Deus: fogo, vento, sopro. Deus em movimento, Deus Espírito Santo. Todas as manifestações da terceira pessoa da Santíssima Trindade apresentam a figura de um Deus surpreendente, multifacetado, que não se deixa aprisionar pelos esquemas humanos. É o Espírito da Verdade entregue pelo Pai e pelo Filho à comunidade, a fim de que ela permaneça fiel à missão que Jesus lhe confiou.
Embora invisível, o Espírito Santo apresenta manifestações muito visíveis que, ao contrário do que se possa imaginar, não se apoia principalmente em episódios de êxtase coletivo, de forte apelo emocional, mas no dia a dia discreto e silencioso de famílias e comunidades que fazem o amor acontecer. Basta uma leitura atenta da “Sequência de Pentecostes” para se ter ideia das variadas formas que o Espírito se faz presença concreta:
Consolo que acalma, alívio nas aflições – Sempre que um filho de Deus ou uma comunidade de fé se mobiliza em oferecer apoio a quem se encontra aflito ou desesperado, através de um abraço fraterno, da disposição para escutar, do interesse pelo drama do outro, eis que o Espírito se manifesta.
Pai dos pobres, aquele que aquece o frio – A comunidade de fé que se desdobra para atender aos necessitados, de alimento, de agasalho, de calor humano, de dignidade, é manifestação viva e efetiva do Espírito de Deus agindo entre os seus.
Cura para os doentes – Nos hospitais e casas de saúde, nos lares de idosos, nos centros de recuperação, nas casas de família, o Espírito se apresenta da disposição comprometida de quem se desdobra no cuidado daquele que padece de enfermidades, sejam elas do corpo, da alma, do espírito.
Aquele que dobra o que é duro – Em cada episódio de diálogo, de perdão, de reconciliação é o Espírito de Deus que amolece os corações, que dispõe as pessoas ao encontro e ao múltiplo entendimento, conforme aparece no episódio dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11).
Estes são alguns exemplos práticos da manifestação concreta do Espírito na vida das pessoas e das comunidades. É a criatividade de Deus em ação, suscitando no seio da Igreja diversos carismas e ministérios, como relata São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (1Cor 12,3b-7.12-13).
Ao soprar sobre os Apóstolos, Jesus retoma o sopro criador do Pai narrado no Livro do Gênesis, o sopro que convida o ser humano à vida. Jesus chama seu povo à vida nova de quem renasce no Espírito e, gratamente, se sente enviado a levar esta maravilhosa novidade que Deus entrega gratuitamente a seus filhos e filhas.
Frei Gustavo Medella
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