A enfermidade e o sofrimento sempre estiveram entre os problemas mais graves da vida humana. Na doença, o homem experimenta sua impotência, seus limites e sua finitude. Toda doença pode nos fazer entrever a morte.
A enfermidade pode levar a pessoa à angustia, a fechar-se sobre si mesma e, às vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas também pode tornar a pessoa mais madura, ajudá-la a discernir em sua vida o que não é essencial, para assim voltar-se àquilo que realmente é essencial. A doença provoca uma busca de Deus, um retorno a Ele.
A compaixão de Cristo para com os doentes e suas numerosas curas de enfermos de todo tipo são um sinal evidente de que Deus visitou o seu povo e de que o Reino de Deus está bem próximo.
Jesus não só tem o poder de curar, mas também de perdoar os pecados. Sua compaixão para com todos aqueles que sofrem é tão grande que Ele se identifica com eles: ‘Estive doente e me visitastes’ (Mt 25,36).
Seu amor pelos enfermos não cessou ao longo dos séculos, despertando atenção toda especial dos cristãos pelos que sofrem no corpo e na alma. A Palavra de Deus nos mostra que Jesus muitas vezes pede aos doentes que creiam. Os doentes procuravam o tocar, ‘porque d’Ele saia uma força que a todos curava’ (Lc 6,19). Também nos sacramentos Cristo continua a nos ‘tocar’ para nos curar.
A Igreja crê e confessa que existe, entre os sete sacramentos, um sacramento especialmente destinado a reconfortar aqueles que são provocados pela enfermidade: a Unção dos enfermos.
“Esta unção sagrada dos enfermos foi instituída por Cristo nosso Senhor como um sacramento do Novo Testamento, verdadeira e propriamente dito, insinuado por Marcos, mas recomendado aos fiéis e promulgado por Tiago, Apóstolo e irmão do Senhor”.
Na tradição litúrgica, tanto no Oriente como no Ocidente, constam desde a antiguidade testemunhos de unções de enfermos praticadas com óleo bento. No curso dos séculos, a Unção dos Enfermos foi cada vez mais conferida exclusivamente aos agonizantes. Por causa disso, recebeu o nome de ‘Extrema Unção’. Apesar desta evolução, a liturgia jamais deixou de orar ao Senhor para que o enfermo recobre a saúde, se tal convier à sua salvação.
A constituição apostólica Sacram unctionem infirmorum, de 30 de novembro de 1972, seguindo o Concílio Vaticano II, estabeleceu que, no rito romano, se observe o seguinte: O sacramento da Unção dos Enfermos é conferido à pessoas acometidas de doenças perigosas, ungindo-as na fronte e nas mãos com óleo devidamente consagrado, dizendo uma vez só: ‘Por esta santa unção e por sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxilio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto de teus pecados, Ele te salve e, em sua bondade, alivie teus sofrimentos’.
Quem recebe e quem administra este sacramento
A Unção dos Enfermos não é um sacramento para as pessoas que se encontram às portas da morte. É um momento em que o fiel começa a correr perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice.
Permite-se também receber a Unção dos Enfermos antes de uma cirurgia de alto risco. O mesmo vale para as pessoas de idade avançada, cuja fragilidade de acentua.
Apenas os sacerdotes (bispos e presbíteros) são ministros da Unção dos Enfermos. É dever dos pastores instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento.
O principal dom deste sacramento é a graça do reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de enfermidade grave ou da fragilidade da velhice.
Pela graça deste sacramento o enfermo recebe também o perdão dos pecados, se o enfermo não pode obtê-lo pelo sacramento da Penitência, assim como o restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação espiritual.
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