Vermelho. 3ª-feira da 24ª Semana Tempo Comum
S. Cornélio Pp, e S. Cipriano B Mts, memória
Leituras
1ª Leitura - 1Cor 12,12-14.27-31a
Salmo - Sl 99 (100),2. 3. 4. 5 (R. 3c)
Evangelho - Lc 7,11-17
Transcrevemos linhas de José Antonio Pagola a respeito da viúva que acompanhava o enterro de seu filho único e que teve o olhar bondoso de Jesus sobre sua dor. Na realidade, o autor espanhol reflete sobre o tema de um ente querido em geral e não especificamente no caso da mulher que perdeu o filho.
“Há poucas experiências tão dolorosas na vida como a perda de um ente querido. O amor não é eterno. A amizade não é para sempre. Mais cedo ou mais tarde chega o momento do adeus. E imediatamente tudo desaba diante de nós. Impotência, pena, desconsolo: nossa vida nunca mais poderá ser como antes. Como recuperar novamente o sentido da vida?
A primeira coisa é lembrar que libertar-nos da dor não quer dizer esquecer o ente querido ou amá-lo menos. Recuperar a vida não é uma desonra nem uma ofensa àquele que a morte nos arrancou. De alguma forma essa pessoa vive em nós. Seu amor, seu carinho, sua maneira de ser nos enriqueceram ao longo dos anos. Agora precisamos continuar a viver.
Precisamos escolher entre o submergir no sofrimento ou construir novamente a vida, entre sentir-nos vítimas ou olhar para frente com confiança. O passado já não pode mudar. É nossa vida de agora que podemos transformar. Reiniciar as atividades abandonadas; propor-nos viver uma hora, esta tarde, um dia, sem olhar com angústia para nosso futuro incerto.
Talvez por dentro se acumulem em nós todo tipo de sentimentos quando recordamos o ente querido. Momentos de alegria e de plenitude, recordações dolorosas, feridas mútuas, sofrimentos compartilhados, projetos que ficaram pela metade. É uma grande ajuda poder comunicar o que sentimos a uma pessoa amiga; poder chorar com alguém que compreende o nosso desconsolo!
Pode também brotar em nós um sentimento de culpa. Agora que perdemos esta pessoa nos damos conta de que nem sempre a compreendemos, de que podíamos tê-la amado melhor. Não é justo torturar-nos com erros cometidos no passado. Isso só serve para deprimir-nos. É verdade que nosso amor é sempre imperfeito. Agora o importante é perdoar-nos a nós mesmos e sentirmos perdoados por Deus.
Às vezes não é fácil recuperar-se. A ausência do ente querido nos pesa demais e sempre de novo o sofrimento se apodera de nós. Pode ser o momento de recorrer à própria fé. Desabafar com Deus não é pecado. Deus não rejeita nossas queixas. Ele as entende. Quantos crentes encontraram novamente a força e a paz no seguinte: “Não sei o que teria feito se não tivesse a fé. Deus está me dando a força de que necessito”.
O evangelista Lucas nos descreve uma cena comovente que convida a despertar nossa fé. Ao aproximar-se da pequena aldeia de Naim, Jesus se encontra com uma viúva que perdeu seu filho único, que estão levando para enterrar. Ao vê-la Jesus se comove. E de seus lábios saem duas palavras que devemos ouvir, do mais profundo de nosso ser, como vindas do próprio Deus: “Não chores”. Deus quer ver-nos desfrutando por toda a eternidade aqueles que a morte arrebatou. (O caminho aberto por Jesus… Lucas, Vozes, p. 134-135)
Frei Almir Ribeiro Guimarãesfranciscanos.org.br