SEJAM BEM-VINDOS!

Caríssimos(as) Irmãos(as), saudamos a todos vocês com a Paz e o Bem contidas no Cristo Jesus e em São Francisco de Assis.



sábado, junho 30, 2012

Dom Jaime recebe o pálio da mãos do Papa Bento XVI

Numa celebração que contou com a presença de delegações de vários estados, inclusive do Rio Grande do Norte, o Papa Bento XVI fez ontem a imposição do Pálio a sete bispos brasileiros, entre eles Dom Jaime Vieira Rocha, recém-nomeados arcebispo de Natal. Na delegação potiguar presença dos ex-arcebispos d. Matias Patrício e D. Heitor de Araújo Sales, mais de 20 padres e dezenas de fieis. O Pálio é uma espécie de colarinho de lã branca, com cerca de cinco centímetros de largura e dois apêndices, sendo um na frente e outro nas costas. Neste, são bordadas seis cruzes.

Cantonuovo.eu

Bento XVI preside cerimônia na Praça de São Pedro e destaca a responsabilidade que os novos arcebispos passam a ter com seus rebanhos
Em sua homilia, o Papa explicou que a tradição cristã sempre considerou as figuras de São Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representam todo o Evangelho de Cristo. O discípulo Pedro, por dom de Deus, pode tornar-se uma rocha firme no qual se edificou a Igreja de Cristo. "Graças à luz e à força que provêm do Alto, o Papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar", salientou Bento XVI.

O Papa lembrou também que a imagem de São Paulo é sempre representada com a espada que simboliza o instrumento do seu martírio, mas também toda a sua missão como evangelizador. "O Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja", explicou o Pontífice.

Na cerimônia, o Papa destacou a responsabilidade que os novos arcebispos passam a ter com seus rebanhos, especialmente neste início de século em que os católicos vem perdendo espaço para outras religiões e seitas. "Um rito sempre eloquente, que sublinha a íntima comunhão dos Pastores com o Sucessor de Pedro e o elo profundo que os liga à tradição apostólica. Trata-se de um duplo tesouro de santidade, em que se fundem conjuntamente a unidade e a catolicidade da Igreja: um tesouro precioso que há que redescobrir e viver com renovado entusiasmo e empenho constante".

O pontífice saudou a delegação do Patriarcado de Constantinopla, vinda como todos os anos a tomar parte nas celebrações deste dia. "Que a Virgem Santa conduza todos os crentes em Cristo à meta da plena unidade". Bento XVI também mandou uma mensagem em português "Uma saudação especial para os Arcebispos do Brasil e de Angola que acabaram de receber o pálio e também para os familiares e amigos que os acompanham: À Virgem Maria confio vossas vidas, famílias e dioceses, para todos implorando o dom do amor e da unidade sobre a rocha de Pedro".

"Ao ir para uma arquidiocese, sabemos da dimensão deste empenho. Receber o Pálio é receber um pouco desta grande responsabilidade que o Santo Padre tem em relação a toda a Igreja, além de receber o compromisso de estar mais próximo das preocupações do Santo Padre, mais próximo de suas intenções e procurar manter esta fidelidade, que na Igreja é muito necessária", disse o arcebispo de Campinas (SP), Dom Airton José dos Santos.

Depois do ato religioso, os bispos brasileiros foram recebidos pelo embaixador do Brasil no Vaticano. D. Jaime deve retornar a Natal no início da próxima semana.

Saiba mais

O pálio é confeccionado com a lã de ovelhas, ofertadas ao Papa por jovens romanas, no dia 21 de janeiro de cada ano, data da festa de Santa Inês. A lã é, posteriormente, tecida pelas monjas beneditinas, do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma. Depois, os pálios são abençoados pelo Papa e colocados sobre o túmulo do Apóstolo São Pedro, na Basílica Vaticana. Anualmente, no dia 29 de junho, os pálios são levados do túmulo de São Pedro para a celebração eucarística e colocados sobre o colarinho dos novos arcebispos.

MENSAGEM AOS CATÓLICOS

Trechos da Homilia do Papa Bento XVI na cerimônia em homenagem a São Pedro

Venerados Cardeais,

Amados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,

Queridos irmãos e irmãs!

Reunimo-nos à volta do altar para celebrar solenemente os Apóstolos São Pedro e São Paulo, Padroeiros principais da Igreja de Roma. Temos conosco os Arcebispos Metropolitas nomeados durante os últimos doze meses, que acabaram de receber o pálio: a eles dirijo, de modo especial e afetuoso, a minha saudação. E, enviada por Sua Santidade Bartolomeu I, está presente também uma eminente Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, que acolho com gratidão fraterna e cordial. Em espírito ecumênico, tenho o prazer de saudar, e agradecer pela sua participação, «The Choir of Westminster Abbey», que anima a Liturgia juntamente com a Capela Sistina. Saúdo também os Senhores Embaixadores e as Autoridades civis: a todos agradeço pela presença e a oração.

***

Na passagem do Evangelho de São Mateus, Pedro faz a sua confissão de fé em Jesus, reconhecendo-O como Messias e Filho de Deus; fá-lo também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a «pedra», a «rocha», o fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja (cf. Mt 16, 16-19). Mas, de que modo Pedro é a rocha? Como deve realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? A narração do evangelista Mateus começa por nos dizer que o reconhecimento da identidade de Jesus proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém «da carne e do sangue», isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma revelação especial de Deus Pai.

Caso diverso se verifica logo a seguir, quando Jesus prediz a sua paixão, morte e ressurreição; então Simão Pedro reage precisamente com o ímpeto «da carne e do sangue»: «Começou a repreender o Senhor, dizendo: (...) Isso nunca Te há-de acontecer!» (16, 22). Jesus, por sua vez, replicou-lhe: «Vai-te daqui, Satanás! Tu és para Mim uma ocasião de escândalo...» (16, 23).

O discípulo que, por dom de Deus, pode tornar-se uma rocha firme, surge aqui como ele é na sua fraqueza humana: uma pedra na estrada, uma pedra onde se pode tropeçar (em grego, skandalon). Por aqui, se vê claramente a tensão que existe entre o dom que provém do Senhor e as capacidades humanas; e aparece de alguma forma antecipado, nesta cena de Jesus com Simão Pedro, o drama da história do próprio Papado, caracterizada precisamente pela presença conjunta destes dois elementos: graças à luz e força que provêm do Alto, o Papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar.

E no Evangelho de hoje sobressai, forte e clara, a promessa de Jesus: «as portas do inferno», isto é, as forças do mal, «non praevalebunt», não conseguirão levar a melhor. Vem à mente a narração da vocação do profeta Jeremias, a quem o Senhor diz ao confiar-lhe a missão: «Eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer - non praevalebunt -, porque Eu estou contigo para te salvar» (Jr 1, 18-19).

***

No capítulo 18 do Evangelho de Mateus, consagrado à vida da comunidade eclesial, encontramos outro dito de Jesus dirigido aos discípulos: «Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu» (Mt 18, 18). E na narração da aparição de Cristo ressuscitado aos Apóstolos na tarde da Páscoa, São João refere esta palavra do Senhor: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos» (Jo 20, 22-23). À luz destes paralelismos, é claro que a autoridade de «desligar e ligar» consiste no poder de perdoar os pecados. E esta graça, que despoja da sua energia as forças do caos e do mal, está no coração do mistério e do ministério da Igreja.

***

A Igreja não é uma comunidade de seres perfeitos, mas de pecadores que se devem reconhecer necessitados do amor de Deus, necessitados de ser purificados através da Cruz de Jesus Cristo. Os ditos de Jesus sobre a autoridade de Pedro e dos Apóstolos deixam transparecer precisamente que o poder de Deus é o amor: o amor que irradia a sua luz a partir do Calvário. Assim podemos compreender também por que motivo, na narração evangélica, à confissão de fé de Pedro se segue imediatamente o primeiro anúncio da paixão: na verdade, foi com a sua própria morte que Jesus venceu as forças do inferno; com o seu sangue, Ele derramou sobre o mundo uma torrente imensa de misericórdia, que irriga, com as suas águas salutares, a humanidade inteira.

Queridos irmãos, como recordei no princípio, a iconografia tradicional apresenta São Paulo com a espada, e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador. Por exemplo, quando já sentia aproximar-se a morte, escreve a Timóteo: «Combati o bom combate» (2 Tm 4, 7); aqui não se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja.

Amados Metropolitas, o pálio, que vos entreguei, recordar-vos-á sempre que estais constituídos no e para o grande mistério de comunhão que é a Igreja, edifício espiritual construído sobre Cristo como pedra angular e, na sua dimensão terrena e histórica, sobre a rocha de Pedro. Animados por esta certeza, sintamo-nos todos juntos colaboradores da verdade, que - como sabemos - é una e «sinfônica», exigindo de cada um de nós e das nossas comunidades o esforço contínuo de conversão ao único Senhor na graça de um único Espírito. Que nos guie e acompanhe sempre no caminho da fé e da caridade, a Santa Mãe de Deus. Rainha dos Apóstolos, rogai por nós!

Amém.

fonte: www.tribunadonorte.com.br  

sexta-feira, junho 29, 2012

São Pedro e São Paulo

A solenidade de são Pedro e de são Paulo é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Já no século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas para fugir da profanação nos tempos difíceis.

E mais: depois da Virgem Santíssima e de são João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico. Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, quando temos a festa da cátedra de São Pedro; e 18 de novembro, reservado à dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo.

