Isaías 66, 18-21; Hebreus 12, 5-7.11-13; Lucas 13, 22-30
Vocação Universal à Salvação
Embora homem da cidade, Lucas gosta de apresentar Jesus atravessando os lugarejos do interior. Para a mensagem de hoje, esta representação é significativa: a todos
deve ser apresentado o convite do Reino (evangelho). De fato, à preocupação apocalíptica de saber o número dos eleitos e as chances que a gente tem (cf. o vestibular), Jesus responde: o número dos eleitos não importa;importa a conversão, esforçar-se para entrar e não ficar gracejando, dando um ar de interessado, sem nada empreender; pois vem o momento quando o dono da casa se levanta e fecha a porta; então, não reconhecerá os que estiverem com ele nas praças, mas só “de corpo presente”, sem dar audiência à sua palavra. Ora, a festa em si, ela está aberta a todos os que quiserem esforçar-se.
A crítica se dirige àqueles em cujas praças Jesus ensinou (13, 26): deixaram-no falar, mas não obedeceram a seu apelo de conversão, talvez porque estavam seguros de pertencer ao número dos eleitos. Eles são os primeiros, que viram últimos, enquanto os últimos – os desprezíveis pagãos -, quando se convertem, se tornam os primeiros, para sentar com Abrão, Isaac e Jacó (que provocação para os judeus!) na mesa do banquete escatológico, vindos de todos os cantos do mundo.
Esta mensagem não perdeu sua atualidade. O que Jesus recusa é o calculismo e a falsa segurança a respeito da eleição. A eleição não responde a nenhum critério humano. É a graça de Deus que nos chama a sua presença. Diante deste chamado, todos, seja quem for, devem converter-se, pois ninguém é digno da santidade de Deus, nem de seu grande amor. Ninguém se pode considerar dispensado de lhe prestar ouvido e de transformar sua vida conforme a exigência de sua palavra. Não existe um número determinado de eleitos ( é bom repeti-lo, com vistas a certas seitas por aqui). O que existe é um chamado universal e permanente à conversão. E este vale também para os que já vêm rotulados como bons cristãos. Pois a fé nunca é conquistada para sempre. É como o maná do deserto: se a gente o quer guardar até a manhã seguinte, apodrece (cf. Ex 16,20)! Quem não retorna diariamente o trabalho de responder à Palavra com uma autêntica conversão, gritará em vão: “Senhor, eu participei de retiros e assisti a pregações, palestras e cursos em teu nome ( e também comi e bebi nas suas festinhas paroquiais…)”… E também hoje os últimos poderão ser os primeiros: os que não vão à igreja, porque não têm roupa decente, porque devem trabalhar, porque têm filhos demais, ou, simplesmente, porque se sentem estranhos entre tanta gente de bem… Para chamar a eles é que Jesus não ficou nos grandes centros, mas entrou nos bairros e vilarejos.
A 2ª leitura entra em choque com a mentalidade “esclarecida”: Deus ” castiga” para nos educar. “Pois o Senhor educa a quem ele ama e castiga todo que acolhe como filho” (Hb 12,6; cf Pr 3,11-12). Achamos horrível: Deus faz sofrer? Não. Educa-nos, como um bom pai educa seus filho, corrigindo-o. Esta é a resposta dos antigos para o escândalo do sofrimento; e do nosso povo simples também. Será que eles se enganam? No fundo, pouco lhes interessa donde vem o sofrimento. Querem saber o que fazer com ele! Que o sofrimento existe, é inegável. Muitas vezes, é causado pelos homens, mas nem sempre. A quem sofre importa menos explicar as causas do que dar um sentido ao sofrer. O sofrimento pode ter o valor de educação para uma vida que agrade a Deus, já que este, em Cristo, encarou o sofrimento. Não é errada tal valorização do sofrimento, já que não se consegue escapar dele, nem mesmo no admirável mundo novo da era tecnológica. Como cristãos, devemos aprender a viver uma vida nova, diferente da vigente. Isso não é possível sem sofrer. Porém, este sofrimento não deprime, não torna fatalista, mas faz crescer a força para produzir frutos de paz e justiça: “Levantai pois as mãos fatigadas e os joelhos trêmulos; dirigi vossos passos pelo caminho reto!” (12,12)
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
www.franciscanos.org.br
Embora homem da cidade, Lucas gosta de apresentar Jesus atravessando os lugarejos do interior. Para a mensagem de hoje, esta representação é significativa: a todos
deve ser apresentado o convite do Reino (evangelho). De fato, à preocupação apocalíptica de saber o número dos eleitos e as chances que a gente tem (cf. o vestibular), Jesus responde: o número dos eleitos não importa;importa a conversão, esforçar-se para entrar e não ficar gracejando, dando um ar de interessado, sem nada empreender; pois vem o momento quando o dono da casa se levanta e fecha a porta; então, não reconhecerá os que estiverem com ele nas praças, mas só “de corpo presente”, sem dar audiência à sua palavra. Ora, a festa em si, ela está aberta a todos os que quiserem esforçar-se.
