Jeremias 30,1-2,12-15.18-22; Mateus 15, 1-2.10-14
“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isto é que torna o homem impuro” (Mt 15, 13).
O evangelho de Mateus proclamado neste dia toca na questão da pureza. Estamos diante da polêmica de Jesus com os fariseus que juravam pelas observâncias de jejum, de lavar as mãos, de não comer carne de porco e tantas outras. Jesus se insurgirá contra todos esses que juram pelas exterioridades e não cultivam a conversão do coração. Não é possível exaltar tanto o exterior quando o interior do homem é todo tecido de maldade. Os discursos dos profetas de todos os tempos sempre tiveram essa tônica: nada de querer honrar o Senhor com atabaques, hinos quando o interior da pessoa é feito de modo especial de autossuficiência e orgulho.
>> A pureza interior nasce, antes de tudo, no coração a pessoa que foi aprendendo a atribuir a Deus o bem que faz. Ela sabe que, sem o Senhor, nada pode fazer. Não quer diminuir-se neuroticamente diante de Deus, mas sabe que precisa reconhecer a ação de Deus nela. O bem que faz é operado pelo Senhor. Não rouba nada do Senhor.
>> Pureza quer dizer viver um relacionamento desinteressado no âmbito da oração. Ao se aproximar do Senhor no campo do louvor e da oração só existe na pessoa essa gratuidade de estar com o Senhor e nada mais.
>> Pureza de vida cristã é não querer possuir pessoas e coisas. É adotar uma postura de respeito e de consideração de modo especial com as pessoas que nunca serão usadas para satisfazer seus pequenos e medíocres interesses;
>> A pureza, a reta intenção, manifesta-se também na maneira como são administrados e recebidos os sacramentos do Reino. As pessoas que pedem o batismo, que buscam o sacramento da reconciliação, que pedem a unção dos doentes são criaturas que acompanham as preces do ritual com o coração voltado apenas para o Senhor. Essa expressão é de Francisco e Assis. Puro, na verdade, é aquele que tem sempre o coração voltado para o Senhor.
>> É de se lamentar que, ainda em nossos dias, esse espírito legalista perpasse a vida de pessoas e de comunicadas. As atividades são feitas, os “serviços” realizados mas de maneira formal, externa. Falta a dimensão do coração e o fogo interior.
>>“Bem-aventurados os corações puros, porque eles verão a Deus (Mt 5,8). Têm o coração puro os que desprezando as coisas terrenas, procuram as celestiais e, de coração e espírito puros, não cessam de adorar e de ver sempre o Deus vivo e verdadeiro. (Admoestação XVI de São Francisco de Assis).
Frei Almir Ribeiro Guimarães
franciscanos.org.br