Antigamente, julgava-se que o martírio dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano e que seria a data que hoje comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com são Pedro, crucificado de cabeça para baixo, na colina Vaticana e são Paulo, decapitado, nas chamadas Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia, nem quanto ao ano desses martírios.

A morte de Pedro poderia ter ocorrido em 64, ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante a perseguição de Nero.

Há outras raízes ainda envolvendo a data. A festa seria a cristianização de um culto pagão a Remo e Rômulo, os mitológicos fundadores pagãos de Roma. São Pedro e são Paulo não fundaram a cidade, mas são considerados os "Pais de Roma". Embora não tenham sido os primeiros a pregar na capital do império, com seu sangue "fundaram" a Roma cristã. Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa do martírio, no final, como testemunhas do Mestre.

São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro papa da Igreja. A ele Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja". São Pedro é o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa e nos seus sucessores que temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade.

São Paulo, que foi arrebatado para o colégio apostólico de Jesus Cristo na estrada de Damasco, como o instrumento eleito para levar o seu nome diante dos povos, é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o "Apóstolo dos Gentios".

São Pedro e são Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre.

paulinas.org.br

Dom Jaime receberá pálio das mãos do Papa - 29 de junho de 2012

No próximo dia 29 de junho ( hoje ), Solenidade de São Pedro e São Paulo, Dom Jaime Vieira Rocha estará entre os arcebispos, de várias partes do planeta, que receberão o pálio, das mãos do Papa Bento XVI. A cerimônia acontecerá na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Receberão o pálio os arcebispos nomeados entre julho do ano passado até agora.

Dom Jaime viaja a Roma, nesta sexta-feira, dia 22, e retorna a Natal nos dias primeiros dias de julho. Também viajarão à capital italiana, para participar da celebração, os Arcebispos eméritos de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales e Dom Matias Patrício de Macêdo, e um grupo de mais de vinte sacerdotes, além de fiéis leigos, entre os quais familiares de Dom Jaime.

Além de Dom Jaime, outros sete Arcebispos brasileiro receberão o Pálio. São os novos arcebispos de Florianópolis (SC), Petrópolis (RJ), Porto Velho (RO), Campinas (SP), Teresina (PI) e Uberaba (MG). No Brasil, atualmente, existem 44 sedes metropolitanas ou Arquidioceses.

O que é o pálio
É uma espécie de colarinho de lã branca, com cerca de cinco centímetros de largura e dois apêndices, sendo um na frente e outro nas costas. Neste, são bordadas seis cruzes.

O pálio é confeccionado com a lã de ovelhas, ofertadas ao Papa por jovens romanas, no dia 21 de janeiro de cada ano, data da festa de Santa Inês. A lã é, posteriormente, tecida pelas monjas beneditinas, do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma. Depois, os pálios são abençoados pelo Papa e colocados sobre o túmulo do Apóstolo São Pedro, na Basílica Vaticana. Anualmente, no dia 29 de junho, os pálios são levados do túmulo de São Pedro para a celebração eucarística e colocados sobre o colarinho dos novos arcebispos.

http://www.arquidiocesedenatal.org.br


Santa Sé informa mudanças no rito de benção e imposição do pálio
Da Redação, com Serviço de Informação do Vaticano


Rito de benção e imposição do pálio, em 2011

A Sala de Imprensa da Santa Sé informou em nota nesta quarta-feira, 27, o novo desenvolvimento do rito de benção e imposição do pálio aos arcebispos metropolitanos. O rito será no próximo dia 29, solenidade de São Pedro e São Paulo.

“O rito – diz o texto – substancialmente não variou. No entanto, desde este ano, seguindo a lógica de um avanço da continuidade, se pensou, somente, em uma colocação diversa do rito em si, que terá lugar antes do início da celebração eucarística”.

A modificação foi aprovada pelo Santo Padre e se deve a três motivos. O primeiro é para abreviar a duração do rito. Desta forma, a lista dos novos arcebispos metropolitanos será lida pouco antes da entrada da procissão inicial e do canto “Tu és Pedro”, fora da celebração. Quando o Santo Padre chegar ao altar, se procederá imediatamente ao rito dos pálios.

Outro motivo é evitar que a celebração eucarística seja “interrompida” por um rito excessivamente longo (os bispos metropolitanos são cerca de 45 todos os anos), o que poderia dificultar a participação atenta na Santa Missa. A mudança também quer trazer uma maior atenção ao desenvolvimento da imposição do pálio, tal e como está previsto no “Ceremoniale Episcoporum” e evitar que, devido à sua colocação depois da homilia – como acontecia antes -, se possa pensar em um rito sacramental.

De fato, os ritos que se incorporam à celebração eucarística depois da homilia são, naturalmente, ritos sacramentais: batismo, confirmação, ordem, matrimônio, unção dos enfermos. A imposição do pálio não tem caráter sacramental.

cancaonova.com

quinta-feira, junho 28, 2012

O trabalho de SORRIR

Sorrir é reconhecer o outro como pessoa. Abrir um sorriso é começar a mudar o mundo, porque significa colocar o amor – e não o egoísmo ou o interesse pessoal – no centro da vida humana. 


A Encíclica de Bento XVI – Deus Caritas Est sobre o amor apanhou de surpresa os meios de comunicação em todo o mundo. Muitos esperavam um documento que denunciasse os graves males que atingem a nossa sociedade. Mas qual não foi a surpresa quando se depararam com um texto ao mesmo tempo muito sugestivo e muito terno. Num dos últimos parágrafos, o Papa diz: “O amor é uma luz – no fundo, a única – que ilumina constantemente o mundo em trevas e nos dá a força para viver e agir. O amor é possível, e nós podemos pô-lo em prática, porque fomos criados à imagem de Deus. Viver o amor é levar a luz de Deus ao mundo. Este é o convite que desejaria fazer com esta Encíclica”. Um pouco antes, havia explicado que “o amor não se reduz a uma atitude genérica e abstrata, mas requer um compromisso prático aqui e agora”. Uma das maneiras de pô-lo em prática é dar-se ao trabalho de sorrir.

Como todos apreciamos o sorriso amável das pessoas! Ao mesmo tempo, como é frequente que nos recusemos a sorrir! É estranho que, gostando tanto de que as pessoas nos atendam com um sorriso, nós sejamos, às vezes, tão renitentes em sorrir para a pessoa que nos pede um pouco de atenção. Os meios de comunicação, habitualmente, mostram-nos rostos violentos, irados ou doloridos, que nos comovem, mas quando nos põem, diante dos olhos, caras sorridentes, tendemos, com frequência, a considerá-las falsas e forçadas, pensando que essa amabilidade seja apenas um disfarce, uma tática para conseguir algum proveito ou interesse próprio. Da mesma forma, achamos difícil que alguém nos possa acolher com um sorriso afetuoso sem nos conhecer, mas, ao mesmo tempo, todos nos lembramos da maravilhosa experiência de um sorriso que nos acolheu logo no início da manhã e que foi capaz mudar o nosso dia.

É uma pena menosprezar o sorriso, pois é um dos mais típicos traços do ser humano. Ludwig Wittgenstein – que muitos consideram o filósofo mais profundo do século XX – anotava numa obscura passagem das suasInvestigações Filosóficas: “Uma boca sorridente só sorri num rosto humano”. Com essas palavras, Wittgenstein afirma que, para haver um sorriso, é preciso que haja um rosto humano que dê significado a ele; mas, talvez, sugira também que um rosto só é plenamente humano quando sorri.
Os filósofos da escolástica medieval já haviam percebido que a capacidade de sorrir é uma característica própria dos seres humanos, uma propriedade derivada, necessariamente, de sua essência. Omnis homo risibilis est, diziam: “Todo homem é capaz de rir”. Dar-se ao trabalho de sorrir é um modo aparentemente simples de tornar este nosso mundo um pouco mais humano e, assim, tornar mais humana a nossa própria vida.

Para entender um pouco mais, vale a pena recordar a gênese do sorriso, o modo como ele surge na criança. Segundo dizem os especialistas em desenvolvimento infantil, quando um bebê se sente satisfeito, apresenta no, arco bucal, um reflexo espontâneo que faz a mãe pensar que ele está sorrindo. Emocionada com o aparente sorriso do seu bebê, a mãe o premia com carícias e festinhas afetuosas. Por sua vez, entusiasmada com essa onda de ternura efusiva, a criança corresponde imitando a expressão do rosto materno com um sorriso ainda mais franco e aberto. Esse processo educativo tão peculiar mostra que o sorriso não é um mero reflexo espontâneo de prazer, mas sobretudo uma valiosa conduta comunicativa.

Certa vez, uma aluna do doutorado veio visitar-me junto com a sua filha Carmen, que tem pouco mais de um ano. Demos à menininha um brinquedo simples para entretê-la enquanto conversávamos sobre filosofia. Em um dado momento da conversa, quando rimos abertamente de uma piada filosófica, Carmen uniu-se entusiasmada às nossas risadas, como se tivesse entendido alguma coisa. Com essa risada espontânea, deu-nos uma verdadeira lição de filosofia: rir juntos, sorrir uns para os outros, cria espaços formidáveis para a comunicação.

Sorrir é reconhecer o outro como pessoa: sorrimos para o porteiro ao entrarmos no edifício onde trabalhamos, mas não para a máquina de fotocópias que está no corredor. Existem pessoas nas quais o sorriso parece ser natural. Vem-me à memória o maravilhoso sorriso de João Paulo I, que, nos breves dias do seu Pontificado, encheu o mundo de esperança. No livro que ele escreveu, poucos anos antes, intitulado 'Ilustríssimos Senhores', podemos ler o seguinte: “Infelizmente, só posso viver e distribuir amor no corre-corre da vida cotidiana. Nunca tive de fugir de alguém que estivesse querendo matar-me, mas não faltam aqueles que põem a televisão alta demais, ou fazem barulho, ou simplesmente são mal-educados. Em todos esses casos, será preciso compreendê-los, manter a calma e sorrir. Nisso consistirá o verdadeiro amor sem retórica”.

