Leituras
1ª Leitura - Ef 4,1-7.11-13
Salmo - Sl 18(19A),2-3.4-5 (R. 5a)
Evangelho - Mt 9,9-13
Nesta festa do apóstolo Mateus vale a pena meditar a partir da bela homilia de São Beda Venerável.
Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca dos impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9, 9). Viu-o não tanto com os olhos corporais, quanto com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis dizer não tanto pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece deve andar como ele andou (1Jo 2,6).
E levantando-se o seguiu (Mt 9,9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do Senhor, tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência, aderisse aos seguidores daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio Senhor que o chamou exteriormente com a palavra, interiormente lhe ensinou por instinto invisível a segui-lo, infundindo em seu espirito a luz da graça espiritual. Com esta compreenderia que quem o afastava dos tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros incorruptíveis.
E aconteceu que, estando ele em casa, muitos publicanos e pecadores vieram e puseram-se à mesa com Jesus e seus discípulos (Mt 9, 10). A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o exemplo da penitência e do perdão. Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que será apóstolo e doutor dos povos, logo no primeiro encontro arrasta após si para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício plenamente com o merecido progresso das virtudes. Contudo, se quisermos indagar pelo sentido mais profundo deste acontecimento nós o entenderemos: a Mateus foi muito mais grato o banquete na casa de seu coração preparado pela fé e pelo amor do que o banquete terreno que ele ofereceu ao Senhor. Atesta-o aquele mesmo que diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo (Ap 3,20).
Ouvindo a sua voz, abrimos a porta para recebe-lo, ao aceitarmos de bom grado suas advertências secretas ou evidentes e nos pormos a realizar aquilo que compreendemos como nosso dever. Ele entra para que ceemos, ele conosco e nós com ele, porque, pela graça de seu amor, habita nos corações dos eleitos para alimentá-los sempre com a luz de sua presença. Possam assim os eleitos cada vez mais progredir no desejo do alto, e ele mesmo sem alimente com os desejos deles como com pratos deliciosos.
Liturgia das Horas IV, p.1299-1301
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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