SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



domingo, setembro 30, 2012

30 de setembro - São Jerônimo

Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande "tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras": São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: "Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo".

Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na "Cidade Eterna", Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado.

Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal. 

Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o "Dia da Bíblia" no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.


cancaonova.com



São Francisco de Assis - novenário - dia 6

Francisco de Assis, como eu o vejo

Maria Aparecida Crepaldi (*)

1. Um jovem que ainda não tinha despertado para o verdadeiro sentido da vida. Nascido num berço burguês por parte do pai Pietro Bernardone, teve a graça de esmerada educação por parte da mãe, D. Hortolana, de origem francesa. Em sua juventude, tornou-se líder de um grupo de amigos que gostava de aproveitar as festas e toda diversão que lhes oferecia a sociedade de Assis.

2. Deparou-se com uma rebelião dentro dele. Refletia e como sentia grande angústia por não ter claras as respostas, começou a buscar a Deus com toda sinceridade e humildade de coração. Pensando em ser Cavaleiro na Guerra entre Perusa e Assis, ficou um ano preso, voltou derrotado e doente. Tentou novamente ir para a Guerra de Apúlia, mas começou a acontecer-lhe coisas diferentes, e, por outro lado, já não aceitava as atitudes de seu pai. Entre as derrotas e as novidades que vinha descobrindo, Francisco sentia um turbilhão de coisas que era preciso entender bem. Quando começou a dar-se conta da vida que levava, da esperteza de seu pai com os clientes, dos miseráveis que não tinham o que comer, que eram escravos no trabalho e não tinham quem os defendesse e tantas outras coisas.

3. Foi redescobrindo todos os seus verdadeiros valores: detestava a covardia, a injustiça e seu caráter forte mostrou-lhe a insensatez de sua vida vazia, bem como de seu pai e da sociedade em que vivia até então. Ao ouvir a mensagem do crucifixo de São Damião, entendeu que devia empreender grande luta para vencer tudo o que lhe estava acontecendo e caminhar para onde queria chegar, de fato, em sua vida.

4. Neste período sofreu muito, mas foi o tempo em que mais cresceu como verdadeiro cristão, como servo de Deus, pois buscava por em prática aquilo que o Evangelho lhe ensinava, bem como aquilo que o Espírito Santo o iluminava em suas orações. Começou a frequentar cavernas para conversar com Deus, de onde saía muitas vezes lívido pelo cansaço de enfrentar-se a si mesmo e a Deus. A partir desses encontros foi descobrindo o verdadeiro amor. Crescia seu conflito com o pai e resolveu desligar-se completamente dele para seguir ao seu único Pai, o Senhor do céu e da Terra. E vendo o mundo com outros olhos, percebendo o imenso amor de Deus para com ele e com toda a humanidade começou a gritar para si mesmo e para todos‘O Amor não é amado’ e apoderando-se do seu coração uma imensa compaixão, começou a cuidar dos leprosos em Gúbio, perto de Assis.

5. A intimidade com o Santíssimo Sacramento e com a Eucaristia era para ele o ápice, o maior tesouro encontrado. Admiro muito em São Francisco o grande respeito e cuidado por todas as coisas de Deus. Ele aprendeu do Altíssimo a suavidade, a delicadeza, a misericórdia, a prontidão no exercício da caridade e tantas outras virtudes com a prática da contemplação de Jesus Cristo pobre e crucificado. Refugiava-se nas Igrejas mais vazias para estar sozinho com o Senhor e assim adorá-Lo com toda liberdade e com todo o seu ser. Experimentava ficar só com o ‘Meu Deus e meu tudo’, como ele dizia dia e noite.

6. Vejo o processo inicial de evangelização de Francisco quando passou a sofrer junto com os espoliados de seu tempo todas as injustiças e procurava ardentemente conquistar os pecadores para o Reino de Deus. Prosseguindo sua conversão radical, vestiu-se de eremita e começou a reparação da Capela de São Damião, pensando que a mensagem que ouvira do crucifixo referia-se à Igreja de pedra. E assim prosseguiu com a Igreja de São Pedro e Santa Maria dos Anjos, a Porciúncula. Tudo isto foi transformando radicalmente seu modo de viver, de ver as coisas, as pessoas e seus amigos que antes o acompanhavam nas festas e alguns chegaram a chamá-lo de louco com o povo de Assis, mas, passado algum tempo, foram se reaproximando e, depois que lhes explicava sua descoberta do Amor que não era amado neste mundo, muitos se converteram.

7. Pareceu-me que queria ser mais rigoroso que o próprio Cristo, porque sentia-se muito pecador. Tanto que, ao final de sua vida, com tantas penitências pediu perdão ao irmão corpo. Por volta do ano 1208, descobriu com mais clareza sua missão apostólica e trocou suas vestes pelas de um pregador ambulante, descalço, naquele tempo. Começaram as missões evangelizadoras um pouco mais programadas com seus companheiros. Era rigorosíssimo consigo mesmo, mas terno e acolhedor com os outros.

8. Era realmente apaixonado por Deus e doou-se completamente ao seu amor, com todas as suas forças. Por ser um homem determinado, compreendeu que em sua vida devia realizar uma missão que ajudaria muitas pessoas a compreender que, verdadeiramente, todos nascemos para conhecer, amar e servir ao único Deus verdadeiro. Por isso, não perdia nenhuma oportunidade de empreender missões, pregações e orientar ao povo que dele se aproximava para o seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo pobre e crucificado.

9. Ele não media esforços e superava tudo para conseguir aquilo que acreditava ser a vontade de Deus. Neste projeto de vida, resolveu com seus onze companheiros ir ao encontro do Papa Inocêncio III para obter aprovação de uma breve regra que tinha escrito, mas perdeu-a e obteve apenas aprovação oral. Isto aconteceu em clima de extrema pobreza e com muito sacrifício.

10. Vivia sua missão até sem dar-se conta claramente de todos os seus objetivos. Deixava-se conduzir pelo Espírito Santo. Só tinha uma clareza: em cada dia queria servir ao seu único Senhor fielmente, com grande humildade.Ensinava aos irmãos que sempre pedissem em suas orações ‘o Santo Espírito do Senhor e seu santo modo de agir’. Sua referência principal era sempre o Evangelho e procurava segui-lo fielmente.

11. Era realmente um homem privilegiado por Deus, por Ele guiado e, por isso, recebia e distribuía tantas graças.Como muitos outros candidatos, aproximavam-se querendo aderir ao seu modo de vida, mostrava-lhes em que consistia isto e os recebia com grande caridade. Quando passaram a viver na Porciúncula, local que lhe foi doado pelos beneditinos, ele viu aí o lugar central de sua missão. Era grande devoto da Virgem Santíssima a quem confiava tudo o que fazia e os que o acompanhavam.

12. Vejo em São Francisco de Assis um dos santos que alcançou o mais alto grau de liberdade interior que uma criatura possa alcançar. E isto ele conseguiu com muita oração, meditação e contemplação. Francisco gostava das alturas para suas mais profundas meditações. De fato, não se contentava com lugares barulhentos, ou onde pudessem incomodá-lo. Refugiava-se para estar a sós com Deus.

13. Vejo-o como alguém muito humano, que tinha verdadeira consciência de suas fraquezas, de sua pequenez, mas se ancorava corajosamente na Majestade do Altíssimo, por isto fazia tudo ‘em nome do Senhor’. Tinha, portanto, uma sabedoria divina que o fez compreender o modo de agradar a Deus e glorificá-Lo, transmitindo aos outros tudo o que tinha experimentado. Com seu caráter sempre transparente, não se envergonhava de falar de todas as suas misérias, pois nisto via que Deus era glorificado.

14. Em suas relações com o feminino, Francisco conhecia bem o pensar daquele tempo, mas não teve problemas, porque era prudente em seu comportamento diante da sociedade. Sabia protegê-las e cuidar de suas amizades preservando a dignidade das mulheres. Clara de Assis foi sua importante seguidora contemporânea. E sua amiga ‘Frei Jacoba’, assim chamada para entrar no lugar onde estavam os irmãos, esteve presente também no momento de sua morte.

15. O Senhor mostrou-lhe que tinha percorrido o caminho certo. Francisco de Assis gastou-se ao máximo pelo Reino de Deus. Sofria com os desencantos que lhe causavam algumas pessoas que entraram na Ordem, mas não entenderam bem a vocação de seguir a Cristo pobre e crucificado, mas ao mesmo tempo o Senhor o consolava.

16. Considero isto uma grande maravilha. Francisco de Assis é uma obra extraordinária de Deus. Quando estava quase morrendo e terminou o canto das criaturas já com tantas debilidades físicas, penso que deixou ao mundo a herança de sua imensa gratidão ao Criador de todas as coisas. Todos os louvores que dedicou ao Senhor foram de grande reconhecimento, de júbilo, de um coração exultante de alegria por ser filho de um tal Senhor!

17. O que vejo em Francisco de Assis como modelo fundamental é que ele nos ensinou que devemos conduzir nossas vidas de modo a chegar ao encontro com o Altíssimo, somente por sua infinita misericórdia, reconciliados com tudo e com todos. Francisco conseguiu a plenitude da paz para si e foi instrumento de reconciliação em muitas ocasiões, morreu abençoando a todos. Teve uma morte santa, completamente despojado de tudo.

Somente uma criatura muito privilegiada podia ter uma visão assim tão ampla da integridade da Criação no século XIII.O fato de chamar de irmãs e irmãos a todas as criaturas me faz pensar como ele conseguiu harmonizar consigo mesmo tudo o que existia, pois atribuía ao Senhor todos os bens.

Jamais ele teria pensado que, muitos séculos depois de sua morte, viria a ser o santo preferido também de muitos intelectuais, artistas e tantas pessoas de elevado nível cultural e não somente dos pobres e pequeninos, pois via em todos a imagem e semelhança de Deus. Tampouco que iria extrapolar o âmbito da Igreja Católica, Apostólica, Romana, sendo referência para muitas outras religiões e culturas.

Penso que o fato de ter enfrentado e vencido a si mesmo, de ter alcançado a sabedoria de Deus, de ter compreendido que era seu dever transmiti-la a todos que cruzassem seu caminho, fez com que tanta gente descobrisse o verdadeiro significado de ser filho de Deus e a grande dignidade que isto representa.

Neste século XXI eu o vejo como um modelo de pessoa humana íntegra, que amava a todos, a sua cidade, procurou se relacionar com o mundo de sua época, era aberto a todas as realidades e buscava fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para mostrar a todos o ‘Caminho, a Verdade e a Vida’. Louvava ao Senhor com gratidão por todos os seus imensos benefícios e, por tudo isso, creio que é o santo de todos os tempos.


(*) Maria Aparecida Crepaldi, graduada em Psicologia, com Doutorado em Saúde Mental pela Unicamp e Mestrado na PUC-SP, é Conselheira da Presidência do Conselho Internacional da Ordem Franciscana Secular (CIOFS)para os países de Língua Portuguesa.

franciscanos.org.br

sábado, setembro 29, 2012

São Francisco de Assis - novenário - dia 5

AS TRÊS ORDENS FRANCISCANAS

Primeira Ordem – Ordem dos Frades Menores

Após a conversão, pouco a pouco, ao redor de Francisco se forma um grupo disposto a viver toda essa experiência de comunhão com o mistério de Deus que se lhe revelava. Jovens de Assis, na Itália, vão pelo mundo afora como andarilhos, mas vivendo a experiência de fraternidade. Tudo e todos passam a ser sentidos como irmãos e irmãs, pois o frade não é mais senhor de nada e de ninguém.