Tudo leva a crer que um sorriso, aparentemente tão natural, é fruto de um prolongado esforço de muitos anos. Algo parecido contava-me um colega, relatando a sua experiência: “Há épocas – dias – em que sorrir é um ato heroico, pelo menos para mim; dias em que dormimos mal, dias em que não nos sentimos bem, física ou psicologicamente; dias em que temos preocupações ou a cabeça tão ocupada que não conseguimos colocá-la nas pessoas que se encontram ao nosso lado. Mas se você se propuser, conseguirá sorrir e até arrancará comentários do tipo: 'Você, sempre sorrindo! Como deve estar de bem com a vida!'. Mal sabem eles o quanto cada sorriso está me custando!”

O sorriso suscita sempre muita gratidão, tal como no caso da mãe com o seu bebê. Quem sorri colhe, muitas vezes, o sorriso e o afeto dos outros. É muito conhecida aquela afirmação de William James, um dos fundadores da psicologia contemporânea: “não choramos por estarmos tristes, estamos tristes, porque choramos”. Parece-me que algo semelhante se pode dizer do sorriso. De fato, quando encontro pessoas que sofrem por causa do seu isolamento, das suas dificuldades de comunicação com os outros, costumo animá-las a que se empenhem em sorrir para os que estão à sua volta; não sorrimos, porque estamos contentes, mas estamos contentes porque sorrimos. Não importa que, num primeiro momento, o sorriso seja forçado ou pareça artificial, mas depois, com a prática repetida, vai-nos tocando por dentro até que chega a alegrar o coração.

Alguns pensam que a história humana é movida pelas guerras, que o motor do progresso social e científico são os conflitos e os confrontos. Mas Bento XVI nos recorda, com a sua Encíclica, que é precisamente o contrário: o motor da história – se é que a história tem um motor – é o amor, é o diálogo e a comunicação entre as pessoas e entre os povos. O que ele nos ensina é que mudaremos o mundo à base de carinho. Neste sentido, pôr-se a sorrir é começar a mudar o mundo, porque significa colocar o amor – e não o egoísmo ou o interesse pessoal – no centro da vida humana. Por isso, se quisermos começar a mudar o mundo, vale a pena levar a sério o trabalho de sorrir.

Jaime Nubiola
cancaonova.com

quarta-feira, junho 27, 2012

Exortações do Sermão da Montanha

Por Frei Almir R. Guimarães, OFM


2Reis 19,9-11.14-21.31-36; Mateus 7, 6.12-14 


Não nos cansamos de meditar nas exortações e advertências do Sermão da Montanha de Mateus. Num tempo em que se fala de evangelização, nova evangelização, retorno ao evangelho nada mais oportuno do que nos deixar impregnar da novidade da Boa Nova.



“Não deis aos cães, as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos para que eles não as pisem com os pés e voltando-se para vós vos despedacem”. Este versículo tem a ver com prescrições do Antigo Testamento que interditavam o acesso aos pagãos às coisas santas do culto judaico. Esta expressão forte é um aramaismo, ou seja, um manfeira figura de dizer alguma coisa dura. Podemos interpretar que as coisas santas são coisas santas. O ser humano, mormente aquele que vai se incorporando a Cristo, é santo. Não pode ser profanado. Temos um carinho todo especial pelos sacramentos que deverão ser recebidos por pessoas desejosas de Deus, respeitosas e humildes. Os sacramentos são coisas santas. Os espaços onde celebramos a Eucaristia são santos: cálices, patenas, vestes. Tudo aquilo que é santo é para os que estão na busca da santidade e para pecadores em franco estado de conversão. Fundamental que melhoremos as preparações para os sacramentos. Assim as coisas santas serão dadas aos que estão no caminho da santidade.

“Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles”. Mais uma lei que reforça e fundamenta a fraternidade humana e cristã. Se temos fome, se nos falta uma presença amiga na hora da doença, se errando queremos o perdão, normal que, por nossa vez, alimentemos os famintos, visitemos os doentes e concedamos o perdão aos que nos ofenderam. O bem que queremos para nós, desejamo-lo para os outros. “Nisto consiste a Lei e o Profetas”.

“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição de muitos…”. Os que querem ingressar na sala do banquete de festas, os que agora no meio de sombras, desejam ser cristãos, só poderão atingir seu objetivo com graça do Senhor. Cabe a cada um, no entanto, colaborar com essa graça. Em outras palavras: há momentos de renúncia, de passar pela porta estreita. Pensamos aqui nos exercícios de ascese e nas posturas interiores de união nossa com a cruz de Cristo. Será preciso ser sóbrio na comida, não endeusar o prazer, não transformar a sexualidade num ídolo, aceitar um sofrimento e uma contradição sem revolta, não idolatrar o dinheiro.

“Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida”. Os cristãos adotam comportamentos marcados por cuidados constantes de trabalhar em sua conversão pessoal e comunitária. Somos gente que tentamos passar pela porta estreita.

franciscanos.org.br

terça-feira, junho 26, 2012

O viver das irmãs em São Damião

Estamos nos abeirando das comemorações dos oitocentos anos do carisma clariano que serão celebrados de modo particular da cidade de Canindé (CE), nos dias 9 a 11 de agosto de 2012. Fernando Felix Lopes, português, escreveu uma das encantadoras biografias de São Francisco que conheço. Deu-lhe o título de O Poverello. São Francisco de Assis (Ed. Franciscana, Braga, 5ª. ed, 1996). No intuito de nos colocar no espírito das comemorações clarianas transcrevemos umas poucas páginas deste autor que nos falam da vida das irmãs em São Damião e dos últimos dias daquela que se definia como “plantinha” do Seráfico Pai. Os leitores não encontrarão novidade alguma, mas poderão saborear o jeito charmoso português de dizer as coisas mais simples da vida. (Frei Almir Guimarães)


O que foi o viver das irmãs ali recolhidas em São Damião, não é fácil de contar. A Regra de vida era o Evangelho, nem Francisco soubera ditar outra.

Com as rezas, o trabalho para o pão de cada dia. E nos casos em que o trabalho não dava, sentavam-se a comer, à “mesa do Senhor”, a caridade da esmola pedida de porta em porta. O ideal poeticamente exemplificado por Francisco nas avezinhas do céu e nos lírios do vale, traduziram-no as freiras em forma comum de viver.

Clara aos pobres mandara distribuir seu patrimônio, e as outras irmãs de modo semelhante procediam. Professavam a pobreza absoluta que liberta a alma, a desamarra do egoísmos que prendem e dos cuidados que consomem. Clara, a pobrezinha, era o modelo; quando Francisco a olhava, com certeza, via nela o rosto da madona Pobreza.

O único privilégio que desejou dos Papas foi o privilégio de não ter nada. Quando o requereu a Inocêncio III, na chancelaria pontifícia nem sabiam como redigir o documento para satisfazer tão insólito e original pedido.

Esses passos da Regra escrita por Santa Clara e aprovada pelo Papa na véspera da sua morte, deixam-nos entrever a devoção com que ali se adorava Sóror Pobreza, que São Francisco fizera a sua dona.

“O Altíssimo Pai celeste se dignou alumiar o meu coração para que, seguindo o exemplo e doutrina de nosso bem-aventurado Pai (S. Francisco), fizesse penitência; pouco depois da sua conversão, juntamente com minhas irmãs voluntariamente lhe prometi obediência. E vendo o bem-aventurado Pai que nenhuma pobreza nem trabalho, nem tribulação, nem desprezo do mundo temíamos, mas antes com grande contentamento levávamos estas coisas, movido de piedade nos escreveu forma de viver em esta maneira: Porque, por inspiração do Senhor, vos fizestes filhas e servas do Altíssimo e Sumo Rei o Pai celeste, e por graça do Espírito Santo destes de viver segundo a perfeição do santo Evangelho, quero e prometo, por mim e por meus frades, sempre ter de vós, como deles, cuidado diligente e especial solicitude.”

“E assim como fui sempre solícita, juntamente com minhas irmãs, em seguir a pobreza que prometemos ao Senhor e ao bem-aventurado São Francisco, assim observem as abadessas que depois de mim vierem: a saber, que não recebam nem tenham possessões ou propriedades por si nem por interposta pessoa, nem qualquer outra coisa que possa chamar-se de propriedade, se não somente quanta terra se requer para honestidade e conserto do mosteiro, e essa terra não se lavre como horta para as necessidades das irmãs”.

Quarenta anos ali viveu Clara. O coração anda-lhe cheio do Evangelho. Tanto, que é nele que São Francisco procura alumiar de certezas os caminhos da vida, nas horas aflitas de suas dúvidas. Vem-lhe o desassossego ao coração, e já não sabe que mais agrade ao Senhor: se a recolhida oração longe do mundo, se o apostolado entre os homens. Por sua ordem vai Frei Masseu ler no coração de Santa Clara os desígnios da Providência e torna com a resposta: – “Vai pelo mundo anunciar aos homens o Reino dos céus”.

Por longe, outros mosteiros vão surgindo a recolher donas e donzelas que trocam as riquezas e os gozos do mundo pelas alegrias simples do Evangelho. Clara traduz para o feminino os ideais largos e viris do Poverello, e no seu pobrezinho mosteiro de São Damião é ela o modelo e forma de vida que todas procuram imitar.

