Atos 16, 1-10; João 15, 18-21
Estamos sempre no discurso de Jesus proferido ao longo da ceia de despedida dos seus. Os lembretes que Jesus fez aos seus naquele momento valem para o nosso tempo e a nossa história. Por detrás da leitura de hoje está o tema da perseguição dos cristãos, daqueles que vivem no mundo, mas não são do mundo.
• João se compraz em empregar a palavra “mundo” com essa conotação pejorativa: mundo é o espaço do egoísmo, da busca de si, da vaidade, do contar consigo mesmo, dos esquemas de baixo. Mundo se opõe ao que é do Alto. Jesus é do alto e não debaixo, da terra, do mundo. Os que pensam conforme os interesses de baixo pertencem ao mundo e esse mundo odiou o Mestre e levou-o à morte. Se as forças do “mundo” odiaram a Jesus, hoje os que desejam serenamente seguir o Sermão das Bem-aventuranças e colocar seus pés nos passos de Jesus também encontrarão oposição.
• João volta ao tema da eleição, da escolha. “Não sois do mundo, porque eu vos escolhi e vos apartei do mundo, o mundo vos odeia”. Mistério da vocação e do seguimento de Jesus! Ele nos chama, nos convoca. Pode acontecer que tenhamos nascido em famílias católicas, crescido com a vivência da missa e dos sacramentos. Pode acontecer também que não poucos dos que foram “sacramentalizados” não tenham podido dar uma resposta pessoal ao Cristo ressuscitado que continua chamando. O que fica certo é que os seguidores de Cristo não começam a empreitada por si mesmos: “Fui eu que vos escolhi”. Os que frequentam os Evangelhos, os que estão acostumados a deixar a porta de sua interioridade aberta sabem na experiência da fé que são chamados e escolhidos. Isso muda tudo. Ele nos chama.
• “O servo não é maior do que o seu senhor”. Mais uma vez Jesus evoca uma comunhão de vida, uma comunidade de destino entre ele e o seus. Na hora da partida dá esse lembrete: “Cuidado, se perseguiram a mim, vós também havereis de dar o testemunho à verdade e ao Pai. Isso custa. Pode custar a vida”.
• Uma advertência estimulante e positiva aos pregadores e anunciadores da Boa Nova em todas as circunstâncias: “Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa”. Os anunciadores límpidos da Palavra não tem nada que temer: a força de Jesus passa por seus lábios, por sua palavras. Por isso, os que trabalham na evangelização terão consciência de serem instrumentos de Alguém que é maior do que eles.
• Uma explicação da perseguição: os que fazem mal aos discípulos de Jesus são pessoas que não conheceram o Pai…
Frei Almir Ribeiro Guimarãesfranciscanos.org.br
Pia União de Santo Antônio
