SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



terça-feira, abril 30, 2013

A força divina que sustenta o discípulo na caminhada - liturgia do dia


Primeira leitura - At 14,19-28
Salmo - Sl 144
Evangelho - Jo 14,27-31a

LITURGIA DIÁRIA

Jesus, sabendo que estava próxima a hora de sair deste mundo, não queria partir sem dar segurança, tranquilidade, amparo, vitória, enfim, garantia de vida plena. Então, Ele se levanta e pronuncia as benditas palavras: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo”.

Nesta expressão, vemos a clara manifestação da personalidade de Jesus. Ele é, por natureza, comunicador da paz. Sem dúvida, não estamos às voltas com uma espécie de paz intimista e sentimental. A paz de Jesus é muito mais do que isto, é um dom de Cristo para Seus discípulos, em vista do testemunho ao qual são chamados a dar. Ela visa a ação, por isso não pode se reduzir ao sentimento. A paz de Jesus tem como efeito banir do coração dos discípulos todo e qualquer resquício de perturbação ou de temor que leva ao imobilismo. Possuindo o dom da paz, eles deveriam manter-se imperturbáveis, sem se deixar intimidar diante das dificuldades.

Assim pensada, a paz de Jesus consiste numa força divina, não deixando que os discípulos rompam a comunhão com o Mestre. É Jesus mesmo, presente na vida dos discípulos, sustentando-lhes a caminhada, sempre dispostos a seguir adiante com alegria, rumo à casa do Pai, apesar das adversidades que deverão enfrentar.

A paz do mundo é bem outra coisa. Encontra-se na fuga e na alienação dos problemas da vida. Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança ingênua em Deus do qual tudo espera sem exigir colaboração. Neste sentido, ela conduz à morte!

O discípulo sensato rejeita a paz oferecida pelo mundo para acolher aquela que Jesus oferece.

A paz do Senhor é fruto da prática fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade dos homens e mulheres. É a paz do reencontrar a vida na união de vontade com o Pai.

Reze comigo: “Jesus, Príncipe da Paz, dai-me a constância na fé e na esperança para que jamais duvide das Suas promessas. Que eu tome posse da Sua Paz, que me tranquiliza a alma e me faz mais do que vencedor, porque o Senhor está comigo e em mim. Amém”.

Jesus, Principe da Paz, dai-nos a paz!

Padre Bantu Mendonça
cancaonova.com

segunda-feira, abril 29, 2013

Santa Catarina de Sena e a liturgia do dia

Santa Catarina de Sena, virgem e doutora
Atos 14, 5-18; João 14, 21-26

Neste dia, celebramos a vida de uma das mulheres que marcaram profundamente a história da Igreja: Santa Catarina de Sena. Reconhecida como Doutora da Igreja, era de uma enorme e pobre família de Sena, na Itália, onde nasceu em 1347.

Voltada à oração, ao silêncio e à penitência, não se consagrou em uma congregação, mas continuou, no seu cotidiano dos serviços domésticos, a servir a Cristo e Sua Igreja, já que tudo o que fazia, oferecia pela salvação das almas. Através de cartas às autoridades, embora analfabeta e de frágil constituição física, conseguia mover homens para a reconciliação e paz como um gigante.

Dotada de dons místicos, recebeu espiritual e realmente as chagas do Cristo; além de manter uma profunda comunhão com Deus Pai, por meio da qual teve origem sua obra: “O Diálogo”. Comungando também com a situação dos seus, ajudou-o em muito, socorrendo o povo italiano, que sofria com uma peste mortífera e com igual amor socorreu a Igreja que, com dois Papas, sofria cisão, até que Catarina, santamente, movimentou os céus e a terra, conseguindo banir toda confusão. Morreu no ano de 1380, repetindo: "Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja".



Daqueles que escutam e guardam a palavra

Continuamos a refletir sobre o Discurso de Despedida de Jesus constante do quarto evangelho. Jesus continua a falar do tema do amor. “Quem acolheu os meus mandamentos e os observa esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Houve a manifestação de Deus a todos os homens em Jesus Cristo. Desde os anúncios vétero-testamentários, passando pelos relatos do anjo a Maria, do nascimento e da infância, da vida de anunciador da Boa Nova e de cuidador dos mais abandonados e dos pobres, de sua paixão, morte e ressurreição esse Jesus foi conquistando o amor. Ora, os que amam a Jesus são amados pelo Pai.

Jesus diz que não se manifestará ao mundo, mas aos seus discípulos. E João nos transmite uma das mais belas palavras dos evangelhos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nos viremos a ele faremos nele a nossa morada”. Os que ouvem a Palavra feita carne, os que ouvem o Senhor nas Escrituras, nos cantinhos do coração, os que escutam seus gritos nos mais desgraçado dos seres humanos e põem em prática o que ele pede passam a ser morada e casa da Trindade.

Belamente assim se exprime o autor do comentário do Missal Cotidiano da Paulus: “Em Jesus, Deus se manifesta “espiritualmente” aos que creem e fecha-se em face do mundo incrédulo. Sem excluir a gloriosa manifestação no fim dos tempos (parusia), a experiência cristã dá-se no segredo da pessoa, de modo íntimo, espiritual. Deus Pai não mais se manifesta no trovão ou nos raios como no Sinai, e sim através da brisa ligeira (1Rs 19,12). Quando quer fazer a mais profunda revelação de sua salvação, de seu amor, de sua paternidade, Deus recusa o espetacular. Esta manifestação íntima e pessoal processa-se pela mediação e ação interiorizante do Espírito Santo. Este se torna, para a Igreja e para o cristão, o impulso dinâmico que faz viva, atual e criadora a interpretação (= nova manifestação) da palavra de Deus” (p. 429).

“Isto eu vos disse enquanto estava convosco. Mas, o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos tenho dito”.

Os que escutam e guardam a Palavra são templos vivos do Senhor.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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domingo, abril 28, 2013

Quando se ama de verdade - V Domingo de Páscoa

Atos 14, 21-27; Apocalipse 21, 1-5; João 13, 31-35


Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13, 35).


Aos poucos vamos avançando em nosso grande e alegre retiro do tempo pascal. O evangelho, hoje proclamado, é tirado do Discurso de despedida de Jesus, no texto do quarto evangelista. O Mestre está consciente da proximidade de sua paixão e morte. O traidor já saiu para realizar seus propósitos. Jesus afirma: “Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco”. Tem diante de seus olhos o espectro da paixão. Será preciso ficar fiel ao Pai até o fim. Ele viera da parte de seu Pai para salvar o mundo, para resgatar os perdidos, para dizer com palavras e gestos que o amor é mais forte do que o ódio, que a morte é vencida pela força do amor. Poderá dizer que amor é dar a vida pelos seus.

Jesus fala de um mandamento novo. Existem muitas modalidades de bem-querer, de amor. Há esse amor “química”. Há os laços amorosos entre homem e mulher, pais e filhos, parentes, amigos. Nem sempre esses amores se revestem de limpidez. Há sentido de posse. Não poucas vezes ficamos sabendo de crimes passionais, de pais que são assassinados pelos filhos, de amigos que se tornam inimigos. Muitos discursos sobre o amor, cheios de emotividade e regado com lágrimas que secam rapidamente, não podem ser classificados de amor.

Amar é desejar que o outro seja e seja em plenitude. É dar espaço para que ele cresça. É se interessar pelo seu presente e ajudá-lo a preparar o futuro. É incentivar, animar, ajudar. É corrigir, exortar, agir com firmeza. É dizer sim quando o sim faz crescer. É colher aquele que está jogado à beira da estrada, levá-lo pessoalmente à hospedaria do coração, curar-lhe as feridas, deixar dinheiro na recepção para que suas necessidades possam ser atendidas.

Amar é dar tempo para o outro, vida para os desanimados. É inventar meios e modos de quebrar a solidão do semelhante. É colocar esse outro em primeiro lugar. É dominar o desejo legítimo de brigar, de gritar e de vociferar quando alguém é atingido em sua honra e em seus bens. É ter, como dizia Francisco de Assis, o inimigo como irmão.

Amar é engajar-se em todos os movimentos que libertam as pessoas da miséria, que defendem seus direitos, buscar os dependentes de álcool e de drogas. É visitar os presos que vivem no inferno de nossas prisões, os doentes que esperam apenas a chegada da morte.

Nada mais importante e urgente que o amor. Trata-se de amar na qualidade do amor do Senhor Jesus. É esse o novo mandamento. “Como eu vos amei, assim vós deveis amar-vos uns aos outros”.

Retomamos a passagem do evangelho que abriu esta nossa reflexão: não temos uma carteira numerada que garanta que somos discípulos de Jesus. Não são as missas e orações, eventuais jejuns e penitências que provam que somos discípulos. Seremos assim reconhecidos se tivermos amor uns pelos outros e ponto final…

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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sábado, abril 27, 2013

A Igreja de Francisco

Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)


Como costumo fazer quando estou em casa, na manhã do dia 18 de março folhei os jornais de Dourados, a cidade onde resido. Num deles, encontrei dois artigos sobre o Papa Francisco, assinados por pessoas que considero amigas de longa data. Referindo-se aos primeiros dias do pontífice, um articulista dizia: «Sem dúvida, ele deverá cativar as pessoas com muita facilidade, o que vai ser muito bom para a Igreja, que precisa amenizar a carranca e guardar a solenidade para dentro dos templos!».

