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sábado, outubro 26, 2013

O Papa Francisco fala de “Maria como modelo de fé”

Eram quase 10 horas da manhã quando o Santo Padre chegou à Praça São Pedro no papamóvel. Desde as primeiras horas, ônibus de peregrinos já estacionavam nos arredores do Vaticano e os peregrinos ocupavam os lugares para tentar saudar o Santo Padre. Mesmo no fim de outubro, o tempo em Roma ainda permite audiências ao ar livre, sem a necessidade de transferi-las para a Sala Paulo VI, onde o espaço é bem mais limitado. Na manhã ensolarada desta quarta (23/10), cerca de 100.000 pessoas estiveram presentes na audiência geral.

Ao ritmo de tambores e em meio aos balões que coloriam a Praça de São Pedro, Francisco percorreu as “ruas” improvisadas entre a multidão e saudou os fiéis vindos de todo o mundo para escutar a sua catequese. Hoje, o Papa propôs uma reflexão sobre a Virgem Maria como “modelo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo”.

Durante o trajeto, o bispo de Roma desceu do papamóvel algumas vezes. Ele conversou durante alguns minutos com uma senhora em cadeira de rodas, a quem abraçou e deu a bênção, além de, com muita ternura, lhe colocar um chapéu. Um pouco mais adiante, um jovem também em cadeira de rodas pôde intercambiar outras palavras com Francisco.

Durante a catequese, o Santo Padre fez perguntas em várias ocasiões aos fiéis presentes na praça e os incentivou com gestos a responder em voz alta e com força.

“Na catequese de hoje”, disse ele, “e seguindo o concílio Vaticano II, quero refletir sobre Maria como modelo da ‘Igreja na ordem da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo’. Ela é modelo de fé não só porque, como judia, esperava o redentor, e, com seu sim, aderiu ao projeto de Deus, mas porque, desde aquele momento da vida, ela se centrou em Jesus”.

“Ela se centra em Jesus na cotidianidade de uma mulher humilde, que, no entanto, vive imersa no mistério. O seu sim, já perfeito desde o início, cresce até a cruz, em que a sua maternidade abraça todos. E é modelo de caridade, como vemos na Visitação, porque ela não apenas ajuda a prima, como também leva até ela o Cristo, a perfeita alegria que vem do Espírito e um amor oblativo”.

“Maria é modelo também de união com Cristo, seja em suas tarefas cotidianas, seja no caminho da cruz, até se unir a Ele no martírio do coração. E agora vamos nos perguntar: como é que a figura de Maria nos interpela? Apenas de longe? Recorremos a ela somente na hora da provação? Somos capazes, como ela, de amar na entrega total? Estamos unidos a Jesus, seguindo o exemplo dela, em uma relação constante, ou só nos lembramos dele na hora da necessidade?”.

Ao finalizar as despedidas em diversos idiomas, o santo padre continuou saudando as pessoas, entre elas os bispos presentes, com quem intercambiou afetuosos abraços. Depois, desceu a rampa e se aproximou dos doentes, dos recém-casados e das demais pessoas que estavam nas fileiras mais próximas.


Íntegra da Catequese de hoje

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuando as catequeses sobre a Igreja, hoje gostaria de olhar para Maria como imagem e modelo da Igreja. Faço isso retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Diz a Constituição Lumen Gentium: “Como já ensinava Santo Ambrósio, a Mãe de Deus é figura da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo” (n. 63).

1. Partamos do primeiro aspecto, Maria como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma moça judia, que esperava com todo o coração a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo que ela mesma ainda não conhecia: no desígnio do amor de Deus estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-a “cheia de graça” e lhe revela este projeto. Maria responde “sim” e daquele momento a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela se fez carne e no qual se cumprem as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, nela está justamente concentrado todo o caminho, toda a estrada daquele povo que esperava a redenção, neste sentido é o modelo da fé da Igreja que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como Maria viveu esta fé? Viveu na simplicidade das mil ocupações e preocupações cotidianas de toda mãe, como fornecer o alimento, a vestimenta, cuidar da casa… Justamente esta existência normal de Maria foi terreno onde se desenvolveu uma relação singular e um diálogo profundo entre ela e Deus, entre ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até o momento da Cruz. Ali a sua maternidade se espalhou abraçando cada um de nós, a nossa vida, para nos guiar ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério de Deus feito homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando cada coisa no seu coração à luz do Espírito Santo, para compreender e colocar em prática toda a vontade de Deus.

Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que ela tinha!

2. Vamos ao segundo aspecto: Maria modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos em sua disponibilidade para com a prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou somente uma ajuda material, também isto, mas levou Jesus, que já vivia em seu ventre. Levar Jesus àquela casa queria dizer levar a alegria, a alegria plena. Isabel e Zacarias estavam felizes pela gravidez que parecia impossível em sua idade, mas é a jovem Maria que leva a eles a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e se exprime na caridade gratuita, no partilhar, no ajudar, no compreender.

Nossa Senhora quer trazer também a nós o grande presente que é Jesus e com Ele nos traz o seu amor, a sua paz, a sua alegria. Assim é a Igreja, é como Maria: a Igreja não é um negócio, não é uma agência humanitária, a Igreja não é uma ONG, a Igreja é enviada a levar Cristo e o seu Evangelho a todos; não leva a si mesma – se pequena, se grande, se forte, se frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria quando foi visitar Isabel. O que levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, aquela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Deus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus, que partilha, que perdoa, que acompanha, ou é um amor aguado, como se diluísse o vinho com água? É um amor forte ou frágil, tanto que segue as simpatias, que procura um retorno, um amor interessado? Outra pergunta: Jesus gosta do amor interessado? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Nós nos tratamos como irmãos e irmãs? Ou nos julgamos, falamos mal uns dos outros, cuidamos de cada um como o próprio jardim, ou cuidamos uns dos outros? São perguntas de caridade!

3. Brevemente um último aspecto: Maria modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Maria foi a vida de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga… Mas cada ação era cumprida sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o ponto alto no Calvário: aqui Maria se une ao Filho no martírio do coração e na oferta da vida ao Pai pela salvação da humanidade. Nossa Senhora fez sua a dor do Filho e aceitou com Ele a vontade do Pai, naquela obediência que dá frutos, que dá a verdadeira vitória sobre o mal e sobre a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: ser sempre mais unidos a Jesus. Podemos perguntar-nos: nós nos lembramos de Jesus somente quando algo não vai bem e temos necessidade ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quando se trata de segui-Lo no caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos doe a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na vida de cada comunidade eclesial reflita-se o modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim seja!


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Pia União de Santo Antônio

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