LITURGIA DA PALAVRA
1ª Leitura - Gn 19,15-29
Salmo - Sl 25,2-3. 9-10. 11-12 (R.3a)
Evangelho - Mt 8,23-27
Reflexão - Mt 8, 23-27
A nossa vida é constantemente marcada por turbulências que nem sempre são fáceis de serem vencidas, sendo que algumas vezes temos a impressão de que seremos engolidos. São situações que nos desafiam e exigem de nós muito mais do que somos capazes de realizar. É justamente nessas situações que a nossa fé deve falar mais alto. É claro que devemos reconhecer a nossa impotência diante de determinadas situações, mas a vida de quem realmente crê em Deus não pode ser marcada pelo medo, pela covardia ou pela transferência da responsabilidade do dia a dia para Deus. É assumir com coragem os desafios na certeza de que Deus é o grande parceiro e que seremos sempre vitoriosos porque não realizamos uma obra que é nossa, mas somos protagonistas de uma obra que é o próprio Deus quem realiza.
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Francisco de Assis: modelo referencial do humano
Por Frei Vitório Mazzuco, OFM
Francisco, ao viver de um modo intenso a fraternidade, antecipa paradigma da alteridade. O que é alteridade? É levar demais em conta a grandeza e a dignidade da pessoa, criar relacionamentos fecundos de amizade, de convívio, de coexistência. A experiência alteritária clama: você é a soma de muitos; não é a aniquilação do “ego”, mas uma grande ampliação e complementação. A Legenda Franciscana, chamada o Espelho da Perfeição, em seu conhecido e atraente capítulo 85, narra que, quando perguntaram a Francisco o que seria um verdadeiro frade menor, ele responde que, “transformados os frades pelo ardor do amor e pelo fervor do zelo que tinha pela perfeição deles (...) pensava muitas vezes dentro de si sobre as qualidades e virtudes que deviam ornar um bom frade menor. E dizia que seria bom frade menor aquele que tivesse a vida e as qualidades destes santos frades (...)”
E a Legenda continua elencando, de um modo belíssimo, que deviam reunir a fé de Frei Bernardo; a simplicidade e a pureza de Frei Leão; a cortesia de Frei Ângelo, que foi o primeiro cavaleiro a entrar na Ordem e que era ornado de gentileza e benignidade; o aspecto gracioso, o senso natural e a conversa agradável e devota de Frei Masseo; a mente elevada em contemplação de Frei Egídio; a virtuosa e constante oração de Frei Rufino; a paciência de Frei Junípero; o vigor corporal e espiritual de Frei João das Laudes, que ultrapassava a todos com a força física; a caridade de Frei Rogério e a solicitude de Frei Lúcio.Alteridade e o encontro perceptível e sensível com as qualidades do outro, é fazer existir e acontecer o “tu” muito mais do que o “eu”. É olhar a outra pessoa de um modo que ela seja, exista, aconteça em sua diferença e singularidade. É desapegar-se de qualquer superioridade e status. A minoridade é a grande virtude franciscana da alteridade, pois é a renúncia do poder de quem tem, de quem sabe e de quem pode, para viver a reciprocidade nas relações. É um encontro de afeto e um transformar a convivência numa causa, num projeto, num ideal, numa obra que respire valores e buscas comuns. É olhar o outro como um espelho, como relata a Legenda acima citada. Especular é olhar alguém a partir do reflexo de algo maior. Permitir que o outro se revele em sua identidade. Retomar as mais belas amizades que são a concretização da mais pura alteridade. T
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