A piedosa caridade doméstica, esta virtude que muitos, em família, julgam cumprir borrifando de fel a vida de todos, praticava-a com requintes de ternura: as ocupações mais humildes da casa eram para ela momentos de oração, lavava os pés das irmãs serventes quando chegavam dos trabalhos por fora, cuidava das enfermas, nas noites frias do inverno andava solícita a agasalhar as irmãs, era ela quem despertava à noite para matinas, e ela mesma acendia as luzes das escadas e espevitava a lâmpada da capela. Doente desde os trinta e um anos, nunca perdeu o hábito do trabalho, nunca amaciou os rigores da pobreza, nunca perdeu a coragem nem a alegria de viver.

Em 1228, o papa Gregório IX vem a São Damião a teimar com ela para que amenize os rigores da pobreza, e oferece-lhe rendas para sustentar o mosteiro. Recusa com vigoroso respeito as solicitudes do papa; e quando este lhe propõe que se os escrúpulos lhe vêm do voto que fizera, dele a desliga dispensando-a, ei-la que responde: – “Santo Padre, desligue-me dos meus pecados, isso lhe peço; agora de seguir até à morte o Cristo pobre, de tamanho favor não desejo dispensa”.

Em setembro de 1240, os sarracenos dos exércitos imperiais, passando por Assis, escalam os muros do mosteiro. Clara levanta-se de seu leito de enferma, manda às irmãs que lhe tragam a custódia com o Santíssimo Sacramento, e todas de joelhos, implora ela: -“Guarda, Senhor, este pequenino rebanho que os lobos assaltam, pois eu já não o posso defender”. E Jesus responde: “Sossega, filha, que sempre o guardarei”. E os sarracenos fogem em debandada.

Um ano depois, Vital de Anversa torna com os exércitos imperiais a sitiar Assis, - “Muitos benefícios devemos à nossa cidade, é agora o tempo de lhos pagar”, diz Clara. Cobre-se de cinzas todas as irmãs com ela; jejum a pão e água, sem outra coisa a comer, e ferventemente imploram a proteção de Deus para a cidade aflita. E no outro dia Vital levanta o cerco e retira com seu exército.

No leito da agonia, trazem-lhe a bula de Inocêncio IV a aprovar a Regra e a Pobreza. Pega dela e beija-a. Uma alegria imensa lhe inunda o rosto. À sua volta Frei Junípero, Frei Ângelo e Frei Leão são ali a presença de Francisco que há muito voara para o céu. - “Que notícias me trazes de Deus?” pergunta a Frei Junípero. E o frade simples, o jogral do Senhor, tem nos lábios palavras divinas que mais lhe enchem de alegria o coração.

É a hora extrema. Sente que a alma começa a ausentar-se: – “Vai segura, tens bom guia para a caminhada. Quem te criou, Ele mesmo te santificou e te amou mais do que a mãe ama o o seu filhinho. Bendito, Senhor por me haveres criado!”

Era 11 de agosto de 1252 quando a sua alma partiu nos braços da morte, a cantar louvores ao Senhor que lhe dera a vida.



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segunda-feira, junho 25, 2012

Qual a diferença entre frei e padre?

Por Frei Félix Fegger, OFM


Há gente que pergunta com freqüência sobre a diferença entre padre e frei. Qual estudou mais? Quem é mais importante? Quem é melhor?

Brincando para fazer pensar: tem frei que é padre e tem frei que não é padre. Tem padre que é frei e tem padre que não é frei. “Padre” e “Frei” são títulos como “Bacharel”, “Doutor”, entre outros. Vamos alinhavar isso:
Padre vem de “pater”, que significa “pai” em latim. É um título para o sacerdote: um homem retirado do povo para servir o sagrado, para santificar... como um bom pai de família. Ao falar em padre, normalmente se pensa em padre que trabalha numa paróquia. Pensa-se numa espécie de pai para a comunidade. Ou se pensava?!

Frei vem de “frater” que significa “irmão”, “frade” em latim. Frade é membro de uma congregação religiosa, homens que vivem uma mesma regra e mesmo ideal, num convento. É título do religioso. Entre si e perante os outros, os frades se chamam de “frei”, uma abreviação de “frade”.

Sacerdócio – ser padre – é uma vocação. Como o casamento é uma vocação. Ser religioso é outra vocação (ser franciscano, jesuíta, salesiano, redentorista, dominicano, etc.; mais de uma dessas congregações seus religiosos são chamados de freis, como título interno. Os beneditinos se intitulam de “dom”). As duas vocações não se repelem. Colaboram. Há religiosos que também se tornam padres e há também frades (freis) que não são ordenados padres.

Chamamo-los de “Irmãos Leigos”. Dentro de um convento podem até ser superiores, assim como vocês conhecem “freiras”, “irmãs” no mundo feminino; temos os “freis” e os “irmãos” no mundo masculino. Então, um religioso que é ordenado padre tem dois títulos: Padre e Frei. O grau de sacerdócio é o mesmo. Nem há diferença nos estudos: todos os padres devem ter cursos de Filosofia e Teologia como base. Alguns se especializam em alguma matéria, tanto entre os chamados padres diocesanos (ou seculares) como entre os religiosos.

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sábado, junho 23, 2012

Solenidade da Natividade de São João Batista

Nascimento de João Batista - Lc 1, 57-66.80
* 57 Terminou para Isabel o tempo de gravidez, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela. 59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe, porém, disse: «Não! Ele vai se chamar João.» 61 Os outros disseram: «Você não tem nenhum parente com esse nome!» 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: «O nome dele é João.» E todos ficaram admirados. 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. 66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: «O que será que esse menino vai ser?» De fato, a mão do Senhor estava com ele.
80 O menino ia crescendo, e ficando forte de espírito. João viveu no deserto, até o dia em que se manifestou a Israel.

* 57-66: O nome de João (= Deus tem piedade) é o sinal que evidencia o projeto de Deus sobre a criança e sua missão.
* 67-80: O cântico de Zacarias é um louvor ao Deus misericordioso que realiza, através de Jesus, a «visita» aos pobres. Em Jesus se manifesta a força que liberta dos inimigos e do medo, formando um povo santo diante de Deus e justo diante dos homens. Desse modo, manifesta-se a luz que ilumina a condição do povo, abrindo uma história nova, que se encaminha para a Paz, isto é, a plenitude da vida.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral


“João é seu nome”
A festa da natividade de João Batista assemelha-se às festas da infância de Jesus. O espírito é nitidamente “lucano”: evoca a manifestação da graça e bondade de Deus. O lema é a frase de Zacarias: “João é seu nome”(evangelho). Esta frase é uma mensagem da gratuidade e bondade de Deus. O próprio nome Yohanan significa “Deus se mostrou misericordioso”. João é um dom gratuito de Deus. Isto mostra-se de diversas maneiras: a idade avançada de seus pais, o fato de ninguém na família se chamar assim, o fato de Deus “soltar a língua” de Zacarias para que ele possa dizer: “João é seu nome”.

Ora, quando se trata de Deus, “gratuidade” significa: não ser condicionado por cálculos humanos. João, criança que encarna a gratuita bondade de Deus, pertence completamente a Deus. É “profeta do Altíssimo” (Lc 1,76). Seu modo de viver lembra Elias, o profeta que vivia no deserto, impelido pelo Espírito (cf. Lc 1,80). Aliás, em Lc 1,17 o anjo anuncia que João andará no espírito de Elias, o mais típico “homem de Deus” no A.T.

A pertença a Deus faz de João uma nova realização do “Servo de Deus” (1ª leitura), um homem cuja palavra é como uma espada afiada, incômoda para quem não quer saber de Deus em sua vida. A história de João prova isso. Hoje agradecemos a Deus um “homem difícil”. Pois são muitas vezes as pessoas difíceis que mais nos ajudam na vida. Suas palavras incômodas nos fazem ver com maior clareza nossa situação. Neste sentido, João é uma luz (Is 49,6 fala de “luz das nações”), embora ele não seja a luz definitiva, mas antes, a testemunha da luz (10 1,6-8; 5,33-35); ou, já que falamos em termos figurativos, ele é como a lua que desaparece quando cresce a luz do sol (cf. Jo 3,30).

João é luz, ou testemunha da luz, sobretudo por ter apontado Cristo no meio da humanidade. O querigma apostólico, o anúncio de Cristo, começa com João (cf. At 10,37). Para isso, há uma razão teológica: João encarna, por assim dizer, Elias, que era esperado voltar antes da “visita” de Deus (Eclo 28,10; Jesus identifica João com Elias; cf. Me 9,11-13; Mt 17,10-13; 11,14; Lc 7,26-27). Mas há também uma razão histórica: Jesus iniciou, de fato, sua pregação do Reino no ambiente “pré-aquecido” pela pregação do Batista.

Isto contém uma profunda lição. Mesmo no ponto culminante de seu agir salvífico, Deus não despreza a preparação humana. Deus não dispensa “o maior dos profetas”, embora o menor no Reino dos Céus seja maior do que ele (Lc 7,28). João encarna, por assim dizer, a plenitude do A.T. e de qualquer outra preparação para o Evangelho.

À primeira vista, falta na liturgia de hoje o “Benedictus”, o canto de ação de graças de Zacarias quando do nascimento de João (Lc 1,68-79), cortado fora da perícope evangélica (talvez porque a liturgia foi composta por monges, que rezam esse cântico cada manhã no divino ofício e acharam que ele sobrecarregaria a missa). Ora, nada impede de usá-lo como salmo responsorial ou como canto da comunhão (que cita um versículo dele como antífona).

