No próximo domingo, dia 01 de dezembro, começa o TEMPO DO ADVENTO. Vamos entender melhor este tempo litúrgico?
O Tempo do Advento é o ponto de partida do Ano Litúrgico: a espera do Messias. Os fiéis se preparam pela conversão para a celebração dessa vinda: “Revestido de nossa fragilidade, ele veio a primeira vez… revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez” (Prefácio do Advento I).
ANO A
o novo povo de Deus
O ano A leva, no conjunto, a marca do evangelista Mateus. Este evangelho foi redigido, provavelmente, depois da destruição do templo em 70 d.C., com o intuito de oferecer às comunidades judeu-cristãs da região siro-palestinense uma didaqué, instrução da fé, para sustentar sua vocação a serem o novo Israel. Acentua a figura de Jesus como Mestre, que nos faz conhecer a vontade de Deus como Pai dele e Pai nosso, além da dimensão comunitária e eclesial do Reino e da vida cristã.
1. Tempo do Advento
No Advento, primeira fase do período natalino, destacam-se as “utopias messiânicas” de Is (caps. 2, 11 e 35), relacionadas com a esperança da justiça que vem de Deus, não do jogo oportunista do poder. Os evangelhos, tomados de Mt, têm como teor fundamental essa justiça que vem de Deus e que se realiza no projeto divino de salvação, inaugurado nos tempos antigos e atestado pelas Escrituras, bem como na atuação ética do homem, guiada pela vontade de Deus. Assim, as primeiras leituras (tomadas de Is) aparecem como projeção escatológica daquilo que deve acontecer no homem mediante a conversão (cf. sobretudo o 2° dom.). Da interação de “utopia” e conversão brotam a alegria e a esperança por causa da vinda do Cristo (3° dom.). No 4° domingo, ponto culminante, tanto a leitura de Is quanto o correspondente evangelho de Mt apontam para uma salvação personalizada: a salvação que vem de Deus não é uma utopia “em geral”, mas a própria presença de Deus, manifestada em seu Filho e envolvendo os que pela conversão a ele aderem. Esta primeira fase do ciclo natalino se estica assim entre Is e Mt: leva-nos a celebrar, com Mt, o cumprimento da esperança messiânica expressa em Is. Culmina na figura do Emanuel, Deus-conosco, que nos traz a justiça de Deus e exige nossa participação na mesma (Is 7,10ss; Mt 1,18ss).
(1) Konings, J., Liturgia Dominical, Vozes, Petrópolis, 2004, p.351
(2) Idem.
Liturgia e espiritualidade
Frei Régis G. Ribeiro Daher
● O significado da palavra: vinda, chegada.
● O Advento é ponto de partida e ponto de chegada do ano litúrgico (espiral do tempo).
● A Igreja se prepara para o Natal, recordando o nascimento histórico de Cristo.
● O Advento apresenta sempre a tríplice “vinda” de Cristo: Cristo veio, Cristo vem, Cristo virá (ontem, hoje e sempre).
● É esta a chave de leitura dos textos litúrgicos do advento.
● Cristo veio. Mas de que adianta se ele não vem agora para cada pessoa? “Nós é que temos que nascer para Ele” (fr.Walter Hugo).
● O Advento é também o nosso tempo; estamos sempre no “advento” de nós mesmos. Cada um vive no Antigo Testamento de si mesmo.
● Celebrando sua vinda histórica, realiza-se sua vinda atual no mistério do culto, realizando-se assim, mais uma etapa da preparação da última vinda de Cristo.
● A Igreja vive e celebra esta tensão do “já presente” e do ainda “por vir”.
● Cristo é sempre aquele que ainda deve vir e continua chegando para cada um e para todo o mundo.
● O Reino messiânico já está presente pela justificação e pela graça. Mas ainda não está plenamente presente nos corações dos que crêem no Senhor Jesus. É preciso que Ele venha para que se instaure o Reino de justiça, de paz, de reconciliação, onde todos se reconheçam irmãos.
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