parecer, melhor se adaptam ao estilo de vida que vocês levam e que mais chamam a nossa atenção, nesta homenagem que fazemos a vocês:

01. Ficamos felizes por vocês nos ensinarem a viver a leveza das nossas pesadas e letárgicas instituições eclesiais. Ensinem-nos a aliviar os pesados fardos das nossas Igrejas.

02. Agradecemos a vocês apostarem no valor da profecia e na força do profetismo, hoje bastante escasseados, até a entrega da vida no martírio. Que o testemunho de vocês ajude a nossa Igreja a redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha e o dom da vida.

03. Somos gratos a vocês por viverem o dom da virgindade consagrada, através de corações indivisos, em meio a uma sociedade erotizada. Que vocês consigam quebrar as barreiras do erotismo, do egoísmo e do individualismo, tão presentes na sociedade atual, assumindo um novo e diferenciado modo de vida, pela prática da castidade para servir, mais de perto, ao Cristo Senhor, e testemunhar que somos cidadãos e cidadãs do infinito.

04. Bendizemos a Deus por nos revelar em vocês o rosto materno de Deus e da Igreja, no cuidado dos mais pequeninos, dos restos, dos sobrantes e dos últimos. Que todos vocês, consagrados e consagradas de vida apostólica, monástica ou contemplativa, e membros dos Institutos Seculares, assumem o compromisso de dedicar a vida ao serviço do Reino de Deus, servindo aos irmãos na prática da misericórdia e da solidariedade, na luta pela justiça e na vivência do amor fraterno.

05. Louvamos pelos votos públicos de pobreza, obediência e castidade, e pela visibilidade da vivência radical destes conselhos evangélicos. Que a vida e as suas ações pastorais façam transparecer, com um sorriso no canto da boca, o rosto materno de Deus, especialmente para com os pobres, excluídos e marginalizados da sociedade.

06. Agradecemos a vocês a mística de paixão pelo Reino, em tempos complexos. Vivemos num mundo agitado e superficial. E que, neste contexto, vocês, consagrados e consagradas, cultivem a oração interior através da leitura orante da Palavra de Deus.

07. Somos profundamente gratos a vocês pela compaixão para com os pobres e pelo alegre testemunho de que somente Deus basta para dar sentido à vida e preenchê-la de alegria e de significado. É esta paixão pelo Reino que permite a vocês ouvirem a voz de Deus, deixando-O falar em todos os recantos da existência.

08. Obrigado por vocês apostarem no discipulado missionário, indo além do mundo que nos rodeia, para além das fronteiras da fé. A missionariedade está escrita no coração mesmo de toda a forma de vida consagrada. Vocês de vida consagrada são missionárias por excelência. E, por isto, devem ajudar-nos a crescer na consciência e na cooperação missionárias. E que este estilo de vida deixe transparecer a presença e a pertença ao Deus vivo, mesmo que, muitas vezes, de formas silenciosas.

09. Louvamos e agradecemos os projetos comuns, parcerias, partilhas e socialização dos dons e dos bens, em vista da missão e da evangelização. Que vocês ajudem a Igreja a manter aceso o fogo e o ardor missionários. E que vocês cultivem, cada vez mais, o amor a Jesus, apaixonados por Ele, fortalecidos pelos sagrados alimentos da eucaristia e do Evangelho da vida.

10. Enfim, profundamente agradecidos por vocês serem o que são, independentemente do que vocês fazem. Agradecemos igualmente a vocês o dom da vida doada e consagrada, com os olhos fixosem Jesus Cristo. Quevocês nos ajudem a crer que nossa pátria é o céu e que, portanto, ninguém viva, aqui na terra, como se aqui tivesse morada permanente.

Que o Divino Espírito Santo, doador dos dons e carismas e mantenedor dos serviços e ministérios, continue soprando novos e fortes ventos para despertar e suscitar novas, boas e santas vocações à vida consagrada, para o bem da Igreja e da humanidade.

Deus abençoe a vocês todos e todas, derramando chuvas de vida e de graça e fecundando os jardins de suas existências.

“Amo a todos vocês no Cristo Jesus” (1Cor 16,24).

Com minha bênção,

Dom Pedro Brito Guimarães,

Arcebispo de Palmas e Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada

www.crbregional.org.br

quarta-feira, agosto 22, 2012

Essa mulher admirável chamada MARIA

Nossa Senhora Rainha
Isaías 9, 1-6; Lucas 1, 26-38

A rainha está sentada à vossa direita com suas vestes de ouro, ornada de esplendor (Sl 44,10).

Tudo grandioso e tudo simples. Maria é a senhora das coisas simples, embora hoje estejamos celebrando a grandeza da Realeza da Mãe do Rei, a festa de Nossa Senhora Rainha. Maria é Mãe do Rei que morre de amor, coroado de espinhos, mas ardendo de amor dá vida e no dar sua vida tem a conotação de rei redentor. Tudo grandioso demais e, ao mesmo tempo, tudo tão simples.

Um jovem judia levava tranquilamente sua vida: rezava, trabalhava, cantava, frequentava a sinagoga. Tinha a mente e o coração voltados para o Altíssimo. Essa Maria de Nazaré lembrava Abraão e por vezes encontramos sua espiritualidade nos salmos que falam dos simples e dos pobres. Maria vivia a espiritualidade de Abraão e dos pobres que aparecem nos salmos. Nada nela é dela. E nesse despojamento tão lindo e tão profundo vem se instalar aquele que é rico de todas as riquezas. Maria dá seu sim, acolhe a visita misteriosa e maravilhosa do Altíssimo, desse que olhou para a simplicidade de sua vida e de sua história. Ela continuou rezando, trabalhando, cantando depois que a criança nasceu… Toda virgem, toda transparência, toda limpidez ela cuida do menino, apresenta-o no templo, vê que ele cresce em idade e sabedoria diante de Deus e dos homens… Acompanha de perto e de longe sua trajetória. Antes de ter gerado Jesus no seio já era “parenta” dele…. porque todos os que fazem a vontade do Pai são mães, pais, irmãos e parentes de Jesus. Acompanha ela, de modo especial, os últimos momentos de seu Filho, sobretudo quando ele dá a vida pelos seus. Associa-se estreitamente aos sofrimentos, às dores e à morte de seu Filho, de tal sorte que se torna a Senhora da Compaixão, aquela que está o mais perto possível da Redenção de seu Filho, em comunhão com a morte do Filho. Ela é a mulher da cruz, mas também a mãe do Ressuscitado, do rei glorioso. Depois de ter percorrido os caminhos da terra foi elevada à gloria como Senhora da Glória e é a Rainha que foi assunta à gloria, a Senhora Rainha, a Mãe do Rei de Glória. E essa Senhora da Cruz e da Glória é nossa mãe e nossa rainha.

Ó Deus, que fizestes a mãe do vosso Filho nossa mãe e rainha, dai-nos por sua intercessão, alcançar o reino do céu e a glória prometido aos vossos filhos e filhas.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

terça-feira, agosto 21, 2012

A vocação religiosa FRANCISCANA



Vocação é chamamento para acolhermos com gratidão Jesus Cristo e engajar-se de corpo e alma no seguimento incondicional e absoluto Dele, com decisão clara e nítida: Amém, isto é, assim seja! Esse Amém é um puro sim de decisão total de seguimento. Isto é, a chamada para o seguimento é, portanto ligação, amarração à pessoa de Jesus Cristo, a Ele somente.

Essa escolha do próprio Jesus que nos convoca a que O sigamos, seu convite, sua chamada, sua exigência, enfim toda essa presença e exigência amorosa do vir de encontro a nós é a vocação no sentido da Vida Religiosa Consagrada. Ela é que dá o sentido primeiro e último, isto é, o sentido absoluto do nosso ser e viver, ela é o único projeto da nossa vida, é o benefício entre todos os benefícios, o fundo, o fundamento a partir e dentro da qual devem ser considerados e coordenados todos os outros dons, todas as nossas tendências, inclinações, aptidões e realizações.

