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sexta-feira, novembro 01, 2013

“Entre o amado e o amante” - 1a sexta-feira do mês

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Jesus no alto da cruz! Jesus abandonado. Jesus sozinho. Jesus e seu coração dilacerado. Jesus que cativa e que ama. Jesus que pede a resposta de amor numa vida de entrega a ele, de seguimento de seus passos. A devoção ao Coração do Redentor é feita para pessoas que amam de verdade, que sabem dar a vida pelos outros, como esse Amado no alto da cruz.

Quero partilhar com todos um texto de Balduíno de Cantuária (sec.XII) (L.Horas IV, p. 60). É a fala de Jesus, o Amado, que busca o amante. Estamos diante da loucura do amor.

A fala do Amado:
“Ama-me como eu te amo. Conserva-me em tua mente e em tua memória; em tua vontade, em teu suspiro; no gemido e no soluço. Lembra-te ó homem, de que forma te fiz, quando te pus acima das outras criaturas, com que dignidade te enobreci, como te coroei de glória e de honra, coloquei-te pouco abaixo dos anjos, como tudo submeti a teus pés. Lembra-te não apenas de quanto fiz por ti, mas quantas crueldades e afrontas por ti suportei. Reconhece que ages mal contra mim quando não me amas. Que assim te ama, senão eu? Quem te criou, senão eu? Quem te remiu senão eu?”

A fala do Amante:
“Arranca de mim, Senhor, o coração de pedra. Tira o coração de pedra, tira o coração incircunciso; dá-me um coração novo, coração de carne, coração puro! Tu, purificador dos corações e amante dos corações puros, apossa-te de coração e nele habita, envolvendo-o e enchendo-o. Tu, superior ao que tenho de mais alto, interior ao que tenho de mais íntimo! Tu, forma da beleza e selo da santidade, marca meu coração com tua imagem. Sela meu coração sob tua misericórdia, Deus de meu coração e meu quinhão, Deus para sempre (cf. Sl 72,26). Amém”.

O amante contempla o amado do coração dilacerado. Une-se ao Cristo esposo na solidão e no abandono da cruz:
“O que dá valor redentor ao suplício da cruz é o amor e não o sofrimento. O que salva a humanidade não é algum “misterioso” poder salvador contido no sangue derramado diante de Deus. Por si mesmo, o sofrimento é mau, não tem nenhuma força redentora. Não agrada a Deus ver Jesus sofrendo. A única coisa que salva no Calvário é o amor insondável de Deus, encarnado no sofrimento e na morte de seu Filho. Não há nenhuma força salvadora, a não ser o amor.

O sofrimento continua sendo mau, mas precisamente por isso transforma-se na experiência humana mais sólida e real para viver e expressar o amor. Por isso, os primeiros cristãos viram em Jesus Crucificado a expressão mais realista e extrema do amor incondicional de Deus para com a humanidade, o sinal misterioso e insondável de seu perdão, compaixão e ternura redentora. Somente o amor incrível de Deus pode explicar o que aconteceu na cruz. Somente a sombra luminosa da cruz pôde surgir a transcendental e milagrosa afirmação cristã: “Deus e amor”. E isto Paulo intui quando escreve comovido: O Filho do Homem me amou e se entregou por mim”. (Jesus – Aproximação histórica – Vozes, 2010, p. n 520).


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