Preciso reconhecer que, mais do que a simpatia transmitida pelo novo papa, o que ficou gravado no meu coração foi a “carranca” da Igreja. Certamente, como tantos outros cristãos, o autor ficou tocado pela graça de Deus que irrompe nos ambientes onde Francisco aparece. No domingo em que ele escreveu o artigo, o papa, no final da missa que rezou na igreja de Santana, colocou-se à porta e se entreteve com os fiéis que haviam participado da celebração. Foi uma festa. As pessoas repetiam comovidas: «O papa me abraçou! Ele sorriu para mim!».

Confesso que, se a “carranca” da Igreja corresponde à realidade, devo reconhecer que estávamos realmente precisando de um papa que nos lembrasse uma das principais razões que levou João XXII a pensar no Concílio Vaticano II, como ele mesmo explicou no dia de sua inauguração, 11 de outubro de 1962: «A Igreja Católica quer ser mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos que dela se separaram».

Quando eu era criança – antes do Concílio – a “linha dura” prevalecia em toda a parte, inclusive nos seminários onde se preparavam os sacerdotes. A metodologia empregada para “educar” e “convencer” não dispensava a palmatória. Formados sob uma disciplina férrea, havia padres que acabavam por adotar o mesmo estilo no trato com o povo que lhes cabia dirigir. Enérgicos e autoritários, mais do que amados, eram temidos e mantidos à distância. Contudo, pela solidez de seus princípios morais e espirituais, a maior parte deles muito contribuiu para o desenvolvimento das comunidades. Mas, não se pode negar, também contribuiu para a “carranca” da Igreja...

O Concílio terminou no dia 8 de dezembro de 1965, quando se iniciava uma profunda revolução cultural na história da humanidade, uma autêntica mudança de época. Em toda a parte, explodiram revoltas populares exigindo democracia, igualdade e justiça. Na Europa, a juventude deu o grito de largada, que se alastrou por inúmeros países. Na África, o processo de descolonização caminhou a passos de gigante. Na América Latina, nasceram as Comunidades Eclesiais de Base e a Teologia da Libertação. Em contato direto com o sofrimento do povo, espoliado pelo poder econômico, não poucos padres e religiosos optaram por ideologias que lhes pareciam mais eficazes do que a “prudência” da Igreja na solução dos problemas sociais. Infelizmente, o radicalismo iracundo de alguns deles também colaborou para a “carranca” da Igreja.

“Tese, antítese e síntese” parece ser o processo normal do amadurecimento cultural e social da humanidade. É o que percebo também na Igreja. Depois de uma época em que alguns agentes de pastoral privilegiavam a salvação da alma, surgiu um período em que a Igreja parecia transformar-se numa “piedosa ONG” – como disse o Papa Francisco aos cardeais no dia 14 de março, logo após a eleição – destinada a resolver os problemas do povo. Graças a Deus, de uns anos para cá voltamos a descobrir a síntese proposta pelo Evangelho: «Se um irmão não tem o que vestir ou comer, e você lhe diz: “Vá em paz, se aqueça e coma bastante”, sem lhe dar o necessário, que adianta isso? Sem obras, a fé está morta!» (Tg 2,15-17).

O articulista de Dourados pede que reservemos a «solenidade para dentro dos templos». De minha parte, penso que também ali convenha sermos simples e fraternos. Um exemplo concreto: anos atrás, quando uma criança traquinava na igreja, havia padres que bradavam: «Essa criança não tem mãe?». Há poucos dias, durante a missa, um pequerrucho galgou o presbitério, aproximou-se do altar e puxou a túnica do padre. Este o abraçou e lhe perguntou: «O que você quer ser quando grande?». «Padre!», foi a resposta do menino. Se Deus continua falando pela boca das crianças (Mt 21,16), a Igreja do Papa Francisco já começou...

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sexta-feira, abril 26, 2013

POR QUE JESUS PROIBIA A DIVULGAÇÃO DOS MILAGRES?

O leitor do Evangelho segundo Marcos fica intrigado com o paradoxo: nos capítulos de 1 a 10, Jesus atende e cura inúmeros sofredores; infunde esperança nos desanimados e medrosos; e vive e anuncia uma maneira nova de encarar a religião. No entanto, proíbe que divulguem o que faz e quem ele é (cf. 1, 44; 5, 43; 7, 24.36; 8, 26; 9, 30). Quando “espíritos impuros” se dão conta de que ele é o Filho de Deus, Jesus proíbe que espalhem a descoberta (cf. 1, 24-25.34; 3, 11-12). Esse “segredo messiânico” é um dos fios condutores de Marcos.

Motivos? Primeiro, por questão de segurança. Entre os conterrâneos de Jesus, havia forte clima de revolta contra os romanos, que ocupavam o país com mão de ferro. O agir libertador de Jesus podia reforçar ondas de messianismo político-militar, que seriam reprimidas. Mas então, por que Jesus fazia as curas em público? Por que difundia mensagens tão explosivas? Por solidariedade com essa gente desprotegida; mostrava assim de que lado Deus está, e qual a nova sociedade que ele queria estabelecer a partir dos excluídos – o Reino de Deus. O jeito era combinar coragem com prudência.

Mera tática, então? Não. Ao longo da Bíblia, mas de modo eminente na vida de Jesus, Deus usa uma pedagogia que faz crescer: ora se manifesta, ora se esconde. Nem todos tiram proveito dessa pedagogia. O paradoxo “manifestação de Jesus X proibição de manifestar quem ele é” é reforçado por outro: Jesus faz e ensina coisas maravilhosas; mas muitos não conseguem enxergar seu sentido, há uma cegueira de autoridades religiosas, concidadãos, familiares e até de discípulos mais achegados! Essas pessoas não enxergam porque seus interesses são outros; ou, como no caso dos apóstolos, não são suficientemente amadurecidos na linha de Jesus (cf. 9, 9-13). Notável o caso de Pedro: logo depois de fazer uma bela profissão de fé, é repreendido porque não compreende o espírito de Jesus (cf. 8, 29.33). A todos falta um elemento básico para assimilarem o projeto de Jesus e se converterem: experiência não só da bondade e autoridade do Jesus que cura e ensina, mas também da Paixão, morte e ressurreição do Filho de Deus. Por isso, a referência à Paixão atravessa Marcos como pano de fundo, chave de interpretação do mistério da pessoa e missão de Jesus (cf. 9, 30-32). Os capítulos 9 e 10, do Evangelho de Marcos, através de três conceitos, propõem o caminho: anúncio da Paixão, incompreensão, seguir Jesus até o fim. Para os discípulos, foi uma experiência longa, sofrida, marcante. No final, saberão dizer melhor quem é Jesus e convidar outros a fazer a mesma experiência (cf. 16, 9-15). Antes disso, pouco adianta falar, pelo contrário, pode alimentar concepções de um Jesus messias, político e guerreiro, ou mágico e curandeiro, com risco de esvaziar ou manipular sua causa.

O itinerário que Marcos aponta dá o que pensar. Só palavras e celebrações bonitas e animadas não bastam. Ir atrás de Jesus por entusiasmo do momento, interesses imediatos ou curiosidade pode ser um primeiro passo, mas é pouco. Talvez nossa vida, com suas alegrias e decepções, se for o caso até ao fracasso da cruz, já seja seguimento de Jesus; mas é na família e na comunidade de fé que aprendemos a enxergar o sentido do que nos acontece, e a estarmos abertos à experiência (gratuita!) da ressurreição. Aí, as peças do enigma da vida e da história vão se juntando.

Esse roteiro de vida cristã encaminha respostas pessoais a várias perguntas, hoje de especial relevância: Que significa ser cristão? Em que consiste a espiritualidade cristã? Qual o papel, em tudo isso, da liturgia, da Bíblia, do catecismo, do magistério eclesial? Ao provocar semelhantes questionamentos, misturando fatos ou palavras com interpretação, Marcos torna-se o primeiro catecismo básico da Igreja, insuperável até hoje. É também o primeiro livro de catequética fundamental, o mais profundo e convincente.

Wolfgang Gruen, SDB, biblista
Fonte: Revista Família Cristã

quinta-feira, abril 25, 2013

São Marcos

O evangelho de são Marcos é o mais curto se comparado aos demais, mas traz uma visão toda especial, de quem conviveu e acompanhou a paixão de Jesus quando era ainda criança.

Ele pregou quando seus apóstolos se espalhavam pelo mundo, transmitindo para o papel, principalmente, as pregações de são Pedro, embora tenha sido também assistente de são Paulo e são Barnabé, de quem era sobrinho.

Marcos, ou João Marcos, era judeu, da tribo de Levi, filho de Maria de Jerusalém, e, segundo os historiadores, teria sido batizado pelo próprio são Pedro, fazendo parte de uma das primeiras famílias cristãs de Jerusalém. Ainda menino, viu sua casa tornar-se um ponto de encontro e reunião dos apóstolos e cristãos primitivos. Foi na sua casa, aliás, que Cristo celebrou a última ceia, quando instituiu a eucaristia, e foi nela, também, que os apóstolos receberam a visita do Espírito Santo, após a ressurreição.