Quanto à atualidade que vivemos, a presente festa oferece uma ocasião para iluminar os profetas de hoje, essas pessoas “difíceis”, cujo nascimento foi uma graça que agradecemos a Deus.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes


Anunciando o Sol
O evangelho de hoje poderia ser completado com o cântico entoado pelo pai Zacarias quando do nascimento de João Batista: o Benedictus (Lc 1,68-79). É nesses versos que aparece a bela evocação da missão de João: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, preparando os seus caminhos, dando a conhecer a seu povo a salvação, com o perdão dos pecados, graças ao coração misericordioso de nosso Deus, que envia o sol nascente para nos visitar. .. ” (Lc 7,76-78). O sol nascente é Jesus. E quando crescer esse sol nascente, a luz da lua (ou da estrela da manhã?) deverá diminuir, como dirá o próprio João (Jo 3,30).

De fato, o Batista, como é apresentado na Bíblia, está totalmente em função daquele que vem depois dele, Jesus. Essa perspectiva dos evangelhos talvez não tenha sido a dos seus contemporâneos, como mostram alguns traços dele encontrados fora da Bíblia (p.ex., no autor judeu Flávio Josefo, que viveu pouco tempo mais tarde). Mesmo na Bíblia encontramos indícios de que a atividade histórica de João não foi totalmente absorvida pela de Jesus (At 19,1-6, os discípulos do Batista em Éfeso por volta de 50 d.C.). Mas, para os evangelistas obra do Batista foi o anúncio do sol que estava nascendo, a luz prometida por Deus a seu povo: Jesus de Nazaré.

Ora, não só João preparou a chegada de Jesus; ele é a plenitude de todos os profetas, sendo o último e o maior deles, o decisivo, aquele que encerra o anúncio profético do antigo Israel. “Até João, a Lei e os Profetas! A partir de então, o Reino de Deus está sendo anunciado, e todos usam de força para entrar nele” (Lc 18,16), Ele é descrito como um novo Elias, pois Elias era esperado para preparar, com sua pregação de conversão e reconciliação, a visita final de Deus a seu povo (cf. Eclo 48,10).

Estamos inclinados a pensar que a missão do Batista terminou no ano 30, quando Jesus se apresentou. Mas em todos os tempos a missão do Batista continua necessária, pois a luz do sol ainda não surgiu em todos os lugares, e pode acontecer também que em algum lugar já tenha escurecido. Anunciar o sol é uma figura para dizer que em todas as circunstâncias é preciso preparar os corações para receber o Enviado do Pai, o próprio Filho de Deus. Em nossa sociedade urbano-industrial, o sol de Cristo parece estar obnubilado – quem sabe, pela poluição … mental. Quando nesse ambiente apresentamos todo o “aparato” cristão, isso é recebido com uma mentalidade sensacionalista, comercial, não como a luz benfazeja do sol, mas como o cintilar da propaganda. Não seria melhor mandar um João Batista à frente?

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

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sexta-feira, junho 22, 2012

Óbolo de São Pedro: colaboração com a caridade do Papa

Nos próximos dias 30 de junho e 01 de julho, solenidade litúrgica dos Apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja Católica realiza, em todo o mundo, a coleta do Óbolo de São Pedro. Através dessa coleta, o fiel católico é convidado a colaborar com as obras de ajuda do Papa, em favor dos mais necessitados, e da manutenção da Santa Sé. Nesta entrevista, o secretário do Arcebispo de Natal,Padre Clemente Medeiros, explica a origem e significado do óbolo e como os fiéis podem contribuir. 

O que é e qual a origem do Óbolo de São Pedro?
O Óbolo de São Pedro é uma coleta anual que se faz em toda a Igreja para ser ofertada ao Santo Padre, a fim de ajudar na manutenção da Sé Apostólica e das obras de caridade do Sumo Pontífice em todo o mundo. O Óbolo de São Pedro tem sua origem e fundamentação espiritual no período apostólico, conforme indicado no livro dos Atos dos Apóstolos, quando a comunidade cristã nascente compreendeu a necessidade de prover a manutenção material dos que se dedicavam totalmente a missão de anunciar o Evangelho, a fim de poderem entregar-se inteiramente ao seu ministério, tomando cuidado também dos mais necessitados (At 4, 34-35; 11, 29-10). O Papa João Paulo II ensina que “a base primeira para a manutenção da Sé Apostólica deve ser constituída pelas ofertas dadas espontaneamente pelos católicos de todo o mundo, e eventualmente também por outras pessoas de boa vontade. Isto corresponde à tradição que tem origem no Evangelho (Lc 10,7) e nos ensinamentos dos Apóstolos (1Cor 11,14)” (Carta ao Cardeal Secretário de Estado, 20 de Novembro de 1982). No final do século VIII, após sua conversão ao cristianismo, os anglo-saxões permaneceram espiritual e afetivamente tão vinculados ao Papa, Bispo de Roma, que decidiram enviar espontaneamente, de maneira perene, um contributo anual ao Santo Padre. Surge, assim, o “Denarius Sancti Petri”, o “Denário de São Pedro”, oferta que rapidamente se espalhou pelos países europeus. A prática da coleta anual para o Óbolo de São Pedro foi desenvolvida e organizada ao longo dos séculos até ser estabelecida de modo definitivo pelo Papa Pio IX através da sua Encíclica Saepe venerabilis, de 5 de Agosto de 1871. Hoje, a coleta é realizada em todo o mundo católico, coincidindo com o dia 29 de junho ou o domingo mais próximo da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

Como os fiéis podem contribuir para o Óbolo?
A primeira forma de contribuir é participar das celebrações em honra dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, dedicando suas orações pelo Santo Padre, por suas necessidades e por toda a Igreja de Cristo, sobretudo os necessitados da especial atenção, cuidados e auxílio fraterno do Sumo Pontífice. Isso renova espiritualmente o vínculo de fé, de esperança e de amor que nos em Cristo. A segunda forma de contribuir é mais efetiva e nos compromete diretamente através da oferta material que se faz no ofertório da Santa Missa, em todas as celebrações realizadas na Solenidade dos Santos Apóstolos. A terceira forma de contribuir é ajudar a divulgar o Óbolo de São Pedro, esclarecendo e orientando os que ainda não conhecem esta iniciativa, e motivando os que já conhecem, mas não colaboram de modo efetivo. O Papa Bento XVI nos recorda o significado particular do Óbolo com estas palavras: “O Óbolo de São Pedro é a expressão mais emblemática da participação de todos os fiéis nas iniciativas de caridade do Bispo de Roma a bem da Igreja universal. Trata-se de um gesto que se reveste de valor não apenas prático, mas também profundamente simbólico enquanto sinal de comunhão com o Papa e de atenção às necessidades dos irmãos; por isso, o vosso serviço possui um valor eclesial” (Discurso aos Sócios do Círculo de São Pedro, 25 de Fevereiro de 2006).

A que se destinam os recursos do Óbolo?
O Papa João Paulo II chamou atenção para o Óbolo de São Pedro como forma de os fiéis católicos apoiarem o ministério dos sucessores de São Pedro ao serviço da Igreja universal: “Conheceis as crescentes necessidades do apostolado, as carências das Comunidades eclesiais especialmente em terras de missão, os pedidos de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias condições. Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem encontrar noutro lugar” (João Paulo II ao Círculo de São Pedro, 28 de Fevereiro de 2003). O Santo Padre Bento XVI reafirma que “a Igreja nunca poderá ser dispensada da prática da caridade enquanto atividade organizada dos fiéis. Por isso, é muito importante que a atividade caritativa da Igreja mantenha todo o seu esplendor e não se dissolva na organização assistencial comum” (Deus Caritas Est). As ofertas dos fiéis para o Santo Padre destinam-se, pois, a obras eclesiais, a iniciativas humanitárias e de promoção social, além da manutenção e sustento das atividades da Santa Sé.

O caminho da vida em Deus

A vida deve nos tornar felizes

"Cada um de nós vive com a esperança de que vai conseguir o que lhe cabe; seja na profissão, na amizade, no amor ou na família. A vida deve nos tornar felizes, pois, em primeiro lugar e antes de tudo, desejamos ser felizes; algo tão simples, porém tão difícil.” (Dom Notker Wolf - Abade-Primaz da Ordem dos Beneditinos)

Às vezes, o caminho da vida parece tão difícil e longo demais. Não tenho forças nem vontade para a jornada. Então, lembro-me de que o bom Deus conhecia esse caminho muito antes de eu ser chamado a percorrê-lo. Ele sempre soube das dificuldades pelas quais eu passaria, a dor que não conseguiria explicar aos outros. Ele sabe e oferece Sua presença.

Talvez, hoje, você esteja oprimido por tristeza. Ela pode ser o peso de um ministério difícil, a preocupação de um casamento problemático, a tristeza de uma criança sofrendo, o cuidado com um parente envelhecendo, o desemprego, os vícios na família, um sonho que custa a se realizar ou outras situações que a vida nos apresenta. “Certamente”, diz você, “Deus não me faria andar dessa maneira. Deve haver outro caminho mais fácil a percorrer”.

Escreve o reverendo David H. Roper: “Mas, qualquer um de nós é sábio o suficiente para saber que alguma outra maneira nos transformaria em filhos melhores e mais sábios? Não, nosso Pai Celestial conhece o melhor, de todos os caminhos possíveis, para nos levar à realização (Salmo 142,1-3)”.