“Essa pobreza de itinerantes e mendigos será vivida pelos frades em estreita comunhão com Cristo que não tinha uma pedra onde reclinar a cabeça e que vivia também da generosidade dos que lhe davam hospedagem…” (Leclerc).

A Ordem Franciscana foi criada como uma Ordem de Irmãos, que assumiam a missão de viver e pregar o Evangelho. Não era uma Ordem Clerical (Ordem composta por sacerdotes), como outras que já existiam. O próprio Francisco não quis ser sacerdote e os primeiros frades também não tinham esse objetivo.

Desde o início, porém, como mostra a história de Frei Silvestre, houve o ingresso de alguns sacerdotes já formados, que desejavam ser franciscanos. Algum tempo depois, sobretudo quando Santo Antônio, professor de Teologia, ingressou na Ordem, passou a ensinar Teologia aos frades e alguns deles passaram a se ordenar sacerdotes.

Mais tarde, devido principalmente às necessidades da Igreja, a maioria dos frades passou a se ordenar. Mas até hoje, dentro da ordem Franciscana, convivem como irmãos, em igualdade de condições, frades sacerdotes e não sacerdotes (estes chamados outrora de irmãos leigos, por não serem sacerdotes), cada um exercendo a sua função.

Esse é, sem dúvidas, um dos aspectos mais belos da Ordem criada por São Francisco.

Mais tarde, a Ordem se dividiu em três ramos: Ordem dos Frades Menores (OFM), Capuchinhos (OFMCap) e Conventuais (OFMConv).

Os termos “franciscanismo” e “franciscano” não reclamam profundos conhecimentos das evoluções linguísticas para revelarem sua origem.

Atrás deles, esconde-se o nome FRANCISCO, que no caso vem especificado com o topônimo de ASSIS.


Segunda Ordem – Clarissas

Francisco, além de fundar a 1ª Ordem Franciscana (masculina), foi também o fundador da 2ª Ordem Franciscana, conhecida também por Ordem de Santa Clara, abrindo assim a vivência do ideal franciscano para o ramo feminino. A primeira religiosa franciscana foi a jovem Clara Offreduccio, mais tarde chamada de Santa Clara de Assis, jovem de família nobre e admiradora de Francisco desde que o conhecera como “Rei da Juventude” pelas ruas e festas de Assis. Passou a admirá-lo mais ainda, quando se tornou um inflamado pregador da alegria e da paz, da pobreza e do amor de Deus, não só através de palavras, mas com o exemplo de sua própria vida.

Era isso precisamente o que almejava a jovem Clara. Não estava satisfeita com os esplendores do palácio de sua família, nem com o sonho do futuro enlace principesco ao qual seus pais a estavam encaminhando. Sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida dos frades a atraía cada vez mais.

Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212 (Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na Igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros já a aguardavam.

Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera a sua consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal. Alguns anos após, sua mãe, Ortulana, juntamente com sua terceira filha Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.

Com o correr dos anos, rainhas e princesas, juntamente com humildes camponesas, ingressaram naquele convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja.

As Irmãs Clarissas vivem um estilo de vida contemplativa, sendo enclausuradas. Quer dizer que não têm, normalmente, uma atividade pública no meio do povo, dedicando-se mais à oração, à meditação e aos trabalhos internos dos mosteiros.




Terceira Ordem – Ordem Franciscana Secular

Os franciscanos seculares constituem uma verdadeira Ordem na Igreja. Não formam um mero movimento ou associação qualquer. A OFS é uma ordem reconhecida como tal pela Igreja, que lhe apresenta uma forma de vida chamada Regra.

Como tal, ela é acolhida, aceita e abençoada pela Igreja em todas as partes do mundo. Ela faz parte da grande Família Franciscana e contribui para a plenitude de seu carisma.

A Ordem Franciscana Secular é constituída por Fraternidades abertas a todos os cristãos seculares.

Nelas há lugar para jovens, para casados, viúvos e celibatários no mundo; para clérigos e leigos; para todas as classes sociais, todas as profissões, para todas as raças; para homens e mulheres. Há lugar para todos porque se busca viver segundo o Santo Evangelho como irmão e irmãs da penitência.

O projeto de vida de todo cristão e especialmente de todo franciscano secular é o seguimento da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme os ensinamentos que nos foram revelados através do Santo Evangelho. Por isso, “A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e o centro de sua vida com Deus e com os homens (Rg 4; 1Cel, 18, 115).

A OFS se articula em Fraternidades de vários níveis: local, regional, nacional e internacional. E toda fraternidade, de qualquer nível, goza de autonomia administrativa, econômica e financeira. Porém, as fraternidades dos diversos níveis estão coordenadas e ligadas entre si segundo a Regra, as CCGG, o ritual e os estatutos.

As relações entre a Juventude Franciscana (JUFRA) e a OFS devem ser marcadas pelo espírito de uma comunhão vital e recíproca. Por esta razão, a experiência vivida na Juventude Franciscana encontra a sua realização natural na OFS.

A padroeira da Ordem III é Santa Isabel da Hungria

franciscanos.org.br

sexta-feira, setembro 28, 2012

São Francisco de Assis - novenário - dia 4

E Francisco libertou o Evangelho
Frei Regis Daher (*)

Em 2006, Frei José Rodríguez Carbalho, no seu relatório ao Capítulo Geral da Ordem, o Ministro ofereceu algumas intuições que valem serem lembradas por ocasião da celebração de nosso Pai São Francisco. Não há muito que dizer de “novo” sobre Francisco de Assis. Paradoxalmente, o excesso de palavras parece afastá-lo ainda mais, como se ele se escondesse do nosso esforço racional de se apossar de sua pessoa ao tentar reduzi-lo à nossa medida.

O Evangelho ainda é Evangelho
‘O Evangelho continua a ser Evangelho, quando cada um de nós, mesmo levando em conta a própria pobreza, tem a coragem de vivê-lo. ’ Para uma boa parcela dos cristãos, o fermento da boa nova perdeu sua força de transformação porque se tornou mais uma entre tantas outras novidades. Para Francisco, o Evangelho, acolhido em seu imediatismo, frescor e radicalidade, tornou-se a Notícia por excelência porque acolhida, ‘bela como a graça e ardente como o amor, que transforma quem a recebe com coração de criança’ (Mt 11,25).

Talvez o segredo de Francisco seja exatamente esse: o tornar-se criança diante do Evangelho, ‘com a surpresa de quem, pela primeira vez, descobre-o em seu frescor, sem domesticar suas exigências radicais. ’

O encantamento que Francisco continua a despertar até os dias de hoje vem exatamente de sua atitude frente ao Evangelho: livre e indefeso. ‘Somos chamados a deixar-nos iluminar e questionar por ele, para que nossa vida recupere o sabor e a juventude das origens; para que nossa vida escandalize e questione, como escandalizava e questionava a vida de Francisco e de seus primeiros companheiros. Somos chamados a descobrir o Evangelho como livro de vida – sem reduzi-lo a ideologia, mais uma entre muitas – a assumi-lo como livro de leitura frequente, que ilumine nossas opções e possa justificá-las.’

O especialista franciscano Elói Leclerc, no seu célebre livro “Retorno ao Evangelho”, revela que o segredo de Francisco está justamente na descoberta de Cristo no Evangelho, sua força inspiradora e iluminadora. Portanto, ‘voltar ao Evangelho é voltar para Cristo, o único que pode justificar nossa vida. Voltar ao Evangelho é reviver a graça das origens. Voltar ao Evangelho é recobrar a poesia, a beleza e o encanto de nossa vida. Voltemos ao Evangelho e seremos resgatados de nossas misérias e de nossas escravidões, de nossos medos e de nossas tristezas, e resgataremos os homens nossos irmãos de suas misérias e escravidões, de seus medos e tristezas. Voltemos ao Evangelho e respiraremos ar puro; nossas propostas serão novas; a coragem, a inteligência, a generosidade, a fidelidade de muitos irmãos nossos, gastos sem reserva e sem restituição, darão fruto e fruto abundante. ’

Passados 800 anos do início da aventura evangélica de Francisco de Assis, sua chama inspiradora continua viva, provocando o cristianismo e, talvez a humanidade. Deixemos que o Evangelho seja Evangelho! Para tanto, retiremos as amarras do medo, da acomodação, da satisfação medíocre de uma vida míope! Com e como Francisco, libertemos o Evangelho e o Evangelho nos libertará.



*Frei Regis Daher, OFM, é paulista de Jacareí.
Formado em Filosofia e Teologia, professou na Ordem Franciscana em 1981 como irmão leigo.

quinta-feira, setembro 27, 2012

São Francisco de Assis - novenário - dia 3


O Cântico das Criaturas

Quase moribundo, compôs São Francisco o Cântico das criaturas. Até ao fim da vida queria ver o mundo inteiro num estado de exaltação e louvor a Deus. No outono de 1225, enfraquecido pelos estigmas e enfermidades, ele se retirou para São Damião. Quase cego, sozinho numa cabana de palha, em estado febril e atormentado pelos ratos, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a criação.

A penúltima estrofe, que exalta o perdão e a paz, foi composta em julho de 1226, no palácio episcopal de Assis, para pôr fim a uma desavença entre o bispo e o prefeito da cidade. Estes poucos versos bastaram para impedir a guerra civil. A última estrofe, que acolhe a morte, foi composta no começo de outubro de 1226.

A oração do santo diante do crucifixo de São Damião e o Cântico do Sol são as únicas obras de São Francisco escritas em italiano antigo e, por isso, são dos mais importantes documentos literários da linguagem popular. Foi nesta língua que ele certamente ditou a maioria de seus escritos, antes que os irmãos versados em letras os traduzissem para a língua comum da época, o latim.

“Na tradição ocidental Francisco de Assis é visto como uma figura exemplar de grande irradiação. Com fina percepção sentia o laço de fraternidade e de sororidade que nos une a todos os seres. Ternamente chama a todos de irmãos e irmãs: o sol, a lua, as formigas e o lobo de Gubbio. As coisas tem coração. Ele sentia seu pulsar e nutria veneração e respeito por todo ser, por menor que fosse. Nas hortas, também as ervas daninhas tinham o seu lugar, pois do seu jeito elas louvam o Criador.

O coração de Francisco significa um estilo de vida, a expressão genial do cuidado, uma prática de confraternização e um renovado encantamento pelo mundo. Recriar esse coração nas pessoas e resgatar a cordialidade nas relações poderá suscitar no mundo atual o mesmo fascínio pela sinfonia do universo e o mesmo cuidado com irmã e mãe Terra como foi paradigamaticamente vivido por São Francisco.”