Mais tarde, Marcos acompanhou são Pedro a Roma, quando o jovem começou, então, a preparar o segundo evangelho. Nessa piedosa cidade, prestou serviço também a são Paulo, em sua primeira prisão. Tanto que, quando foi preso pela segunda vez, Paulo escreveu a Timóteo e pediu que este trouxesse seu colaborador, no caso, Marcos, a Roma, para ajudá-lo no apostolado.

Ele escreveu o Evangelho a pedido dos fiéis romanos e segundo os ensinamentos que possuía de são Pedro, em pessoa. O qual, além de aprová-lo, ordenou sua leitura nas igrejas.

Seu relato começa pela missão de João Batista, cuja “voz clama no deserto”. Daí ser representado com um leão aos seus pés, porque o leão, um dos animais símbolos da visão do profeta Ezequiel, faz estremecer o deserto com seus rugidos.

Levando seu Evangelho, partiu para sua missão apostólica. Diz a tradição que são Marcos, depois da morte de são Pedro e são Paulo, ainda viajou para pregar no Chipre, na Ásia Menor e no Egito, especialmente na Alexandria, onde fundou uma das igrejas que mais floresceram.

Ainda segundo a tradição, ele foi martirizado no dia da Páscoa, enquanto celebrava o santo sacrifício da missa. Mais tarde, as suas relíquias foram trasladadas pelos mercadores italianos para Veneza, cidade que é sua guardiã e que tomou são Marcos como padroeiro desde o ano 828.

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quarta-feira, abril 24, 2013

Eu vim ao mundo como luz - liturgia do dia

1ª Leitura - At 12,24 - 13,5a

Salmo - Sl 66, 2-3. 5. 6.8 (R. 4)

Evangelho - Jo 12,44-50

Jesus é o grande comunicador do Pai. Ele veio ao mundo não para fazer a própria vontade, mas veio como enviado do Pai para realizar as obras de Deus, e ele foi fiel à sua missão. E a missão que o Pai atribuiu a Jesus é uma missão salvífica: a missão de retirar a humanidade do reino das trevas e introduzi-la no reino da luz. Ser cristão significa ouvir as palavras de Jesus, reconhecer o caráter divino que está presente nela, sentir-se apelado por ela para não mais viver nas trevas do erro, do pecado e da morte, mas sim na luz da verdade, da vida e do amor e responder de forma positiva a este apelo para que, crendo nas palavras de Jesus, creiamos firmemente naquele que o enviou para a nossa salvação.

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terça-feira, abril 23, 2013

23 de abril - São Jorge e liturgia do dia

 
Conhecido como 'o grande mártir', foi martirizado no ano 303. A seu respeito contou-se muitas histórias. Fundamentos históricos temos poucos, mas o suficiente para podermos perceber que ele existiu, e que vale à pena pedir sua intercessão e imitá-lo.

Pertenceu a um grupo de militares do imperador romano Diocleciano, que perseguia os cristãos. Jorge então renunciou a tudo para viver apenas sob o comando de nosso Senhor, e viver o Santo Evangelho.

São Jorge não queria estar a serviço de um império perseguidor e opressor dos cristãos, que era contra o amor e a verdade. Foi perseguido, preso e ameaçado. Tudo isso com o objetivo de fazê-lo renunciar ao seu amor por Jesus Cristo. São Jorge, por fim, renunciou à própria vida e acabou sendo martirizado.

Uma história nos ajuda a compreender a sua imagem, onde normalmente o vemos sobre um cavalo branco, com uma lança, vencendo um dragão:

“Num lugar existia um dragão que oprimia um povo. Ora eram dados animais a esse dragão, e ora jovens. E a filha do rei foi sorteada. Nessa hora apareceu Jorge, cristão, que se compadeceu e foi enfrentar aquele dragão. Fez o sinal da cruz e ao combater o dragão, venceu-o com uma lança. Recebeu muitos bens como recompensa, o qual distribuiu aos pobres.”

Verdade ou não, o mais importante é o que esta história comunica: Jorge foi um homem que, em nome de Jesus Cristo, pelo poder da Cruz, viveu o bom combate da fé. Se compadeceu do povo porque foi um verdadeiro cristão. Isto é o essencial.

Ele viveu sob o senhorio de Cristo e testemunhou o amor a Deus e ao próximo. Que Ele interceda para que sejamos verdadeiros guerreiros do amor.

São Jorge, rogai por nós!

LITURGIA DO DIA


1ª Leitura - At 11,19-26

Salmo - Sl 86, 1-3. 4-5. 6-7 (R. Sl 116, 1a)

Evangelho - Jo 10,22-30

Reflexão 
Colaborar na missão salvífica de Jesus através da ação pastoral da Igreja significa levar as pessoas a reconhecerem nele o Deus vivo encarnado para a salvação de todos os que nele crerem. Para que esta ação surta efeito, o anúncio é necessário, mas por si só é insuficiente. Não basta apenas falar de Jesus, é preciso obras, é necessária a vivência dos valores evangélicos, o amor precisa ser concretizado. Mas acima de tudo, é necessária a consciência de que somos participantes da divina missão de salvação dos homens e que quem realiza esta obra não somos nós, mas sim o próprio Deus, é ele quem pastoreia através de nós. Somos na verdade canais de graça para que os homens ouçam a voz de Jesus, sintam-se integrantes do seu rebanho e o sigam rumo à vida eterna.

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segunda-feira, abril 22, 2013

Síndrome da dispersão: Faça poucas coisas, mas as faça bem

Encontro muitas pessoas que me perguntam: “E aí, padre, correndo muito?”. No começo, eu sentia a obrigação de fazer um relatório completo das mil e uma atividades que me roubavam preciosas horas de sono e ocupavam minha escrivaninha com montes e montes de pastas a considerar e agendas que eu deveria cumprir. Aos poucos, fui percebendo que a sociedade moderna está doente da síndrome da dispersão. Sim, já virou doença. O estresse e a depressão são apenas sintomas dessa causa mais profunda.


Até o que seria um momento de lazer torna-se estressante naquele trânsito parado na descida ou na subida da serra, na padaria que não dá conta dos clientes de fim de semana ou na corrida por aquele pequeno lugar da disputada praia. Estamos doentes. As igrejas multiplicam pastorais e movimentos, nos quais, necessariamente, os cristãos devem estar engajados. Tudo bem. Mas acontece que muitos pertencem a duas, três e até quatro pastorais e simplesmente vivem a semana toda na igreja, muito mais do que com suas próprias famílias.

Padres resolvem ser políticos e médicos pretendem ser gurus; psicólogos querem ser sacerdotes e políticos imaginam ser “deuses”.Todos sentem a obrigação de saber quase nada sobre quase tudo. A superficialidade é filha primogênita da dispersão. Fazemos um amontoado de coisas sem qualidade. Somos obrigados a atingir metas de qualidade total... ou seria de quantidade total?! Nesse caminho, a modernidade enlouquecerá.

Vamos acelerando o carro e, quando percebemos, já passamos, e muito, da velocidade máxima permitida. Reduzir para os 100 quilômetros por hora chega a ser frustrante para aquele que está contaminado pela “síndrome da dispersão”. Parar, então, é simplesmente uma tortura. A ausência da adrenalina pode provocar até doenças físicas. Pasme: estamos viciados em trabalho, perigo e violência. O refrão dessa tragédia é sempre o mesmo: não tenho tempo, não tenho tempo, não tenho tempo! Esta é a cantilena que escutam filhos carentes, namoradas com saudades, esposas e maridos, aquela vovó que espera ansiosa a visita de seus filhos e netos.

Sei que estou sendo radical, mas também sei que apenas uma surra da vida costuma tornar possível a cura da síndrome da dispersão. Existem os que ficam realmente doentes e procuram um médico. O problema é que muitos profissionais da saúde têm a mesma doença e resolvem seu próprio problema receitando, irresponsavelmente, uma quantidade enorme de medicamentos que irão tapar o sol com a peneira. É o milagre instantâneo provocado por medicações recentes. Mas sabemos que administrar essa medicação exige criar condições para que o paciente mude suas condições de vida. O terapeuta também deverá ser “paciente”.

Refleti muito sobre a raiz mais profunda dessa síndrome e percebi que é aquele mesmo desejo humano relatado já nas primeiras páginas da Bíblia e que originou os outros pecados: “Vós sereis deuses”.

Deixe Deus ser Deus. Somos apenas humanos, feitos de terra e um sopro; somos frágeis. Os sábios não sabem tudo nem fazem tudo, mas saboreiam aquilo que fazem. Sabedoria é saber com sabor. Faça poucas coisas, mas as faça bem.

Teresinha do Menino Jesus, santa das pequenas coisas, rogai por nós!


(Extraído do livro "Pronto, falei!")

Padre Joãozinho, SCJ
http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/

domingo, abril 21, 2013

O BOM PASTOR - 4o domingo da Páscoa

1ª Leitura - At 13,14.43-52

Salmo - Sl 99,2.3.5 (R. 3c)

2ª Leitura - Ap 7,9.14b-17

Evangelho - Jo 10,27-30



Reflexão: OS PASTORES DO BOM PASTOR
Este é o domingo do Bom Pastor e também dia das vocações sacerdotais e religiosas que estão a serviço do Reino.