O ponto importante desse benefício dos benefícios é que esse Dom não é um presente que Deus nos dá em Jesus Cristo, mas sim Ele mesmo, em Jesus Cristo, se doando a nós, vindo a nós num convite e chamado para que a Ele nós também nos doemos do mesmo modo, portanto, é um encontro de doações mútuas de todo o ser de cada um. É um chamamento intima e absolutamente pessoal. Possui, portanto, todas as características de profunda intimidade, ternura e seriedade mortal de um encontro de pessoa a pessoa, ponto de podermos chamá-lo de encontro de Tu e eu.

Esse chamamento é uma convocação para a pessoa e a causa de Jesus Cristo que é todo o plano de salvação do Pai de toda a misericórdia que recebe o nome de Reino de Deus. É, portanto, a vocação para o Corpo Místico de Cristo.

Essa maneira concreta e encarnada de engajarmos na vocação do seguimento nos faz assumir a Comunidade e a Comunhão do Corpo Místico de Cristo, isto é, o corpo vivo da comunidade eclesial chamada Ordem dos Frades Menores, à qual se pertence não como um contrato ou desobriga jurídica, mas sim como engajamento pessoal de encontro com Jesus Cristo!

São Francisco de Assis entendeu bem esse chamamento. Ele é a concreção na árdua tarefa do seguimento de Jesus Cristo. Na Vida Religiosa Franciscana o pertencer é um modo de estar unido ao outro a partir do chamamento. Este pertencer não é no sentido de posse, mas de fazer parte; não como mais um simplesmente, mas como engajamento total nesse caminho e nesta forma toda própria que é a Vida de ser e estar um-com o Sagrado – Con-sagrado.

O pertencer a uma família (e aqui, a franciscana) é como que ser um novo broto (ramo) no galho de uma árvore que tem sua raiz no único e necessário para nós: Jesus Cristo Crucificado, que em nossa escola franciscana chamamos de “Senhora Pobreza” – que é a identidade do Reino dos Céus, ao qual queremos nos configurar, como filhos, discípulos, seguidores... enfim, companheiros fiéis na caminhada e, na Ordem Franciscana, é o procurar guardar límpida a fonte que nos gera: a Senhora Pobreza, de maneira nobre, cortês e curial.

reflexoesfranciscanas.com.br

domingo, agosto 19, 2012

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

João aponta o Messias:

1ª Leitura: Ap 11,19ª; 12,1.3-6ª.10ab
Sl 44
2ª Leitura: 1Cor 15,20-27ª
Evangelho: Lc 1,39-56

* 39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito exclamou: «Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.»

O cântico de Maria -* 46 Então Maria disse: «Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 47 meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48 porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, 49 porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, 50 e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. 51 Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, 52 derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; 53 aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. 54 Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 – conforme prometera aos nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.» 56 Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.

* 39-45: Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel.
* 46-56: O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral

sábado, agosto 18, 2012

Dos que estão em estado de conversão

Ezequiel 18, 1-10. 13.30-32; Mateus 19, 13-15

Há aqueles homens que viverão e outros que morrerão. Esta é a tese do profeta Ezequiel exposta na leitura proclamada na liturgia de hoje. Cada um é responsável pela virtude que pratica ou pelo pecado que comete. Não é assim que os dentes de filhos de pais que comeram uvas verdes ficam pegando, embotados. A responsabilidade é de cada um.

Quem deverá viver? Aquele que é justo e pratica o direito, não presta culto a deuses estranhos, ao dinheiro, ao poder, ao sexo, em suma, que não levanta os olhos para os ídolos, aquele que respeita a própria mulher e a mulher do próximo. Viverá aquele é generoso: devolve o penhor, cobre o nu, alimenta o faminto, não empresta com usura. Ezequiel solenemente afirma que tal homem viverá. Deus promete julgar a casa de Israel por todos os seus procedimentos.

O profeta exprime um convite a que seus ouvintes se arrependam e se convertam: “Arrependei-vos, convertei-vos de todas as vossas transgressões, a fim de não terdes ocasião de cair em pecado”. Há, assim o convite para a conversão, a transformação do coração. Michel Hubaut, franciscano francês, escrevendo sobre a conversão do cristão, assinala: “Converter-se não é em primeiro lugar passar do vício para a virtude, mas viver uma transformação radical: aceitar de não mais fazer sua vida sozinho, à força de teimosia, mas acolher em Jesus Cristo a iniciativa de Deus, a gratuidade de seu amor, de seu chamamento e de seus dons. Antes de tudo, em primeiríssimo lugar não há mais o eu, mas o Amor de Deus!”

Voltando ao texto de Ezequiel encontramos essas palavras esplendorosas: “Criai para vós um coração novo e um espírito novo”. Novidade de vida, fim da mesmice, da velhice, desse nosso ajeitar-nos aos nossos caprichos e rodarmos em torno de nós mesmos. Essa nauseabunda mania de nos colocar sempre no centro da passarela… O salmo 50 do qual se serve a liturgia deste dia vai na mesma linha e aprofunda nossa meditação: “ Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor não me afasteis da vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

sexta-feira, agosto 17, 2012

A Ordem da Imaculada Conceição - Santa Beatriz

Frei Clarêncio Neotti, OFM


Na história do dogma da Imaculada Conceição e da devoção à Virgem Maria concebida sem pecado original, destacam-se Santa Beatriz da Silva e a Ordem religiosa por ela fundada, hoje chamada Ordem das Irmãs Concepcionistas Franciscanas, ou Ordem de Santa Beatriz ou, simplesmente, Concepcionistas. No início, a Ordem se chamou Ordem da Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, mas como as Irmãs estavam estreitamente ligadas aos Franciscanos, que lhe davam assistência e subsídio teológico, o povo espanhol chamava a Ordem de “Concepción Francisca”.

De fato, a Ordem nasceu na Espanha, precisamente em Toledo, onde, em 1484, Beatriz Menezes da Silva, com doze companheiras, deu início à nova família religiosa com uma intenção bem definida: contemplar e difundir o privilégio da Imaculada Conceição de Maria, então ainda apenas devoção e objeto de complicadas discussões teológicas. Em abril de 1489, o Papa Inocêncio VIII aprovou a nova Ordem “sob a proteção da Conceição bem-aventurada”.

Beatriz trouxera do berço a devoção à Virgem Imaculada. Nasceu em 1426, em Ceuta, costa da África setentrional, de pais portugueses: Ruy Gomes da Silva e Isabel Meneses. Os pais, aparentados com a família real portuguesa, trabalhavam na corte e foi em meio ao bulício cortesão que Beatriz se educou, como disse o Papa Paulo VI, “rica em dons da natureza e da graça, distinguindo-se desde os primeiros anos por uma singular devoção a Jesus Cristo e à Virgem Mãe de Deus, sobressaindo por sua prudência, retidão de vida e progresso nos estudos cívicos e religiosos”. Moça extraordinariamente bonita, foi dama de honra da Rainha Isabel de Castela. Afastando todas as pretensões de casamento, emitiu voto de perpétua virgindade e retirou-se para um mosteiro de Toledo. Mas não se fez religiosa. Por 30 anos viveu como leiga consagrada. Só em 1484, deu início à nova forma de vida, uma vida enclausurada, contemplativa, com um carisma monacal bem definido.

Beatriz não conseguiu solidificar a Ordem, porque faleceu em agosto de 1490. Mas o que é de Deus sempre tem futuro garantido. As Filhas de Santa Beatriz cresceram no meio de dificuldades e de muita santidade. Em 1546, a Ordem já contava com mais de quarenta mosteiros, inclusive um no México. Aliás, as Concepcionistas foram as primeiras religiosas a acompanhar os missionários na América Latina e Filipinas, sem esquecer que foram também as primeiras contemplativas que se fixaram no Brasil. A Ordem das Concepcionistas Franciscanas está hoje presente com quase 200 mosteiros em vários países do mundo.