Seus caminhos são mais altos do que os nossos caminhos; Seus pensamentos são mais altos do que os nossos pensamentos (Isaías 55,9).Podemos tomar, humildemente o caminho que Ele traçou para nós, hoje, com absoluta confiança em Sua infinita sabedoria e amor. Ele é mais sábio e mais amoroso do que podemos imaginar. Aquele que vê anteviu e não nos desviará do caminho, pois este está entregue ao Senhor Deus com absoluta confiança (cf. Salmo 37,5).

A nossa vida vive no caminho da providência do Pai Eterno.


Padre Inácio José do Vale, osbm
cancaonova.om

quinta-feira, junho 21, 2012

“Quando orardes, não useis muitas palavras…”

Somos eternos aprendizes na arte da oração. Muitos de nós, desde a nossa mais tenra infância, aprendemos a rezar. Por vezes, infelizmente, uma certa catequese superficial foi formando pessoas que mais rezavam com os lábios do que com o coração. Ainda hoje tem seu valor a recriminação de Jesus a respeito do que honram o [...]

Somos eternos aprendizes na arte da oração. Muitos de nós, desde a nossa mais tenra infância, aprendemos a rezar. Por vezes, infelizmente, uma certa catequese superficial foi formando pessoas que mais rezavam com os lábios do que com o coração. Ainda hoje tem seu valor a recriminação de Jesus a respeito do que honram o Altíssimo com os lábios. Estamos convencidos de que precisamos reformar seriamente e constantemente nossa vida de oração. Digo bem: trata-se de uma vida de oração. Sabemos perfeitamente que a mera multiplicação de palavras não faz a oração ganhar em qualidade.

Algumas orientações para que possamos nos aperfeiçoar na arte da oração:

• Importante adquirir o hábito de caminhar na presença do Senhor. Trata-se de um expediente antigo dos mestres de espiritualidade. Mesmo quando não estamos no exercício da oração o Senhor nos olha, nos vê, acompanha nossos passos. Muitos ainda hoje conservam o hábito de dirigir a Deus, nas caminhadas, na condução, no trabalho, uma jaculatória aos Senhor: “Meu Deus e meu Tudo”; “Meu Senhor e meu Deus”; “Coração de Jesus que tanto me amais, fazei que eu vos ame cada vez mais”.

• Ajuda o fervor da oração a prática do silêncio. As pessoas que passam um tempo em silêncio sentem mais facilidade para rezar. A frequentação dos salmos e das páginas das Escrituras, no silêncio, tornam menos áridos os momentos de oração. Muitos e muitas chegaram a uma intensa vida de oração através da recitação incessante e sempre nova dos salmos, esse livro que foi feito pelo Espírito.

• Não se pode rezar apenas quando se experimenta “calor” no interior. A oração requer perseverança e fidelidade. Mesmo nos momentos de secura interior e de aridez dolorosa será preciso permanecer diante do Senhor como um vigia que não desiste de guardar a porta da casa.

• Nunca haveremos de nos esquecer que é o Espirito que reza em nós. Podemos e devemos preparar o “terreno”, ou seja, levar uma vida reta, colocarmo-nos na presença do Senhor, tomar os textos inspirados, mas sempre quem reza em nós é o Espírito.

• Prática importante de oração é a da meditação: colocar-se na presença do Senhor, ler um texto, deixar a Palavra penetrar, ruminar aquilo que o Senhor nos fala.

• Muitos gostam de rezar com canto. Há essas melodias inspiradas: um dolente pedido de perdão, uma exultação gloriosa diante do Senhor, um grito de súplica. Muitos, ainda em nossos dias, gostam de rezar cantando as melodias do canto gregoriano.

• Há momentos determinados para a oração: manhã, tarde, noite. Temos que ser fiéis a eles. Importante que assim, aos poucos, nossa vida toda se torne uma existência de oração. É isso que conta.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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quarta-feira, junho 20, 2012

Deus nos perdoa e nos restaura

Mesmo tendo Adão desobedecido à ordem d'Aquele que o criara, no caos do jardim causado pelo pecado, Deus vem ao encontro de Adão e chama-o pelo nome. Veja que beleza: Deus chama-o pelo nome! Adão, no entanto, se esconde, por vergonha do Senhor.

É isso que faz o pecado em nós! Ele nos afasta d'Aquele que é nosso maior tesouro, e nos priva de participar da riqueza que o Senhor do jardim pode e quer nos oferecer. E também nos deixa envergonhados e, mesmo sem percebermos, nos “escondemos” de Deus Pai. “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. (Gn 3,12) Quantas vezes também nós, a exemplo de Adão, ficamos procurando justificativas de nossos pecados?

Com isso somos inseridos em um gírio de insensatez e ficamos sempre encontrando justificativas para nossas transgressões e, como se não bastasse, ainda colocamos a culpa, muitas vezes, no outro. É o gírio da insensatez que vai cada vez mais nos envolvendo, deixando-nos desorientados e longe de Deus.

Aquele que criou o ser humano, agora contempla Sua obra “arranhada” por causa do mau uso da liberdade que foi concedida como dom. Mas esse amor, que fez a criação acontecer, que O motivou a dialogar com o homem desobediente, é o mesmo amor que vai selar uma aliança que, em Jesus Cristo, encontrará plenitude. Dando-nos o Seu Espírito e o Seu Filho, Deus estende novamente os braços para nós e nos possibilita participar novamente de Sua graça. Graça essa que nos faz ir além, nos motiva a cantar hinos e louvores e é oferecida a todos.

Mesmo nas profundezas de nossas transgressões, podemos, por graça, clamar pelo Senhor com a certeza de que não seremos envergonhados. N'Ele e por Ele encontramos o perdão de nossas faltas e a restauração de nossa beleza das origens.


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

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terça-feira, junho 19, 2012

O Evangelho do envio dos Apóstolos pelo mundo afora

Lá vai ele, esse Francesco da cidade de Assis. O coração dava muitas voltas dentro de seu peito. Não era mais o filho de Pietro Bernardone e de Dona Joana. Era e não era. Estava mudado e transformado. Melhor dizendo: estava se transformando. A borboleta ainda não tinha saído completamente do casulo. As pessoas se davam conta do processo de mudança. Francisco, fazendo sua caminhada… viajou até os cantos mais recônditos de seu interior, deu hospitalidade ao Espírito. Ficou meio pensativo… beijou um leproso… se vestiu de trapos para sentir na carne a dureza da pobreza e de ser um pedinte de esmolas. Homens bons e retos de Assis vinham ter com ele querendo viver sua vida… mas ele se sentia meio perdido. Na verdade o que Deus estava querendo dele?


Francesco, meio dançarino, meio poeta, meio criança entra na capela de Nossa Senhora dos Anjos. Um sacerdote idoso celebra a Missa e lê o Evangelho da missão: os apóstolos são convidados a irem pelo mundo a fora, a não se instalarem no templo, a irem anunciar a Boa Nova, sem calçado, sem títulos, formulando votos de paz, anunciando a liberdade do Evangelho. Francesco já usa as roupas de ermitão e caminha com um cajado… Agora, ele vê seu caminho, ou seja, ser andarilho, pregador ambulante, ele e seus irmãos, dois a dois. Leves, lépidos sem o peso de estruturas, sem organizações burocráticas. Com seus vinte e poucos anos, Francisco vai se tornar o homem totus evangelicus. O Evangelho passava a tomar conta dele, até o fim, até o morrer nu na terra nua, ali mesmo nesta abençoada capela da Senhora dos Anjos. Ele pode dizer com toda veemência: “É isto que eu quero, isto que busco de todo o meu coração. Agora está claro: eu serei com minha vida e minha história, junto com meus irmãos o anunciador do Evangelho, fascinados pelo Cristo que nos manda pelo mundo à maneira dos apóstolos”.

Eloi Leclerc, de maneira muito feliz, comenta esse encontro de Francisco com o Evangelho: “Certamente, naquela manhã de 1208, Francisco não tinha consciência do alcance de sua descoberta para o futuro da Igreja; quando seu coração se tinha iluminado com a claridade do Evangelho que ouvira. Não pensa nos hereges, nem nas cruzadas que o Papa projeta contra eles. Quer apenas responder pessoalmente ao apelo do Senhor. Realiza algo de imenso alcance ao tomar ao pé da letra o Evangelho que acabara de ouvir. Compromete-se em trilhar um caminho novo que possibilitará o encontro do Evangelho com o novo mundo das comunas (…) Numa cristandade solidamente instalada e caracterizada pelo imobilismo do sistema feudal, tal Evangelho soa estranhamente como apelo à mobilidade, à vida itinerante. Os discípulos são convidados a se porem a caminho e a percorrerem o mundo, à maneira dos mercadores da época. Era preciso ser comerciante ou filho de comerciante para ouvir esse apelo em sua novidade e atualidade. Ao ouvir esse convite, Francisco sente que o seu próprio corpo pede uma resposta. Só tem um desejo: quer partir, apressadamente quer percorrer o mundo, “com passos grandes e paradisíacos”, no dizer de J. Delteil. Numa Igreja que carrega o imenso peso de suas imensas propriedades de terra, que tem calçados de chumbo, Francisco reencontra a leveza e a alegria da caminhada, a exultação da juventude, a impaciência alegre do mensageiro. No mesmo instante, arranca-se de toda instalação territorial, rejeita todo domicilio fixo e todo feudo. Rompe com o sistema político-religioso de seu tempo, o do “senhorio” da Igreja e dos “benefícios”. Redescobre o Evangelho como movimento de Deus para os homens. Reencontra a missão” (E. Leclerc. Francisco de Assis. O Retorno ao Evangelho, p. 51-52).

