1ª Leitura: Gn 18,1-10ª Sl 14
2ª Leitura: Cl 1,24-28
Evangelho: Lc 10,38-42
Uma só coisa é necessária (Lc 10,42).
“Enquanto o grupo de discípulos prossegue seu caminho, Jesus entra sozinho numa aldeia e se dirige a uma casa onde encontra duas irmãs de quem ele gosta muito. A presença de seu amigo Jesus vai provar nelas duas reações diferentes.
Maria, certamente a irmã mais jovem, deixa tudo e “fica sentada aos pés do Senhor”. Sua única preocupação é escutá-lo. O evangelista descreve-a com traços que caracterizam o verdadeiro discípulo: aos pés do Mestre, atenta à sua voz, acolhendo sua Palavra e alimentando-se de seu ensinamento.
A reação de Marta é diferente. Desde que Jesus chegou, ela não faz senão desvelar-se para acolhê-lo e atende-lo devidamente. Lucas descreve-a angustiada por muitas ocupações. Chega um momento em que, sobrepujada pela situação e magoada com sua irmã, expõe sua queixa a Jesus: “Senhor, não te importa que minha irmã me tenha deixado sozinha com o serviço?. Dize-lhe que me dê uma mãozinha”.
Jesus não perde a calma. Responde a Marta com um grande carinho, repetindo devagar seu nome; depois faz ver que ele também se preocupa com o sufoco que ela está passando, mas ela precisa saber que escutar a ele é tão necessário que nenhum discípulo que nenhum discípulo pode ser privado de sua Palavra: “Marta, Marta andas inquieta e nervosa com tantas coisas. Só uma coisa é necessária e Maria escolheu a melhor parte e está não lhe será tirada”.
Jesus não critica o serviço de Marta. Como iria fazê-lo se ele próprio, com seu exemplo, está ensinando a todos a viver acolhendo, servindo e ajudando os outros? O que ele critica é seu modo de trabalhar, com os nervos à flor da pele, sob a pressão de demasiadas ocupações.
Jesus não contrapõe a vida ativa à vida contemplativa, nem a escuta fiel de sua Palavra e o compromisso de viver praticamente a entrega aos outros. Antes, alerta quanto ao perigo de viver absorvidos por um excesso de atividade, apagando em nós o Espírito e transmitindo mais nervosismo e afobação do que paz e amor.
Sob pressão da escassez de forças, estamos nos habituando a pedir aos cristãos mais generosos todo tipo de compromissos dentro e fora da Igreja. Se, ao mesmo tempo, não lhes oferecemos espaços e momentos para conhecer Jesus, escutar sua Palavra e alimentar-se de seu Evangelho, corremos o risco de fazer crescer na Igreja a agitação e o nervosismo, mas não seu Espirito e sua paz. Podemos nos deparar com comunidades animadas pro funcionários afobados, mas não por testemunhas que irradiam vigor” .
(José A. Pagola, O caminho aberto por Jesus: Lucas, Vozes, p. 187-188)
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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