Beatriz, que tem um irmão de sangue franciscano e bem-aventurado (Beato Amadeu da Silva), foi canonizada pelo Papa Paulo VI, no dia 3 de outubro de 1976, coroando, assim, uma multissecular veneração que o povo, sobretudo da Espanha, Portugal e América Latina, sempre teve para com aquela que renunciara à corte e a suas pompas para viver na contemplação e na difusão do privilégio da Imaculada Conceição de Maria.

Na Ordem de Santa Beatriz surgiram grandes figuras marianas, como a venerável Madre Maria de Jesus de Ágreda (1602-1665), teóloga, mística, missionária, autora do famoso livro “Mística Cidade de Deus: Vida da Virgem Mãe de Deus”, considerado patrimônio da mística cristã, obra traduzida para vários idiomas, inclusive o português (tradução feita pela Abadessa do Mosteiro concepcionista Portaceli, Ponta Grossa, Pr). Poderíamos ainda lembrar as veneráveis Madre Maria dos Anjos Sorazu (também escritora), Madre Maria Teresa de Jesus Romero, Madre Mariana de Jesus, Irmã Maria de Jesus de Puebla (México). Suas causas de canonização estão chegando à fase final.

Os brasileiros não podemos esquecer o nome de Madre Joana Angélica de Jesus, que deu a vida em defesa das Irmãs, em 1822, quando as tropas do General Madeira invadiram o sagrado recinto do Mosteiro da Lapa, em Salvador da Bahia, tornando-se mártir da caridade e a primeira mártir da Ordem. Os historiadores chegaram a chamá-la de Mártir da Independência. São muitas as Irmãs que, ao longo de quinhentos anos, brilharam por sua santidade, ainda que escondidas na clausura, e por sua terníssima devoção à Virgem Maria concebida sem pecado.

Santa Beatriz e as Concepcionistas estão ligadas à Imaculada Conceição de Maria como a água está ligada ao mar. O decreto de aprovação das Novas Constituições (1993) afirma: “Santa Beatriz da Silva deu origem em Toledo a uma nova família religiosa, que encontra sua raiz e sua razão de ser na Igreja, na contemplação do mistério da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria e no empenho por imitar e reproduzir suas virtudes”. O verbo contemplar e o verbo imitar ocorrem algumas dezenas de vezes na Regra e nas Constituições da Ordem Concepcionista. A contemplação leva à imitação. E o esforço de imitar leva necessariamente à contemplação.

Como é possível alguém imitar a Imaculada Conceição, se todos nascemos marcados pelo pecado original com sua legião de conseqüências? Encontrei resposta em vários parágrafos das Constituições da Ordem de Santa Beatriz. Trata-se de imitar o modo como viveu a Virgem Maria, o modo como ela cumpriu a missão recebida, ou seja, como ela viveu a sua vocação específica.

Primeiro, no silêncio. Não apenas o silêncio da boca fechada, mas o silêncio dos ouvidos abertos. Ou seja, o silêncio que se transforma em escuta. Foi o grande elogio que Jesus deu à sua Mãe: “Minha mãe é aquela que escuta a Palavra de Deus” (Lc 8,21). O escutar tem tanto a ver com o contemplar, quanto a solidão tem a ver com a comunhão.

Depois, a Concepcionista imita a Virgem Imaculada na obediência. A palavra ‘obediência’ e a palavra ‘escuta’ têm a mesma origem semântica. Obediência vem de ob-audire, ou seja, escutar com a máxima atenção. Obedecer a Deus significa, então, antes de tudo, escutar Deus. E obedecer às Irmãs significa escutar as irmãs com atenção e atitude acolhedora. Na espiritualidade franciscana, cultivada pelas filhas de Santa Beatriz, a obediência não é vertical (a súdita que obedece à superiora), mas horizontal (a Irmã que escuta e obedece à co-irmã). A obediência, portanto, tem muito a ver com a comunhão fraterna que, por sua vez, é condição para a verdadeira contemplação.

As Constituições das Concepcionistas ensinam que a Irmã imita a Virgem Maria também no serviço. O n. 99 das Constituições lembra que serviço é, sim, trabalho. Mas é também a responsabilidade de cada uma no fazer a comunhão fraterna, no construir a comunidade. Aqui toma sentido grande a afirmação programática de Jesus: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). O n. 99 tem um terceiro campo que chama de serviço: a vivência da fé. Pode parecer estranho que se chame a vivência da fé de serviço. Mas o que é vivência da fé, se não a convivência fraterna, onde cada uma deve ser tudo para todas e fazer tudo para todas? Viver a realidade de cada dia é trabalhar para que a realidade de cada dia se torne prenhe de fé e assuma o status de Reino dos Céus.

As Irmãs Concepcionistas podem viver hoje o mesmo carisma de Santa Beatriz e Santa Beatriz pôde vivê-lo, porque antes dela o próprio Filho de Deus e Filho de Maria viveu e tornou-se modelo de todas as virtudes que vemos e admiramos na Virgem-Mãe Imaculada. De fato, Jesus foi e é silêncio e escuta, obediência e serviço. Como silêncio e escuta, obediência e serviço foi a Virgem-Mãe de Jesus. Como silêncio e escuta, obediência e serviço distinguiram a virgem-mãe Santa Beatriz. Viver o silêncio para poder escutar, viver a obediência para poder servir é a melhor maneira para uma pessoa ser, de fato, contemplativa e imitadora do mistério da Imaculada Conceição da bem-aventurada Virgem Maria.

A Família franciscana celebra a festa de Santa Beatriz da Silva no dia 17 de agosto. A oração da festa lembra que, em sua vida contemplativa e virginal, resplandeceu a devoção à Virgem Imaculada, concebida sem pecado, Mãe de Deus e nossa mãe.

franciscanos.org.br

quinta-feira, agosto 16, 2012

Seguindo o exemplo da Virgem Maria

Tudo está submetido ao poder de Deus

Não sabemos para onde apontam os sinais da realidade brasileira em momentos de campanhas eleitorais e do cenário de julgamento do mensalão. Será que, em tudo isso, está a vitória do povo brasileiro? Quem sairá ganhando? Quem vai perder? É a grande incógnita de um país que não prima pela justiça.

A Festa da Assunção de Maria contempla a vitória de Jesus Cristo sobre todos os poderes que tentam impedir a construção do reino de Deus. Maria é sinal da Igreja, cuja missão é conduzir o povo para a condição de liberdade e de vida feliz. Isto acontece na prática da fraternidade e da partilha em gesto de justiça.

A fé e o compromisso com o reino da vida são fundamentais. Isto é condição para que a pessoa seja sinal e aponte para o bem de forma correta. A fé na Palavra de Deus gera compromisso e faz das pessoas discípulas e missionárias de uma cultura de paz. Isto supõe dizer nas palavras de Maria: “Eis a serva do Senhor” (Lc 1, 38).

Quando vamos ao encontro do outro, como fez Maria em relação a Isabel, algo de revelador acontece. A generosidade, o serviço, o querer ajudar os mais necessitados acaba sendo sinal da presença de Deus, fazendo a pessoa superar todo tipo de atitude egocêntrica, egoísta e alheia às carências dos marginalizados da comunidade.

Tudo na natureza e na história está submetido ao poder de Deus, mas é uma realidade também sujeita à ação do mal. O Apocalipse apresenta a figura do “dragão” que está, a todo momento, desarticulando os planos do Criador. É o retrato de quem sinaliza o poder destruidor, seja de autoridades ou de pessoas comuns.

Não podemos viver esperanças vãs nem uma fé inútil, porque deixamos de ser sinal de vida para o mundo. Maria, com muitos títulos, foi sinal de uma nova realidade. Ela é sinal da Igreja com a missão de levar Cristo para as pessoas.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

quarta-feira, agosto 15, 2012

A quaresma de São Miguel Arcanjo



Por Frei Francisco Bezerra, OFMConv.

