Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Neste final de semana a Providência nos faz constatar como pequenos sinais deixados na história nos levam a buscar uma vida de conversão. As pequenas imagens marianas de N. Sra. Aparecida e N. Sra. de Nazaré são um belo exemplo disso. As grandes festas que se originaram dessas devoções populares movimentam milhões de pessoas na busca de “ouvir o que Jesus quer de nós” e também procurar dar o “sim” ao Plano de Deus como o fez Maria. Assim também acontece aqui no Rio de Janeiro nestes dias.
No próximo dia 13 de outubro mais um passo importante será dado como continuação da JMJ Rio 2013. De um lado encerra-se a exposição dos Museus Italianos e do Vaticano que, juntamente com tantas outras exposições e atividades, fizeram dos atos culturais da JMJ um acontecimento marcante. A multidão que, em fila, aguardava a entrada no museu de Belas Artes aqui no Rio de Janeiro retrata esse aspecto menos conhecido das Jornadas. A cultura que nos traz a admiração do “belo” através de tantas atividades artísticas nos eleva a vida, o coração e nos faz vislumbrar a fonte de toda beleza. É claro que necessitamos da fé para dar passos avante, mas, sem dúvida, o trazer para o Brasil uma exposição desse porte demonstrou a importância que a Igreja dá a essa dimensão. Os jovens deram belíssimos testemunhos à procura de uma arte que nos faz enobrecer sentimentos e dar passos no caminho da paz.
Também nesse mesmo dia, no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, na réplica da Capela das Aparições iremos nos despedir de dois ícones da JMJ Rio 2013. Um deles é a relíquia do Beato Papa João Paulo II, já com data marcada para sua canonização – 27 de abril do próximo ano, em Roma. Durante a Jornada muitas relíquias percorreram nossa cidade. Também familiares de beatos estiveram conosco demonstrando a proximidade daqueles que, vivendo a fé cristã em grau heroico, nos convidam à santidade nos tempos atuais. A maioria dessas relíquias já retornou para os países de onde vieram. A do Papa João Paulo II continuou percorrendo as paróquias e casas religiosas de nossa Arquidiocese. As multidões que viram nesses sinais um chamado à conversão acorreram às nossas Igrejas e Capelas. Um Papa próximo de nós, com tantas viagens ao nosso país, agora será canonizado. Esta relíquia que retorna para o Pontifício Conselho para os Leigos, a quem pertence, nos ajudou a rezar pelos jovens e a viver intensamente a Jornada, uma vez que foi o Santo Padre, o Papa João Paulo II, quem criou as JMJ. Agradecemos a Deus por tê-lo inspirado para esse belo evento que marca o mundo e marcou tão positivamente o Rio de Janeiro. Louvado seja o Senhor que nos deu tão belo exemplo na vida e missão do Papa João Paulo II!
Também na mesma missa no Santuário, nesse domingo às 08:00 horas da manhã, iremos agradecer a Deus pelos símbolos da Jornada: a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora. Quando fomos escolhidos para sediar a JMJ aqui no Brasil pedimos autorização para que eles nos fossem entregues já ao final da Jornada de Madri por duas razões: uma porque tínhamos apenas dois anos para preparar a Jornada, e segundo devido ao tamanho continental da nossa pátria. Era necessário tempo para que os ícones percorressem todas as Dioceses de nosso país. Durante quase dois anos assim aconteceu e fez muito bem aos jovens e à Igreja do Brasil. Os testemunhos são belíssimos. Louvado seja o Senhor! Agora eles retornarão para Roma, onde ficarão na capela especialmente reservada para a juventude, próximo da Praça de São Pedro quando, no Domingo de Ramos do próximo ano, como sempre acontecia antes, serão entregues à próxima sede da Jornada Mundial da Juventude: Cracóvia, na Polônia. Todos os domingos de Ramos são dedicados à Jornada Diocesana da Juventude. Naquela semana que antecede a entrega da Cruz teremos a avaliação da jornada anterior e a preparação para a próxima, assim como algumas reflexões sobre a missão e a vida da juventude hoje. Após termos esse ícones presentes nos eventos centrais da Jornada, eles foram restaurados e agora seguirão para Roma para continuarem a missão que o Papa João Paulo II deu a esses sinais: de levarem os jovens a anunciarem Jesus Cristo tendo ao lado sua mãe Maria. Aqui teríamos milhares de testemunhos belíssimos do bem que esses símbolos fizeram no coração de nosso povo.
Com a despedida dos símbolos da Jornada, da relíquia do Papa Beato João Paulo II e o encerramento da exposição cultural um outro fato se une para nos recordar que a Jornada está apenas começando: nesse dia o Papa, dentro do Ano da Fé, comemora a Jornada Mariana, tendo em Roma a imagem de Nossa Senhora de Fátima vinda do seu santuário. Nós também nos reuniremos ao Santo Padre com o gesto de celebrar esse evento no Santuário de Fátima no Recreio dos Bandeirantes, aqui no Rio de Janeiro, que é uma réplica da Capela das Aparições. Ainda mais: começa um novo tempo com a peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima vinda de Portugal para preparar o mundo para o centenário das aparições em 2017. A missão continental é permanente. Por isso, Maria, em sua imagem de Fátima, vai à frente chamando o povo à conversão e ao encontro com Jesus. Quanto a nós cabe acolher e levar as pessoas que se sentem chamadas a essa nova vida a aprofundar a fé e viver como discípulos missionários.
Esse dia que marca a “última aparição de Nossa Senhora” aos pastorzinhos em Fátima é um convite para que, como evangelizadores, sermos cada vez mais pessoas orantes, que se convertem ao Senhor, que buscam a celebração penitencial para celebrar com alegria a Eucaristia e viverem felizes por serem missionários, marca também a missão que o Papa Francisco confiou à juventude dentro do tema da JMJ Rio 2013: Ide e fazei discípulos entre as nações: Ide, sem medo, para servir. Com Maria, Nossa Senhora de Fátima, somos chamados a ir, a acolher os que chegam e aprofundar a fé dos que estão em nossas comunidades. Chegando ao final do Ano da Fé, a realidade de uma nova vida em nossos corações aquecidos pela presença próxima do Senhor retoma com entusiasmo sua vida de cristão e, como discípulos missionários, olhando os vastos horizontes do mundo e o trigo pronto para colheita sente um novo impulso missionário, sabendo que isso é necessário para o homem de hoje neste tempo de mudança de época.
Lançamos nesse dia a missão evangelizadora por meio das mãos de Maria para darmos continuidade à JMJ Rio 2013. Agradecemos pelos belos sinais que vivemos – obrigado, Senhor! – e nos unimos ainda mais para testemunharmos a alegria de ser missionário e termos vivido belos momentos que marcaram nossas vidas para frente com a JMJ Rio 2013.
Eis que o mundo está à frente esperando sedento de vida em Cristo. Nós que vimos e ouvimos o Senhor em nossas vidas sentimos um novo impulso missionário para que, anunciando a Boa Notícia levemos as pessoas a Cristo, a viver em comunidades e comprometendo-se com as consequências sociais da fé, como iremos celebrar no próximo ano: “a caridade social”.
Bendito seja o Senhor por tantos dons! Louvado seja o Senhor que nos escolheu e escolhe novamente hoje. Louvado seja Deus por todos aqueles que, como Maria, dizem o seu “sim” confiante! Todos nós, como os discípulos que escutaram Pedro anunciar que ia pescar, queremos também dizer a Pedro hoje: Papa Francisco, também nós iremos juntos contigo!
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