Roxo. 1º Domingo Quaresma
LEITURAS
1ª Leitura - Gn 2,7-9; 3,1-7
Salmo - Sl 50,3-4.5-6a.12-13.14.17 (R.Cf.3a)
2ª Leitura - Rm 5,12-19
Evangelho - Mt 4,1-11
REFLEXÃO
Se a Quaresma é um tempo de conversão, deve haver de que se converter: o pecado. Mas para muitos, hoje, já não existe pecado. Sobretudo para os que se iludem com seu aparente sucesso e não sentem na pele quanto seu pecado faz sofrer os outros.
A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal. O mal tenta seduzir o homem para que o adore no lugar de Deus. A 1ª leitura e o evangelho de hoje mostram como Satanás disfarça sua tentação por trás de bens aparentes: conhecimento que nos faz capazes de brincar de deus, satisfação material, poder, sucesso... desde que adoremos o diabo no lugar de Deus!
Todos, desde Adão até nós, caímos muitas vezes, ensina o apóstolo Paulo (2ª leitura). O pecado parece estar inscrito na nossa vida. Chama-se isso o “pecado original” – o mal que nos espreita desde a origem, com as suas consequências. Será que se pode atribuir um defeito à nossa origem? Deus não fez bem sua obra? Fez bem, sim, mas deixou o acabamento para nós. Deixou um espaço para a nossa liberdade, para que pudéssemos ser semelhantes a Ele de verdade! E é no mau uso dessa liberdade que se manifesta a força do mal que nos espreita.
Somos esboços inacabados daquilo que o ser humano, em sua liberdade, é chamado a ser. Mas em uma única pessoa, o esboço foi levado à perfeição, e essa pessoa nos serve de modelo. Jesus foi tentado, à maneira de nós, mas não caiu, não se dobrou à tentação do “Satanás”, do Sedutor. Ele obedeceu somente a Deus, não apenas quando das tentações no deserto, mas em toda a sua vida, especialmente na “última tentação”, a hora de sua morte. Por isso, tornou-se para nós fundamento de uma vida nova. Reparou o pecado de Adão.
As tentações de Adão e de Jesus nos fazem entender melhor a nossa realidade. O pecado tece uma teia em redor do ser humano, uma “estrutura de pecado”. Muita gente vive presa nessa teia: corrupção, vício, mediocridade, violência de uma sociedade que mata quem não mata... Ora, enquanto nós somos solidários com Adão no pecado, Jesus se torna solidário conosco para resistir-lhe e vencê-lo. A solidariedade no mal pode e deve ser superada pela solidariedade no bem, alicerçada em Jesus Cristo. Somos chamados a ser solidários com Cristo na sua “obediência”, pela qual ele supera a “desobediência” de Adão e nos liberta dos laços do pecado; e a ser solidários com os nossos irmãos, em Cristo, em vez de “adorar” riquezas e vantagens que o demônio nos apresenta, e que resultam na opressão dos mais fracos.
Na primeira Igreja, a Quaresma era o tempo de preparação para o batismo, que significa e realiza a solidariedade com Cristo, superando a solidariedade com Adão pecador. Somos chamados a atualizar essa vitória cada dia, enquanto nos preparamos para a renovação do compromisso batismal, na Páscoa.
Pe. Johan Konings SJ
dontotal.com.br