(Leonardo Boff)
franciscanos.org.br


Altíssimo, Omnipotente, Bom Senhor 
Teus são o Louvor, a Glória, 
a Honra e toda a Bênção. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
com todas as Tuas criaturas, 
especialmente o senhor irmão Sol, 
que clareia o dia e que, 
com a sua luz, nos ilumina. 
Ele é belo e radiante, 
com grande esplendor; 
de Ti, Altíssimo, é a imagem. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pela irmã Lua e pelas estrelas, 
que no céu formaste, claras. 
preciosas e belas. 

Louvado sejas, meu Senhor. 
pelo irmão vento, 
pelo ar e pelas nuvens, 
pelo sereno 
e por todo o tempo 
em que dás sustento 
às Tuas criaturas. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pela irmã água, útil e humilde, 
preciosa e casta. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pelo irmão fogo, 
com o qual iluminas a noite. 
Ele é belo e alegre, 
vigoroso e forte. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pela nossa irmã, a mãe terra, 
que nos sustenta e governa, 
produz frutos diversos, 
flores e ervas. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pelos que perdoam pelo Teu amor 
e suportam as enfermidades 
e tribulações. 

Louvado sejas, meu Senhor, 
pela nossa irmã, a morte corporal, 
da qual homem algum pode escapar. 

Louvai todos e bendizei o meu Senhor! 
Dai-Lhe graças e servi-O 
com grande humildade!

quarta-feira, setembro 26, 2012

São Francisco de Assis - novenário - dia 2


A saudação de Paz e Bem
A saudação franciscana de “Paz e Bem” tem sua origem na descoberta e na vocação do envio dos discípulos, que São Francisco descobriu no Evangelho e, que ele colocou na Regra dos Frades Menores – “o modo de ir pelo mundo”. Lucas (10,5) fala na saudação “A paz esteja nesta casa”, e Francisco acrescenta que a saudação deve ser dada a todas as pessoas que os frades encontrarem pelo caminho: “O Senhor vos dê a paz”.

No seu Testamento, Francisco revela que recebeu do Senhor mesmo esta saudação. Portanto, ela faz parte de sua inspiração original de vida: anunciar a paz. Muito antes de São Francisco, o Mestre Rufino (bispo de Assis, na época em que Francisco nasceu), já escrevera um tratado, “De Bono Pacis” – “O Bem da paz” e, que certamente deve ter influenciado a mística da paz na região de Assis. Haviam, então, diferentes formas de saudação da paz, entre elas a de “Paz e Bem”.

A paz interior como fundamento da paz exterior
Na Legenda dos três companheiros (58), São Francisco dá para seus frades, o significado único para a paz:

“A paz que anunciais com a boca, mais deveis tê-la em vossos corações. Ninguém seja por vós provocado à ira ou ao escândalo, mas todos por vossa mansidão sejam levados à paz, a benignidade e à concórdia. Pois é para isso que fomos chamados: para curar os feridos, reanimar os abatidos e trazer de volta os que estão no erro”.

Trata-se da paz do coração que conquistaram. Francisco exorta seus frades a anunciar a paz e a testemunhá-la com doçura, porque este é o único caminho de comunicação para atrair todos os homens para a verdadeira paz, a bondade e a concórdia.

A saudação da paz, como primeira palavra que os frades dirigem aos outros, tem o objetivo de abrir os corações à paz, isto é, à força espiritual interior: a paz interior da bem-aventurança e a paz proclamada e dirigida a todos, constituem uma única e mesma realidade.

O Bem da paz – o “Sumo Bem”
Deus Sumo Bem é a experiência fundamental de Francisco, o ponto de partida de sua espiritualidade. Nela se fundamenta a vida franciscana como resposta de amor, configurando o amado ao Amor. Portanto, “Bem” é Deus-Amor, é a caridade.

Deus, o Sumo Bem, chamou a todos a participarem do seu Ser, não no sentido de “soma de todos os bens divinos”, mas Deus, enquanto “bem único”. Por isso, a atitude típica de São Francisco é o êxtase adorante e a decisão de estar sempre a serviço deste Deus; um serviço que nasce da alegria da gratidão. É a atitude que projeta em Deus a completude de si mesmo, que leva a renúncia a tudo, até à posse de Deus. Francisco descobre neste “vazio”, a presença de Deus, unicamente como “dom”.

E é justamente este o sentido da resposta humana, a da conversão ao Bem, ao “Sumo Bem”: aceitar Deus como centro absoluto da própria existência, e inserir-se no seu projeto tornando-se seu colaborador. Desta experiência nasce a “doçura”, que enche a vida de Francisco, a sua necessidade de entregar tudo a Deus (pobreza), de render-lhe graças e louvá-lo sem cessar. Desta experiência nasce também a confiança de tudo arriscar, sabendo que Deus não o deixará desamparado.

“Paz e Bem” – A paz se constrói pela caridade
Portanto, a saudação franciscana de “Paz e Bem” é um programa de vida, é uma forma evangélica de viver o espírito das bem-aventuranças. Nestas duas ‘pequenas’ palavras se esconde um dinamismo e uma provocação: saudar alguém com “Paz e Bem” é o mesmo que dizer: o amor de Deus que trago em meu ser, é a mesma pessoa que reconheço nos outros e no mundo e, por causa d’Ele, devemos viver a caridade – o Bem – entre nós.

Daí que, a paz só se constrói por meio da caridade (o Bem), porque a caridade é “forte como a morte” (ct 8,6); à qual ninguém resiste e, quando vem, mata o mal que fomos para que sejamos outro bem. A caridade gera a paz. A caridade está na paz assim como o espírito da vida está no corpo. A caridade sozinha mantém firmemente unidos na paz os filhos da Igreja; faltando a caridade, esta paz se dissolve. A caridade vivifica os membros de Cristo, os une e os faz estar em harmonia num só corpo. Ela é como um cabo, em cuja parte superior foi aplicado um gancho que liga a divindade à humanidade, o cordão que o senhor colocou na terra e com o qual ergueu o homem para o céu”.

(Mestre Rufino)

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terça-feira, setembro 25, 2012

São Francisco de Assis - novenário - dia 1

São Francisco, como o vejo
Dom Aloísio Lorscheider, OFM (*)

À medida que passam os anos, São Francisco merece maior atenção. Em nossos dias, sobretudo, com a redescoberta do lugar social do pobre na Igreja e no mundo, o interesse pelos ideais de São Francisco faz-se mais vivo. Como, porém, não disponho do tempo requerido para tal aprofundamento, penso que um testemunho meu, de como tenho visto em minha vida esta grande figura da hagiografia, possa também ser apreciado.

O meu contato com São Francisco
No seio de minha família tiveram maior influência os jesuítas. Em casa tinham lugar especial Santo Inácio e os três Mártires Rio-grandenses. Explica-se pela influência que os jesuítas tiveram entre os colonos de origem alemã.

Muito deve a Igreja no Rio Grande do Sul aos filhos de Santo Inácio. Comecei a conhecer São Francisco, quando, em 1934, entrei no Colégio Seráfico de São Francisco, em Taquari, RS. Passei no Seminário Menor oito anos. Foi neste período que foi aumentando em mim o conhecimento, a admiração e o amor pelo Poverello. Tínhamos no Seminário a Ordem Terceira Franciscana, hoje denominada Ordem Franciscana Secular. As reuniões mensais e o espírito que os nossos formadores, por seu exemplo e palavra, imprimiam à nossa orientação, ajudou muito. O exemplo e o ideal vividos com muito entusiasmo pelos meus formadores, padres e irmãos franciscanos holandeses, foram benéficos. Eles concretizavam para nós o Serafim de Assis. Mais tarde, o noviciado, os anos de preparação para a profissão solene, a graça de, na Itália, visitar os lugares mais queridos ao coração de São Francisco, concorreram para formar em mim uma imagem do Santo da Dama Pobreza e da Perfeita Alegria.

1. À imagem de Deus
Sempre fiquei muito impressionado e atraído pelo amor quente e apaixonado que São Francisco dedica a Deus. Parece que no beijo do leproso ele entendeu, como Saulo no caminho de Damasco, a doação total de Deus a nós em seu Filho Jesus Cristo. Custou a Francisco não só descer do cavalo fogoso que no momento montava, mas muito mais do cavalo do orgulho e da vaidade com que ele queria conquistar o título de grande e nobre. Foi no caminho que a luz de Deus entrou mais forte em seu íntimo. Foi o beijo ao doente rejeitado, nada grande e nada nobre aos olhos dos homens, que fez a Francisco descobrir o enorme amor de um Deus que nos dá todo o seu Filho: “Tanto Deus amou o mundo que lhe deu o seu Filho único….”. “Quem sou eu, quem sois Vós? Uma noite toda foi insuficiente para saborear esta realidade tão grande. Francisco embeveceu-se no amor divino. A transcendência de Deus manifestando-se na imanência da Encarnação encantou o coração de Francisco. Mais e mais ele se extasiava diante do Bom Senhor, do Altíssimo, do Sumo Bem, do Único Bem, de todo o Bem. E o que sentia ia-se tornando oração. Convém ler e meditar as orações que brotaram, espontâneas, desta alma toda repleta da imensa misericórdia do Senhor.

São Francisco ajuda-nos a redescobrir a verdadeira imagem de Deus e “a graça salvadora de Deus que se manifestou a todos os homens” (Tt 2,11). É nesta imagem bíblica de Deus, assimilada por São Francisco, que se deve procurar a sua devoção à Encarnação do Verbo (presépio), ao Santíssimo Sacramento, à Palavra de Deus, aos Sacerdotes e à Cruz do Senhor.

2. A sua Dama

Francisco viveu numa época conturbada. Fermentos de renovação dentro da Igreja; fermentos novos no mundo dos negócios e da política, onde a riqueza estava sendo vista como o grande valor da vida humana. Na Igreja é o tempo do Papa Inocêncio III. Tempo de muito poder e de muito fausto. Faziam-se sentir diversos movimentos de renovação a partir da pobreza. Infelizmente, tais movimentos queriam conseguir o seu objetivo colocando-se à margem daquele que por Cristo fora posto como Pedra, Pastor, Garantia da fé.

No mundo dos negócios e da política, as lutas entre os grandes partidos de então, guelfos e gibelinos, entre as comunas, desejando uma superar a outra em importância e força, entre as classes sociais, buscando os do comércio conquistar os privilégios da classe nobre. É o tempo fogoso da Cavalaria.

Francisco, por influência do próprio pai, estava metido nestas lutas de promoção. O “status” o atraía. Liderança não lhe faltava. Mas, na análise de sua pessoa, percebe-se que, no íntimo, outras forças o estavam trabalhando. Além da graça divina, que tinha os seus desígnios, uma sensibilidade muito forte em relação à realidade social e eclesiástica também jogava o seu papel. E foi assim que Francisco entendeu que o verdadeiro soberano era o seu Deus, que se revelava em Jesus Cristo pobre, pequeno, humilde. O importante não era ser “maior”, como ele com tantos do seu tempo pensavam, mas sim ser “menor”. Sem dúvida alguma a passagem bíblica: “Quem entre vocês quiser ser o maior faça-se o menor” (cf. Lc 22,26), mais tarde repetida aos seus frades, deve já antes ter ressoado no coração do Santo de Assis. Seja como for, Francisco se enamora da Pobreza, que se torna a sua Dama. Ele se enamora tanto por ela, porque vê o próprio Jesus Cristo tomando-a por Esposa: “Embora rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9). A formação paulina, num contexto de comunhão de bens (esmolas) entre as Igrejas, torna-se ela luz para uma inteligência mais profunda do mistério de Deus que se comunica ao mundo por seu Filho Jesus, o Filho do seu amor (Cl 1,13). E Francisco nele se inspira.