Paulo e Barnabé, pastores do evangelho do Ressuscitado, partindo de Perge chegaram a Antioquia da Pisídia. Conversando com as pessoas a sinagoga, em dia de sábado, exortaram a que continuassem fiéis à graça de Deus. Anunciam o Evangelho à multidão. São olhados com inveja por alguns judeus. “Os pagãos ficaram muito contentes quando ouviram isso (a palavra dos apóstolos) e glorificavam a palavra do Senhor”. Como os dois apóstolos sentiram resistência de uma parte dos antioquenos da Pisídia “sacudiram contra eles a poeira dos pés e foram para a cidade de Icônio. Os discípulos, porém, ficaram cheios de alegria e do Espírito Santo”.

A figura do pastor aparece no texto do Apocalipse hoje proclamado: “Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes de água viva. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos”. As “fontes de água viva” brotam do coração do Senhor, do peito aberto no alto da cruz.

No coração da Igreja estão os pastores. Sabemos que o pastoreio do Povo de Deus foi confiado aos apóstolos e seus sucessores. De maneira muito concreta foi confiado ao Papa, Bispos, sacerdotes. Pensamos ainda nos diáconos, no laicato consciente de sua missão evangelizadora, de modo particular no seio da família. Há toda uma mística no trabalho dos pastores.

Antes de mais nada se trata de alimentar profundamente a fé daqueles que já deram sua adesão ao mundo do Reino de Jesus e do Pai. Há todo um empenho de aprofundamento dos temas da fé, do cultivo de uma consciência, da necessidade de dar o testemunho cristão no meio das situações mais diferentes, de deixar uma religião de consolações e pietismo. Celebrações bem preparadas densas e profundas são indispensáveis. Os pastores reúnem o povo para dias de oração e de aprofundamento humano, evangélico e missionário. Buscam as ovelhas desgarradas lá onde estão.

Em nossos tempos parece fundamental buscar uma renovação da Igreja e sempre manter uma ponte com o mundo que ainda não compreendeu as luminosas propostas do Reino:

● Não queremos uma Igreja anônima, formal, rotineira. Queremos fazer experiências cristãs em fraternidades onde se possa discutir e aprofundar a fé. Não podemos deixar que grasse um cristianismo individualista. Queremos uma Igreja viva e fraterna, feita de pessoas com senso crítico e capazes de captar o novo.

● Os pastores precisam colocar diante dos olhos de todos o ideal da santidade de vida num mundo que se contenta com a mediocridade.

● Os pastores saberão valorizar os sacramentos. Não queremos alimentar qualquer tipo de sacramentalismo. Os santos e veneráveis sacramentos serão recebidos por pessoas que estão em franco processo de transparência e de conversão evangélicas.

● Leigos e sacerdotes haverão de trabalhar juntos. Os leigos não são funcionários de uma estrutura ou de uma organização fria, mas pessoas tocadas pelo fogo do Evangelho e junto com os sacerdotes armam estratégias para tocar o coração das pessoas. Juntos… sem subserviência.

● Fundamental a criação e alimentação de grupos de oração, de espaços de vazio interior para que o Espirito possa trabalhar. Não se trata apenas de rezar com os lábios, mas de deixar que o Espírito cave profundidade.

● Os pastores de hoje precisam criar fóruns e espaços de troca de ideias e discussão sobre a família, a questão da moral sexual, da formação da juventude, e tantos problemas candentes. Não basta uma política de conservação, mas e renovação.

● Urgente fazer propostas de vida evangélica que convençam aos jovens de nossos tempos: descoberta do Cristo, opção por ele, viver tudo em função dele.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

sábado, abril 20, 2013

A fé em Jesus exige decisão

Jo 6,60-69

-* 60 Depois que ouviram essas coisas, muitos discípulos de Jesus disseram: «Esse modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso?» 61 Jesus sabia que seus discípulos estavam criticando o que ele tinha dito. Então lhes perguntou: «Isso escandaliza vocês? 62 Imaginem então se vocês virem o Filho do Homem subir para o lugar onde estava antes! 63 O Espírito é que dá a vida, a carne não serve para nada. As palavras que eu disse a vocês são espírito e vida. 64 Mas entre vocês há alguns que não acreditam.» Jesus sabia desde o começo quais eram aqueles que não acreditavam e quem seria o traidor. 65 E acrescentou: «É por isso que eu disse: ‘Ninguém pode vir a mim, se isso não lhe é concedido pelo Pai.’ «

66 A partir desse momento, muitos discípulos voltaram atrás, e não andavam mais com Jesus. 67 Então Jesus disse aos Doze: «Vocês também querem ir embora?» 68 Simão Pedro respondeu: «A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69 Agora nós acreditamos e sabemos que tu és o Santo de Deus.»

* 60-71: As palavras de Jesus provocam resistência e desistência até entre os discípulos. Muitos conservam a idéia de um Messias Rei, e não querem seguir Jesus até à morte, entendida por eles como fracasso. E não assumem a fé por medo de se comprometerem. Os Doze apóstolos, porém, aceitam a proposta de Jesus e o reconhecem como Messias, dando-lhe sua adesão e aceitando suas exigências.
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral


Reflexão

Muitas pessoas querem conhecer Jesus e ouvir tudo o que ele tem para dizer, mas não querem escutar tudo, mas sim apenas alguns pontos que lhes interessam para a satisfação dos seus desejos e necessidades. Quando essas pessoas ouvem tudo o que Jesus tem para dizer, se escandalizam, afastam-se dele e não querem mais segui-lo. De fato, é muito fácil dizer que Jesus tem palavras muito bonitas, mas nem sempre é fácil aceitar as exigências do Evangelho. Porém, não podemos nos esquecer que somente Jesus tem palavras de vida eterna, e que só consegue ouvir de fato as palavras de vida eterna quem crê firmemente que ele é o Santo de Deus e busca imitá-lo verdadeiramente na busca da santidade. (Da Liturgia da CNBB)

quinta-feira, abril 18, 2013

Papa Francisco: “A Igreja não é uma babá”

A Igreja não tem que ser como uma “babá que cuida da criança para fazê-la dormir”. Se fosse assim seria uma “Igreja adormecida”. Quem conheceu a Jesus tem a força e a coragem de anunciá-lo. Do mesma forma, quem recebeu o batismo tem a força de caminhar, de seguir adiante, de evangelizar. E “quando fazemos isso a Igreja se torna uma mãe que gera filhos” capazes de levar Cristo ao mundo. Esta é em síntese a reflexão que o Papa Francisco propôs esta manhã, quarta-feira, 17 de abril, durante a celebração da missa na capela da Domus Sanctae Marthae, à qual participaram vários empregados do Instituto para as Obras de Religião. Entre os concelebrantes Monsenhor Vincenzo Pisanello, bispo de Oria, e Giacinto Boulos Marcuzzo, vigário do Patriarca de Jerusalém dos Latinos para Israel.

Durante a homilia, o Pontífice – comentando a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (8, 1-8) -, disse que “após o martírio de Estêvão, estourou uma violenta perseguição contra a Igreja de Jerusalém. Lemos no livro dos Atos que a Igreja estava toda tranquila, toda em paz, a caridade entre eles, cuidavam das viúvas. Mas depois chega a perseguição. Isso é um pouco o estilo da vida da Igreja: entre a paz da caridade e a perseguição”. E acontece assim porque esta, explicou, tem sido a vida de Jesus. Depois da perseguição, continuou o Pontífice, todos fugiram menos os apóstolos. Os cristãos pelo contrário “Fugiram. Sozinhos. Sem sacerdotes. Sem bispos: sozinhos. Os bispos, os apóstolos, estavam em Jerusalém para fazer um pouco de resistência a estas perseguições”. Porém aqueles que fugiram “foram de um lugar para o outro, anunciando a Palavra”. É sobre eles que o Papa quis chamar a atenção dos participantes. Eles “deixaram casa, levaram consigo talvez poucas coisas; não tinham segurança, mas foram de um lugar para o outro proclamando a Palavra. Levavam consigo a riqueza que tinham: a fé. Aquela riqueza que o Senhor os tinha dado. Eram simples fieis, apenas batizados há pouco mais de um ano, talvez. Mas tinham aquela coragem de ir e anunciar. E tinham acreditado! E também faziam milagres! “Expulsavam espíritos impuros de muitos endemoniados, emitindo fortes gritos, e muitos paralíticos e coxos eram curados”.

Ao final: “Houve grande alegria naquela cidade!” Também Filipe tinha ido. Estes Cristãos – cristão há pouco – tiveram a força, a coragem de anunciar Jesus. O anunciavam com as palavras, mas também com as suas vidas. Suscitavam curiosidade: “Mas… quem são estes?”. E eles diziam-lhes: “Nós conhecemos Jesus, encontramos Jesus, e o trazemos”. Somente tinham a força do batismo. E o batismo lhes dava esta coragem apostólica, a força do Espírito”.

A reflexão do Papa, em seguida, mudou-se para o homem de hoje: “Eu penso em nós, batizados, se ainda temos esta força. E penso: “Mas nós, acreditamos nisso? Que o batismo seja suficiente para evangelizar? Ou esperamos que o sacerdote diga, que o bispo diga… e nós?”. Muitas vezes, notou o Pontífice, a graça do batismo é deixada um pouco de lado e nós nos fechamos nos nossos pensamentos, nas nossas coisas. “Às vezes pensamos: “Não, nós somos cristãos: recebemos o batismo, fizemos a crisma, a primeira comunhão… e assim a carteira de identidade está bem. E agora dormimos tranquilos: somos cristãos”. Mas, onde está esta força do Espírito que nos leva adiante?” perguntou o Papa. “Somos fiéis ao Espírito para anunciar Jesus com a nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras? Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma Igreja Mãe que gera filhos”. Filhos da Igreja que testemunham Jesus e a força do Espírito. “Mas – foi a admoestação do Papa – quando não o fazemos, a Igreja se torna não mãe, mas Igreja babá, que cuida da criança para fazê-la dormir. É uma Igreja adormecida. Pensemos no nosso batismo, na responsabilidade do nosso batismo”.

