Branco. 2ª-feira da 3ª Semana da Páscoa
Leituras
1ª Leitura - At 6,8-15
Salmo - Sl 118, 23-24. 26-27. 29-30 (R. 1b)
Evangelho - Jo 6,22-29
“De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?” (Lc 24,17).
Será que a psicologia pode conversar com os textos bíblicos? Penso que sim. As ciências humanas podem, com certeza, serem apoios e ajuda para nosso aprofundamento.
Sabemos, de início, que nossa fé está baseada não em teorias, mas sim na vivência. Esta se dá dentro de uma cultura, em uma comunidade, em uma família específica. E aí estamos nós inseridos. Às vezes, repletos de histórias felizes, por vezes mescladas com momentos tristes e frustrações. Sem dúvida, esta última situação se adequa melhor à vida de todos nós, pois a vida não é feita somente de tempos felizes.
Porém, não há como negar que existem situações na vida de muitas pessoas que marcam ou marcaram profundamente a personalidade.
Falamos sobre traumas, gerando dores, frustrações, paralisações, negatividades. Neste ponto, a psicologia pode nos auxiliar. Logo, um texto bíblico pode sim, junto às teorias e práticas psicológicas, ajudar a arrumar a nossa casa para que a Palavra de Deus encontre um terreno fértil.
A tristeza é um obstáculo para nosso crescimento e amadurecimento humano. Os discípulos de Emaús não ‘enxergaram’, não ‘reconheceram’ Jesus Ressuscitado. Quando há frustração daquilo que esperávamos, no caso dos discípulos, a restauração do reino de Israel, nossa visão fica contaminada por tal estado. Não enxergamos, tudo fica ruim e só vemos e constatamos o que é negativo. Isso pode ocorrer em nossa vida. Neste caso, precisaremos de uma revisão, uma exame de consciência (a partir da espiritualidade) ou uma autoanálise (a partir da psicologia). Tanto uma como a outra, na maioria das vezes, precisará de outra pessoa para dialogarmos.
Poderia dizer, de imediato, que a oração é um bom caminho, porém, se a frustração que carregamos caso já esteja enrijecida, precisaremos de alguém para conversar. Na espiritualidade, falamos em acompanhamento espiritual. Na psicologia, falamos de terapia. Caso nos sintamos pesados, que nossa vida adentrou em uma forte nuvem de negatividade, ou seja: não nos sentimos bem, sentimentos de solidão constante, vazio, não nos sentimos amados, dificuldades de relacionamentos, etc. Precisaremos de uma acompanhamento mais detalhado.
Uma verdadeira e sadia psicologia não vai contra nossa vida religiosa e espiritual. Só se esta última está sendo vivida de forma infantil e alimentando mais ainda nossos traumas. Um bom terapeuta saberá observar isso e acompadrará corretamente o andamento do processo terapêutico.
Os discípulos estavam vivenciando uma profunda tristeza, decepção. Jesus se coloca no meio deles e parte o pão. Senta com eles, conversa com eles. Estes ouvem e falam e, então, se observarmos bem, desde o início da conversa, o coração ardia. Sinal que as emoções estavam mudando. Estava acontecendo uma ‘metanoia’ (conversão, mudança de ‘mente’). Pouco a pouco se dava a mudança do coração/visão.
Mas mudou o fato de Jesus Cristo ter sido assassinado em Jerusalém? Não. Neste ponto não podemos enganar. A superação de uma frustração, de um trauma, não é enganar-se, ou mentir para si mesmo. É ver na situação que caminhamos o que tiramos de aprendizagem. Ou, nos casos mais graves, aceitação e perdão. Principalmente perdoar a si mesmo.
A partir da psicologia, podemos aprender também que devemos olhar para nossas feridas sem cairmos na auto-piedade ou inferioridade, mas olhar para frente e saber que até ali aquela situação nos causou tristeza e nos paralisou. Agora, precisamos dar um passo à frente. Para o futuro. Para nossa realização humana e espiritual. E assim, podemos perguntar: “Para onde quero ir agora?!”
Acompanhamento espiritual e terapia psicológica são duas coisas distintas. Porém, por vezes, uma pode ajudar a outra em nosso amadurecimento. O que não podemos deixar são as tristezas da vida nublar nossa visão e cairmos na desesperança. Esta contamina o coração e nos paralisa. Tristeza teremos, mas devemos vivê-las com vigor, sofrendo quando é inevitável, e levantando logo após. T
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Oração de Maio
Por Frei Neylor Tonin, ofm
Senhor Deus, grande e bom, nós vos louvamos por Maria, nossa mãe, e por todas as mães e vos agradecemos porque deixastes no coração delas a batida do vosso próprio coração. Quando nos amam, sentimo-nos amados por vós que sois a fonte de todo amor. Gostaríamos tanto, Senhor Deus, que nossas mães fossem felizes, muito felizes. Oxalá nenhum filho magoe o coração de sua mãe, mas o beije agradecido e o proteja com todo o afeto. Até vós quisestes que Jesus tivesse uma mãe que o estreitasse nos braços. Prometemo-vos nunca abandonar nossas mães, porque sabemos que elas, como Maria, nunca nos abandonarão. Pedimos para elas a vossa bênção e a elas que nos abençoem. Amém.
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