Hoje, 15 de agosto, começa a Quaresma em honra de São Miguel. Abaixo, temos os fatos que deu início a esta devoção, através de São Francisco de Assis e, em seguida, as Orações Quaresmais a São Miguel. Façamos todos juntos e obtenhamos as graças e proteção do céu.
Vale salientar que São Pio de Pietrelcina recomendava e fazia esta tão abençoada prática.

Com minha bênção.
_____________




Uma tradição franciscana, a Quaresma a São Miguel Arcanjo é um tempo especial de oração e penitência. Tem início, com a Festa da Assunção de Nossa Senhora 15 de agosto, e termina no dia 28 de setembro, véspera da festa aos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael dia 29 de setembro.

São Francisco foi um santo que, na sua vida mortal procurava nutrir muito sua alma, para não esfriar o seu amor por Jesus, com um espírito de oração e sacrifício muito grande. Para tanto, ele realizava, por ano, três quaresmas, além de outro período de jejum e oração em honra da Mãe de Deus, pela qual tinha um doce e especial amor, que ia da festa de São Pedro e São Paulo Apóstolos à festa da Assunção de Nossa Senhora. Foi de um modo muito especial que, na Quaresma de São Miguel Arcanjo, Deus coroou Francisco de graças abundantes, dentre elas a de marcá-lo em seu corpo, pelo profundo desejo de imitar ao seu Filho Jesus Cristo, com os sinais de sua Paixão. Todas essas quaresmas eram realizadas no Monte Alverne. (Alverne: “verna” vem de “vernare”, verbo utilizado por Dante e que significa “fazer frio”; gela.)

São Miguel, sobretudo, a quem cabe o papel de introduzir as almas no paraíso, era objetivo de uma devoção especial, em razão do desejo que tinha o santo de salvar a todos os homens. Era do conhecimento de Francisco a autoridade e o auxílio que o Arcanjo Miguel tem em exercício das almas, em salvá-las no último instante da vida e o poder de ir ao purgatório retirá-las de lá.

Esse era o principal motivo pelo qual Francisco realizava sua quaresma e isso nos é relatado na legenda Terusiana no número 93 de sua biografia, na qual o santo vai dizer no ano de 1224, ano em visita ao eremitério: “Para honra de Deus, da bem-aventurada Virgem Maria e de São Miguel, Príncipe dos Anjos e das almas, quero fazer aqui uma quaresma”.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e aos outros espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

São Miguel Arcanjo defendei-nos no combate!


Inicio da Quaresma:
Não podemos esquecer estamos rezando a Quaresma de São Miguel, por isso, você pode providenciar um altar para São Miguel com uma imagem ou uma estampa e também de São Padre Pio. Durante quarenta dias vamos nos unir numa rede de intercessão e clamar pelas nossas famílias e todas as nossas necessidades.

* Acender uma vela diante de uma imagem ou estampa de São Miguel Arcanjo;
* Oferecer uma penitência;
* Fazer o sinal da cruz;
* Rezar estas orações todos os dias:


ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e aos outros espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.


LADAINHA DE SÃO MIGUEL
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.Jesus Cristo ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do Mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Trindade Santa, que sois um único Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel, rogai por nós.
São Miguel, cheio da graça de Deus, rogai por nós.
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino, rogai por nós.
São Miguel, coroado de honra e de glória, rogai por nós.
São Miguel, poderosíssimo Príncipe dos exércitos do Senhor, rogai por nós.
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade, rogai por nós.
São Miguel, guardião do Paraíso, rogai por nós.
São Miguel, guia e consolador do povo israelita, rogai por nós.
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante, rogai por nós.
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante, rogai por nós.
São Miguel, Luz dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel, baluarte dos Cristãos, rogai por nós.
São Miguel, força daqueles que combatem pelo estandarte da Cruz, rogai por nós.
São Miguel, luz e confiança das almas no último momento da vida, rogai por nós.
São Miguel, socorro muito certo, rogai por nós.
São Miguel, nosso auxílio em todas as adversidades, rogai por nós.
São Miguel, arauto da sentença eterna, rogai por nós.
São Miguel, consolador das almas que estão no Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas que estão no Purgatório,
São Miguel, nosso Príncipe, rogai por nós.
São Miguel, nosso Advogado, rogai por nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, atendei-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Rogai por nós, ó glorioso São Miguel, Príncipe da Igreja de Cristo,
para que sejamos dignos de Suas promessas.

Oração: Senhor Jesus, santificai-nos, por uma bênção sempre nova, e concedei-nos, pela intercessão de São Miguel, esta sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas do Céu e a trocar os bens do tempo pelos da eternidade. Vós que viveis e reinais em todos os séculos dos séculos.

Ao final, reza-se:
Um Pai Nosso em honra de São Miguel Arcanjo.
Um Pai Nosso em honra de São Gabriel.
Um Pai Nosso em honra de São Rafael.

Gloriosíssimo São Miguel, chefe e príncipe dos exércitos celestes, fiel guardião das almas, vencedor dos espíritos rebeldes, amado da casa de Deus, nosso admirável guia depois de Cristo; vós, cuja excelência e virtudes são eminentíssimas, dignai-vos livrar-nos de todos os males, nós todos que recorremos a vós com confiança, e fazei pela vossa incomparável proteção, que adiantemos cada dia mais na fidelidade em servir a Deus.

V. Rogai por nós, ó bem-aventurado São Miguel, príncipe da Igreja de Cristo.

R. Para que sejamos dignos de suas promessas.

Oração: Deus, todo poderoso e eterno, que por um prodígio de bondade e misericórdia para a salvação dos homens, escolhestes para príncipe de Vossa Igreja o gloriosíssimo Arcanjo São Miguel, tornai-nos dignos, nós vo-lo pedimos, de sermos preservados de todos os nossos inimigos, a fim de que na hora da nossa morte nenhum deles nos possa inquietar, mas que nos seja dado de sermos introduzidos por ele na presença da Vossa poderosa e augusta Majestade, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Nosso Senhor.


Consagração a São Miguel Arcanjo
Ó Príncipe nobilíssimo dos Anjos, valoroso guerreiro do Altíssimo, zeloso defensor da glória do Senhor, terror dos espíritos rebeldes, amor e delícia de todos os Anjos justos, meu diletíssimo Arcanjo São Miguel, desejando eu fazer parte do número dos vossos devotos e servos, a vós hoje me consagro, me dou e me ofereço e ponho-me a mim próprio, a minha família e tudo o que me pertence, debaixo da vossa poderosíssima proteção. É pequena a oferta do meu serviço, sendo como sou um miserável pecador, mas vós engrandecereis o afeto do meu coração; recordai-vos que de hoje em diante estou debaixo do vosso sustento e deveis assistir-me em toda a minha vida e obter-me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça da amar a Deus de todo coração, ao meu querido Salvador Jesus Cristo e a minha Mãe Maria Santíssima, obtende-me aqueles auxílios que me são necessários para obter a coroa da eterna glória. Defendei-me dos inimigos da alma, especialmente na hora da morte. Vinde, ó príncipe gloriosíssimo, assistir-me na última luta e com a vossa alma poderosa lançai para longe, precipitando nos abismos do inferno, aquele anjo quebrador de promessas e soberbo que um dia prostrastes no combate no Céu.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate para que não pereçamos no supremo juízo.

T

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terça-feira, agosto 14, 2012

Termina em Canindé-CE o Congresso Clariano da FFB

Canindé (CE) – Com a quadra paroquial tomada por religiosos e religiosas da Família Franciscana do Brasil, terminou no dia 11 de agosto, festa de Santa Clara de Assis, o Congresso Clariano, no Santuário São Francisco de Canindé, em Fortaleza. Este evento marcou oficialmente o encerramento das comemorações dos 800 anos de fundação da Ordem de Santa Clara de Assis.