E para reforçar o conceito expresso Papa Francisco lembrou de um episódio acontecido no Japão nas primeiras décadas do Século XVI, quando os missionários católicos foram expulsos do país e as comunidades permaneceram por mais dois séculos sem sacerdotes. Sem. Quando os missionários voltaram depois encontraram uma comunidade viva na qual todos estavam batizados, catequizados, casados na Igreja! E até mesmo os mortos tinham recebido uma sepultura cristã. “Mas – continuou o Papa – não há sacerdote! Quem tinha feito isso? Os batizados!”. Eis a grande responsabilidade dos batizados: “Anunciar Cristo, levar adiante a Igreja, esta maternidade fecunda da Igreja. Ser cristão não é fazer uma carreira de estudo para se tornar um advogado ou um médico cristão; não. Ser cristão é um dom que nos faz ir pra frente com a força do Espírito no anúncio de Jesus Cristo”. Por fim, o Papa dirigiu o seu pensamento à Nossa Senhora que sempre acompanhou os cristãos com a oração quando eram perseguidos ou dispersos. “Orava muito. Mas também os animava: “Ide, fazei…!”

“Pedimos ao Senhor – concluiu – a graça de fazer batizados corajosos e seguros que o Espírito que temos em nós, recebido pelo batismo, nos empurre sempre a anunciar Jesus Cristo com a nossa vida, com o nosso testemunho e também com as nossas palavras”.




CATEQUESE DO PAPA

“A Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo no meio de nós”

Na audiência geral desta quarta-feira (17), o Papa continuou com o tema das catequeses dedicadas ao Credo, no Ano da Fé. Com milhares de fieis reunidos na Praça de São Pedro, depois de cumprimentar e abençoar os assistentes, no jeep branco, Francisco comentou a verdade de fé de que Cristo “subiu ao céu e está sentado à direita do Pai”. Oferecemos as palavras do santo padre:

***

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Credo, nós encontramos a afirmação de que Jesus “subiu ao céu, sentou à direita do Pai”. A vida terrena de Jesus culmina com o evento da Ascensão, que é quando Ele passa deste mundo ao Pai, e é levantado à sua direita. Qual é o significado deste evento? Quais são as consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.

Começamos a partir do momento em que Jesus decide embarcar na sua última peregrinação a Jerusalém. São Lucas nota: “Quando se completaram os dias de sua assunção, ele tomou resolutamente o caminho de Jerusalém” (Lc 9, 51). Enquanto “sobe” para a Cidade Santa, onde cumprir-se-á o seu “êxito” desta vida, Jesus já vê a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva à glória do Pai passa por meio da Cruz, por meio da obediência ao plano divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a elevação na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu” (n. 662). Também nós temos que ter claro, na nossa vida cristã, que entrar na glória de Deus exige a fidelidade cotidiana à sua vontade, também quando requer sacrifício, requer às vezes mudar os nossos programas. A Ascensão de Jesus concretamente acontece no Monte das Oliveiras, perto do lugar onde tinha se retirado em oração antes da paixão para permanecer em profunda união com o Pai: mais uma vez vemos que a oração nos dá a graça de viver fieis ao projeto de Deus.

No final do seu Evangelho, São Lucas narra o evento da Ascensão de forma muito sintética. Jesus levou os discípulos “até Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles ficaram prostrados diante dele, e depois voltaram a Jerusalém com grande alegria, e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus”. (24,50-53); assim fala São Lucas. Gostaria de destacar dois elementos da narrativa.

Em primeiro lugar, durante a Ascensão Jesus realiza o gesto sacerdotal da benção e certamente os discípulos expressam a sua fé com a prostração, ajoelham-se enclinando a cabeça. Este é um primeiro ponto importante: Jesus é o único e eterno Sacerdote que com a sua paixão atravessou a morte e o túmulo e ressuscitou e subiu ao Céu; está junto do Pai, onde intercede para sempre em nosso favor (cf. Hb 9,24). Como São João afirma em sua Primeira Epístola Ele é o nosso advogado: que bom ouvir isso! Quando alguém é intimado por um juiz ou é processado, a primeira coisa que faz é buscar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, nos defende das ciladas do demônio, nos defende de nós mesmos, de nossos pecados! Queridos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de ir até Ele para pedir perdão, para pedir a benção, para pedir misericórdia! Ele nos perdoa sempre, é o nosso advogado: nos defende sempre! Não se esqueçam disso! A Ascensão de Jesus ao Céu nos faz conhecer então esta realidade tão consoladora para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada para junto de Deus; Ele nos abriu a passagem; Ele é como o Primeiro de cordada ao escalar uma montanha, que chegou ao topo e nos atrai para si, conduzindo-nos a Deus. Se confiamos a Ele a nossa vida, se nos deixamos guiar por Ele tenhamos certeza de estar em boas mãos, nas mãos do nosso salvador, do nosso advogado.

Um segundo elemento: São Lucas menciona que os apóstolos, depois de verem Jesus subir ao céu, voltaram a Jerusalém “com grande alegria”. Isto parece um pouco estranho. No geral quando somos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos, por causa de uma partida definitiva e, sobretudo, por causa da morte, há em nós uma tristeza natural, porque não veremos mais o seus rostos, não escutaremos mais as suas vozes, não poderemos mais desfrutar do afeto deles, da presença deles. Em vez disso, o evangelista ressalta a profunda alegria dos Apóstolos. Mas por quê? Porque, com os olhos da fé, eles entendem que, apesar de tirado dos seus olhos, não os abandona e, na glória do Pai, sustenta-os, guia-os e intercede por eles.

São Lucas narra o fato da Ascensão também no começo dos Atos dos Apóstolos, para enfatizar que este evento é como o anel que envolve e conecta a vida terrena de Jesus com a da Igreja. Aqui São Lucas também menciona a nuvem que tirou Jesus da vista dos discípulos, os quais permanecem contemplando o Cristo que ascende para junto de Deus (cf. At 1, 9-10). Intervêm então dois homens vestidos de branco que os convida a não permanecerem imóveis olhando para o céu, mas que alimentem as suas vidas e o seu testemunho com a certeza de que Jesus voltará do mesmo modo como o viram subir ao céu (Atos 1, 10-11). É um convite a partir da contemplação do Senhorio de Cristo, para receber dele a força de levar e testemunhar o Evangelho na vida de todos os dias: contemplare e agire, ora et labora ensina São Bento, ambos são necessários para as nossas vidas de cristãos.

Queridos irmãos e irmãs, a Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo no meio de nós; não está mais num lugar específico do mundo como estava antes da Ascensão; agora está no Senhorio de Deus, presente em todos os lugares e tempos, perto de cada um de nós. Na nossa vida nunca estamos a sós: temos este advogado que nos espera, que nos protege. Nunca estamos sozinhos: o Senhor crucificado e ressuscitado nos guia; conosco estão muitos irmãos e irmãs que no silêncio e no escondimento, na sua vida de família e de trabalho, nos seus problemas e dificuldades, nas suas alegrias e esperanças, vivem cotidianamente a fé e levam, junto conosco, ao mundo o senhorio do amor de Deus, em Cristo Jesus ressuscitado, ascendido ao Céu, nosso advogado. Obrigado.

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quarta-feira, abril 17, 2013

Liturgia do dia 17/04/2013

1ª Leitura - At 8, 1b-8

Salmo - Sl 65, 1-3a. 4-5. 6-7a (R.1)

Evangelho - Jo 6,35-40


Reflexão - Jo 6, 35-40A fé em Jesus Cristo é fundamental para a compreensão da eucaristia e para que se possa desfrutar deste sacramento, fundamental para a nossa vida espiritual, uma vez que ele é fonte de vida eterna. A vontade do Pai, ao enviar Jesus, é que todas as pessoas acreditem que Jesus é o seu enviado, o seu Filho amado, para que possam ser salvos por ele, e assim não se perca nenhum dentre os seus filhos e filhas. E, para que ninguém se perca, o Pai concede a quem vê e crê no seu Filho a vida eterna. É preciso que as pessoas vejam Jesus, creiam nele, participem da eucaristia, o sacramento do penhor da vida eterna, para que Jesus as ressuscite no último dia.
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terça-feira, abril 16, 2013

16 de Abril: Aniversário de fundação da Ordem Franciscana


São Francisco de Assis, o cantor das criaturas, santo do Amor e da Fraternidade, renovador da sociedade no espírito do Evangelho, estigmatizado por Cristo após a sua conversão acolheu os discípulos que queriam ficar sob sua direção. Primeiro, foram doze, depois aumentaram cada vez mais. “A Ordem dos Frades Menores” brotou da mente e do coração de Francisco, que já era todo de Deus e das almas, em Rivotorto, na Porciúncula. Obteve de Inocêncio III a aprovação da Ordem no dia 16 de abril de 1209 verbalmente e, por escrito, de Honório III em 29 de novembro de 1223, com a Bula "Solet annuere". A seus seguidores, o Pobrezinho os entregou seu amor à pobreza, sua mensagem de paz e bem e o código do Evangelho como norma de vida.