Começa, na Igreja, uma redescoberta do pobre, precisamente num período em que a Igreja parece ter atingido a culminância do seu poder e de sua influência no mundo. Poder espiritual e poder temporal estavam firmemente enfeixados nas mãos de um Papa que se soubera impor a príncipes e reis, dando ao Sacro Império Romano esplendores nunca dantes vistos e vividos. E foi no coração deste grande monarca que Francisco coloca o seu modo de vida evangélica. Ele nada mais quer do que observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, Evangelho que tem a sua conotação específica na vivência da pobreza. Pobreza não à margem da Igreja Romana, mas pobreza no coração da Igreja Romana, em obediência total ao Papa e seus sucessores. Quando Francisco prescreve isto a seus frades, já era o Papa Honório, mas quando Francisco começou era Inocêncio que dominava.

Esta atitude de São Francisco foi obra do Espírito Santo. Foi autêntica intuição evangélica de alguém que era todo poesia. As almas dos poetas são as que, sensíveis, enxergam mais longe.

Em nossos dias revivemos esta redescoberta evangélica do pobre. Partimos de uma realidade diferente daquela do século 12, porque, hoje, nos angustia a injustiça institucionalizada, a injustiça que na sociedade, se tornou estrutura, ao passo que então a riqueza dentro da Igreja e os anseios de grandeza temporal dominavam os homens. Então, como hoje, as resistências dentro e fora da Igreja não são poucas. Entretanto, a profética opção preferencial e solidária pelos pobres corresponde inteiramente ao ideal de São Francisco, porque responde completamente ao Evangelho. E Francisco outra coisa não queria do que o Evangelho em sua mais completa pureza, sem glosa, sem glosa, sem glosa…

O estilo de vida simples, sóbrio e austero que Puebla preconizou para todos os cristãos de nossos dias, em identificação sempre mais perfeita com o Cristo pobre e os pobres, exprime sem ambiguidade o que Francisco, já no século 12, sonhava e via como verdadeira renovação evangélica. Se, hoje, partimos de outra realidade para a vivência a pobreza evangélica, o fundamento continua sempre o mesmo: Cristo que, sendo rico, se fez pobre; que, sabendo não ser um roubo para Ele o ser igual a Deus, esvaziou-se, fez-se servo, fez-se em tudo solidário com os homens, obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2,5-9).

3. A perfeita alegria
São Francisco é conhecido como sendo o São Francisco das Chagas, além de ser o São Francisco de Assis. As chagas do Senhor Jesus mostram outra faceta da rica personalidade de Francisco: um apaixonado pela paixão de Jesus Cristo, um apaixonado pela cruz do Senhor. Tão grande a sua paixão que mereceu experimentar ao vivo na própria carne a paixão sobre a qual tanto meditara e chorara a ponto de ter ficado quase cego. O amor de Deus na Encarnação torna-se, para nós, o mais concreto possível na doação total que a cruz simboliza: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13).

Penso que na mística franciscana da Paixão do Senhor se deva procurar o sentido mais profundo da perfeita alegria que os “Fioretti” nos retratam com forma tão viva e poética. Ser rejeitado pelos próprios irmãos, ser afastado do convívio deles como elemento perigoso, como perturbador da paz e do silêncio de nossa casa, e saber aceitá-lo sem querer mal a quem desconfia de nós, nos machuca, nos revolve na condição mais miserável – é identificar-se com Jesus rejeitado, escarnecido, esbofeteado, carregado com a cruz, crucificado. A perfeita alegria está, pois, na mais perfeita identificação com o Cristo, o Servo Sofredor de Javé.

Parece que o mundo de hoje nos oferece inúmeras oportunidades para vivermos este capítulo da perfeita alegria. Numa época de renovação, exige-se muito espírito de sacrifício, muita renúncia, muita assimilação com a paixão e morte de Jesus Cristo, com a oração sincera: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

4. Homem livre
Este tríplice olhar evangélico de Francisco – imagem de Deus, Dama Pobreza, perfeita Alegria – fez de Francisco um homem livre, amarrado a ninguém, levando-o a redescobrir a pureza original das criaturas. Indubitavelmente, o Cântico das Criaturas expressa esta liberdade interior e exterior conseguida pelo Santo de Assis. Só uma vida inteiramente aberta a Deus e ao Irmão é capaz de dar à criatura humana o gozo da libertação, que conduz à liberdade pura e santa com que Deus nos criou.

Conclusão
O próprio São Francisco escreveu a conclusão. Dando aos seus seguidores o nome de FRADES MENORES, ele disse tudo. O ser “frade”, o ser “irmão” e o ser “menor”, o ser “pequeno”, o ser “humilde”, o ser “servo” de todos, exprime todo o ideal franciscano, com o seu fundamento em Deus, o único Absoluto, sem ídolos, em total doação. Se os filhos e filhas de São Francisco, nas várias Ordens, Congregações, Institutos, vivessem, ao máximo, este ideal, novo sopro evangélico renovador purificaria o ar da Igreja e do Mundo.


(*) Dom Aloísio Lorscheider, OFM, escreveu este artigo para a Revista
“Grande Sinal” quando era Cardeal-Arcebispo de Fortaleza, em 1982.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Novena em honra a nosso pai seráfico, São Francisco de Assis

Irmãos, Paz e Bem!

Amanhã, dia 25 de setembro, começa a novena em preparação para a festa de São Francisco de Assis que se realizará dia 04 de outubro. Diariamente, sempre às 18:30, teremos a novena.

Faça-se presente, venha partilhar sua fé e devoção.


Nossa Senhora das Mercês - 24 de setembro

A invocação ou nome de Nossa Senhora das Mercês é uma a mais entre as muitas que são dadas à única Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo e, por isso, mãe espiritual de cada cristão e de toda Igreja.

Esta invocação das Mercês data aproximadamente de 1218, quando os maoemetanos dominavam parte da península Ibérica e faziam incursões às terras, praianas da França e Itália e nos mares assaltavam as embarcações para, de toda forma que podiam, roubar, matar e levar para o cativeiro da África, os homens, mulheres e crianças que encontravam.

Os cristãos capturados eram submetidos a trabalhos forçados e à dura escravidão (daí as correntes nas mãos dos anjinhos aos pés de Nossa Senhora das Mercês), da qual podiam livrar-se, renunciando a fé Católica e abraçando as doutrinas e costumes muçulmanos. Diante de tamanho sofrimento, muitos terminavam fazendo a vil troca de Cristo e sua Igreja por Maomé e seus costumes.

Nossa Senhora, compadecida dos seus filhos e filhas, aparece a três jovens: Pedro, Raimundo e Jaime e os convida para que fundem uma Ordem encarregada de socorrer os pobres cristãos e mantê-los na fé e nos costumes. Os três jovens levaram a notícia ao Bispo focal, este ao Papa, e receberam autorização da Igreja para fundarem a "Ordem de Nossa Senhora das Mercês".

No dia 10 de Agosto de agosto de 1218, o Bispo de Barcelona (Espanha), D.Berenguer de Palou, na própria catedral, na presença do rei Jaime I de Aragão e muita gente, Pedro Nolasco e Companheiros faziam a Deus solene entrega de suas vidas para dedicarem-se à Redenção e ajuda dos cristãos na escravidão dos maometanos. A Ordem nasceu, cresceu e espalhou-se em seguida pelo mundo inteiro, tendo como carisma o resgate dos cativos. Desse fato surgiu a devoção a Nossa Senhora das Mercês, cuja festa litúrgica se celebra aos 24 de setembro.

Hoje são outras as escravidões: consumismo, comodismo, secularismo, individualismo, depressão, angustia, medos, desemprego, violência, vícios, fome, divisão, desagregação familiar... Que Nossa Senhora das Mercês, ela que nos deu a grande mercê, seu filho Jesus Cristo, interceda por nós e nos ajude a vencer as escravidões do mundo atual.
www.ocapuchinho.com.br

Deus nos pede para vencermos nosso orgulho, diz Bento XVI

Neste domingo, 23, o Papa Bento XVI disse que o Senhor nos pede para sermos humildes e derrotar o orgulho enraizado em nós. Durante a oração mariana do Angelus, recitada no pátio interno da residência Apostólica de Castel Gandolfo, o Santo Padre afirmou que é necessário uma mudança no nosso modo de pensar e de viver para seguir a Deus.

“Seguir o Senhor requer sempre do homem uma profunda conversão, uma mudança no modo de pensar e de viver, requer abrir o coração à escuta para deixar-se iluminar e se transformar interiormente”, explicou.

Um ponto-chave no qual Deus e o homem se diferenciam é o orgulho – continuou o Papa; em Deus não há orgulho, porque Ele é total plenitude e é todo inclinado a amar e doar vida; em nós homens, ao invés, o orgulho está intimamente enraizado e requer constante vigilância e purificação.

Bento XVI acrescentou que “nós, que somos pequenos, aspiramos parecer grandes e sermos os primeiros, enquanto Deus não teme em se inclinar e se fazer último, por isso pediu à Virgem Maria que mostre a todos o caminho da fé em Jesus através do amor e da humildade.

Momentos antes o Papa recordou que nos últimos encontros, para a oração do Angelus, ele está meditando sobre o Evangelho de Marcos. Domingo passado entramos na segunda parte, isto é na última viagem de Jesus em direção a Jerusalém e em direção ao ápice da Sua missão.

A passagem deste domingo (cf. Mc 9,30-37) contém o segundo desses anúncios. Jesus diz: “O Filho do Homem – expressão com a qual designa a si mesmo - será entregue nas mãos dos homens, e eles irão matá-lo; mas, depois de morto, depois de três dias, ressuscitará" (Marcos 9:31). Os discípulos”, não entendiam estas palavras, e tinham medo de interrogá-lo”.

Na saudação que fez aos peregrinos de língua francesa o Santo Padre agradeceu mais uma vez aqueles que acompanharam com a oração no último fim de semana a sua viagem apostólica ao Líbano, e extensivamente a todo o Oriente Médio.

“Continuem rezando pelos cristãos do Oriente Médio, pela paz e pelo diálogo sereno entre as religiões” – disse o Papa – recordando que neste sábado foi beatificado na localidade francesa de Troyes o sacerdote Louis Brisson, fundador no século XIX dos Oblatos e Oblatas de São Francisco de Sales.

Já em polonês o Papa recordou que no Evangelho deste domingo Jesus dá atenção especial às crianças. Diz: “quem acolher em meu nome uma destas crianças é a mim que acolhe”.

