“Simão, tu és um homem correto, polido, educado, respeitoso. Toma isto como um sincero elogio de minha parte. O gesto de me teres convidado para uma refeição em tua intimidade denota esse senso de cortesia de que és possuído. Mas, parece que as coisas que se passaram durante minha permanência em tua casa não te agradaram. Estou me referindo ao que fez essa mulher conhecida por todos pecadora. Ela ficou sabendo que eu estaria e veio. Ela se fez presente densamente diante de mim. Confesso que fiquei impressionado com sua postura e seus gestos. Ela me lavou os pés com os rios de lágrimas de seus olhos, secou-os com seus cabelos e deitou perfume. Teu julgamento a respeito da cena estava claro nas rugas de tua fronte. Um profeta de verdade saberia a qualidade de vida dessa mulher que lhe lavava os pés. E eu sabia, Simão…Quem nesta sala está isento de pecado? Fique claro: essa mulher que muito ama tem direito ao perdão. Ama mais intensamente e é mais amado aquele a quem muito se perdoa! Não foi o caso dela?
Vem cá: vê ali aquela mulher. Quando entrei na tua casa tu não me ofereceste água para lavar os pés… com suas lágrimas ela mos lavou. Tu me recebeste corretamente, sem mais… é tua maneira de ser…Ela foi mais efusiva. Tu não me deste o beijo de saudação… e ela… tu o sabes. Por essas manifestações de arrependimento, por estas demonstrações de gentilezas os pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela manifestou que muito ama.
Agora peço-te licença para dirigir uma palavra a esta que tu, meu amigo, julgaste com certa dureza: “Mulher, teus pecados te são perdoados. Tua fé te salvou. Eu sou o enviado do Pai para curar as feridas dos corações contritos. Vai em paz e não tornes a pecar”.
Simão, tenho a te dizer que o coração dessa mulher me comoveu. Quem sabe tu também, ao longo de tua vida, possas ganhar a graça da penitência e a força da fé. Espero que nunca esqueças a cena que se passou em tua casa…
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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