Ali começaria a aventura franciscana. Os frades abriram as portas da prisão em que haviam colocado o Evangelho. Soltaram o Evangelho. Nada de peso de estruturas. O Evangelho é um convite a desinstalação. Nada de carga, mas leveza. Leveza semelhante à dança. Abrir os braços para acolher a vida e levá-la adiante. Os peregrinos e os viandantes encontram sua vocação na página do Evangelho lida na Porciúncula e veem concretizada na vida dos franciscanos que são pessoas que respeitam as leis da sociedade e as orientações da Igreja mas são diferentes. Rezam como Jesus e Francisco. Aproximam-se as pessoas não com desejo de enquadrá-las em estruturas fixas e esterilizantes. Mesmo quando não se deslocam fisicamente os franciscanos, as clarissas e os membros da Ordem Franciscana Secular são andarilhos em seu interior. Nada está acabado. Há descobertas a serem feitas. O Espírito anda soprando de uma maneira diferente. Esses franciscanos que gostam dos eremitérios, gostam de dar uma de Marta e de Maria, mas estão presentes no meio dos catadores de papel, dos alunos de uma universidade, na pastoral para fazer dele uma ação evangelizadora, respeitando etapas, sempre preparando os caminhos para a chegada do Senhor.

Frei Fernando Uribe, OFM, comentando o encontro de Francisco com o Evangelho frisa o modo do ir pelo mundo, ou seja, sem nada que dificulte o caminhar velozmente e plena liberdade, sem que os cuidado terrenos entorpeçam a completa dedicação à tarefa de anunciadores do Reino. Estas disposições vão aparecer na Regra da Ordem Primeira: espiritualidade da desinstalação, da desapropriação, de pobres que são instrumentos de Deus no mundo. O Senhor havia revelado a Francisco que ele devia viver conforme o Evangelho. Para que mais?

segunda-feira, junho 18, 2012

CORTESIA

“Mansidão, gentileza, paciência, afabilidade mais que humana, liberalidade que ultrapassa seus recursos eram sinais de sua natureza privilegiada que enunciavam já uma efusão mais abundante ainda da graça divina nele”.
(Legenda Maior1,1)
“E onde quer que os irmãos estiverem e se encontrarem, tratem uns aos outros como membros de uma só família. Se uma mãe ama e nutre seu filho carnal, quanto maior diligência não deve cada um amor e nutrir seu irmão espiritual”
(São Francisco, Rb 6,7)
Falemos da CORTESIA
Quem viveu a realidade e a fantasia das legendas cavalheirescas, conhece o reino da cortesia. É muito difícil dar uma definição exata, pois é todo um vasto mundo de significados…
Mas o que é CORTESIA?
* Não é etiqueta
* Não são normas
de civilidade
* Não é um manual
de boas
maneiras
CORTESIA
• É a maneira como o outro (a) deve ser amado
(a) de um modo verdadeiro.
• É um relacionamento de respeito, retidão e
sinceridade.
• É acolher o outro e a outra na sua grandeza.
• É colocar a pessoa num acolhimento de
bondade, num clima de bondade para que se torne uma pessoa boa.
• É deixar transparecer uma serenidade
existencial.
• É um tratamento seguro e amável que eleva a
pessoa.
• É o cuidado com as palavras. Uma palavra dita
de um modo sereno e humano motiva e recupera o humano.
• A cortesia é uma virtude tipicamente
franciscana!
Para compreender como as atitudes do jovem Francisco de Assis causavam um grande
impacto é necessário não esquecer o seu tempo cheio de ódios, lutas e cobiça.
Mesmo ali mandava a lei do mais poderoso e competitivo. Alguma diferença com os
dias de hoje?
Neste contexto Francisco apresenta uma proposta nova de relacionamento mais prático. Em muitos casos a cortesia dos nobres permanecia apenas nas canções; a de Francisco era prática, imediata, desinteressada.
Francisco tinha sonhado repetir as empresas de Carlos Magno, do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Depois da sua conversão não renega aqueles que foram seus ideais de juventude, e com a sensibilidade poética que foi um de seus dons, soube colher os aspectos mais nobres da cavalaria, para fixar-lhes uma nova ordem, em que o perdão substitui a vingança,
o amor substitui o ódio, o espírito de dedicação, o orgulho, a sede de paz e de
justiça, os saques e acúmulos, a humildade, a pressão do comando.
“Sua boca falava da abundância do coração, e a fonte de amor iluminado que enchia
todo o seu interior extravasava”
(2 Cel, 84)
PAZ E BEM!
CORTESIA é hoje uma expressão de espírito necessária diante do momento conturbado que vivemos, criando tranqüilidade para se tomar qualquer decisão que a vida propuser. Ela reluz através de gestos de fraternidade, mansidão, gentileza, paciência, afabilidade e serenidade.




Um texto de São Francisco
Das virtudes que afugentam os víciosOnde há caridade e sabedoria,
não há medo nem
ignorância
Onde há paciência e humildade,
não há ira nem
perturbação
Onde a pobreza se une à alegria,
Não há cobiça nem
avareza
>Onde há paz e meditação,
não há nervosismo nem
dissipação
Onde o temor de Deus está guardando a casa,
O
inimigo não encontra porta para entrar.
Onde há misericórdia e prudência,
Não há dureza de
coração.
(Admoestações 27)
REFLITA
• Ser cortês é um modo de comportar-se diante do ser humano; às vezes é a forma de enfrentar o lado sombrio do ser humano, sabendo tratar o outro nas suas diferenças.
• Você desconcerta-se diante do pobre, marginal, feio, sujo, aleijado?
• Você é feliz por ser pessoa humana, jovem, capaz de vibrar sempre, com o mesmo ânimo,
nos momentos de dor e alegria ?
• Você é sensível a tudo e a todos, isto é, você está de olho nas situações grandes e pequenas da vida?
• Você é feliz? Alegre? Manifeste sua alegria para esta sociedade tantas vezes fechada,
tensa, medrosa e consumista.
Impresso publicado pela Pró-Reitoria Comunitária da USF
Criação: Frei Vitório Mazzuco F°
franciscanos.org.br

domingo, junho 17, 2012

A missão de Jesus é irresistível

1ª Leitura: Ez 17,22-24
Sl 91
2ª Leitura: 2Cor 5,6-10
Evangelho: Mc 4,26-34

-* 26 E Jesus continuou dizendo: «O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. 27 Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. 28 A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.»

A missão atinge o mundo inteiro -* 30 Jesus dizia ainda: «Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? 31 O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. 32 Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.»

33 Jesus anunciava a Palavra usando muitas outras parábolas como essa, conforme eles podiam compreender. 34 Para a multidão Jesus só falava com parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo.

* 26-29: A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível.
* 30-34: Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral


Não parece, mas o reino cresce
Muitos dentre nós estamos preocupados porque as comunidades eclesiais conscientes crescem tão devagarinho e às vezes até parecem diminuir. Então, demos um passo para trás, para enxergar melhor. Seiscentos anos antes de Jesus, o “povo eleito” que devia prestar culto ao Deus Único neste mundo foi tirado de sua terra e quase sumiu do mapa: Israel e seu rei foram levados para o exílio babilônico. Mas Deus fará crescer de novo um broto no cedro de Israel e o povo se tornará novamente uma árvore frondosa (1ª leitura). No evangelho, Jesus usa a imagem do crescimento para falar do Reino de Deus. Estamos preocupados porque o Reino de Deus não se enxerga? Aos que o criticam porque seu anúncio do Reino de Deus não se verifica por nenhum fenômeno extraordinário, Jesus responde: o agricultor não vê a semente crescer! O homem descansa ou se ocupa com outras coisas, e de repente a plantinha está aí. Ou veja a sementinha do mostardeiro, parece nada, mas cresce e se torna arbusto frondoso onde os passarinhos vão se abrigar. O mesmo acontece à pequena comunidade dos que buscam a vontade de Deus conforme a palavra de Cristo.

É essa a confiança que Jesus nos ensina. Jesus não é um homem de sucesso, de ibope. Ele lança uma sementinha, nada mais. E, de repente, a sementinha brota. O que parecia nada, torna-se fecundo, árvore frondosa.

No Calvário, o grão de trigo caiu na terra e morreu, para produzir muito fruto. Ressuscitou como árvore da vida. A Igreja dos primeiros cristãos foi esmagada pelas perseguições, mas ressurgiu das catacumbas como a maior força religiosa e moral do Império Romano. Os bárbaros destruíram o Império, mataram os missionários cristãos, mas de seu martírio surgiu a sociedade cristã da Idade Média. E esta foi desmantelada pela Modernidade, mas a semente cresce por baixo, especialmente no povo que mais sofreu a Modernidade do que dela se valeu. Nunca os pobres da América Latina foram tão ativos na comunidade de fé como hoje. E a árvore frondosa continua acolhendo passarinhos que chegam de todos os lados.

Mas o que mais importa não é a quantidade de novos galhos e sim a qualidade da semente, tão única e autêntica que nada a pode suprimir.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

sábado, junho 16, 2012

A devoção ao Imaculado Coração da Virgem Maria

A devoção ao Coração Imaculado da Virgem Maria é tão antiga como a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Ela surgiu com os membros de várias confrarias do Rosário que tinham o costume de dedicar quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário. Isto mostra quão unido está o Coração Imaculado da Virgem Maria ao Sagrado Coração de Jesus, Seu Filho e Nosso Senhor.

Assim os dois Corações são inseparáveis pois onde está Um está também o Outro tornando-se assim a Mãe Co-redentora da Humanidade. Quem não honra a Mãe, despreza Seu Filho Jesus.

