Ninguém se faz discípulo do Senhor da noite para o dia. Leva tempo até que aquele que é chamado possa configurar seu rosto com o rosto do Senhor. Extraímos das leituras de hoje alguns elementos para a formação do discípulo de Jesus.
• Tiago nos lembra o básico. Não há fé sem obras. Não bastam discursos e falas salpicadas de água benta. Será preciso coerência de vida e fé na vida. Uma fé que não se traduz em obras por si só é morta. Quem nos justifica é a graça e não a alcançamos com nossos méritos. Disto estamos convencidos. Sabemos, no entanto, também que a fé reclama obras. “Como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé sem obras, é morta”.
• Discípulo de Jesus é aquele que o segue em tudo: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Renunciar a si mesmo não quer dizer anular-se. Há interesses do Cristo que podem ou devem se sobrepor aos nossos. Uma mãe e um pai cristãos sabem que precisarão se fazer presentes na vida dos filhos e na formação de seu coração cristão. Terão que renunciar a alguns de seus projetos. Pode ser que o Senhor exija de uns e de outros deslocamentos físicos e mudança de seus projetos pessoais. Ou ainda: alguém é ofendido. Teria vontade de negar a palavra ao outro. Mas o Senhor exige do discípulo a capacidade de perdoar. Renunciará à busca de satisfações e concederá o perdão. Isto não é uma renúncia? Por causa da coerência de vida, o discípulo deixará de ganhar posições, vantagens, dinheiro. Renunciará ao que não é tão lícito por causa da sua condição de discípulo.
• O que quiser ganhar a sua vida, vai perdê-la. Esta é outra condição do discipulado. Há os que querem tudo. Servir a Deus e aos seus interesses. Não se pode ganhar a vida em tudo e de qualquer jeito. Por vezes há a sombra da cruz. Não somos buscadores de sofrimento. Desejamos a felicidade alegre. Mas, sabemos também que na medida em que nos associamos à cruz do Senhor ganhamos a vida do alto, tornamo-nos mais parecidos com o Mestre.
• “Se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do homem se envergonhará dele quando ele vier na glória de seu Pai com seus santos anjos”. Os discípulos, no regime e no universo da fé, caminham com os olhos fitos nos olhos do Mestre. Não provocam o mundo, mas não têm vergonha de anunciar suas cores no momento preciso. Dizem o que pensam, sem querer impor nada a ninguém. Mas atestam o que pensam e mostram o que são.
• Não podemos deixar de dizer: não basta apenas se dizer cristão, católico ou de outra denominação. Há uma alegria indescritível de alguém ser discípulo do Senhor ressuscitado que vive entre nós. Nosso grande júbilo é sermos fiéis, sempre contando com força que nos dá o seu olhar. Nada de formalismo. Ser do Senhor com júbilo.
Frei Almir
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