“Peçamos a Deus que essas palavras – acrescentou – inspirem todos aqueles que são responsáveis pelo dom da vida, das dignas condições de existência e de educação, do seguro e sereno crescimento das crianças. Toda criança possa gozar do amor e do calor familiar!".

cancaonova.com

domingo, setembro 23, 2012

São Pio

Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de maio de 1887 em Pietrelcina (Itália). Seu nome verdadeiro era Francesco Forgione. 
Ainda criança era muito assíduo com as coisas de Deus, tendo uma inigualável admiração por Nossa Senhora e o seu Filho Jesus, os quais via constantemente devido à grande familiaridade. Ainda pequenino havia se tornado amigo do seu Anjo da Guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho. 
Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu Anjo da Guarda estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da Igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário.
Com quinze anos de idade entrou no Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Morcone, adotando o nome de "Frei Pio" e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1910 na Arquidiocese de Benevento. 
Após a ordenação, Padre Pio precisou ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde e, em setembro desse mesmo ano, foi enviado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até o dia de sua morte.
Abrasado pelo amor de Deus, marcado pelo sofrimento e profundamente imerso nas realidades sobrenaturais, Padre Pio recebeu os estigmas, sinais da Paixão de Jesus Cristo, em seu próprio corpo. 
Entregando-se inteiramente ao Ministério da Confissão, buscava por meio desse sacramento aliviar os sofrimentos atrozes do coração de seus fiéis e libertá-los das garras do demônio, conhecido por ele como "barba azul". 
Torturado, tentado e testado muitas vezes pelo maligno, esse grande santo sabia muito da sua astúcia no afã de desviar os filhos de Deus do caminho da fé. Percebendo que não somente deveria aliviar o sofrimento espiritual, recebeu de Deus a inspiração de construir um grande hospital, conhecido como "Casa Alívio do Sofrimento", que se tornou uma referência em toda a Europa. A fundação deste hospital se deu a 5 de maio de 1956.
Devido aos horrores provocados pela Segunda Guerra Mundial, Padre Pio cria os grupos de oração, verdadeiras células catalisadoras do amor e da paz de Deus, para serem instrumentos dessas virtudes no mundo que sofria e angustiava-se no vale tenebroso de lágrimas e sofrimentos.
Na ocasião do aniversário de 50 anos dos grupos de oração, Padre Pio celebrou uma Missa nesta intenção. Essa Celebração Eucarística foi o caminho para o seu Calvário definitivo, na qual entregaria a alma e o corpo ao seu grande Amor: Nosso Senhor Jesus Cristo; e a última vez em que os seus filhos espirituais veriam a quem tanto amavam. 
Era madrugada do dia 23 de setembro de 1968, no seu quarto conventual com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e Maria, descansa em paz aquele que tinha abraçado a Cruz de Cristo, fazendo desta a ponte de ligação entre a terra e o céu. 
Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002 também pelo saudoso Pontífice.

Padre Pio dizia: "Ficarei na porta do Paraíso até o último dos meus filhos entrar!"

cancaonova.com

sábado, setembro 22, 2012

A ponte das palavras - diga palavras que construam o outro

Uma canção popular exalta, em versos muito simples, o valor da palavra: "Palavra não foi feita para dividir ninguém. Palavra é ponte por onde o amor vai e vem…

A alma se exprime pelo corpo, especialmente pela língua. "Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para comunicar-se com os outros, por meio da linguagem, de gestos e ações" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1146).

Nós falamos, comunicamo-nos uns com os outros de inúmeras maneiras. Quanto não diz, com frequência, um simples olhar, um sorriso levemente esboçado, um silêncio significativo, um gesto de paixão ou um aceno impregnado de afeto! Muitos são os caminhos da linguagem que interligam, em comunhão, alma com alma. Mas a grande ponte que Deus nos deu para nos comunicarmos entre nós - e para nos comunicarmos com Ele - é a palavra: palavra pensada, interior; palavra pronunciada; palavra publicada.

É falando, conversando, escrevendo que estamos a construir, constantemente, pontes de intercomunicação: por elas a nossa alma - a nossa vida! - vai passando e chega até os outros, com toda a sua carga de alegrias e dores, de ódios e amores, de desconcertos e dúvidas, de enganos e desenganos, de perplexidades e certezas, de esperanças e ilusões. É bom pensar no que significam, todos os dias, as nossas palavras. Constroem ou destroem? Enriquecem ou desgastam? Que fazemos com a línguadiariamente? Talvez, de súbito, não saibamos responder, mas uma coisa é certa: fazemos muito; de bom ou de mau, mas fazemos muito.

Quando as palavras têm raízes no amor, são sempre fecundas. Da abundância do coração fala a boca (Lc 6,45). Muitos corações, torturados pelo erro, pela vergonha ou pelo desespero reergueram-se por uma só palavra (Mt 8,8) de Cristo. Os olhos da mulher adúltera, cerrando-se para não ver as pedras com as quais os fariseus iam esmagá-la, recuperaram a luz perdida e se acenderam com claridades inéditas, mal ela escutou as palavras de perdão e alento de Cristo: "Vai e não peques mais! "(Jo 8,11). Zaqueu, o arrecadador desonesto, sentiu o coração arrebentar-lhe o peito quando Jesus, ao passar junto dele, em vez de lhe espetar um remoque de desprezo, lançou-lhe uma palavra amiga: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa (Lc 19,5). Pedro viu-se como um morto-vivo acabado de desenterrar quando Cristo, com a doçura do perdão na língua, em vez de recriminá-lo pela sua indigna traição, perguntou-lhe: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? (Jo 21,15).

Palavras de compreensão, de perdão, de afeto, de estímulo; palavras que acordam, elevam, iluminam, desvendam erros, apagam dúvidas, apontam rumos; palavras de amor, compaixão e confiança, palavras-dom… Se quiséssemos, a nossa vida inteira, cada um dos nossos dias, poderia ser uma contínua chuva de palavras fecundas, capazes de suscitar vida, sem provocar tristezas nem ira, nem ódio. Não há uma única situação, agradável ou constrangedora; não há uma só pessoa, neste mundo, que não possa fazer surgir, do bom tesouro do coração (cf Lc 6,45) que verdadeiramente ama, uma palavra construtiva.

Já imaginamos o que seria a nossa vida se, em cada instante, fôssemos capazes de proferir a palavra acertada, toda ela impregnada de sinceridade e amor, sem sombra de malignidade, irritação, rancor, orgulho, rudeza ou desprezo? Não há dúvida de que, além de nos tornarmos a alegria de Deus, seríamos a felicidade dos homens. Já pensamos no que seria a “utopia” de um mundo em que as palavras faladas, emitidas ou impressas, fossem apenas veículo da verdade e da caridade? Se a nossa fantasia tivesse um mínimo de asas, perceberíamos que esse mundo admiravelmente novo seria o próprio céu, pois não há um só mal no mundo que, de alguma maneira, não esteja fundido com a maldade das palavras.

Esse “admirável mundo novo” não existe, e toca a cada um de nós examinar a parte com que contribuímos para a sinfonia amorosa ou para a dança macabra das palavras.

Façamos esse exame com sinceridade na presença de Deus. Pensemos que nosso Senhor, como Médico Divino, poderia nos dizer o que, às vezes, os médicos humanos nos dizem: "Mostra-me a língua! E eu te farei ver teu coração, porque as tuas palavras - com as suas mil tonalidades, cargas, intenções e acentos - são um retrato falado do teu coração: dos teus sentimentos mais íntimos, das tuas purezas e sujidades, dos teus tesouros espirituais e das tuas carências lastimáveis. Não esqueças nunca que a boca fala daquilo de que o coração está cheio" (cf Lc 6,45).


Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

sexta-feira, setembro 21, 2012

21 de setembro - São Mateus

No tempo de Jesus Cristo, na época em que a Palestina era apenas uma província romana, os impostos cobrados eram onerosos e pesavam brutalmente sobre os ombros dos judeus. A cobrança desses impostos era feita por rendeiros públicos, considerados homens cruéis, sanguessugas, verdadeiros esfoladores do povo. Um dos piores rendeiros da época era Levi, filho de Alfeu, que, mais tarde, trocaria seu nome para Mateus, o "dom de Deus". Um dia, depois de pregar, Jesus caminhava pelas ruas da cidade de Cafarnaum e encontrou com o cruel Levi. Olhou-o com firmeza nos olhos e disse: "Segue-me". Levi, imediatamente, levantou-se, abandonou seu rendoso negócio, mudou de vida, de nome e seguiu Jesus.

Acredita-se, mesmo, que tal mudança não tenha realmente ocorrido dessa forma, mas sim pelo seu próprio e espontâneo entusiasmo no Messias. Na verdade, o que se imagina é que Levi havia algum tempo cultivava a vontade de seguir as palavras do profeta e que aquela atitude tenha sido definitiva para colocá-lo para sempre no caminho da fé cristã.

Daquele dia em diante, com o nome já trocado para Mateus, tornou-se um dos maiores seguidores e apóstolos de Cristo, acompanhando-o em todas as suas caminhadas e pregações pela Palestina. São Mateus foi o primeiro apóstolo a escrever um livro contando a vida e a morte de Jesus Cristo, ao qual ele deu o nome de Evangelho e que foi amplamente usado pelos primeiros cristãos da Palestina. Quando o apóstolo são Bartolomeu viajou para as Índias, levou consigo uma cópia.

Depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos espalharam-se pelo mundo e Mateus foi para a Arábia e a Pérsia para evangelizar aqueles povos. Porém foi vítima de uma grande perseguição por parte dos sacerdotes locais, que mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou e mandou um anjo que curou seus olhos e o libertou. Mateus seguiu, então, para a Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por feiticeiros que se opunham à evangelização. Porém o príncipe herdeiro morreu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ato, Mateus conseguiu converter grande parte da população. Na época, a Igreja da Etiópia passou a ser uma das mais ativas e florescentes dos tempos apostólicos.

São Mateus morreu por ordem do rei Hitarco, sobrinho do rei Egipo, no altar da igreja em que celebrava o santo ofício da missa. Isso aconteceu porque não intercedeu em favor do pedido de casamento feito pelo monarca, e recusado pela jovem Efigênia, que havia decidido consagrar-se a Jesus. Inconformado com a atitude do santo homem, Hitarco mandou que seus soldados o executassem.

No ano 930, as relíquias mortais do apóstolo são Mateus foram transportadas para Salerno, na Itália, onde, até hoje, é festejado como padroeiro da cidade. A Igreja determinou o dia 21 de setembro para a celebração de são Mateus, apóstolo.

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quinta-feira, setembro 20, 2012

“Tenho uma coisa para te dizer”

Na liturgia de hoje mais uma vez ouvimos o relato da mulher que lavou com suas lágrimas os pés de Jesus. Estamos no evangelho de Lucas, evangelho da misericórdia de Deus. Jesus diz, em outras palavras, a Simão:

“Simão, tu és um homem correto, polido, educado, respeitoso. Toma isto como um sincero elogio de minha parte. O gesto de me teres convidado para uma refeição em tua intimidade denota esse senso de cortesia de que és possuído. Mas, parece que as coisas que se passaram durante minha permanência em tua casa não te agradaram. Estou me referindo ao que fez essa mulher conhecida por todos pecadora. Ela ficou sabendo que eu estaria e veio. Ela se fez presente densamente diante de mim. Confesso que fiquei impressionado com sua postura e seus gestos. Ela me lavou os pés com os rios de lágrimas de seus olhos, secou-os com seus cabelos e deitou perfume. Teu julgamento a respeito da cena estava claro nas rugas de tua fronte. Um profeta de verdade saberia a qualidade de vida dessa mulher que lhe lavava os pés. E eu sabia, Simão…Quem nesta sala está isento de pecado? Fique claro: essa mulher que muito ama tem direito ao perdão. Ama mais intensamente e é mais amado aquele a quem muito se perdoa! Não foi o caso dela?