Às 9 horas da manhã do dia 11, a primeira reflexão trouxe o tema “Mãe Clara – Rosto Feminino do Carisma”, tendo como palestrante Irmã Maria Clara do Santíssimo Sacramento. Frei Ederson Queiroz foi o mediador.

À tarde, outro momento de reflexão com a quadra paroquial lotada para ouvir Frei Almir Guimarães e o tema “Milagre do Pão”.

O grande encontro foi encerrado com a Missa de Ação de Graças das 19 horas, presidida por Dom Frei José Belisário da Silva, vice-presidente da CNBB, e frade da Província de Santa Cruz.

Abertura
Três mil pessoas, entre religiosos e leigos, chegaram a Canindé na quinta-feira, dia 9, para a abertura do Congresso Clariano, que teve a saudação de boas vindas do bispo Dom Antônio Roberto Cavuto, de Itapipoca (CE), que ressaltou o carisma franciscano: “Estamos celebrando a grande festa de Clara de Assis. O povo presente nesse encontro traz consigo a lembrança da presença viva da maior amiga de Francisco, que deixou para trás sua riqueza para seguir os passos do grande defensor da ecologia”, disse.

Na sexta-feira (10/8), Frei Vitório Mazzuco foi o palestrante e abordou o tema principal do Congresso “Clara de Assis e de hoje: Caminho de Unidade”. O dia foi encerrado com a celebração eucarística presidida pelo secretário-geral da CNBB, Dom Frei Leonardo Steiner, que é frade franciscano desta Província.

Aproximação
Irmã Nila Soares, presidente da Família Franciscana do Brasil, agradeceu a todos pela participação no Congresso, especialmente a anfitriã do evento, a Província Franciscana de Santo Antônio, e os voluntários, que tornaram possível este encontro franciscano.

Segundo Ir. Nila, os preparativos começaram há três anos: “A Familia Franciscana do Brasil – FFB decidiu como uma das prioridades para esse triênio que está terminando neste ano de 2012, ter uma maior aproximação dos Mosteiros Franciscanos (Irmãs Clarissas e Concepcionistas) e preparar as atividades do Ano Jubilar, o qual foi denominado de Ano Clariano. A diretoria da FFB, junto com os coordenadores dos regionais, organizaram visitas e celebrações nos Mosteiros ao longo do ano e isso foi muito enriquecedor para ambas as partes”, explicou Irmã Nila Soares, SMIC.

Todos os “ramos” da grande Família Franciscana estiveram representados neste encontro em Canindé. Organismos e entidades franciscanas também participaram do evento, como o Serviço Inter-franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe), coordenado por Frei José Francisco de Cássia dos Santos.

“Assis brasileira”
“Canindé é Assis Brasileira, a casa de Francisco e Santa Clara, que, na clausura, vive na intimidade com Deus. Essa cidade tem uma identificação muito grande com os dois, que se dedicaram dedicados aos pobres”, observa Frei Marconi Lins, provincial da Província de Santo Antonio do Brasil, com sede em Recife.

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segunda-feira, agosto 13, 2012

Família Franciscana celebra 800 anos de CLARA de Assis

800 anos da Fundação da Ordem de Santa Clara – Um acontecimento a ser vivido
Em 2012, as Irmãs Clarissas de todo o mundo estarão comemorando 800 anos de Fundação da Ordem de Santa Clara. Celebraremos o fato ocorrido com Clara, a jovem da nobreza italiana do século XII, que inflamada pelo amor de Cristo, inicia uma aventura evangélica semelhante a que Francisco iniciou ao receber a graça de fazer penitência e de seguir a Cristo de modo apaixonante.

Num discurso improvisado às Irmãs Clarissas de Assis em 1982, o nosso saudoso papa João Paulo II recomendou: “Quando celebrardes o centenário de Santa Clara, devereis fazê-lo com grande solenidade… Em nossa época, é necessário repetir a descoberta de Santa Clara… É necessário redescobrir esse carisma, essa vocação; urge redescobrir a lenda divina de Francisco e Clara”.

Como resposta a essa recomendação, toda a Ordem de Santa Clara e com ela toda a Ordem Franciscana começou a se preparar para esse grande acontecimento. No Domingo de Ramos de 2009, foi iniciada a preparação para o Grande Jubileu – o 8º Centenário da Fundação da Ordem de Santa Clara, que culminará no dia 11 de agosto de 2012.

É o aniversário da Ordem de Santa Clara! É sempre interessante e cativador o pensamento de um aniversário, pois traz consigo uma beleza e vitalidade singular. E para celebrar um aniversário é preciso preparar-se; preparar o coração, perder tempo, criar laços com o que se comemora, porque antes de uma grande festa a ser celebrada, o aniversário de 800 anos da Ordem de Santa Clara é um acontecimento a ser vivido.

Ao pensar em 800 anos de vida clariana pulsante em cada continente, quantos questionamentos nos saltam a mente! Se olharmos ao nosso redor nos deparamos com o mundo da evolução da tecnologia que garante a facilidade na vida das pessoas, mas também com um mundo que, em meio de tantas facilidades, as pessoas se tornam cada vez mais gananciosas, recebemos pelos meios de comunicação uma avalanche de notícias sobre pessoas que já não sabem mais como se relacionar – e isso comprovamos pelo número de famílias destruídas, roubos e assassinatos cada vez mais assustadores -, e ainda o aumento de pessoas com depressão, sem contar com a miséria que chega a tirar até a dignidade humana. Quantas notícias tristes! E em meio a tudo isso uma luz acesa há 800 anos brilha no mundo e encanta a milhares de pessoas. E podemos nos perguntar: por que, hoje, no século XXI, tantas pessoas se voltam para olhar dois pobres da Idade Média? O que faz com que tantas pessoas envolvidas pelo “mundo da novidade” olhem com admiração para o passado, para uma forma de vida, aparentemente, tão ultrapassada?

O interesse pela vida de Santa Clara se dá justamente porque mesmo sendo um estilo de vida iniciado há 8 séculos atrás, antes de antiquado, é atual, questionador, convocador e provocador para os inúmeros desafios humanos e sociais de hoje. E ao lermos os Escritos de Santa Clara entendemos isso nitidamente, pois ela fala de uma realidade que é sempre atual: a realidade humana.

Se estamos falando sobre a superficialidade nos relacionamentos hodiernos, Clara ensina com maestria: “Amando-vos uns aos outros com a caridade de Cristo, demonstrai por fora, por meio das boas obras, o amor que tendes dentro”. Diante da ganância e da sede de poder, ela diz sabiamente que “… seguindo os passos da humildade e pobreza… você vai conter quem pode conter você e todas as coisas, vai possuir algo que, mesmo comparado com as outras posses passageiras deste mundo, será mais fortemente seu”. Se comentarmos sobre a depressão, como mulher experiente nos anseios do coração humano diz: “Exulte sempre no Senhor também você e não se deixe envolver pela amargura e o desânimo”. E se ainda nos questionarmos sobre a miséria na qual tantas pessoas vivem, ela nos lembra que nosso “tão grande e elevado Senhor, vindo a um seio virginal, quis aparecer no mundo desprezado, indigente e pobre, para que os homens, paupérrimos e miseráveis, na extrema indigência do alimento celestial, nele se tornassem ricos, possuindo os reinos celestes”.

Assim, podemos colher de seus escritos e de sua vida, inúmeras respostas e ensinamentos para os problemas de hoje, pois sua vida é profética. Nos seus 41 anos de vida sem sair do mosteiro, Clara demonstra que a vida contemplativa enclausurada não significa passividade pietista e não se identifica com uma falta de empenho para com os desafios da vida humana, mas sim, uma contemplação de Cristo, contemplação que leva à transformação. Ela aprendeu a ver o mundo com os olhos do Senhor Crucificado, e nesse espelho encontrou respostas para os dramas da vida humana e, assim, audaciosamente, comprometeu-se com todas as dores do homem, numa terna compaixão.