Os filhos de São Francisco estão espalhados por todo o mundo e desenvolvem atividades pastorais, missionárias, científicas, educacionais, sociais, de beneficência. Eles são o mais forte movimento no serviço da Igreja. Franciscanos chamam todos os que pertencem às três ordens introduzidas por San Francisco.


Primeira Ordem.
Dividida em três famílias: Frades Menores: 18.000 religiosos em cerca de 3.200 conventos religiosos. Propõem-se viver em conformidade com Cristo na pobreza evangélica, no apostolado da pregação aos fiéis e aos infiéis; Frades Franciscanos Menores Conventuais: 4.000 em 672 conventos religiosos. Propõem-se a observar o Evangelho de Jesus Cristo vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade e no apostolado em todas as suas formas, entre fiéis, dissidentes e infiéis; Frades Menores Capuchinhos: Tem 12.500 religiosos em 1.300 religiosas. Proposta da imitação de Cristo no ascetismo e no apostolado, de acordo com a mais estrita tradição franciscana. No geral, os franciscanos da Primeira Ordem são cerca de 34.000 para cerca de 5.100 conventos religiosos (dados da publicação do livro em 2000).


Segunda Ordem.
Fundada por São Francisco na Porciúncula em 18 de março de 1212, quando ele recebeu Santa Clara e fundou a Ordem das Damas Pobres de São Damião. As Clarissas, divididos em famílias diferentes, são cerca de 20 mil em mais de 1800 conventos.


Terceira Ordem.
Instituída por São Francisco em 1221, para convidar aqueles que vivem no mundo a uma vida evangélica mais perfeita. Hoje, divide-se em Ordem Terceira Regular (que vivem em comunidades), com cerca de 3 mil religiosos e cerca de 100 mil religiosas de várias congregações e institutos. A Ordem Terceira Secular conta com mais de 2 milhões de professos no mundo. T



Bula "Solet annuere"




Fonte: Franciscanos.

sábado, abril 13, 2013

Cultivando a alegria - Seja um especialista em fazer o bem!

“A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inexaurível de santidade, a alegria da pessoa prologa-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum” (Eclo 30,23-25).

A alegria é tão importante quanto o desenvolvimento da inteligência. É sábio dedicar-se ao cultivo da alegria. Como na agricultura, todo cultivo requer cuidado. Cultivar a alegria é coisa de gente inteligente, de gente esperta!

Existem momentos da nossa vida em que precisamos dar um ponto final na tristeza. Minha mãe foi uma dessas que optou pelo cultivo da alegria em seu coração. Ela sofreu demais com a morte do meu irmão mais velho e, durante muito tempo, a tristeza tomou conta de seu interior. Pense em uma mulher que, durante a vida inteira, foi gastando o seu coração para o bem dos outros, e somada a esse desgaste vem a perda de um filho num dia tão marcante! A tristeza havia habitado seu interior.

Um dia, cheguei para ela e disse: “Mãe, olha pra mim. O Mário se foi! Mas eu fiquei!”.

Ela precisava reagir mesmo sendo idosa. Por mais doloroso que fosse, ela optou por viver a alegria e a paz que só Jesus nos dá. Minha mãe teve que tirar os olhos do meu irmão e olhar para mim. Ela optou, naquela hora, em deixar a tristeza de lado e cultivar a alegria por mim!

Não sei a sua idade nem quais são as suas perdas. Só sei de uma coisa: é hora de reagir! Olhe para Jesus, pois Ele pode lhe dar a alegria completa. Seja alegre e gere alegria, assim você verá como isso é gratificante! Só conseguiremos contagiar uma sociedade com a “alegria completa” se estivermos ligados a Jesus. Ele é a verdadeira esperança, ele é a verdadeira alegria.

Faça uma radiografia da sua vida, olhe no espelho e pergunte: eu sou alegre? Eu sou feliz? Depois disso, continue a olhar para o espelho e imagine a próxima geração feliz e alegre. Isto é possível ou impossível?

Afirmar que o mundo necessita da sua alegria. Isso é impossível ou possível? Quando falamos em mundo estamos falando em sociedade, em pessoas, e isso precisa causar gratidão em cada um de nós. Este é o maior reconhecimento a que precisamos aspirar: “gerar alegria nos outros”. Nessa vida, podemos ser duas coisas: instrumento de vida ou instrumento de morte. De que lado você está? Seja um especialista em fazer o bem!

Quem não quer ter a alegria no coração? Você conhece pessoas que são inteligentes e sábias, mas tristes? O que você tem cultivado no coração? Tudo que você é e faz tem sido o suficiente para causar alegria?

Cultivar a tristeza é pecado grave. Um fruto que cada um precisa dar é o fruto da alegria, um inesgotável tesouro de santidade!

Cleto Coelho – Comunidade Canção Nova

(Extraído do livro “Tem jeito!”)

quinta-feira, abril 11, 2013

Liturgia do dia e Nossa Senhora da Penha - 11 de abril

1ª Leitura - At 5,27-33

Salmo - Sl 33, 2.9. 17-18. 19-20 (R. 7a)

Evangelho - Jo 3,31-36


Reflexão - Jo 3, 31-36
Devemos procurar Jesus para que, a partir do encontro pessoal com ele, possamos conhecer o próprio Pai. Quando isso acontece, deixamos de pertencer às coisas da terra, porque assumimos novos valores e encontramos em Deus uma nova motivação para viver: a motivação das coisas do alto. A fonte dessa motivação é o dom do Espírito Santo que é derramado sem medida sobre nós e faz com que reconheçamos nas palavras de Jesus as palavras do próprio Deus, que são fonte de verdadeira alegria e de felicidade eterna para todos os que crêem nelas e as colocam em prática no dia a dia.


cnbb.org.br



Nossa Senhora da Penha
Quando houve a invasão dos árabes muçulmanos na Europa, muitas imagens foram escondidas pelos cristãos, a fim de protegê-las. Na Espanha, perto do povoado de Rodrigo, existe uma serra que, antigamente, era chamada Penha de França, pois alí havia se refugiado alguns franceses, há muitos anos passados. 

Depois que os árabes foram expulsos, um monge chamado Simão Rochão, ou Simão Vela, soube que na serra Penha de França havia uma imagem de Nossa Senhora escondida. Ele se apressou em encontra-la, viajando para o local indicado. Ao chegar na serra, logo subiu e cavou bem no cume, achando a imagem e dando à Ela o nome do lugar que a abrigava: Nossa Senhora da Penha de França. Ali o monge construiu uma capela, que se tornou famosa na Espanha e em outros países, pelos diversos milagres lá operados por Maria.

No Brasil a lembrança feliz é também dirigida ao frei e eremita Pedro Palácios que ergueu a primeira capela à Nossa Senhora da Penha de França, no país, enquanto catequizava os índios, no atual estado do Espírito Santo. Ele recorreu à religião para atrair a confiança dos indígenas, pois o contato com sacerdotes e freis era satisfatório, ao contrário daqueles com os conquistadores, que os desejavam ter como escravos.

Frei Palácios, eremita devoto da Virgem, montou um "posto avançado" no meio da mata. Conciliava assim as duas características do seu trabalho: a de eremita e a de catequista. Dali ele se embrenhava na floresta para ensinar o cristianismo às tribos e aprender a sua cultura. Ergueu um santuário em homenagem a Nossa Senhora, onde colocou um painel de Nossa Senhora da Penha de França que trouxera de Portugal. Escolheu um rochedo, escuro, liso e pequeno para instala-lo, mal cabiam quatro pessoas, com uma das bordas dentro do mar, local que existe até hoje. Depois, passou a habitar uma pequena caverna, na verdade uma fenda no rochedo, de onde podia ver o santuário.

Atualmente ali também existe um enorme santuário dedicado à Nossa Senhora da Penha de França, que tem ao lado um convento de franciscanos, pois as romarias não pararam de aumentar nos últimos séculos, com os peregrinos agradecendo as graças e milagres alcançados por obra de Nossa Senhora da Penha de França.

O bondoso frei foi encontrado morto no dia 02 de maio de 1575 e o quadro visto pelos populares que o socorreram poderia servir de inspiração para um outro belo painel em honra à Maria: frei Pedro Palácios estava ajoelhado e com o peito deitado sobre o altar da Virgem, a mão direita aos pés da imagem e a esquerda no próprio peito.

Nossa Senhora da Penha de França, embora não tenha sido oficialmente declarada pela Santa Sé, a Padroeira da cidade de São Paulo, Ela o é pela tradição e pela devoção popular.

paulinas.org.br

quarta-feira, abril 10, 2013

Novos Beatos Capuchinhos


[OFMCap.] A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos brevemente será enriquecida com novos beatos. Na Quarta-feira, 27 de março, o Santo Padre Francisco recebeu em audiência o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, durante a qual autorizou a Congregação a promulgar Decretos, entres os quais também aquele do martírio dos Servos de Deus André de Palazuelo (no século: Miguel Francisco González), sacerdote professo da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e 31 companheiros, mortos por ódio à Fé, na Espanha, entre 1936 e 1937. T


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terça-feira, abril 09, 2013

Terça-feira é dia de BENÇÃO DE SANTO ANTÔNIO

BENÇÃO DE SANTO ANTÔNIO

P: A nossa proteção está no nome do Senhor

T: Que fez o céu e a terra

P: Rogai por nós, Santo Antônio

T: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo


Eu vos saúdo, Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me aqui humildemente prostrado aos vossos pés para vos pedir que intercedais por mim diante de Nosso Senhor Jesus Cristo para que Ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo ( pede-se a graça ), se for da vontade de Deus, à qual nos submetemos inteiramente. Peço-vos, amável Santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos pelo amor deste doce menino Jesus que carregastes em vossos braços. Suplico-vos por todos os favores que Ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem-número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.