Vem cá: vê ali aquela mulher. Quando entrei na tua casa tu não me ofereceste água para lavar os pés… com suas lágrimas ela mos lavou. Tu me recebeste corretamente, sem mais… é tua maneira de ser…Ela foi mais efusiva. Tu não me deste o beijo de saudação… e ela… tu o sabes. Por essas manifestações de arrependimento, por estas demonstrações de gentilezas os pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela manifestou que muito ama.

Agora peço-te licença para dirigir uma palavra a esta que tu, meu amigo, julgaste com certa dureza: “Mulher, teus pecados te são perdoados. Tua fé te salvou. Eu sou o enviado do Pai para curar as feridas dos corações contritos. Vai em paz e não tornes a pecar”.

Simão, tenho a te dizer que o coração dessa mulher me comoveu. Quem sabe tu também, ao longo de tua vida, possas ganhar a graça da penitência e a força da fé. Espero que nunca esqueças a cena que se passou em tua casa…

Frei Almir Ribeiro Guimarães

franciscanos.org.br

quarta-feira, setembro 19, 2012

Bíblia e Vocação: OS 12 APÓSTOLOS

1. Porque Jesus chamou os doze Apóstolos? E quem são esses doze Apóstolos?
Diz o Evangelho que Jesus viu a extensão da messe e um povo sem boas lideranças. Mas Jesus não quis realizar a missão sozinho. Quis contar com colaboradores. Por isso, logo no da sua vida pública, chamou e escolheu doze entre os que o seguiam. São eles: Pedro, Tiago M, João, Filipe, André, Tomé, Bartolomeu/Natanael, Mateus/Levi, Simão, Judas Tadeu, Tiago Menor, Judas Escariotes.

2. Que tipo de pessoas eram esses Apóstolos que Jesus chamou e escolheu?
Eram pessoas de diversas classes e categorias sociais da época. Pertenciam à classe operária; quatro eram definitivamente pescadores de profissão; um deles tinha sido cobrador de impostos.
Onze deles eram evidentemente galileus sendo Judas Iscariotes considerado o único da Judéia. Alguns dos apóstolos tinham sido discípulos de João, o Batizador, antes de se tornarem discípulos de Jesus. Pelo menos dois deles parecem ter sido primos de Jesus (Tiago e João, filhos de Zebedeu).
Eram homens tidos pelos líderes religiosos como “indoutos e comuns”, indicando que sua instrução era elementar e não provinha de escolas de ensino superior. Vários deles, inclusive Pedro (Cefas), eram casados.

3. Porque doze e não mais e nem menos? Qual o significado desse número?
Desde a antiguidade o número “doze” está carregado de um forte simbolismo. Na tradição judeu-cristã o número doze é uma cifra sagrada, um símbolo de perfeição, totalidade. São doze os apóstolos, doze as tribos de Israel, doze as portas da cidade de Jerusalém, a mulher celestial levava uma coroa com doze estrelas; inclusive a Bíblia diz que o número dos eleitos era 12 vezes 12.000, uma cifra que representa a totalidade dos santos.
Doze quer indicar o novo Povo de Deus – a Igreja. Significa que todos são chamados a participarem da missão de Jesus em seu Reino.

4. Qual é o significado do termo Apóstolo?
No grego a palavra “Apóstolo” significa aquele que é enviado; mensageiro ou embaixador. Aquele que representa a quem o enviou.
Os Doze foram escolhidos dentre um grupo maior de discípulos, e foram denominados “Apóstolos” por Jesus, para que continuassem com ele e para que pudesse enviá-los a pregar, com a mesma autoridade de Jesus sobre todas as forças do mal.

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terça-feira, setembro 18, 2012

Ser um sinal de compaixão de Jesus perante sofrimento humano

Leituras do dia:   1Coríntios 12, 12-14,27-31; Lucas 7, 11-17

O texto de hoje é caraterizado pela compaixão. Pois tudo nasce de um sentimento espontâneo do Senhor como homem, mas também como o Senhor da vida. Não é pedido, não exige a fé, é o Senhor que tem compaixão dos órfãos e é o que faz justiça às viúvas. E, de repente, Jesus levanta a voz para a viúva e diz: “Não chores!”

O Autor da vida usa o verbo no presente do imperativo para dizer que aquela mãe deve parar de chorar, uma vez que não existirá mais motivo para esse lamento e dor. Quem tem Jesus deixa de sofrer a morte. E os sofrimentos do tempo presente não têm nada a ver com a glória que se há de revelar no final dos tempos “quando tudo se consumar em todos”, dirá São Paulo. Portanto, trata-se de uma palavra de consolação, que prepara uma intervenção, que evitará a causa do pranto.

“E então tendo-se adiantado, tocou o caixão. Os portadores, param e Ele diz: ‘Jovem, a ti digo: levanta-te’. E ergueu-se o morto e começou a falar e Jesus o entregou à sua mãe”.

A ordem de Jesus é imperiosa e contundente. O verbo é imperativo passivo, que podemos traduzir por impessoal ou reflexivo. Jesus era Senhor dos mortos e estes lhe obedecem assim como as forças da natureza. “Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?” O morto ergueu-se e começou a falar. O alento da vida se expressa de novo por meio da fala.

Jesus tomou o jovem pela mão e o levou até a mãe que não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. No ato há uma reminiscência da atitude de Elias quando, ressuscitado o filho, desceu até o andar térreo para entregá-lo à sua mãe viúva. Além de ser o Senhor da vida, Jesus atua como uma cópia de Elias, o antigo profeta, restaurador do verdadeiro culto divino a Javé entre os israelitas. Por isso, a exclamação dos presentes: “Um grande profeta há surgido! Deus visitou o seu povo!” E a fama de Jesus se espalhava por toda a parte.

Num mundo como o atual, em que a ausência do Deus criador, entrega ao homem o direito de sua vida e até a faculdade sobre outras vidas sob seu domínio, como no caso dos fetos maternos, é bom refletir sobre este milagre de Jesus. A vida depende de quem a pode dar, não de quem a quer tirar. Destruir é fácil; porém, isso não implica direito, mas força; justiça, mas violência. O verdadeiro poder tem como base a construção e o bem, a saúde e a cura. O médico cura, o criminoso mata: aí está a diferença.

Jamais Jesus destruiu um inimigo ou ameaçou um rival: Quem soube recriminar discípulos que queriam botar fogo sobre os que não queriam hospedá-los (Lc 9,54), chorou sobre Jerusalém, prevendo sua destruição (Lc 19,41) e advertiu as mulheres que o compadeciam da sina fatal de seus filhos (Lc 23,28), sempre usou seu poder e sua autoridade para fazer o bem (At 10,38)? Quem usou Sua autoridade moral para pedir perdão para os inimigos e fazer o bem aos Seus perseguidores (Lc 6, 27)? Deriva-se desta conduta uma Teologia que tem como base a revolução e a luta pela justiça, que considera inimigos e opressores os mais favorecidos e oprimidos e com direito à retaliação os mais desprotegidos?

No episódio de hoje, vemos como Jesus atua sem ser pedido, unicamente pela Sua compaixão, como ser humano. Ter piedade dos que sofrem é um exercício aprovado pela atuação de Jesus até tal ponto que opera um milagre com poderes fora do comum. Oxalá esta seja a nossa atitude perante os nossos irmãos!

Padre Bantu Mendonça
cancaonova.com

segunda-feira, setembro 17, 2012

Os estigmas de Francisco de Assis e o segredo da suprema felicidade

Dom Laurence Freeman, OSB (*)

Junho de 1998, Festa de Corpus Christi
Queridos amigos:Sessenta e cinco meditantes de vários continentes se reuniram recentemente em um Retiro silencioso de uma semana, no Monte Alverne, o lugar de peregrinação na Toscana, onde São Francisco de Assis (1182-1226) recebeu os estigmas em 1224, dois anos antes de sua morte. Passamos a noite do primeiro dia de viagem ao pé do monte e logo cedo, no ar fresco e ensolarado da manhã seguinte, fizemos vagarosamente e em silêncio o caminho da forte subida que leva ao santuário.

Paramos na Capela dos Pássaros para escutar o sublime canto que recebeu Francisco e seus três companheiros quando ali chegaram e ele se viu cercado alegremente pelos pássaros, confirmando que tinha vindo ao lugar certo. Francisco fora ao monte para um jejum de quarenta dias em preparação à chegada da Irmã Morte cuja rápida aproximação pressentia.

Depois de nos alojarmos na simples Casa Franciscana de Retiros, e começarmos a sentir o ambiente desse lugar intenso e sagrado, concordamos em nos fazer uma pergunta preliminar simples. Por que tínhamos ido para lá? Como a maioria das perguntas simples, ela foi uma chave que abriu muitas portas. Afinal, no silêncio em que estávamos então entrando, a pergunta levou a outras perguntas igualmente básicas, relacionadas à consciência e à vida espiritual, que nos levaram ao limite do pensamento e, assim, à luz de Deus dentro de nós: Quem sou eu? Quem é Deus?

A história da experiência de oração de Francisco no lugar sagrado do Monte Alverne nos enriqueceu, desafiou e guiou dia após dia. Ficamos sabendo como ele se aprofundou cada vez mais na solidão, durante sua estadia ali, alternadamente fustigado por seus demônios interiores e consolado por visitas angélicas. Nisto, ele perseverou até que chegou à experiência que culminou na união com a humanidade de Cristo, o que tornou esse lugar tão sagrado, não somente para seus seguidores franciscanos, mas também de grande significado para toda a tradição cristã de oração.

Na noite de 14 de setembro, Festa da Santa Cruz, seu fiel amigo e companheiro, Frei Leão, desobedeceu às instruções de Francisco e penetrou na solidão de sua reclusão para ver como ele estava. À luz do luar, Frei Leão viu Francisco de joelhos em oração, repetindo com todo o fervor as perguntas que se encontram no centro de toda oração cristã: “Quem és tu, meu doce Deus… Quem sou eu, teu servo inútil?”“E somente estas palavras repetiu e nada mais disse” – conta-nos São Boaventura, seu biógrafo. Frei Leão viu o fogo que descia sobre a cabeça de Francisco, envolvendo-o por muito tempo.

Quando Francisco afinal o notou, Frei Leão perguntou o que significava tudo aquilo. Francisco respondeu que ele tinha recebido duas luzes para a sua alma; o conhecimento e a compreensão de si mesmo, e o conhecimento e a compreensão de Deus. Nesta oração no fogo, Deus lhe pediu três dádivas e ele buscou em sua pobreza até encontrar uma bola de ouro que ofereceu três vezes: a doação dos seus votos.