A crítica se dirige àqueles em cujas praças Jesus ensinou (13, 26): deixaram-no falar, mas não obedeceram a seu apelo de conversão, talvez porque estavam seguros de pertencer ao número dos eleitos. Eles são os primeiros, que viram últimos, enquanto os últimos – os desprezíveis pagãos -, quando se convertem, se tornam os primeiros, para sentar com Abrão, Isaac e Jacó (que provocação para os judeus!) na mesa do banquete escatológico, vindos de todos os cantos do mundo.
Esta mensagem não perdeu sua atualidade. O que Jesus recusa é o calculismo e a falsa segurança a respeito da eleição. A eleição não responde a nenhum critério humano. É a graça de Deus que nos chama a sua presença. Diante deste chamado, todos, seja quem for, devem converter-se, pois ninguém é digno da santidade de Deus, nem de seu grande amor. Ninguém se pode considerar dispensado de lhe prestar ouvido e de transformar sua vida conforme a exigência de sua palavra. Não existe um número determinado de eleitos ( é bom repeti-lo, com vistas a certas seitas por aqui). O que existe é um chamado universal e permanente à conversão. E este vale também para os que já vêm rotulados como bons cristãos. Pois a fé nunca é conquistada para sempre. É como o maná do deserto: se a gente o quer guardar até a manhã seguinte, apodrece (cf. Ex 16,20)! Quem não retorna diariamente o trabalho de responder à Palavra com uma autêntica conversão, gritará em vão: “Senhor, eu participei de retiros e assisti a pregações, palestras e cursos em teu nome ( e também comi e bebi nas suas festinhas paroquiais…)”… E também hoje os últimos poderão ser os primeiros: os que não vão à igreja, porque não têm roupa decente, porque devem trabalhar, porque têm filhos demais, ou, simplesmente, porque se sentem estranhos entre tanta gente de bem… Para chamar a eles é que Jesus não ficou nos grandes centros, mas entrou nos bairros e vilarejos.
A 2ª leitura entra em choque com a mentalidade “esclarecida”: Deus ” castiga” para nos educar. “Pois o Senhor educa a quem ele ama e castiga todo que acolhe como filho” (Hb 12,6; cf Pr 3,11-12). Achamos horrível: Deus faz sofrer? Não. Educa-nos, como um bom pai educa seus filho, corrigindo-o. Esta é a resposta dos antigos para o escândalo do sofrimento; e do nosso povo simples também. Será que eles se enganam? No fundo, pouco lhes interessa donde vem o sofrimento. Querem saber o que fazer com ele! Que o sofrimento existe, é inegável. Muitas vezes, é causado pelos homens, mas nem sempre. A quem sofre importa menos explicar as causas do que dar um sentido ao sofrer. O sofrimento pode ter o valor de educação para uma vida que agrade a Deus, já que este, em Cristo, encarou o sofrimento. Não é errada tal valorização do sofrimento, já que não se consegue escapar dele, nem mesmo no admirável mundo novo da era tecnológica. Como cristãos, devemos aprender a viver uma vida nova, diferente da vigente. Isso não é possível sem sofrer. Porém, este sofrimento não deprime, não torna fatalista, mas faz crescer a força para produzir frutos de paz e justiça: “Levantai pois as mãos fatigadas e os joelhos trêmulos; dirigi vossos passos pelo caminho reto!” (12,12)
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
www.franciscanos.org.br