2Reis 19,9-11.14-21.31-36; Mateus 7, 6.12-14
Não nos cansamos de meditar nas exortações e advertências do Sermão da Montanha de Mateus. Num tempo em que se fala de evangelização, nova evangelização, retorno ao evangelho nada mais oportuno do que nos deixar impregnar da novidade da Boa Nova.
“Não deis aos cães, as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos para que eles não as pisem com os pés e voltando-se para vós vos despedacem”. Este versículo tem a ver com prescrições do Antigo Testamento que interditavam o acesso aos pagãos às coisas santas do culto judaico. Esta expressão forte é um aramaismo, ou seja, um manfeira figura de dizer alguma coisa dura. Podemos interpretar que as coisas santas são coisas santas. O ser humano, mormente aquele que vai se incorporando a Cristo, é santo. Não pode ser profanado. Temos um carinho todo especial pelos sacramentos que deverão ser recebidos por pessoas desejosas de Deus, respeitosas e humildes. Os sacramentos são coisas santas. Os espaços onde celebramos a Eucaristia são santos: cálices, patenas, vestes. Tudo aquilo que é santo é para os que estão na busca da santidade e para pecadores em franco estado de conversão. Fundamental que melhoremos as preparações para os sacramentos. Assim as coisas santas serão dadas aos que estão no caminho da santidade.
“Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles”. Mais uma lei que reforça e fundamenta a fraternidade humana e cristã. Se temos fome, se nos falta uma presença amiga na hora da doença, se errando queremos o perdão, normal que, por nossa vez, alimentemos os famintos, visitemos os doentes e concedamos o perdão aos que nos ofenderam. O bem que queremos para nós, desejamo-lo para os outros. “Nisto consiste a Lei e o Profetas”.
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição de muitos…”. Os que querem ingressar na sala do banquete de festas, os que agora no meio de sombras, desejam ser cristãos, só poderão atingir seu objetivo com graça do Senhor. Cabe a cada um, no entanto, colaborar com essa graça. Em outras palavras: há momentos de renúncia, de passar pela porta estreita. Pensamos aqui nos exercícios de ascese e nas posturas interiores de união nossa com a cruz de Cristo. Será preciso ser sóbrio na comida, não endeusar o prazer, não transformar a sexualidade num ídolo, aceitar um sofrimento e uma contradição sem revolta, não idolatrar o dinheiro.
“Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida”. Os cristãos adotam comportamentos marcados por cuidados constantes de trabalhar em sua conversão pessoal e comunitária. Somos gente que tentamos passar pela porta estreita.
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