Após dizer a Frei Leão que não o espionasse mais, Francisco dirigiu-se à Bíblia para saber a que estaria sendo preparado – e em cada consulta ele foi encaminhado para a Paixão de Jesus Cristo. Retornou então à oração solitária, “tendo muita consolação na contemplação”. Sentiu-se depois impelido a pedir não somente a graça de sentir a dor de Cristo, mas também o amor que possibilitou a Cristo suportá-la por nós. Começou a contemplar a Paixão com profunda devoção até que “se transformou completamente em Jesus por meio do amor e da compaixão”.

Na manhã seguinte, ele viu um serafim aproximar-se na forma de Jesus Crucificado. Ele se sentiu repleto, simultaneamente, de medo e alegria, deslumbramento e tristeza. E foi-lhe dada a percepção de que sua transformação em Cristo não aconteceria por sofrimento físico, mas “por uma elevação da mente” – a transformação da consciência em amor. Entretanto, o sinal desta transformação seria a marca permanente das cinco chagas divinas de Cristo no corpo de Francisco. Pouco depois, Francisco deixou o Monte Alverne e retornou à cidade de Assis, para morrer “com a chama do amor divino em seu coração e as marcas da Paixão em sua carne”. Com humildade, perguntou a seus irmãos se deveria tornar pública a informação sobre seus estigmas, e convenceu-se de que deveria quando lhe disseram que a experiência deveria ter um significado não somente para ele, mas também para os outros.

MISTÉRIO E SIGNIFICADO
Houve diversas reações entre nós ao ouvir esta história. O elemento de ligação de todas foi um reverente senso de mistério – a experiência que não pode ser aplicada adequadamente pela razão – e a necessidade de expressar reverência pela busca de um significado para a experiência. As experiências mais profundas das histórias de nossas vidas também merecem a mesma reverência e impelem à busca de significados. E o significado não aparece com rapidez ou facilmente.

Não dar o tempo ou a quietude de atenção necessários, para tornar plenamente consciente o que nos acontece, é uma característica de nossa época, veloz e impaciente. Tempo e atenção são necessários se não quisermos tratar a vida superficialmente.

A superficialidade desperdiça o precioso sentido do sagrado que dá profundidade e propósito a nossos encontros com a alegria e o sofrimento intensos, freqüentemente cheios de perplexidade. Mistérios como esses são dons valiosos, realidades que exigem tempo.

Quanto à experiência de Francisco, precisávamos, em primeiro lugar, perguntar: o que significava e para quem? Para o próprio Francisco, para a Igreja, para nós, hoje? Talvez o significado para Francisco fosse de foro íntimo e inacessível, só dele mesmo – este é o significado solitário e único de toda experiência única. Podemos supor, pelo que sabemos de Francisco, que os seus estigmas simbolizam um alto grau de realização da sua união com a pessoa do Cristo Crucificado e Ressuscitado, a quem amou com tanta persistência e paixão.

O desejo que consome os místicos – e amantes – é sempre o de despojar-se de sua identidade egocêntrica e unir-se de forma permanente com o Bem- Amado, em uma maneira de ser em que o “eu” e o ‘tu”, apesar de não obliterados, deixam de ser entidades fixas. “Não sou mais eu quem vive; mas é o Cristo quem vive em mim”. O abismo da separação (das individualidades) se fecha quando transcendemos o ego. “Uma consumação a ser desejada devotamente”, mas algo que, ao mesmo tempo, causa horror ao ego e doloroso pressentimento. À diferença de Francisco, a maioria de nós recua, sistematicamente, no exato momento em que a satisfação do nosso desejo de plena união nos é oferecido.

A vida de Francisco foi uma ascensão, freqüentemente uma peregrinação vertiginosa em direção a esta união de sua humanidade com a humanidade de Cristo. Ao contrário dos seus seguidores, que o veneravam como santo, Francisco via a história de sua própria vida repleta de inúmeros fracassos e retrocessos, provocados por sua natureza pecaminosa. Como acontece com a maioria dos fundadores, ele morreu com um sentimento de fracasso.

Ao mesmo tempo, ele também sentia e manifestava uma alegria cada vez mais intensa, o que seria uma prova, em nível mais profundo de percepção, de que sua evolução era constante. A coexistência, a mistura de alegria e sofrimento, dor e paz, amor e solidão, tornaram-se, com crescente clareza, o tema unificador – se não, mesmo, a experiência – do nosso Retiro. Até o clima variável durante a semana foi expressão disso, ao passarmos de dias fechados com nevoeiro úmido e frio para outros dias de céu claro, com sol quente e panoramas abertos.

Independentemente do que possa ter significado a mais para Francisco, por causa da extinção, pelo amor, da sua identidade separada, os estigmas selaram também sua vocação e sua missão na Igreja. A experiência de Francisco influenciou decisivamente o curso da Espiritualidade cristã. Sua união com Cristo, ocorrida no Monte Alverne, iniciou uma nova era e uma mudança na consciência cristã. Ficou a cargo de São Boaventura – pois Francisco não era teólogo – formular a devoção ao Jesus histórico, especialmente a que focalizou a Cruz – que abriu uma nova dimensão no pensamento e no sentimento cristãos.

E o que podem os estigmas significar para nós? É o que nos perguntávamos, enquanto, dia após dia, a intensidade peculiar do Monte Alverne nos convidava a questionar mais seriamente quem era Deus e quem éramos nós. Lembrávamos o que Francisco viu na grande claridade de sua experiência incandescente: que o conhecimento de Deus e o conhecimento de si mesmo são inseparáveis e que, uma vez que se fundem, somos transformados para sempre. Indagávamos o que seria “a bola dourada” em nosso estilo de vida, com a qual faríamos a dádiva de nós mesmos a Deus.

Vimos que se Francisco podia sentir simultaneamente as emoções conflitantes de medo, alegria, admiração e sofrimento, nós também deveríamos estar dispostos a parar de nos agarrar a um único estado mental dominante, com o qual ficamos habitualmente obcecados – não deveríamos nos identificar com nossa ira, medo ou desejo, por exemplo. E que precisamos aprender a nos desapegar de todos os nossos sentimentos para estarmos abertos ao mistério de Deus em toda a extensão da nossa humanidade.

Vimos como, em sua simplicidade, Francisco ilustrou a dimensão trágica da vida em que alegria e sofrimento são parceiros inseparáveis. Questionamos a fixação da nossa cultura na busca da felicidade, que nega a nossa inescapável condição de mortalidade e nossas imperfeições essenciais. No sinal misterioso da união de Francisco com Cristo, pudemos sentir como o desejo de união, que é a mais profunda de todas as nossas aspirações, só pode acontecer com pureza de coração e intensa entrega. A união acontece quando ela é o nosso único desejo: quando o drama habitual de desejos conflitantes, que nos fazem repetir padrões antigos de fracassos, tiver sido radicalmente simplificado.

Quando lemos que Francisco, ao deixar o Monte Alverne montado em uma mula, por causa da dor que sentia em seus ferimentos, começou – na última fase de sua vida – a curar os sofrimentos dos outros, compreendemos que nenhuma experiência identificável como tal pode ser considerada definitiva. Estamos sempre seguindo adiante. “Os anjos ficam parados – diz um ditado judeu – o Santo está sempre em movimento”.

Finalmente, indagando quem seria realmente Francisco, vimos como ele se tornou um amigo da humanidade, um dos grandes boddhisatvas cristãos. A escolha de Assis pelo Papa João Paulo II como local para o encontro histórico da oração ecumênica em 1988, reunindo dirigentes religiosos de todas as crenças, foi inspirada pela amizade universal a que se dedicou Francisco. Os santos, assim nos parece, não são somente para ser venerados como paradigmas de excelência, mas devemos nos aproximar deles como amigos para a jornada espiritual, com a humildade de Cristo, superando o paradoxo de uma intimidade universal que parece impossível sem eles.

FERIDOS QUE CURAM
Depois de receber os estigmas de Cristo, Francisco ficou marcado como a expressão viva do arquétipo de santo, sábio ou xamã. Mas no sentido cristão, e de forma ainda mais expressiva, ele personifica o ferido que cura. Numa ocasião em que Frei Rufino tocou Francisco e colocou com curiosidade sua mão na chaga aberta do lado, Francisco se encolheu de dor.

Como ele, nós também às vezes invadimos as feridas íntimas de outros – a mídia atual ganha muito com isto. Nós sabemos como os nossos ferimentos mais profundos podem gritar de dor quando um pensamento, uma palavra ou ação desatenciosa toca neles.

O toque é um tema dominante na vida espiritual de Francisco. Ele tem um contato alegre com o mundo material e suas múltiplas e esplendorosas belezas. Ele é constantemente mostrado tocando ou sendo tocado por criaturas, humanas e outras. Muitos dos que o tocaram no fim da vida sentiram-se curados simplesmente por fazê-lo. Sua grande singularidade demonstra a espécie superior de sanidade que nos advém quando somos (mesmo que só um pouco) tocados por Deus. As chagas de Francisco foram toques de Deus que o mudaram de forma irreversível.

Somos feridos mais profunda e dolorosamente, não por acidentes que acontecem – não importa quão trágicos sejam – mas pelo amor. Como todos aqueles que sofreram sabem, todo sofrimento é suportável – ou não suportável – proporcionalmente ao grau de amor que conseguimos manter vivo. Entretanto, o próprio amor é o maior ferimento que a humanidade é capaz de infligir. Existe o doce ferimento do amor, que pode transformar a personalidade e nossos poderes de percepção. Pode elevar-nos de um mundo preto-e-branco, unidimensionado, para um universo multicolorido não sonhado e de perspectivas cambiantes.

E existe o ferimento amargo, quando o amor é retirado, quando sua expressão emocional murcha, quando é inexistente ou traído. Ou quando morre a pessoa que amamos. Como nos estava ensinando o tema emergente do Retiro, abrir-se ao doce ferimento (do amor) como Francisco se abriu às “alegrias da contemplação”, também nos expõe ao lado cortante da espada, à realidade do amor, ao ferimento amargo e à dor da perda irremediável.

O ferimento é uma experiência rara de permanência. A maioria das coisas que acontece não dura. Necessitamos, portanto, distinguir entre ferimentos e golpes, as frustrações e os desapontamentos que acontecem na vida e que podem ser amargamente dolorosas, mas que, com o tempo, podem até desaparecer da memória: o fracasso de um exame, perdas financeiras, desencontros. De tudo isso nós nos recuperamos. Entretanto, os ferimentos nos marcam para sempre e alteram a química mais profunda de nossa percepção e o próprio funcionamento de nossa identidade. Um ferimento significa que nada será mais como antes. O tempo conserta os golpes, mas não cura ferimentos profundos. Somente a eternidade, a imersão do momento presente nas águas da presença de Deus, pode curar um ferimento. Assim como o ferimento da morte de Cristo só pode ser curado pela Ressurreição, quando Ele mergulhou nas escuras profundezas de sua divindade.

OS FERIMENTOS AO PASSAR DO TEMPO
Claro que os sentimentos e os significados associados aos ferimentos vão mudando com o tempo. Todo significado surge, dentro do seu contexto, na leitura do que estamos analisando. Não podemos ver o significado da experiência de Francisco no Monte Alverne fora do contexto da sua própria vida e da sua cultura histórica. O significado dos nossos próprios ferimentos – que, com freqüência, no princípio nos parecem horrorosamente sem significado – começa a surgir à medida que os vamos vivendo em relação com outros eventos e esquemas de nossa vida.

