Leituras
1ª Leitura - 1Jo 4,7-16
Salmo - Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9.10-11 (R. 2a ou 9a)
Evangelho - Jo 11,19-27
Santa Marta
Lições de Santo Agostinho
“As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo nos advertem que em meio à multiplicidade das ocupações deste mundo devemos aspirar a um único fim. Aspiramos porque estamos a caminho e não em morada permanente; ainda em viagem e não na pátria definitiva; ainda no tempo do desejo e não da posse plena. Mas devemos aspirar, sem preguiça e sem desânimo, a fim de podermos um dia chegar ao fim.
Marta e Maria eram irmãs, não apenas irmãs de sangue, mas também de sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor, ambas em perfeita harmonia serviam ao Senhor corporalmente presente. Marta o recebeu como costumam ser recebidos os peregrinos. No entanto, era a serva que recebia o seu Senhor, uma doente que acolhia o salvador, uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. O Senhor quis tomar a forma de servo e, nesta condição, ser alimentado pelos servos, por condescendência, não por necessidade. Também foi por condescendência que se apresentou para ser alimentado. Pois tinha assumido um corpo que lhe fazia sentir fome e sede.
Portanto, o Senhor foi recebido como hóspede, ele que veio para o que era seu e os seus não o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 11-12). Adotou o servos e os fez irmãos; remiu os cativos e os fez co-herdeiros. Que ninguém entre vós ouse dizer: Felizes os que merecem receber Cristo em sua casa! Não te entristeças, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes ver o Senhor corporalmente. Ele não te privou desta honra, pois afirmou: Todas as vezes que fizeste isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que fizestes (Mt 25,40).
Aliás, Marta, permite-me dizer-te: Bendita sejas pelo teu bom serviço! Buscas o descanso como recompensa pelo teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora sejam de pessoas santas. Mas quando chegares à outra pátria, acaso encontrarás peregrinos para hospedar? Encontrarás um faminto para com ele repartires o pão? Um sedento para dares de beber? Um doente para visitar? Um desunido para reconciliar? Um morto para sepultar?
Lá não haverá nada disso. Então o que haverá? O que Maria escolheu: lá seremos alimentados, não alimentaremos. Lá se cumprirá com perfeição e em plenitude o que Maria escolheu aqui: daquela mesa farta ela recolhia as migalhas da palavra do Senhor. É o próprio Senhor quem diz a respeito de seus servos: Em verdade eu vos digo, ele mesmo vai fazê-los sentar à mesa e, passando, os servirá (Lc 12.,37).
Liturgia das Horas III,, p.1454-1455
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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