E Santa Clara nos ensina seu segredo: “Ponha a mente no Espelho da Eternidade, coloque a alma no esplendor da glória, ponha o coração na figura da substância divina e transforme-se inteira, pela contemplação, na imagem da divindade”. Seu segredo é a contemplação de Cristo, contemplação que é seguimento, imitação. Somos homens e mulheres sedentos de modelos a seguir, é fácil perceber isso ao observarmos como uma moda se difunde na sociedade, seja uma roupa, jeito de falar ou sorrir e até o modo de se comportar. E para essa sede, Clara nos mostra com sua vida – e esse 8º centenário evidencia isso – que o único modelo, exemplo e espelho, por excelência, é o Senhor Jesus Cristo.

Nesse momento em que estamos já vivendo o segundo ano preparatório para esse grande acontecimento que envolve toda a Família Franciscana, temos como proposta o aprofundamento da Contemplação, logo após meditarmos no ano passado sobre a nossa vocação.

Que durante esse período possamos reavivar a chama desse dom de Deus em nossas vidas. E assim comunicar ao mundo de hoje a força dessa sedução que caracterizou o “tempo das origens” e exprimir com maior coerência o que somos e para quem vivemos. Pois, reconhecer a nossa vocação significa dar graças ao Pai de toda misericórdia por tudo que realizou em nossas vidas e, principalmente, responder a essa vocação com toda grandeza de alma que merece uma celebração de 800 anos de vida. É voltar às origens, viver o essencial da Ordem que permanece vivo e forte apesar de nossas fraquezas e limitações. É “não perder de vista o ponto de partida” e “completar apaixonadamente a obra” que nossos seráficos pais começaram tão bem e nós “assumimos na santa pobreza e na humildade sincera”.

Em Louvor de Cristo. Amém!

Irmãs Clarissas

Mosteiro Santa Clara de Deus Trino – DF

crbnacional.org.br

domingo, agosto 12, 2012

PAI!

No domingo de hoje, que é dedicado aos pais, a oração que nos foi ensinada por Jesus e que se vivida no dia-a-dia de nossa fé, nos torna pessoas melhores, filhos melhores, pais melhores:

Pai Nosso, que estais no Céu
Santificado seja o Vosso Nome
Venha a nós o Vosso Reino
Seja feita a Vossa Vontade,
Assim na Terra como no Céu
O Pão-Nosso de cada dia nos daí hoje
Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a
Quem nos tem ofendido
E não nos deixeis cair em tentação
Mas livrai-nos do Mal.

Amém

sábado, agosto 11, 2012

Uma mulher chamada CLARA

Santa Clara, virgem e fundadora
Oséias 2, 16.17b.21-22; 2Coríntios 4,6-10.16-18; João 15,7-10
(Leituras do Missal Franciscano
)

Clara era mulher nobre, filha de estirpe escolhida e privilegiada. Vivia perto da Praça de São Rufino onde um jovem Francisco costumava pregar, falar de conversão, de mudança de vida, imaginar uma outra maneira de se viver a fé. Filha de mãe piedosa, trabalhada pela graça, Clara resolveu seguir o Evangelho do Cristo pobre. Numa noite de Domingo de Ramos deixa a casa paterna e começa a grandiosa e modesta aventura de sua vida, tal como Abraão… Deixa sua casa, sua parentela, no coração da noite… Foge vestida de ricas vestes… É acolhida por Francisco e seus irmãos, os cavaleiros de uma nova ordem de coisas. Francisco corta suas tranças bonitas e a reveste de roupa pobre… Livre de tudo e de todos, essa mulher que havia ouvido a voz do Evangelho, que havia escutado as histórias que a mãe contava depois de suas peregrinações, essa mulher da nobreza de torna toda iluminada… É levada até um mosteiro de beneditinas… Depois mora um pouco num hospedaria de mulheres penitentes ambulantes… Até que, por fim, passa a viver em São Damião… Do crucifixo bonito e sereno… Do pátio com flores… São Damião do refeitório das princesas pobres casadas com o Esposo Celeste… Do dormitório áspero… Ali naqueles espaços de São Damião Irmã Clara vai alimentar seu amor sem limites pelo esposo pobre que ele vê como num espelho…Um esposo paupérrimo que a atrai e a seduz….Irmã da irmãs, cuidava de cada uma delas… Mesmo doente quase todo o tempo de sua vida não deixou de trabalhar e de fazer bordados e toalhas para os altares de rara beleza… Vida dura, de penitência, mas vida de profunda alegria… Sempre na dimensão dos esponsais místicos com o Cristo pobre e nu… Sempre amiga e filha e irmã de Francisco… Encarnando em sua vida de mulher e de contemplativa toda a ternura fraterna, minorítica e missionária de Francisco… Ela mesma, com toda sua originalidade, se considerava a plantinha do Seráfico Pai… Teria querido morrer mártir como morreram mártires os primeiros irmãos de Francisco… Ela e as irmãs com suas orações e de sua vida passaram a ser o sustento para os membros frágeis da Igreja… E assim sua vida foi cheia de sentido: contemplativa, fraterna e missionária porque tudo o que era vivido em São Damião tinha como meta restaurar a Igreja, ordem dada pelo Senhor a Francisco precisamente na igrejinha de São Damião.

Belíssima a primeira leitura da festa solene de Clara: “Assim fala o Senhor: Haverei de atraí-la, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração. Ali se tornará como no tempo da sua juventude… Desposar-te-ei para sempre, desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com benevolência e ternura… Desposar-te-ei com fidelidade, e conhecerás o Senhor”.

franciscanos.org.br

sexta-feira, agosto 10, 2012

Tríduo em honra a Santa Clara - 800 anos

Escritos de Clara
Cartas:
     A maior preciosidade, entre os escritos de Santa Clara, está em suas Cartas. Temos quatro, dirigidas a Santa Inês de Praga, entre os anos 1234 e 1253. Sabemos que essas comunicações devem ter sido mais numerosas, mas ainda não foram encontradas. Alguns autores acrescentam a essas cartas uma quinta, dirigida a Ermentrudes de Bruges, uma discípula alemã que tinha ido morar na Bélgica. Mas seu texto não é seguramente autêntico. Vamos apresentar, a partir desses escritos, alguns pontos fortes da espiritualidade clariana.

Primeira Carta - 1234
     "Porque, embora pudésseis gozar, mais do que outros, das pompas e honras deste mundo, desposando legitimamente, com a maior glória, o ilustre imperador, como teria sido sido conveniente à vossaexcelência e à dele, rejeitastes tudo isso e preferistes a santíssima pobreza e as privações corporais, com toda a alma e com todo o afeto do coração, tomando um esposo da mais nobre estirpe, o Senhor Jesus Cristo, que guardará vossa vigindade sempre imaculada e intacta. Amando-o, sois casta; tocando-o, tornar-vos-eis mais limpa; acolhendo-o, sois virgem..."

Segunda Carta - 1236
     "Em rápida corrida, com passos ligeiro e pé seguro, confiante e alegre avance pelo caminho da bem-aventurança. Não confie em ninguém, não consinta com nada que queira afastá-la desse propósito, que seja tropeço no caminho, para não cumprir seus votos ao Altíssimo na perfeição em que o Espírito do Senhor a chamou. Siga o conselho do nosso Frei Elias, ministro geral. Prefira-o aos conselhos dos outros e tenha-o como o mais precioso dom. Se alguém lhe disser outra coisa, ou sugerir algo diferente, que impeça a sua perfeição ou parecer contrário ao chamado de Deus, mesmo que mereça sua veneração, não siga o seu conselho. Abrace o Cristo pobre como uma virgem pobre."

Terceira Carta - 1238
     "Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque a alma no esplendor da glória. Ponha o coração na figura da substância divina. E transforme-se, inteira, pela contemplação, na imagem da Divindade. Desse modo também você vai experimentar o que sentem os amigos quando saboreiam a doçura escondida, que o próprio Deus reservou desde o início para os que o amam."