Isto quando o sofrimento nos permite continuar conscientes o suficiente para proceder assim. Mas ferimentos nunca podem ser eliminados, assim como um fim ou um princípio jamais podem ser repetidos. São parte da nossa história e, nesta história, não obstante pareça um átomo insignificante no universo, é uma partícula única e indispensável na constituição do cosmos. Nossos ferimentos estão, portanto, entre as forças mais sagradas que dão forma à nossa existência e fazem o próprio mundo ser como é.

É importante evitar o sentimentalismo ou o excesso de otimismo com referência ao nosso sofrimento, porque ambos podem inibir a esperança. Ser ferido é perigoso. Pode aleijar ou até destruir a personalidade. Pode nos empurrar da borda para dentro do desespero ou nos entrincheirar em um isolamento medroso e cínico, além de amargurar involuntariamente o nosso espírito. Até pior – e as histórias de famílias e nações estão repletas de exemplos: os ferimentos podem nos transformar em inimigos da humanidade, demônios cheios de ódio contra Deus, cruéis e selvagens para com os outros.

“O ferimento aceito dentro da maneira de ser do mundo” – como nos diz São Paulo – leva-nos à morte. Nesse estado de morte somos esvaziados de toda a compaixão, coma os campos nazistas de extermínio – dirigidos por pessoas comuns não tão diferentes de nós mesmos – não nos deixam esquecer. E podemos nos tornar especialmente vingativos com os que são mais fracos do que nós e estão mais feridos. Podemos nos transformar em feridos que ferem. Ou feridos que curam. Como Francisco e seu modelo, Cristo.

Como aconteceu com Queirão no mito grego. Filho do deus Cronos e da ninfa terrestre Fílira, Queirão teve a infelicidade de nascer como um centauro, meio humano – a parte superior do seu corpo – e meio cavalo. Quando sua mãe o viu, ao nascer, ficou tão revoltada que conseguiu ser transformada em um limoeiro para que não pudesse amamentá-lo. Assim, seu primeiro ferimento foi a rejeição. Mas Apolo o adotou – pelo menos em sua parte superior – e lhe deu treinamento para aperfeiçoar-se em todas as artes e no conhecimento. Queirão transformou-se em um grande mestre e mentor para muitos dos maiores heróis gregos, incluindo o próprio Héracles. Um dia, em uma festa com centauros que se desgovernaram, Héracles teve que lançar uma flecha envenenada para acabar com a desordem. Acidentalmente, a flecha atingiu Queirão. Sendo filho de um deus – logo, imortal – a flecha não poderia matá-lo, mas deixou-o em agonia permanente e amargurada.

Sua vida mudou. Viu-se forçado a retirar-se para uma montanha para cuidar de sua chaga incurável. Desta maneira, Queirão transformou-se em perito nas artes da cura e dos poderes medicinais da natureza. Com a aproximação dos que sofriam e vinham procurá-lo, nele também cresceu a compaixão por eles. Não eram mais os famosos e poderosos que vinham até ele, mas os pobres e esquecidos. A todos, Queirão curava com o poder do seu recém-desenvolvido conhecimento, e eles partiam agradecidos, mas se perguntavam por que ele, que curava os outros, não podia curar a si próprio.

Héracles (o que feriu curando), durante outra de suas aventuras, encontrou uma saída para Queirão. Conseguiu que Zeus concordasse em libertar Prometeu do seu tormento se fosse encontrado um imortal que se dispusesse a dispensar sua imortalidade e a morrer. Queirão aceitou a proposta e, ao aceitar a mortalidade e morrer, disse sim para o que realmente era. Ele assim iniciou um novo tipo de heroísmo, deixando de lado suas tentativas inúteis de curar seus próprios ferimentos, de ser o seu próprio redentor. A morte não tinha grande atração ou glória, mas continha uma verdade sombria e profunda que não poderia ser expressa nem por todos os poderes de Apolo.

Ele morreu e, como todos os mortais, desceu ao mundo interior. Atravessou o Estige, fronteira entre a consciência dos vivos e dos mortos; pagou a sua moeda ao barqueiro sem rosto, atravessou os campos cinzentos de Asfodel – onde os mortos à espera do julgamento piavam como morcegos – e, diante dos que reinavam no Hades, aguardou o seu julgamento. O mito nos conta que ele permaneceu ali por nove dias obscuros. Zeus então o salvou do Hades e o alçou acima da terra para fazê-lo para sempre uma constelação no céu: um ensinamento escrito no céu para todos lerem.


E onde fordes, proclamai que o Reino dos Céus
está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os
mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios.
De graça recebestes, de graça dai (Mt 10, 7-8)

Jesus, sempre consciente da sua morte iminente, e ferido pela rejeição e pelos mal-entendidos, ficou conhecido entre os seus contemporâneos, sobretudo, como aquele que curava. O convite que faz aos seus seguidores, para imitarem o que fazia quando curava o sofrimento humano, confere dignidade aos que estão feridos. Enquanto pensarmos que são os sadios que curam, estaremos subscrevendo o culto do poder. Nossa percepção da realidade ficará distorcida pela busca obsessiva da felicidade e pela fuga do sofrimento, empreendidas pelo ego.

O segredo do Monte Alverne não é, afinal, tão esotérico. Ele abre uma visão de suprema felicidade humana – a ventura de conhecermos a nós mesmos e a Deus, no amor de Cristo. Nele podemos também acreditar, porque não foge da realidade do sofrimento – do qual não há como escapar. A sabedoria de Francisco, assim como a sabedoria de Jesus, nos ensinam que a nossa vulnerabilidade ao sofrimento não é um impedimento para a prestação de serviços amorosos aos outros. E mesmo condição para que possamos aliviar o sofrimento do próximo.

Enquanto perseguirmos a nossa própria felicidade como a primeira das prioridades, nós faremos isso, de forma consciente ou não, à custa do bem-estar de outrem. Mas, se aliviarmos a dor do outro, encontraremos a plenitude do ser para a qual fomos criados. Curar – enquanto nós mesmos estamos feridos – não está, no entanto, no campo da experiência do ego.


Aquele que não toma a sua cruz e me segue
não é digno de mim. Aquele que procura a si mesmo
acabará por se perder e quem se esquecer de si mesmo,
por amor de mim, acabará por encontrar-se
(Mt 10,38-39).

Pode-se compreender melhor o significado da experiência de Francisco, no Monte Alverne, no contexto da sua oração, assim como nossa vivência consciente, a partir desses paradoxos do espírito, dependerá da profundidade da nossa oração. Na oração de Francisco, a ênfase não está essencialmente nas visões, revelações e milagres que enchem sua biografia. A meditação logo nos ensina que não precisamos dessas coisas e não devemos procurar tais experiências.

Até para Francisco elas não foram a substância do seu relacionamento com Deus, como o mostra a sua vida em comunidade e a sua insistência no valor supremo da pobreza e da humildade. Mais significativa é a sua contínua perseverança no aprofundamento da oração. Ele retornava freqüentemente a períodos de solidão e aprofundava a sua aceitação de todo o espectro da realidade, o que o tornou tão profundamente sensível à presença e à atividade de Deus em tudo, em toda manifestação da natureza, como o mostra o seu Cântico das Criaturas. “Despertado por todas as coisas para o amor de Deus… nas coisas belas ele encontrava a própria beleza”.

Vistos através deste prisma, o amor de Francisco pela criação e a ênfase de São João da Cruz sobre o desapego a todas as criaturas parecem complementares, em vez de opostos inconciliáveis, como poderia parecer. Vemos desapego também em Francisco, e celebração e louvor em João da Cruz. Onde se vive a plena verdade, os opostos coexistem. Não apenas alegria e sofrimento. Mas também a vida e a morte. Quando o percebemos, sabemos o que a vulnerabilidade de Cristo ao sofrimento proclama: a vida não é negada pela morte, mas consiste no ciclo de morte e renascimento. Este ciclo vai levar, na plenitude dos tempos, ao estado sem morte que Francisco suplicou lhe fosse dado experimentar antes da sua união com Cristo no Monte Alverne:


E como continuasse neste propósito, um anjo
lhe apareceu em grande glória, trazendo
um cálice na mão esquerda e uma flecha
na mão direita. Enquanto Francisco se admirava
com esta visão, o anjo atravessou o cálice
uma vez com sua flecha, e imediatamente Francisco
ouviu uma melodia tão doce que sua alma se encheu
de encantamento – o que fez que ele ficasse
insensível a toda sensação do corpo. Como
posteriormente contou a seus companheiros,
caso o anjo passasse novamente a flecha pelo cálice, tinha dúvidas
se a sua alma não teria deixado seu corpo por causa da doçura intolerável
(Segunda Consideração dos Sagrados Estigmas).

A meditação não procura – nem rejeita – tal experiência. Ela nos leva a profundezas para além do ego em que a experiência de Deus é possível e transcende todo desejo do ser consciente. Não estamos buscando a plenitude mística, mas a união no mistério do amor. O/a meditante precisa tornar-se um ferido que cura ao penetrar fielmente neste mistério de alegria e sofrimento, rejeitando todo escapismo e falsa consolação.

Esta fidelidade remove gradualmente a montanha do egotismo. É um partilhar a vida do Cristo, que é seu contínuo morrer e ressuscitar em nós.

Incessantemente e em toda a parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo (2Cor 4,10).

Quando deixamos também o Monte Alverne – para o próximo passo da nossa peregrinação individual – nós o fizemos alimentados pela comunidade que havíamos partilhado e as verdades que experimentamos na companhia uns dos outros. Este me pareceu ser o poder da comunidade que vem à tona com a meditação, e que tantos, hoje, estão ansiosos por sentir, muitas vezes sem o saber. Que a nossa prática diária contínua permita a cada um de nós participar na cura do nosso mundo.

COM MUITO AMOR, DOM LAURENCE

(*) Exte texto foi publicado na revista “Grande Sinal”, de propriedade da Província Franciscana da Imaculada Conceição e editada pelo Instituto Teológico Franciscano (ITF). O texto desta meditação, tirado de Meditação Cristã – Boletim Internacional (23 Kensington Square – London W8 5HN – UK, fascículo de junho de 1998), foi gentilmente cedido a “Grande Sinal” pelo Núcleo de Meditação Cristã do Rio de Janeiro. Tradução a cargo de Maria Antonieta Garcia de Souza; revisão, Sérgio de Azevedo Morais.

Nota da Redação da Grande Sinal
Dom Laurence Freeman, OSB, mostra uma faceta fundamental da mística do Seráfico Pai, Francisco de Assis, portador dos estigmas de Jesus cristo, Trata-se de um tema que interessa, não só aos membros da Familia Franciscana, mas a todos/as aqueles/as que desejam atingir a plena identificação com Jesus cristo, nosso Redentor, em sua dura paixão, morte infamante e ressurreição gloriosa. Até que um dia todos possam dizer, como Paulo: ‘Já não sou eu que vivo, mas é o cristo quem vive em mim”

Pia União de Santo Antônio

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