T: Amém.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.


OREMOS:
Senhor Deus, nós vos bendizemos pelas vossas maravilhas operadas em Santo Antônio, vosso confessor e doutor, e vos pedimos que sua intercessão alegre a vossa Igreja para que ela viva em paz e unidade, caminhando firme até as alegrias eternas junto de vós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

T: Amém.

P: Eis a cruz do Senhor. Afastem-se de vós todos os inimigos da salvação, pois venceu o Leão da tribo de Judá, descente de Davi, Jesus Cristo, Nosso Senhor.

T: Amém.

Um dia triste - Aproveite a hora de tristeza para purificar as suas motivações

Quem já não teve um dia triste em sua vida? Podem existir ou não razões concretas, mas essas pequenas variações de humor são normais e precisam ser administradas com sabedoria. Não estou falando dadepressão, uma doença que deve ser tratada, mas daquele desânimo passageiro que nos deixa um pouco “para baixo”.

O próprio Jesus sentiu uma profunda tristeza quando se aproximou o momento em que seria morto na cruz. Conta a Bíblia que Ele convidou três dos Seus melhores amigos para ir a um lugar afastado onde queria rezar, mas não queria estar sozinho.

Este é o primeiro erro que, normalmente, cometemos quando a tristezabate à nossa porta. Nós a convidamos para entrar e ficamos curtindo-a de maneira solitária, com nossos "botões". A solução é ter a humildade de pedir a ajuda de Deus e dos amigos.

Rezar é o primeiro remédio, realmente eficaz, diante da tristeza. Deus nos ouve e encontra sempre uma maneira, surpreendente, de nos consolar. O que acontece é que, muitas vezes, estamos tão chateados que nem temos inspiração para dizer nada a Deus. E precisa?! Nesses momentos, todas as palavras dizem quase nada e uma palavra parece que já é demais. Mas, então, como rezar?

Uma sugestão é abrir a Bíblia e ler um salmo qualquer. Você verá que a tristeza estava no coração dos autores de muitos daqueles poemas sagrados. Alguns estavam até indignados com Deus. Escutamos frases extremamente verdadeiras como: “debaixo dos salgueiros penduramos nossas harpas e nos pusemos a chorar. Como cantar em uma terra estranha?!”.

É sinal de maturidade espiritual mostrar o coração para Deus do jeito que ele se encontra. O Senhor não quer nos ver maquiados ou com algum tipo de máscara. O próprio apóstolo Paulo, quando nos aconselha, reconhece que, nem sempre, estamos tão bem: “Está alegre? Cante! Está triste? Reze!”.

Santos e sábios procuraram entender essa dinâmica interior. Inácio de Loyola, por exemplo, a chamou de “moções”. Seriam movimentos de ânimo que variam de consolação para desolação. Vale a pena conhecer os Seus Exercícios Espirituais, nos quais ele estabelece regras para discernir o significado desses “sentimentos místicos”.

Dizem que até a grande Santa Teresa d'Ávila viveu grandes momentos de tristeza espiritual. Apesar disso, manteve-se fiel. Este é um sinal muito seguro de que o amor é autêntico. Quando vivemos momentos de euforia, não podemos ter certeza de que aquilo que estamos fazendo é movido por “puro amor”.

Aproveite a hora de tristeza e desolação para purificar as suas motivações. Lembre-se: nada como um dia depois do outro.

(Trecho extraído do livro “Pronto, falei!”)




Padre Joãozinho, SCJ
http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/

segunda-feira, abril 08, 2013

Tira de nós a vaidade

Ouve-nos e converte-nos de verdade, Senhor.

Tira de nós a vaidade de acharmos que somos os melhores, que entendemos melhor do que os outros, que sabemos mais Bíblia dos que os outros, e que te encontramos e te servimos com mais lealdade.

Estamos lembrados da advertência de Filho, quando estiveste neste mundo anunciando o reino. Disseste que deveríamos buscar este reino em primeiro lugar; que os pequeninos conheceriam o teu segredo e que ladrões prostitutas talvez entrassem no teu céu antes de nós, por terem cumprido a primeira exigência do reino: o verdadeiro arrependimento que sempre vem seguido da humildade de não nos acharmos mais do que os outros.

Dá-nos, pois, a humildade de quem sabe o suficiente para crer, mas que sabe que não sabe o suficiente para se proclamar mais santo, mais fiel e mais eleito. Ainda nos lembramos da história do fariseu que se gabava de fazer tudo certo e do publicano que admitia que precisava de conversão e de misericórdia.

Faz de nós igrejas humildes que, enquanto afirmam suas convicções, respeitam as dos outros. Uma coisa é discordar e não querer repetir determinados erros e outra, diminuir quem errou.

Concede-nos a sabedoria de nunca parar de estudar e aprofundar o que já aprendemos e de não proclamar como absolutamente certo o que não é absolutamente certo, nem dizer que nos disseste o que na verdade não disseste. Acabaríamos dando o nosso recado e para ter mais autoridade e usando teu nome de maneira mentirosa.

Dá-nos humildade de continuar aprendizes da Palavra e, se possível, de estarmos juntos, mesmo com eventuais discordâncias. Que acentuemos e valorizemos o que nos une e respeitemos e dialoguemos a respeito do que ainda nos separa. Isso jamais acontecerá se um não deixar o outro falar.

Ensina-nos a ser povo de Deus unido na caridade, ainda que não consigamos ser um em todos os aspectos da nossa vida. Nas imensas diferenças do mundo que nos cerca concede-nos a graça da unidade, na caridade e na justiça. Amém
Pe. Zezinho, scj
www.padrezezinhoscj.com

domingo, abril 07, 2013

Domingo da DIVINA MISERICÓRDIA

1ª Leitura - At 5,12-16

Salmo - Sl 117,2-4.22-24.25-27a(R.1)

Evangelho - Jo 1,9-11a.12-13.17-19

Evangelho - Jo 20,19-31


Confessemos plenamente que Jesus é o Senhor


No texto anterior ao de hoje, Maria Madalena trouxe a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos. Agora, é o próprio Jesus que aparece a eles. Não há reprovação nem queixa nas Suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já tinha prometido no último discurso. Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos Seus discípulos: “A paz esteja com vocês”.

O nosso termo “paz” procura traduzir – embora duma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que “paz” conforme o nosso mundo a compreende. O “Shalom” é a paz que vem da presença de Deus, da justiça do Reino, e não das armas.

Jesus não promete a paz do comodismo, mas, pelo contrário, envia os Seus discípulos na missão árdua em favor do Reino. Cristo promete o Shalom, pois Ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade o projeto de Deus. Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida. Jesus os recria com o Espírito Santo.

Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos em Pentecostes, como Lucas descreve em Atos, mas aquilo era a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo. Para João, o dom do Espírito – que da sua natureza é invisível – flui da glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai. O dom do Espírito, neste texto, tem a ver com o perdão dos pecados.

Mais uma vez, num domingo, Jesus aparece aos discípulos. Desta vez, Tomé está presente.

Em Tomé “nos enxergamos”, quando diante dos sofrimentos e das tribulações da vida vacilamos. Quando duvidamos do poder do Cristo Ressuscitado. Todavia, como fez e disse à Tomé, Jesus também faz e diz a cada um de nós. Primeiro, fortalece nossa fé. E, depois, nos torna felizes, por acreditarmos sem o termos visto: “Felizes os que acreditam sem me terem visto”.

Essa é muitas vezes a realidade da nossa fé – acreditar contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a vida mais do que a morte, o Shalom mais do que a prepotência. Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vai nos dar essa firmeza.

Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé no Salmo 35,23. No primeiro capítulo do Evangelho de João, os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem Ele era. Aqui, Tomé lhe dá o título final e definitivo: Jesus é Senhor e Deus!

Essa deve ser a minha e a sua atitude: confessar plenamente que Jesus é o Senhor. Ele é o Príncipe da Paz.

Padre Bantu Mendonça
cancaonova.com

sábado, abril 06, 2013

REPORTAGEM DE MARCOS - LITURGIA DO DIA

Atos 4, 13-21; Marcos 16, 9-15
Havia uma novidade no ar. Os apóstolos não eram os mesmos: timoratos, fracos e indecisos. As autoridades locais não estavam apreciando esse tipo de pregação. Não desejavam que esses discursos a respeito da ressurreição e da pessoa de Jesus se difundissem. Chamaram Pedro e os apóstolos e ordenaram que interrompessem esse tipo de “doutrinamento”. Os Atos transcrevem a resposta de Pedro e João com palavras que, hoje, temos vontade de repetir quando somos interpelados a calar nossa fé: “Julgai vós mesmos se é justo, diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”. Hoje, cremos na Ressurreição, no crédito que damos às testemunhas da ressurreição.