Quarta Carta - 1253
       "Jesus é o esplendor da glória eterna, o brilho da luz perpétua e o espelho sem mancha. Olhe dentro desse espelho todos os dias, esposa de Jesus Cristo e espelhe Nele o seu rosto, para enfeitar-se toda, interior e exteriormente. Preste atenção no princípio do espelho: a pobreza daquele que foi posto no presépio! No meio do espelho considere a humildade, a bem-aventurada pobreza, as fadigas e as penas que suportou pela redenção do gênero humano. E no fim do espelho, contemple a caridade inefável com que quis padecer no lenho da cruz e nela morrer a morte mais vergonhosa."

quinta-feira, agosto 09, 2012

Tríduo em honra a Santa Clara - 800 anos


Segunda Ordem – Clarissas

Francisco, além de fundar a 1ª Ordem Franciscana (mascuina), foi também o fundador da 2ª Ordem Franciscana, conhecida também por Ordem de Santa Clara, abrindo assim a vivência do ideal franciscano para o ramo feminino. A primeira religiosa franciscana foi a jovem Clara Offreduccio, mais tarde chamada de Santa Clara de Assis, jovem de família nobre e admiradora de Francisco desde que o conhecera como “Rei da Juventude” pelas ruas e festas de Assis. Passou a admirá-lo mais ainda, quando se tornou um inflamado pregador da alegria e da paz, da pobreza e do amor de Deus, não só através de palavras, mas com o exemplo de sua própria vida.

Era isso precisamente o que almejava a jovem Clara. Não estava satisfeita com os esplendores do palácio de sua família, nem com o sonho do futuro enlace principesco ao qual seus pais a estavam encaminhando. Sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida dos frades a atraía cada vez mais.

Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212 (Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na Igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros já a aguardavam.

Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera a sua consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal. Alguns anos após, sua mãe, Ortulana, juntamente com sua terceira filha Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.

Com o correr dos anos, rainhas e princesas, juntamente com humildes camponesas, ingressaram naquele convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja.

As Irmãs Clarissas vivem um estilo de vida contemplativa, sendo enclausuradas. Quer dizer que não têm, normalmente, uma atividade pública no meio do povo, dedicando-se mais à oração, à meditação e aos trabalhos internos dos mosteiros.

franciscanos.org.br

Papa nomeia novo bispo para Campina Grande - PB


Fr._Manoel_Delson_Pedreira_da_Cruz

O Santo Padre, o papa Bento XVI, transferiu na manhã de hoje, 8 de agosto, o bispo de Caicó (RN), dom frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, para a diocese vacante de Campina Grande (PB).

Dom Manoel nasceu Biritinga (BA) em 1954. Estudou Filosofia e Teologia no Seminário São Francisco de Assis, em Nova Veneza (SP). Tem mestrado em Ciência da Comunicação, na Pontifícia Universidade Salesiana, em Roma, e licenciatura em letras pela Universidade Católica de Salvador (BA).

O novo bispo de Campina Grande foi ministro provincial em Salvador (1998 e 2001) e exerceu o cargo de Definidor Geral para a América Latina junto à cúria geral dos Capuchinhos (2002 a 2006).

Seu lema episcopal é “Ide aos meus irmãos” (Jo 20,17).

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quarta-feira, agosto 08, 2012

Tríduo em honra a Santa Clara - 800 anos

CLARA, QUAIS OS DESEJOS DE TEU CORAÇÃO?
Por Frei Almir Ribeiro Guimarães

1. Conhecemos bem aquilo que perpassa toda a vida de Clara, que se faz presente em seus escritos, que lhe dá alegria e provoca sofrimentos e apreensões. Trata-se da pobreza. Não de uma pobreza qualquer, mas de uma pobreza encarnada, personificada, a pobreza do Crucificado pobre que se fez pobre por amor. O primeiro e fundamental desejo que emerge do coração de Clara é nunca afastar-se do Esposo pobre. Esta súplica que ela faz às irmãs em seus Escritos. Pelo exemplo e pela palavra de Francisco, Clara foi se tornando apaixonada pela pobreza do Verbo. Tal paixão faz dela uma orante com o rosto transfigurado, uma serva humilde das irmãs e mulher corajosa que enfrenta o Papa quando este quer lhe permitir o possuir bens. Clara é uma apaixonada pelo Cristo pobre. Nosso mundo é marcado pelo frenesi do consumismo. Nações desmoronam com crises econômicas, mas o dinheiro não pode ser o centro de todos os interesses. Os governos caem por causa da crise financeira. Compreendemos que a economia precise funcionar, faz parte das exigências da sociedade de consumo e capitalista. Aos poucos, no entanto, as pessoas mais sensíveis que andam visitando o seu interior, vão se dando conta que nos tornamos escravos da sociedade do dinheiro, da força, do consumo, do supérfluo, do poder. Quando Clara abraça o Cristo pobre e vive a alegria das núpcias, com Ele mostra à Igreja onde estão as coisas essenciais.

2. Clara é a mulher do essencial e da autenticidade. Algumas práticas ascéticas de Clara, feitas com exagero, não precisam ser imitadas. Mas, em sua forma de viver o Evangelho encontramos elementos muitos válidos para nossos dias, não somente para as irmãs clarissas, mas para todos os cristãos. Lembramos alguns deles: fidelidade à vocação recebida, sua autenticidade e a preocupação de centrar-se sempre no essencial. Num mundo marcado pelo relativismo, pelo efêmero, pela dispersão, quando o que conta são aparências, pela busca do protagonismo espiritual do individuo a mensagem de Clara pode nos fazer voltar ao primeiro amor. Os cristãos, de modo particular os religiosos, precisam voltar ao centro e não seguir modas e modismos. E qual é o essencial para Clara? É seguir o caminho do Cristo pobre e crucificado e nele colocar todo seu ser e suas forças. Clara, na busca do essencial, faz a opção pela desapropriação, deixar todo estorvo que a impeça de estar radicada no centro, no seu espelho, Cristo pobre. Sua opção pela contemplação e pela união esponsal com Cristo vão nesta linha. Trata-se de viver em Cristo, a Ele unida, para poder reinar com Ele. Para Clara viver pobremente não é somente carência de coisas, mas entrega ao serviço de Deus e dos irmãos. O serviço prestado às irmãs, sua oração por todos os homens, sobretudo os mais necessitados, tem como pano de fundo a pobreza. A vida das irmãs era sustentar os membros frágeis da Igreja. Ainda hoje, a oração dessas mulheres autênticas ajudam a Igreja a viver. Não é necessário insistir sobre a autenticidade de Clara. Ela afastava todo subterfúgio, todas as propostas para levar uma vida menos evangélica. Foi a mulher corajosa.

3. Por vezes lamentamos um cristianismo formal vivido por muitos, queixamo-nos da frieza da vida paroquial. Questionamos formas de vida consagrada, sem elã, nem ardor, sem a seiva do Evangelho. Clara é a mulher evangélica. A Palavra de Deus atravessa todos os seus Escritos , marcando-os de maneira indelével. Seu compulsar do Evangelho não se limitava a uma leitura material- literal, mas de tal modo era feita que, inspirada pelo Espírito, marcava o cotidiano. Ouvimos dizer que precisamos voltar ao Evangelho, Evangelho força, Evangelho Jesus Cristo presente entre nós. Os religiosos, quase de madrugada, rezam o ofício, penetram no silêncio, escutam a Palavra, celebram a Eucaristia e depois vão pelo mundo…. E o Evangelho penetra de tal forma a vida desses religiosos que agem evangelicamente. A falta de um carinho pelo Evangelho não seria a explicação de tantas vidas religiosas sem gosto, sem sal? Não se trata de qualquer retorno ao texto. Trata-se de pessoas perplexas e perdidas que se deixam renovar pelo Evangelho. Clara foi uma mulher do Evangelho. Para obedecer à Palavra, para encarná-la aqui e agora será preciso que todas as dimensões da pessoa sejam atingidas: sentimentos, inteligência, memória e vontade. No silêncio de São Damião, em vidas que buscavam o essencial, a Palavra podia ressoar.