Vejamos como Deus, A Virgem Imaculada, os Anjos, Santos do Céu e a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana através de seus Papas estão intimamente unidos pela salvação da humanidade.

Os quinze sábados em honra de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário. "Durante muito tempo, os membros das várias Confrarias do Rosário tiveram o costume de dedicar quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário, antes da Sua festa ou em alguma outra época do ano. Em cada um destes sábados, todos recebiam os sacramentos e realizavam exercícios piedosos em honra dos quinze mistérios do Rosário". Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária num destes quinze sábados. Em 1892, "concedeu também, àqueles que estavam legitimamente impedidos ao sábado, a possibilidade de realizar este exercício piedoso no Domingo, sem perder as indulgências".

Os doze Primeiros Sábados do mês. Com o Papa São Pio X, a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada oficialmente: "Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou no primeiro domingo de doze meses seguidos, dedicarem algum tempo à oração vocal ou mental em honra da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem ganham, em cada um desses dias, uma indulgência plenária. As condições são: confissão, comunhão e oração pelas intenções do Soberano Pontífice".

A devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês. Por fim, a 13 de Junho de 1912, São Pio X concedeu novas indulgências a práticas que parece anteciparem exatamente os pedidos de Pontevedra: "Para promover a devoção dos fiéis para com a Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, e para fazer reparação pelos ultrajes dos homens ímpios ao Seu Santíssimo Nome e aos Seus privilégios, São Pio X concedeu ao primeiro sábado de cada mês uma indulgência plenária, aplicável às almas do purgatório.

As condições são: confissão, comunhão, oração pelas intenções do Soberano Pontífice e exercícios piedosos com o espírito de reparação, em honra da Virgem Imaculada". Exatamente cinco anos depois deste dia 13 de Junho de 1912, aconteceu em Fátima a grande manifestação do Imaculado Coração de Maria, "cercado de espinhos que O pareciam cravar". A Irmã Lúcia disse depois: "Nós compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que exigia reparação".

A 13 de Novembro de 1920, o Papa Bento XV concedeu novas indulgências a esta mesma prática, quando realizada no primeiro sábado de oito meses seguidos.

Uma devoção tradicional ... Que maravilhoso é ver o Céu contente pela coroação dum grande movimento de piedade católica, sem fazer mais nada senão dar precisão às decisões de um Papa, sendo esse Papa São Pio X! Também a Santíssima Virgem tinha vindo a Lourdes, confirmar as declarações infalíveis do Papa Pio IX.

Ora bem: ao pedir ao Papa a aprovação solene da Devoção de Reparação revelada em Pontevedra, Nossa Senhora não estava realmente a pedir nada impossível. A Providência tinha preparado tudo tão bem que, em 1925-1926, esta devoção concordava perfeitamente com uma série de decisões papais que foram precursoras e que "anunciavam" a devoção do Primeiro Sábado.

... Em Fátima, no entanto, uma devoção novíssima ... Apesar do que foi dito, encontramos novos elementos na mensagem de Pontevedra! Em primeiro lugar, a concessão de excessos de generosidade que só o Céu pode ter a liberdade de conceder: no dia 10 de Dezembro, a Virgem Maria já não pede quinze, nem doze, nem sequer oito sábados a Ela dedicados; Ela bem sabe da nossa falta de constância e pede só cinco sábados – tantos como as dezenas do nosso Terço.

Porém, é sobretudo a promessa unida a esta devoção que aumentou de um modo impressionante. Já não é um caso de indulgências (ou seja, a remissão do castigo por pecados já perdoados); trata-se, antes, de uma graça muito mais notável: a certeza de receber, à hora da morte, "todas as graças necessárias para a salvação". É difícil imaginar uma promessa mais maravilhosa, porque se refere ao êxito ou ao fracasso na "nossa única e mais importante tarefa: a da nossa salvação eterna". T

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Fonte: Derradeiras Graças

reflexoesfranciscanas.com.br

sexta-feira, junho 15, 2012

Solenidades do Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria

"Coração Santo, Tu reinarás!"



Conquanto a devoção ao Sagrado Coração tenha sólidos fundamentos nas fontes da Revelação, isto é, na Sagrada Escritura e Tradição, e conquanto o culto tributado ao amor de Deus Pai e de Jesus Cristo, através do símbolo do Coração transfixado do Redentor nunca esteve completamente ausente da piedade dos fiéis, só gradualmente tal devoção foi se difundindo, de modo público, entre o povo cristão e obtendo a aprovação oficial da Igreja.

Se é certo que essa devoção tomou forte impulso, sobretudo depois que o próprio Senhor revelou o mistério divino de seu Coração à Santa Margarida Maria, é igualmente certo que ao aprová-la, a Igreja não se fundamentou nas revelações particulares aos santos.

São Boaventura de Bagnoreggio foi quem teve a primeira visão do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria – foi quem cunhou estes nomes aos Corações ("Sagrado" e "Imaculado"). A tradição franciscana notou que na aparição, compôs a jaculatória usada ainda hoje: “Doce Coração de Jesus, faz com que eu te ame sempre mais!”

Mas é também um grande fato a célebre visão que teve Santa Margarida Maria Alacoque, em 4 de outubro de 1686, quando lhe apareceu nosso Senhor Jesus Cristo e lhe mostrou São Francisco, revestido de uma luz e de um esplendor inefável, elevado em um eminente grau de glória sobre os santos e unido àquela memorável palavra: “Eis o Santo mais unido ao meu Coração; toma-o como o teu guia!”



Em 1675 um padre secular (Eudes) obteve do Papa Clemente X a aprovação das confrarias do Sagrado Coração, e indiretamente a aprovação dessa devoção. Em 1765, o Papa Clemente XIII aprovou uma festa litúrgica do Sagrado Coração só para a Polônia e para Roma, mas os franciscanos já celebravam internamente na Ordem. Quase um século depois, em 1856, o Papa Pio IX prescrevia essa festa para toda a Igreja.

Na Ordem, durante o governo de São Boaventura, como Ministro Geral (1257-1274), no ano de 1263 recebeu da Santa Sé (do Papa Bento XII) a aprovação para a devoção. Porém, a consagração da Ordem só se deu em 1879. Dez anos mais tarde (1889), o Papa Leão XIII elevou à categoria de primeira classe (solenidade) a festa particular dos franciscanos e das confrarias, com a encíclica Annum sacrum.

Este mesmo Papa abriu a série das encíclicas sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Desde então, a voz dos Papas não cessou de enaltecê-la e recomendá-la: encíclicas, cartas apostólicas, discursos, vieram se sucedendo nos últimos tempos.

Assim, a Igreja vem oferecendo ao povo cristão um rico manancial de um profundo conhecimento de Cristo, a fim de despertar os fiéis para um amor mais sincero e ardente para o Coração do Verbo Encarnado, incitando-os, ao mesmo tempo, a imitar os sentimentos do divino Coração. O ato de desagravo ao Sagrado Coração de Jesus foi publicado, pela primeira vez, pelo Papa Pio XI, em 08 de Maio de 1928, com a carta Miserentissimus Redemptor.

Foi à Santa Margarida Maria que as promessas foram feitas e, por este mesmo motivo, mais estruturalmente organizada a solenidade. O motivo do tempo de comemoração remonta sempre à Santíssima Trindade e ao Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, isto é, terceira sexta-feira (memorial da sexta-feira da Paixão) depois de Pentecostes e o terceiro sábado, que remonta ao Sábado Santo – dia da “grande espera”. Nesta ocasião é oportuna e recomendada a oração da Salve Regina, em que invocamos a Virgem Maria como “Advogada nossa”; o termo “Advogado”, em grego, é traduzido por “Paráclito”, que tanto para a Igreja do Oriente, como do Ocidente é a terminologia própria para a Terceira Pessoa da Trindade – o Espírito Santo – o que novamente remonta a Pentecostes.

Ou seja, numa linha de sucessão de solenidades e festas, desde pentecostes, passamos pelos mistérios da Santíssima Trindade, do Corpo e Sangue do Senhor e, finalmente, do seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Sua Mãe.

Promessas do Sagrado Coração de Jesus






As doze Promessas do Sagrado Coração de Jesus feitas a Santa Margarida Maria:
1.Eu lhes darei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
2.Eu farei reinar a paz em suas famílias. 
3.Eu os consolarei em todas as suas aflições. 
4.Serei seu refúgio seguro durante a vida e sobretudo na morte.
5.Derramarei muitíssimas bênçãos sobre todas as suas empresas. 
6.Os pecadores encontrão em meu Coração a fonte e o mar infinito da misericórdia. 
7.As almas tíbias se tornarão fervorosas. 
8.As almas fervorosas elevar-se-ão rapidamente a grande perfeição. 
9.Abençoarei Eu mesmo as casas onde a imagem do meu Coração estiver exposta e venerada. 
10.Darei aos sacerdotes o dom de abrandar os corações mais endurecidos. 
11.As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos
no meu Coração e dele nunca serão apagados. 
12.No excesso da misericórdia do meu amor todo poderoso darei a graça da perseverança final aos que comungarem na primeira sexta-feira de nove
meses seguidos.


Consagração ao Sacratíssimo Coração de Jesus
Eu (o seu nome), Vos dou e consagro, oh Sagrado Coração de Jesus Cristo, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.
Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único bem do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.
Sê, ó Coração de bondade, a minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor, deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos ou que se oponha à Vossa vontade.
Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos nem separar-me de Vós. Suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso Coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

Pia União de Santo Antônio

Pia União de Santo Antônio