Os fiéis de todos os tempos veneram com carinho a Senhora das Dores perpetuada na belíssima escultura da Pietà de Michelangelo. Ao pé da cruz ela é ao mesmo tempo a Senhora das dores e aquela que, com o Filho, entrega-se ao Pai na confiança.
Maria das Dores nos lembra tantas outras Marias que andam à nossa volta: Maria José, Maria Clara, Maria da Penha. Todas elas marcadas por dores doloridas e doídas. Há a Maria que tem um filho na prisão. Todas a semanas ela se dirige à cadeira para ver o filho, rezar meia dúzia de rezas e levar-lhe um bife à milanesa e um pedaço de torta de limão ou de maracujá. Cada vez que ela volta para casa reza com confiança os mistérios dolorosos do terço de Nossa Senhora. Há a Maria mulher de um marido quase irresponsável, fraco, homem sem fibra. Há essa Maria que vai sozinha à missa, lamentando a ausência do marido e dos filhos que a classificam de beata e nunca mais se interessaram pelo evangelho.
Quando começou a se urdir o drama do Calvário talvez Maria estivesse em Nazaré. Como era o tempo da Páscoa vem com parentas e amigas à capital religiosa de seu povo. Passa, então, a acompanhar os últimos momentos da trajetória de Jesus. Está ao pé da cruz, como um soldado de prontidão. Tem o vento da planície a afagar-lhe o rosto. Aos poucos todos, diante do “fracasso” de Jesus, começam a se retirar…Ela e o discípulo permanecem no quadro da suprema realização da redenção. Segundo João, Jesus lhe dá João como filho à Mãe e a João, a Maria, como Mãe…Maria tem as mãos apoiadas no madeiro da cruz, cravando na cruz suas unhas. Ouve o filho rezar o salmo: “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?”. Faz-se uma única oferenda com a oferenda do seu Menino das Palhas. Depois que o Filho expira entra no mistério do silencio, sem revolta, silêncio misterioso. Dizer o que? Para que? Pode-se imaginar que, depois que o Filho foi descido da cruz, tenha sido colocado em seu regaço. Ela como que tenta aquecer o corpo gélido daquele que ela havia enrolado em paninhos quentes… Maria, poderia fazer suas as palavras da Escritura antiga: “Ó vós que passais pelo caminho, vede se há dor igual à minha dor”. Talvez naqueles momentos finais ela se tenha lembrado das palavras do velho Simeão: “Teu coração será traspassado por uma espada de dor”. Maria, a sublime e grandiosa Senhora das Dores.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
A Coroa de Nossa Senhora das Dores teve início na Itália em 1617, por iniciativa da Ordem dos Servos de Maria, assim como a Missa de Nossa Senhora das Dores, que hoje é celebrada em toda a Igreja no dia 15 de setembro.
A Coroa é um dos frutos do carisma mariano da Ordem, cultivado desde 1233, ano de sua fundação.
A Coroa surgiu inicialmente como alimento da piedade mariana dos leigos reunidos em grupos chamados Ordem Terceira.
A Coroa das Dores teve sempre a aprovação dos Papas.
Introdução
D- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
R- Amém!
D- Nós vos louvamos, Senhor, e vos bendizemos!
R- Porque associastes a Virgem Maria à obra da salvação.
D- Nós contemplamos vossas Dores, ó mãe de Deus!
R- E vos seguimos no caminho da fé!
Primeira Dor - Profecia de Simeão
Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma (Lc 2,34-35).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Segunda Dor - Fuga para o Egito
O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito (Mt 2,13-14).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Terceira Dor - Maria procura Jesus em Jerusalém
Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e o procuraram entre parentes e conhecidos. E, não o achando, voltaram a Jerusalém à procura dele (Lc 2,43b-45).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Quarta Dor - Jesus encontra a Sua Mãe no caminho do Calvário
Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam (Lc 23,26-27).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Quinta Dor - Maria ao pé da Cruz de Jesus
Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua Mãe! (Jo 19,15-27a).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Sexta Dor - Maria recebe Jesus descido da Cruz
Chegada a tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a véspera de sábado, veio José de Arimatéia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o corpo da cruz (Mc 15,42).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Sétima Dor - Maria deposita Jesus no Sepulcro
Os discípulos tiraram o corpo de Jesus e envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus (Jo 19,40-42a).
1 Pai Nosso; 7 Ave Marias
Ladainha de Nossa Senhora das Dores
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, que estais nos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Espírito Santo Paráclito, tende piedade de nós.
Trindade Santa, Deus uno e Trino, tende piedade de nós.
Mãe de Jesus crucificado, rogai por nós.
Mãe do Coração Transpassado, rogai por nós.
Mãe do Cristo Redentor, rogai por nós.
Mãe dos discípulos de Jesus, rogai por nós.
Mãe dos redimidos, rogai por nós.
Mãe dos viventes, rogai por nós.
Virgem obediente, rogai por nós.
Virgem oferente, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Virgem do silêncio, rogai por nós.
Virgem da espera, rogai por nós.
Virgem da Páscoa, rogai por nós.
Virgem da Ressurreição, rogai por nós.
Mulher que sofreu o exílio, rogai por nós.
Mulher forte, rogai por nós.
Mulher corajosa, rogai por nós.
Mulher do sofrimento, rogai por nós.
Mulher da Nova Aliança, rogai por nós.
Mulher da Esperança, rogai por nós.
Nova Eva, rogai por nós.
Colaboradora na salvação, rogai por nós.
Serva da reconciliação, rogai por nós.
Defesa dos inocentes, rogai por nós.
Coragem dos perseguidos, rogai por nós.
Fortaleza dos oprimeidos, rogai por nós.
Esperança dos pecadores, rogai por nós.
Consolação dos aflitos, rogai por nós.
Refúgio dos marginalizados, rogai por nós.
Conforto dos exilados, rogai por nós.
Sustento dos fracos, rogai por nós.
Alívio dos enfermos, rogai por nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
D- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Amém.
Oração
Ó Deus, por vosso admirável desígnio, dispusestes prolongar a Paixão do vosso Filho, também nas infinitas cruzes da humanidade.
Nós Vos pedimos: assim com oquisestes que ao pé da Cruz do Vosso Filho, estivesse Sua Mãe, da mesma forma, à imitação da Virgem Maria, possamos estar sempre ao lado dos nossos irmãos que sofrem, levando amor e consolo.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
franciscanos.org.br