2ª. feira da quarta semana da Quaresma
Isaías 65, 17-21; João 4,43-54
Vale a pena ler em voz alta algumas vezes a leitura de Isaías proclamada nesta segunda-feira. O profeta lança um olhar para o amanhã e o texto tem perfume da esperança. A história de Israel é feita de idas e vindas, de fidelidade e de infidelidade. Nesse momento o profeta projeta esperança na caminhada. Parece que a velhice não existe mais. Nesse horizonte do amanhã “eis que eu criarei novos céus e nova terra, coisas passadas serão esquecidas, não voltarão mais à memória”. Certamente, a profecia aponta para esse amanhã escatológico onde Deus será tudo em todos, amanhã que esperamos como fim de todas as coisas e canseiras.
Quando se defende tanto a chegada do novo, quando se pede que as pessoas inventem o novo corre-se o risco de ignorar a base de nossa vida. Viemos do passado. Fomos um sonho de nossos pais. Tivemos nossos talentos descobertos ontem. Muitos de nós encontramos o Evangelho de ontem, de hoje e de sempre em nossa juventude e mocidade. A base de nossa vida está na nossa verdade que é também de ontem.
Isto tudo valendo será preciso criar o novo. Não podemos lamentar que as coisas passaram, que não se pratica a fé da mesma forma, que a vida consagrada ficou diferente, que não se é padre do mesmo jeito…
A verdade não muda, o Evangelho não muda, a promessa de consagração a Deus na vida virginal é a mesma e, ao mesmo tempo, tudo tem que ser novo.
A paróquia continuará a existir, mas quanto possível o menos burocrática, mais leve, mais simples, mais acolhedora, mais dialogante. Os encontros serão menos formais, mais descontraídos, tudo será salpicado do Evangelho.
O casamento será novo, marcado com a base de um bem querer mais profundo, pessoas que buscam o bem do outro e crescem numa maturidade humana, profissional, cristã, sem subordinações machistas e revanchismos feministas.
As famílias serão mais “democráticas”. Os pais aprenderão com os filhos e os filhos continuarão a aprender com os pais. Os filhos não serão forçados a seguir esquemas preestabelecidos, mas num mundo de transformação criarão modos novos de viver dignamente sem serem escravos do consumismo.
Nesses tempos novos precisaremos aprender a aprender para podermos ser competitivos no bom sentido do termo. Não podemos ficar defasados.
Estaremos prontos a acolher o inesperado: o Senhor que faz novas todas as coisas certamente não nos deixará ficar no mofo da vida. O Espírito Santo é o mestre da novidade.
“Será considerado jovem quem morrer aos cem anos…”
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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