Em poucas linhas, Marcos o evangelista, faz como que uma reportagem das “aparições” do Senhor, um certo relatório visando preparar o coração dos ouvintes para a adesão da fé.

● Na madrugada do primeiro dia após o sábado, portanto no domingo, apareceu por primeiro a Maria Madalena. Marcos lembra que se trata daquela mulher da qual ele havia expulso sete demônios. Um detalhe importante: ela foi a primeira a anunciar a boa nova da ressurreição. Não foram os apóstolos e autoridades que tiveram esse privilégio, mas uma mulher que, grata a Jesus, devotava-lhe fervoroso amor.

● Os discípulos estavam tristes. Viviam atmosfera de luto e choravam. De imediato não acreditaram. “Não quiseram acreditar”.

● Segue outro elemento. Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. Tudo leva a crer que se tratavam dos dois discípulos de Emaús. Jesus caminha em eles com uma aparência diferente. Estes, depois de reconhecerem o Senhor, também passaram a ser anunciadores da Boa Nova. Marcos faz a observação de que os ouvintes não deram crédito ao que estavam anunciando.

● Estamos sempre diante da dificuldade de fé no Ressuscitado. A fé no Ressuscitado nasce do anúncio de pessoas que o viram. Nem todos acreditam nesses aos quais, de maneira particular, o Ressuscitado se dignou aparecer. Marcos descreve ainda uma aparição de Jesus durante uma refeição. Espaço de intimidade? Eucaristia? Jesus repreende a falta de fé dos discípulos. Fala novamente do tema da dureza do coração. Eles não acreditaram “naqueles que tinham visto o Ressuscitado”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br

quinta-feira, abril 04, 2013

A PAZ ESTEJA CONVOSCO


1ª Leitura - At 3,11-26

Salmo - Sl 8, 2a.5. 6-7. 8-9 (R.2ab)

Evangelho - Lc 24,35-48

HOMILÍA

Depois de Jesus ter aparecido a Maria Madalena, ter dado ordem para que seus discípulos partissem em direção à Galileia e do seu encontro com os dois discípulos na estrada de Emaús, Ele finalmente aparece ao grupo reunido para lhes decepar as dúvidas e fortalecer-lhes a fé.

A comunidade estava vacilando na sua fé. As perseguições estão no horizonte, ou até acontecendo; o primeiro entusiasmo diminuiu, os membros estão cansados da caminhada e perdendo de vista a mensagem vitoriosa da Páscoa. Parece mais forte a morte do que a vida, a opressão do que a libertação, o pecado do que a graça. E, então, Jesus aparece e lhes diz: A PAZ ESTEJA CONVOSCO.

Prova-lhes a sua autêntica Ressurreição e lhes confirma na paz. Ele é a paz em plenitude. A paz da participação na vida eterna do Pai para todos.

E para que suas palavras não fiquem somente “no ar”, mostra-lhes as mãos, o peito e os pés rasgados: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.

Se estas palavras têm algum sentido histórico, ele é o de manifestar que Jesus está vivo, que a morte não o venceu, que a vida do além pode ter momentos em que se parece com a vida anterior como se esta seguisse e aquela fosse uma continuação. Sobre o modo de pensar de alguns teólogos que dizem que a ressurreição é uma forma de vida só espiritual, vemos como Jesus se manifesta em corpo vivo e que não existe sentido em afirmar que só o espírito vive e o corpo como que se destrói e não alcança a nova vida.

Como diz o Catecismo, é impossível interpretar a ressurreição de Cristo fora da ordem física e não reconhecê-la como um fato histórico. Pois o corpo ressuscitado é o mesmo que foi martirizado e crucificado, ele traz as marcas de sua Paixão. Não constitui uma volta à vida terrestre como foi o caso de Lázaro, visto que seu corpo possui propriedades novas que o situam além do tempo e espaço.

Cristo passa de um estado de morte para uma outra realidade. Ele participa da vida divina no estado de sua glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de o “Homem Celeste”. É por isso que Ele tem o poder de transmitir a mim e a você a verdadeira paz.

Assim como ontem, Jesus continua nos dizendo: A PAZ ESTEJA CONVOSCO!

Padre Bantu Mendonça

cancaonova.com

quarta-feira, abril 03, 2013

Os discípulos do caminho de Emaús



Quarta-feira da oitava da Páscoa
Atos 3, 1-10; Lucas 24,13-35



Com seu relato sobre o caminho de Emaús, Lucas nos ajuda a compreender como o Ressuscitado se faz presente:

“Lá onde um grupo de pessoas caminha pela vida procurando descobrir o significado das palavras e das obras de Jesus de Nazaré, lá onde se faz memória de sua paixão e se ouve a notícia de sua ressurreição… ali se faz presente o Ressuscitado. É uma presença real de alguém que nos acompanha pelo caminho; uma presença não fácil de captar, porque nossos olhos podem estar incapacitados de reconhecê-lo; uma presença que nos convida a reconhecer que somos “tardos de coração para crer”. Mas uma presença que vai despertando neles a esperança. Mais tarde confessarão que, enquanto Jesus lhe falava pelo caminho, “seu coração ardia dentro deles”. Um caminho para encontrar-nos com Cristo ressuscitado e sentir que nosso coração se inflama com sua presença é reunir-nos em seu nome, ler os evangelhos procurando descobrir o sentido profundo de suas palavras e de seus atos, lembrar sua crucificação e ouvir, a partir de dentro, com coração confiante, o anúncio da ressurreição.

E não basta isso. É necessária, além disso, a experiência da ceia eucarística para reconhecer a presença do Senhor ressuscitado, não só como alguém que ilumina nossa vida com sua Palavra, mas como alguém que nos alimenta em sua Ceia. É o que sugere o relato de Lucas. Os discípulos pedem ao viajante desconhecido que não os abandone. E Jesus “entra para ficar com eles”. Os três caminhantes sentam-se à mesa para cear como amigos e irmãos. Jesus toma o pão, pronuncia a bênção, parte-o e o vai dando, ”abrem-se-lhes os olhos e o reconhecem”. É suficiente reconhecer sua presença mesmo que seja por uns instantes. A experiência de sentir-se alimentados por ele transforma suas vidas. Agora se dão conta que as esperanças que haviam depositado em Jesus não eram excessivas, e eram mesmo pequenas e limitadas. Recuperam o sentido da vida. Retornam à comunidade dos discípulos e “contam o que lhes aconteceu no caminho e como o reconheceram ao partir do pão”.

(Jesus - Aproximação histórica – Jose Antonio Pagola - Vozes, p. 560-561)

Frei Almir Ribeiro Guimarães

segunda-feira, abril 01, 2013

Diante do Sudário, Papa reza como São Francisco de Assis

No rosto desfigurado da Síndone vemos o sofrimento dos mais fracos e nos mergulhamos no silêncio do amor. E’ o que afirma Papa Francisco numa video-mensagem emitida por ocasião da Exposição extraordinária da Síndone de Turim, transmitida em mundovisão pelo canal Um da Televisão italiana.O evento coloca-se no contexto do Ano da Fé proclamado pelo Papa Emérito Bento XVI.

Eis a mensagem na íntegra:

Amados irmãos e irmãs,
Juntamente convosco coloco-me também eu diante do Santo Sudário, e agradeço ao Senhor por esta possibilidade que nos oferecem os instrumentos de hoje.
Embora realizado desta forma, o nosso ato de presença não é uma simples visão, mas uma veneração: é um olhar de oração. Diria mais: é um deixar-se olhar. Este Rosto tem os olhos fechados – é o rosto de um defunto – e todavia, misteriosamente, olha-nos e, no silêncio, fala-nos. Como é possível? Por que motivo quer o povo fiel, como vós, deter-se diante deste Ícone de um Homem flagelado e crucificado? Porque o Homem do Sudário nos convida a contemplar Jesus de Nazaré. Esta imagem – impressa no lençol – fala ao nosso coração e impele-nos a subir o Monte do Calvário, a olhar o madeiro da Cruz, a mergulhar-nos no silêncio eloquente do amor.

Deixemo-nos, pois, alcançar por este olhar, que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração. Ouçamos o que nos quer dizer, no silêncio, ultrapassando a própria morte. Através do Santo Sudário, chega-nos a Palavra única e última de Deus: o Amor feito homem, encarnado na nossa história; o Amor misericordioso de Deus, que tomou sobre Si todo o mal do mundo para nos libertar do seu domínio. Este Rosto desfigurado parece-se com muitos rostos de homens e mulheres feridos por uma vida não respeitadora da sua dignidade, por guerras e violências que se abatem sobre os mais frágeis… E no entanto o Rosto do Sudário comunica uma grande paz; este Corpo torturado exprime uma soberana majestade. É como se deixasse transparecer uma energia refreada mas poderosa, é como se nos dissesse: tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence.

Por isso, contemplando o Homem do Sudário, faço minha, neste momento, a oração que São Francisco de Assis pronunciou diante do Crucifixo:

Deus altíssimo e glorioso,
iluminai as trevas do meu coração.
E dai-me fé reta, esperança certa e caridade perfeita,
juízo e conhecimento, Senhor,
para cumprir o vosso mandamento santo e verdadeiro. Amém.

franciscanos.org.br

Pia União de Santo Antônio

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