Apocalipse 21,9-14; João 1. 45-51
Mais uma vez estamos festejando um apóstolo. Trata-se do sincero Natanael, Bartolomeu. “Aí vem um homem sem falsidade”. Todas as vezes que comemoramos a festa de um dos doze somos interrogados a respeito da maneira de exercemos nosso “apostolado”, convictos de sermos enviados também.
Nossos tempos mudaram. Os que vivemos nos anos 40-50 do século passado sentíamos que exercer o apostolado ou fazer pastoral era simplesmente alimentar a fé dos crentes. Nascidos em lares católicos as pessoas nada mais precisavam senão vivificar sua fé e nutri-la ao longo do tempo da vida. Muitas pessoas ingressavam em associações piedosas e grupos devocionais muitos deles sob a égide de Maria. E se santificavam…
Os tempos mudaram. Tivemos um evento central e fundamental na vida da Igreja que foi o Concilio do Vaticano II que, no dizer do Papa João XXIII, tinha a finalidade de suscitar uma nova primavera na Igreja, de “atualizar” a vida da Igreja, de abrir as janelas para que entrasse um novo ar… Vieram os tempos das adaptações e das atualizações. Concomitantemente começamos a viver os tempos da modernidade e da pós-modernidade…
Vivemos uma sociedade que não coloca a fé como centro da vida. Há mesmo uma indiferença para com a pregação do Evangelho. A missa dominical, a prática das virtudes do Sermão da Montanha perderam sua cotação… São “ações da bolsa do mundo” em nítida baixa. Um teólogo espanhol refletindo sobre os desafios da Igreja nos tempos presentes escreve: “O processo de emancipação da sociedade com respeito à religião diminuiu a cotação desta última na bolsa de valores. Se nas sociedades tradicionais a religião era a pedra angular que sustentava toda a construção, nas sociedades modernas a religião se transformou num subsistema particular – como a economia, a política e a cultura – nitidamente diferenciado dos demais, muito desvalorizado e pouco apreciado pelas pessoas. Obviamente, por exemplo, que uma sociedade secularizada considera importante não são as questões religiosas (pecado, graça, salvação, destino último do homem, mas as questões técnicas e econômicas (o que produzir, como fazê-lo para se tornar mais barato e aumente o lucro, etc.). A vida cristã, a vida religiosa perdem seu atrativo. Por isso hoje o apostolado e as estratégias pastorais haverão de ser outros. Esse o desafio da nova evangelização. Por onde caminhar? Que trilhas percorrer?
Parece importante levar as pessoas a fazerem uma experiência pessoal de Deus e não simplesmente repetir formulações. O mundo de hoje precisa estar em estado místico, como dizia K. Rahner.
Importante que os cristãos vivam em comunidades concretas, onde experimentem, efetivamente, o ser cristão com… O conviver… O “vede como eles se amam”.
Os cristãos deverão ter sólida formação teológica. Não basta um verniz qualquer, nem é suficiente uma religião de emoções. Em nossos dias não há lugar para nenhuma fé cega, ingênua e sem reflexão.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br