4. Clara é mestra de vida. Neste tópico, seguimos as reflexões de Irmã Maria Victoria Triviño, clarissa, em La Via de Belleza. Temas espirituales de Clara de Assis, BAC, Estudios y Ensaios, n. 46, p. 13-14. Clara , por sua vida e por seus escritos projeta um magistério feminino irresistível. Não escreve um manual, não multiplica normas e conselhos. Partindo da força de seu amor, de sua convicção de fé e de sua gozosa esperança, Clara exala um entusiasmo contagioso. Ensina, apresentando a fascinação pela formosura de Cristo, fazendo com que suas ouvintes por ela se sintam atraídas. Ensina a partir de sua experiência. Ensina como alguém que beija. G. Cavazos González escreve: “Há um provérbio espanhol que reza: Quando os discípulos estiverem prontos, chegará o Mestre. No nosso caso, o mestre é uma mestra. Graças às novas descobertas, traduções de documentos escritos por mulheres da Idade Média, o cristianismo pôde contar com várias mestras de vida evangélica: entre elas está Clara de Assis. O movimento feminino no interior da Igreja e da sociedade ocidental e os estudos psicológicos sobre ao anima, quer dizer da dimensão feminina existente no homem, contribuíram para preparar discípulos de tal mestra. Depois de tantos séculos escondida à sombra de Francisco, Clara veio à luz e lança sobre nós sua luz ensinando-nos o que é viver o Evangelho libertador de Jesus Cristo”. Clara, a mulher de São Damião, continua forte. Não constitui ela apenas uma lembrança apagada do passado. Clara se renova em nós ativando a dimensão do feminino que confere à Ordem Franciscana um caráter especial. Maria Victoria cita o brasileiro José Carlos Correa Pedroso, conhecido religioso capuchinho: “Estou convencido de que Clara de Assis marcou os começos do franciscanismo com sua personalidade, influenciou na santidade de São Francisco e contribuiu com suas irmãs a elaborar o que hoje conhecemos como espiritualidade franciscana. Por isso, agora nessa mudança de século, toda a família franciscana precisa voltar-se para essa fonte de Clara e de suas irmãs – as fontes do século XIII e as fontes de toda a história para recuperar sua plenitude e dar ao século XXI a resposta que a humanidade tem direito de exigir de seu carisma. Por outra parte estou convencido de que no decurso de todos estes séculos, o mundo dos franciscanos e das franciscanas foi o setor em que sempre floresceu o feminino”. Um autor diz: “Somos o que amamos e somos a partir de quem nos ama. Há vida onde há amor e onde deixa de existir, acaba toda forma de vida”. Clara, por sua transparência evangélica, nos ensina a desejar os valores originais que nunca podem ser pedidos: o respeito pela vida e pela pessoa; a flexibilidade; a liberdade que sabe deixar o supérfluo, que não necessita dele para ser feliz; a delicadeza, a ternura de toda criatura.

5. Desde a nossa juventude aprendemos a admirar a cena da fuga noturna de Clara. Aos poucos aquilo que, à primeira vista poderia parecer temeridade, foi nos parecendo fé indômita, desejo de se apoiar apenas com o Senhor, não contar com seguranças… Esclarecida por Francisco e, com a conivência do bispo de Assis, Clara lançou-se na aventura da fé, muito mocinha, mocinha demais. Na simplicidade de sua vida e na beleza de seu interior ela foi uma reencarnação do homem que deixou terra e parentela para dirigir-se a um terra desconhecida, sem mapa na mão, apenas confiando no Altíssimo. E, aos poucos, Clara foi descobrindo seu caminho: ela seria a face feminina do movimento encetado por Francisco de Assis. Clara dependeu de Francisco e Francisco é devedor de Clara. Depois de suas idas e vindas Clara foi compreendendo que sua vida se passaria nos exíguos espaços de São Damião. E foi a partir dali que fez jus a seu nome de iluminadora, de esclarecedora, de Clara. Tudo tão simples e tudo tão importante. Felice Autieri, OFMConv, em estudo publicado na Vita Minorum sobre a originalidade da experiência de Santa Clara de Assis no pano de cultural do século XIII, faz considerações que merecem se traduzidas quando nos questionamos a respeito das coisas que Clara tem no peito, dos desejos de seu coração. “Na verdade, Francisco não exaure todo o Evangelho, como também Clara não o esgota. Daí, Clara tem necessidade da fidelidade de Francisco e de suas intuições evangélicas. Clara, também, a partir de seu ser mulher, tem o dever de fazer como mulher dedicada à contemplação, a sua leitura do Evangelho. Em São Damião, as irmãs pobres sorvem do Evangelho a linfa que alimenta a oração e a pobreza, o silêncio e a vida comum, a humildade e o ofício de governar próprio da abadessa, a discrição e o trabalho, a penitência e a correção fraterna. Francisco irá pelo mundo pregar, animado de ardor missionário pela divulgação do Evangelho vai comparecer em 1219 diante do sultão. Clara encarnará o Evangelho na dimensão da pobreza, da humildade, da ininterrupta oração, nesse modo próprio de uma mulher de vida contemplativa em clausura. A paixão missionária incendeia Clara. Irmã Balvina, no Processo, diz que Clara, antes que adoecesse queria ir para o Marrocos, onde os frades tinham alcançado a glória do martírio…

6. Impressiona a singeleza e a grandeza da experiência de São Damião. Os que tivemos a graça de passar dias ou horas naqueles espaços escutamos agora o borbulhar de tudo o que ali foi vivido. O que Clara tem no coração? Quais as suas preocupações? Uma qualidade de vida evangélica nos espaços pobres da abençoada casa de São Damião. Novamente damos a palavra ao frade conventual que estudou a originalidade da experiência de Clara: “A experiência de São Damião é fundante e constitui um ulterior passo avante na resposta de Clara à vontade de Deus e na clarificação do carisma. Uma vez tendo chegado a São Damião nunca mais abandona o lugar onde viveu quarenta e dois anos. Ali se une a Cristo com todo o seu coração e realiza na perfeição da profecia de Francisco de Assis, ali faz nascer uma nova ordem monástica. O extraordinário de sua experiência está no fato de que, ao menos a partir do que aparece, Clara nada faz de excepcional: reza, faz penitência, realiza os serviços domésticos próprios da vida comunitária. Assim se compreende que, com sua santidade tenha causado fascínio em papas e cardeais, que possa ter sido chamado de “mestra de vida” e que continue a seduzir, não para que as pessoas parem nela, mas levando-as a Cristo, seu Senhor por ela profundamente amado”.

7. E vamos terminando essas reflexões sobre o mistério de Clara e sobre alguns pontos que encheram de paixão seu coração com um jeito de escrever lusitano: “De quando em quando aparecem no mundo mulheres enriquecidas de qualidades e virtudes excepcionais que se impõem à estima e admiração da humanidade. Ou se tenham salientado por lances sublimes de coragem e de heroísmo, ou hajam trilhado a senda apertada e íngreme da perfeição cristã, a sua passagem pela terra deixou um rasto tão vivo e luminoso de personalidade inconfundível, que nem os séculos conseguiram apagar de todo. Tais foram entre outras, Joana d’Arc, Catarina de Sena, Brígida de Suécia, Teresa de Jesus. Clara de Assis pertence a esta nobre estirpe de almas grandes e insatisfeitas, que não se contentaram com a vulgaridade de vida de suas contemporâneas” (Joaquim Capela, OFM , Santa Clara de Assis, Edições das Missões Franciscanas, Montariol, Braga).

Pia União de Santo Antônio

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